Cidades

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA

Gigante da celulose ignora escassez de moradias no entorno de megafábrica

Suzano construiu quase mil casas em Ribas. A Arauco fará em torno de 700 em Inocência. A Bracell não menciona a questão habitacional em Bataguassu

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Ao contrário das outras gigantes do setor da celulose, a Bracell, empresa brasileira controlada por empresários asiáticos, não tem previsão, pelo menos por enquanto, de investir na construção de casas para abrigar futuros funcionários que vão trabalhar na fábrica de celulose de R$ 16 bilhões que deve ser construída em Bataguassu. 

A previsão é de que a licença de instalação seja concedida até o fim do ano e os trabalhos de terraplanagem comecem ainda no primeiro semestre do próximo ano. As obras devem se estender por 38 meses. 

Mas, desde agora já existe escassez de  imóveis residenciais para compra ou arrendamento em Bataguassu e até nas cidades paulistas mais próximas. 

Funcionários da Bracell que atuam em outras cidades que tinham a transferência de endereço prevista para meados e final deste ano já foram avisados que por enquanto deverão continuar morando nas cidades onde estão. Isso porque faltam imóveis para moradia na região.

No estudo sobre os impactos do empreendimento bilionário disponibilizado em meados de abril pela empresa não existe nenhuma menção sobre um possível investimento para mitigar o problema habitacional que virá junto com o empreendimento, já que até 12 mil pessoas vão trabalhar no pico das obras e duas mil vão atuar depois que a fábrica entrar em operação. Fala-se somente sobre alojamentos provisórios.

CONCORRÊNCIA

Em Inocência, onde a chilena Arauco está investido em torno de R$ 25 bilhões na construção de uma fábrica que terá capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano partir do final de 2027, a empresa anunciou a construção de cerca de 700 casas para abrigar parte dos futuros trabalhadores. Além disso, providenciou alojamentos para os temporários.

Em Ribas do Rio Pardo, onde a Suzano investiu R$ 22,3 bilhões na construção da fábrica que entrou em operação em julho do ano passado e que tem capacidade para até 2,55 milhões de toneladas por ano, a própria empresa construiu 954 unidades habitacionais para ajudar a mitigar a especulação imobiliária que havia tomado conta da cidade. 

Foram 551 casas de 46 metros quadrados (dois quartos) e 403 com 59,3 metros quadrados (três quartos). Conforme anúncio feito em meados de 2023, não haveria cobrança de aluguel e os moradores teriam apenas uma coparticipação por meio do pagamento de uma taxa de uso do imóvel.

E este empreendimento foi feito nos moldes daquilo que já existia em Três Lagoas, onde também havia falta de imóveis e a Suzano construiu casas para frear a especulação imobiliária. A Fábrica da Suzano em Três Lagoas entrou em operação em 2009.

“Esta ação é baseada na experiência positiva obtida pela companhia na construção da primeira fábrica em Três Lagoas, em que os imóveis construídos pela empresa colaboraram para suprir a demanda do setor imobiliário do município”, destacou a assessoria da Suzano. 

A empresa não revelou o valor  investindo no projeto habitacional, mas informou que existe a possibilidade de os imóveis serem vendidos para os futuros moradores. Por conta do aumento na procura, o valor dos arrendamentos e dos próprios imóveis chegou a subir 400% em Ribas.

“Num primeiro momento, as casas não serão vendidas. As pessoas vão usufruir dos imóveis e, futuramente, em data ainda não definida, eles estarão disponíveis para compra pelos moradores/colaboradores, com valores diferenciados e condições especiais de pagamento”, informou a Suzano.

BATAGUASSU

No estudo que aponta os impactos do empreendimento em Bataguassu, município com 24 mil habitantes, a Bracell traz detalhes apenas sobre os alojamentos para os trabalhadores transitórios. A previsão é de que sejam até 12 mil operários, para os quais serão construídos dois alojamentos, cada um com capacidade para até cinco mil pessoas. 

O estudo não aponta o local exato onde serão instalados estes alojamentos, mas aponta que será fora da cidade. “Quanto à acomodação dos profissionais que vierem de fora da região durante a fase de implantação do empreendimento, a BRACELL utilizará alojamentos próprios para acomodá-los visando não sobrecarregar o sistema atual de saneamento referente à água potável, energia elétrica e esgoto.” 

O Correio do Estado procurou a Bracell e, em nota, informou que "está em fase de estudo ambiental, etapa fundamental para subsidiar a decisão sobre a possível instalação de uma unidade industrial em Mato Grosso do Sul. Caso o projeto avance, a empresa adotará medidas estruturadas de suporte aos colaboradores, alinhadas ao desenvolvimento sustentável e às necessidades locais". 

