Cidades

ALAGAMENTOS

Batayporã promete apelar à Justiça para exigir indenização da Cesp

Nove mil hectares ficaram até três meses submersos após abertura das comportas de usina. Antes das existência da barragem, cheias não ocorriam, diz prefeito

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A hidrelétrica de Porto Primavera reduziu drasticamente a vazão desde a última sexta-feira (31 de março) e por conta disso a água baixou significativamente nas sete fazendas alagadas no município de Batayporã, na divisa de Mato Grosso do Sul com São Paulo. Agora, para tentar recuperar os prejuízos causados pelos alagamentos, a prefeitura promete recorrer à Justiça e exigir indenização da Companhia Energética de São Paulo (CESP), que agora é uma empresa privada. 

Conforme o prefeito Germino da Roz Silva, Batayporã se tornou uma espécie de ralo da Cesp. Por estar à jusante da represa, não recebe royalties (Anaurilândia recebe em torno de R$ 3,5 milhões por ano), “mas toda vez que abrem a descarga de água é por aqui que todo volume passa. Por isso, iremos entrar com uma ação de reparação estruturante e ambiental”. 

Por conta dos alagamentos, que em algumas regiões se estendeu ao longo de quase três meses, várias estradas municipais ficaram destruídas. Além, disso, os cofres públicos vão perder recursos por causa na quebra na produção de bovinos. Cerca sete mil animais tiveram de ser remanejados por causa da cheia. 

Ao menos nove mil hectares, segundo o prefeito, ficaram com a pastagem destruída e mesmo depois do recuo da água, serão necessários pelo menos três meses para a recuperação do pasto e para que estas áreas voltem a produzir, explica o prefeito.

“Pediremos a recuperação e proteção das encostas do rio que são insistentemente danificadas com a força da correnteza causada pela abertura das comportas.  E, também pediremos as compensações das áreas alagadas. Além da manutenção de estradas, existe a perda econômica, pois a produção de bovinos pra esse ano já ficou comprometida em todo o território alagado. Isso reflete em menos impostos aos cofres públicos”, alega o chefe do executivo municipal. 

De acordo com ele, a Cesp “não ajuda em nada. Eles sempre alegam que a ação é controlada e que cumprem protocolos”. Por mais que isso seja verdadeiro, o fato é que antes da instalação da usina de Porto Primavera, que foi ativada plenamente há 20 anos, estes alagamentos nunca ocorriam, garante o prefeito. Então, alguém precisa ser responsabilizado por estes prejuízos, entende. 

MENOS VAZÃO

Desde a última sexta-feira, a vazão na barragem de Porto Primavera está em 4,6 mil metros cúbicos por segundo e os vertedouros foram fechados após 73 dias de abertura ininterrupta. Até o dia anterior ainda estava em 7,5 mil metros cúbicos por segundo. Mas, no pico do período chuvoso, chegaram a passar até 14 mil metros cúbicos por segundo pela barragem.

E por conta deste grande volume de água liberado a partir do dia 18 de janeiro, resultado do excesso de chuvas e da vazão de outras 16 usinas grandes e médias na bacia do Rio Paraná, o Rio Bahia ficou represado e se espalhou por sete fazendas de Batayporã.

Porém, o próprio Rio Paranã também saiu do leito e invadiu áreas de pastagem na região, conforme o coordenador da Defesa Civil de Batayporã, o bombeiro Gilberto Batista dos Santos. Ele confirma que nos últimos quatro dias a água baixou significativamente, porém, “pastagem não existe, a água matou tudo”, lembra ele. 

Em nota nesta terça-feira, a Cesp afirmou que não existe previsão de novos vertimentos nas comportas de Porto Primavera e que a vazão liberada “é dependente da vazão praticada pelas usinas localizadas rio acima e dos comandos dos órgãos reguladores, como o ONS.

Além disso, destacou que o nível do Rio Paraná na altura do Porto São José, no município de Batayporã depende, em parte, da vazão do Rio Paranapanema, que por sua vez não depende da hidrelétrica controlada pela Cesp. 

