Campo Grande se encontra em um momento decisivo de sua trajetória de desenvolvimento. Projetos para construção de galpões logísticos nas principais saídas da cidade revelam uma mudança estrutural no papel da capital de Mato Grosso do Sul: de um polo regional de serviços e comércio, a um futuro hub logístico estratégico para o Brasil e para a América do Sul. Não se trata apenas de investimentos imobiliários, mas da materialização de uma vocação geográfica que há anos está diante de nós e que, agora, ganha contornos práticos com a Rota Bioceânica.
Há décadas, ouvimos falar sobre o potencial dessa rota. Ela conecta os portos do norte do Chile ao centro do Brasil, passando por Paraguai e Argentina. Com a conclusão das obras viárias, produtos da Ásia, especialmente da China, poderão desembarcar no Pacífico e chegar ao território brasileiro por Porto Murtinho. E, nesse caminho, inevitavelmente estará Campo Grande. O que antes era promessa distante, hoje já se reflete em iniciativas concretas, como o interesse do setor privado em criar a infraestrutura que permitirá a circulação de mercadorias com agilidade.
A localização de Campo Grande sempre foi estratégica. Situada no centro de Mato Grosso do Sul e, por consequência, no coração da América do Sul, a Capital ganha agora protagonismo na integração continental. De um lado, pode servir como ponto de concentração e redistribuição das cargas que vêm do exterior, de outro, pode se consolidar como porta de saída dos produtos do agronegócio e da indústria nacional rumo ao Pacífico. É a chance de transformar um privilégio geográfico em vantagem econômica.
Mas essa oportunidade não se concretizará por inércia. É preciso que autoridades públicas façam o dever de casa. Estradas em boas condições, regulamentações modernas, incentivos para atração de investimentos e segurança jurídica são requisitos básicos para que o potencial não se perca em discursos. A iniciativa privada já sinaliza que está disposta a apostar, cabe ao poder público corresponder com políticas adequadas e visão de longo prazo.
O sucesso da Rota Bioceânica e a consolidação de Campo Grande como hub logístico dependem, sobretudo, de planejamento. Não basta apenas se beneficiar do fluxo de mercadorias que passarão pela cidade. É necessário criar condições para que empresas aqui se estabeleçam, gerando empregos, renda e arrecadação. A logística é mais do que transporte: envolve armazenagem, serviços de valor agregado, tecnologia e inteligência comercial.
O futuro de Campo Grande pode ser promissor se soubermos transformar a posição geográfica em plataforma de desenvolvimento. A Rota Bioceânica é, sem dúvida, uma das maiores oportunidades já colocadas diante da Capital. O que esperamos, agora, é que a cidade esteja preparada para colher os frutos desse caminho que, finalmente, começa a se abrir.


