Ruas pavimentadas apenas no papel. Casos assim ocorrem em Campo Grande e serão apurados pela prefeitura. O município contabiliza cerca de 1,5 mil quilômetros de vias sem asfalto, no entanto, este número pode ser ainda maior, caso seja confirmada a incompatibilidade entre registros oficiais e a verificação feita in loco por equipes técnicas.
Entre alguns moradores do Jardim Oliveira III, a conversa é de que duas vias de terra constam como pavimentadas no cadastro da prefeitura. “Uma vizinha que trabalha na prefeitura já verificou para gente e lá consta que a rua é asfaltada”, afirma uma moradora, 53 anos, que preferiu não ser identificada.
A cozinheira mora há mais de 20 anos na Rua João Rezek e nunca nem ouviu falar da possibilidade de pavimentação da via. O trecho em que ela mora fica entre a Avenida Prefeito Lúdio Martins Coelho e a Rua das Camélias, as duas devidamente asfaltadas.
O mesmo problema ocorre na via de cima da dela, na Rua Manoel Augusto Brito. Conforme moradores que preferiram não se identificar, há ruas vizinhas cuja pavimentação consta até no carnê do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), encaminhado anualmente aos proprietários de imóveis. Porém, a olho nu, a realidade é outra: via de terra e com valas a se abrir, dificultando o trânsito para motoristas e pedestres.
Em nota, a prefeitura afirmou que serão realizadas vistorias in loco para verificação das ruas. “Caso seja constatada a divergência da informação, o Cadastro Imobiliário será atualizado conforme situação dos locais.”
SÓ NA PROMESSA
Em vias do Jardim Morenão, a impaciência dos moradores com a previsão de asfalto que ainda não chegou soma-se aos altos valores do IPTU. Morador da Rua 13 de Novembro, o aposentado Sebastião Francisco de Oliveira, 62 anos, paga anualmente cerca de R$ 700 ao município para custear as melhorias na região. “Eles dizem que vão asfaltar, mas até agora nada”, afirmou.
Trechos da Rua 13 de Novembro, assim como da Rua Paraúna, ambas no mesmo bairro, constavam no cronograma de pavimentação da prefeitura divulgado no fim do ano passado. Esta última, além de ainda não receber asfalto, é cortada por um imóvel.
De acordo com o mestre de obras Luiz Fernando Denquievick, 39 anos, nos mapas on-line, a rua aparece como constante, portanto, sem interferência de construção alguma. “Prometeram asfalto aqui várias vezes, mas nem patrola eles passam”, disse.
A pavimentação do Jardim Morenão, que atende também o Residencial Anápolis, chegou a ser iniciada em 2012, mas a obra parou porque a empreiteira rescindiu o contrato. Em 2017, a prefeitura esteve na iminência de perder o recurso, mas, depois de intervenção no Ministério das Cidades, foi renovado o convênio, que venceria em abril de 2018. A previsão era de investimento de R$ 1.332.560,82 na execução de 746 metros de drenagem e 2,2 quilômetros de asfalto.
No cronograma, constava a pavimentação das seguintes ruas: Paraúna (entre Centro Oeste e Rivaldir Alberti); 13 de Novembro (entre Centro Oeste e Goiatuba); Canabras (entre Centro Oeste e Rivaldir Alberti); Mirai (entre Centro Oeste e Goiatuba); Mirai (entre Rivaldir Alberti e Divino Fonseca); Rodrigo Moura (entre Rivaldir Alberti e Fim de Rua); Iraque (entre Centro Oeste e Kilda Monteiro); Pompeu Ferreira (entre Centro Oeste e Rivaldir Alberti); Junes Salaminy; Kilda Monteiro; Francisco dos Anjos (entre Assaré e Rodrigo Moura) e Divino Fonseca (entre Assaré e Rodrigo Moura).