O lago de Porto Primavera é o maior do Brasil e a barragem tem mais dez quilômetros e extensão. Foram inundados cerca de 225 mil hectares, sendo 80% disso em Mato Grosso do Sul. Para efeito de Comparação, o lago tem 25 mil hectares a mais que o de Itaipu e com 14 turbinas gera apenas 1.540 megawatts de energia. Itaipu tem 20 turbinas e cada uma gera 700 megawatts. Ou seja, apenas duas turbinas de Itaipu praticamente equivalem à produção de Porto Primavera inteira. 

EMERGÊNCIA

Ao mesmo tempo em que a prefeitura de Batayporã promete recorrer à Justiça para conseguir auxílio da Cesp, para esta terça-feira (04), o Governo do Estado está programando uma solenidade para assinatura de convênios com 19 municípios que decretaram situação de emergência por conta de prejuízos provocados pelo excesso de chuvas nos primeiros três meses do ano. 

Cidades

STF: Gilmar e Dino votam para derrubar lei que validou marco temporal

Decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal

15/12/2025 13h35

Ministro Gilmar Mendes

Ministro Gilmar Mendes Andressa Anholete/STF

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta segunda-feira, 15, no plenário virtual, para reafirmar a decisão do plenário que declarou inconstitucional a tese do marco temporal, que limita a demarcação de terras indígenas. Ele foi acompanhado por Flávio Dino.

O decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal concluir todos os processos de demarcação pendentes.

"Passados mais de 35 anos da promulgação da Constituição Federal, parece-me que já transcorreu lapso suficiente para amadurecimento definitivo da questão, de modo que não há mais como remediar a solução desse problema, cabendo, dessa forma, ao Poder Executivo o devido equacionamento da matéria e finalização dos procedimentos demarcatórios em prazo razoável, porém peremptório", defendeu.

O julgamento no plenário virtual fica aberto até a próxima quinta-feira, 18, para os ministros juntarem os votos na plataforma online. Se houver pedido de vista (mais tempo de análise) ou de destaque (transferência do processo ao plenário presencial), a votação é interrompida.

A tese do marco temporal estabelece que povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

Em 2023, em uma decisão histórica, por 9 votos a 2, o STF derrubou a interpretação e definiu que o direito das comunidades a territórios que tradicionalmente ocupavam não depende de uma data fixa.

O tema voltou ao tribunal porque, logo em seguida, o Congresso aprovou um projeto de lei para restringir as demarcações com base no marco temporal. O presidente Lula vetou o texto, mas os vetos foram derrubados pelo Legislativo.

Em paralelo, o Senado provou um projeto de emenda à Constituição (PEC) no mesmo sentido. Com isso, os senadores buscam incluir o critério de demarcação na Constituição. O texto seguiu para análise da Câmara.

Em seu voto, Gilmar Mendes reafirmou a decisão do STF. O ministro afirmou que o tribunal "não pode se esquivar de sua missão constitucional" e, em um aceno ao Congresso, defendeu que a atuação da Corte não pode "ser considerada como afronta ao Poder Legislativo".

"A análise do Supremo Tribunal Federal, no exercício do controle de constitucionalidade, equivale à prevalência da Constituição sobre os poderes constituídos quando estes atuam em descompasso com os limites impostos pela própria Lei Maior e pelo papel contramajoritário das Cortes Constitucionais, no caso o direito natural à própria existência dos indígenas, na medida em que a imposição de determinado limite temporal distante no tempo equivale à vulneração de seu status protetivo constitucional", argumentou o ministro.

O decano ressaltou que a lei é desproporcional e gera insegurança jurídica ao impor um marco temporal de forma retroativa, atingindo comunidades que não dispõem de documentação formal de ocupação.

"Nossa sociedade não pode conviver com chagas abertas séculos atrás que ainda dependem de solução nos dias de hoje, demandando espírito público, republicano e humano de todos os cidadãos brasileiros (indígenas e não indígenas) e principalmente de todos os Poderes para compreender que precisamos escolher outras salvaguardas mínimas para conduzir o debate sobre o conflito no campo", diz outro trecho do voto.

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TRANSPORTE PÚBLICO

Prefeitura nega que esteja devendo Consórcio Guaicurus

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes

15/12/2025 12h30

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo FOTO: Divulgação

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Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (15), no plenarinho da Prefeitura de Campo Grande, representantes da administração municipal afirmaram que o Executivo não possui qualquer dívida com o Consórcio Guaicurus. 

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes, que delegou a fala a integrantes de sua equipe.

A coletiva também foi marcada por restrições à imprensa, equipes de diversos veículos, entre eles o Correio do Estado, foram barradas de acompanhar o pronunciamento logo ao chegar no local. 

Apesar disso, a reportagem teve acesso a áudios da entrevista, nos quais aparecem as declarações de Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agereg; Ulysses Rocha, chefe de gabinete da Prefeitura; e Cecília Saad Cruz Rizkallah, procuradora-geral do Município, que reforçaram a versão oficial de que não há débitos pendentes com o consórcio.

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo e, em alguns casos, de forma antecipada. De acordo com Figueiró, apenas em 2025 o município transferiu mais de R$ 35 milhões ao consórcio, somando subsídios, vale-transporte e pagamentos de gratuidades. 

“Um contrato que hoje tem 197 ônibus com a idade acima da média que não deveriam estar circulando na cidade de Campo Grande, inclusive já tem duas multas preparadas pela agência de regulação. A agência de regulação aplicou uma multa de R$ 12 milhões e eles, no outro dia, contrataram o seguro. O que comprova que não é somente a falta de dinheiro”, afirmou.

Durante a coletiva, os representantes do município ressaltaram que, na semana passada, a prefeita Adriane Lopes autorizou a antecipação de cerca de R$ 3 milhões referentes a subsídios e valores que só venceriam ao longo do mês de dezembro. A medida teve como objetivo garantir fluxo de caixa ao consórcio para o pagamento dos salários dos trabalhadores e impedir a paralisação do serviço.

“Esse pagamento ainda não estava vencido e foi antecipado dentro do limite legal”, disse o diretor-executivo. Conforme a explicação apresentada, o valor máximo permitido por lei para repasses neste período, de aproximadamente R$ 19,5 milhões, já foi integralmente transferido ao consórcio, não havendo pendências financeiras por parte do município.

A administração municipal também destacou que a paralisação ocorreu apesar de decisão judicial que estabelece regras para greves em serviços essenciais. A procuradora-geral do Município explicou que há determinação para manutenção mínima de 70% da frota em circulação, com reforço nos horários de pico, o que não teria sido cumprido. “A paralisação total caracteriza abusividade”, afirmou.

Diante do descumprimento, a Agência de Regulação (Agereg) notificou o consórcio e iniciou os trâmites para aplicação de multa. Segundo Figueiró, a penalidade já estava em fase de formalização e deveria ser entregue ainda nesta segunda-feira. A Procuradoria-Geral do Município também informou que atua no processo judicial e acompanha audiência marcada para esta terça-feira (16).

Questionados sobre um possível rompimento contratual, os representantes do Executivo afirmaram que a medida exige cautela e não pode ser adotada de forma imediata. Cecília e Figueiró explicaram que há etapas administrativas e jurídicas a serem cumpridas, incluindo notificações, prazos de defesa e análise técnica, além da necessidade de garantir a continuidade do serviço.

Por fim, a Prefeitura reiterou que a prioridade é restabelecer o transporte coletivo. “O município cumpriu suas obrigações financeiras. O consórcio, como empresa privada regulada, também precisa cumprir com as suas responsabilidades perante a população”, declararam.

Segundo dados apresentados, a paralisação afetou cerca de 110 mil usuários do sistema e aproximadamente mil trabalhadores do transporte coletivo.

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