Cidades

Casa de ex-prefeito de Campo Grande vai a leilão para pagar dívida de pensão

Alcides Bernal deixou de pagar pensão quando foi cassado, em 2014, e dívida ultrapassa R$ 112 mil a filho que mora no Tocantins

20/06/2025 17h33

Casa de Alcides Bernal, em Campo Grande, vai a leilão

Casa de Alcides Bernal, em Campo Grande, vai a leilão Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O ex-prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal, terá uma casa levada a leilão devido a uma dívida de pensão que ultrapassa o valor de R$ 112 mil. A sentença é da 1ª Vara da Família e Sucessões de Palmas (TO), onde mora o filho do ex-prefeito.

De acordo com os autos do processo, na época em que ainda era prefeito, Bernal e o filho celebraram acordo em processo que tramitou em Campo Grande, onde ficou estabelecido que seria descontado o valor de três salários mínimos diretamente de seus subsídios de prefeito, inclusive o 13º salário, e seriam depositados na conta do filho.

O acordo foi homologado por sentença que transitou em julgado. No entanto, Bernal foi cassado em 2014 e, sem o desconto em conta, ele deixou de cumprir a obrigação com o filho.

“Por ocasião de sua cassação, por pura liberalidade, por humanidade e generosidade do Exequente, mesmo sofrendo as agruras da falta de pagamento da pensão (contraindo dívidas para continuar se mantendo), pensando que o seu pai, até lhe seria grato, por deixar passar um tempo razoável para se recompor, deixou passar alguns meses, contudo, após esse tempo, o Exequente começou a tentar contato, para tentar uma composição amigável com o Executado, não conseguindo nem uma resposta”, diz a ação.

Também conforme a ação, o filho tentou várias formas de contato, por meio de ligações em celular pessoal e na prefeitura, assim como por meio de conhecidos e amigos próximos, que também tentaram contato via ligação e pessoalmente com Bernal, mas sem sucesso. 

Assim, foi protocolizada nova petição, para execução dos débitos que haviam sido deferidos para desconto em folha, totalizando 36 meses pendentes, contando com dois 13º salários, que não foram pagos de janeiro a abril de 2013 e de abril de 2014 até setembro de 2016.

O montante devido, com juros de mora e atualização monetária e capitalização simples, até o mês de setembro de 2016, é de R$ 112.252.23.

Na ação, é citado também que o pagamento da pensão alimentícia é a obrigação mínima de Bernal, já que, segundo os autos, há abandono afetivo desde o nascimento de seu filho.

O filho relata que está passando por necessidades financeiras e que a ajuda do pai, que não está sendo paga, está fazendo falta. Dentre as dificuldades citadas, está o fato de que o rapaz tem "inúmeros gastos diários" e que parou de estudar por falta de recursos financeiros.

Desta forma, foi pedido a intimação para que Bernal efetuasse o pagamento do débito pendente no prazo de três dias e, caso não realizasse a quitação, que fossem penhorados bens, quanto bastassem para o adimplemento da da dívida.

Sem o pagamento, o imóvel a ser leiloado é uma casa localizada no Jardim Paulista, em Campo Grande, que se encontra penhorada, com a devida intimação do devedor. Na ação, não consta quando será realizado o leilão.

Cidades

Justiça bloqueia R$ 40 milhões de família que provocou "muralha de fogo" em MS

Segundo investigação, pai e filhos são responsáveis por queimadas que causaram danos ambientais severos em áreas públicas e privadas na região pantaneira

20/06/2025 17h00

"Muralha de fogo", em Corumbá, em 2024 Foto: Divulgação

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 A Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 40,7 milhões em bens de uma família acusada de provocar incêndios criminosos para criação ilegal de pasto em Corumbá, região do Pantanal sul-mato-grossense. A ação, movida pelo Ministério Público Federal (MPF), envolve o pecuarista Carlos Augusto de Borges Martins, conhecido como “Carlinhos Boi”, e seus três filhos, que, segundo a investigação, são responsáveis por queimadas que causaram danos ambientais severos em áreas públicas e privadas, incluindo a chamada “muralha de fogo” que viralizou nas redes sociais em junho de 2024 durante a tradicional Festa de São João.

O incêndio teve como ponto de ignição propriedades utilizadas pela família, como a Fazenda Pira-Retã e o Sítio São Domingos, área inserida em uma Área de Preservação Permanente (APP) às margens do Rio Paraguai, nas proximidades de um ponto de captação de água que abastece a cidade de Corumbá.

De acordo com laudos da Polícia Federal, a ocupação irregular e as construções precárias no local impedem a regeneração da vegetação nativa e geram lançamento de esgoto e lixo diretamente no solo, aumentando o risco de contaminação do rio.

O MPF aponta que a família Martins utilizava irregularmente o cadastro da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro-MS) para movimentar e criar bovinos em áreas pertencentes à União, na região conhecida como “Retiro Tamengo”. As terras, além de públicas, incluem áreas privadas sem cercas delimitando os perímetros, o que favorecia a ocupação ilegal.

O objetivo da ação civil pública é obter a desocupação imediata das áreas invadidas, com a retirada dos bovinos, demolição das construções irregulares e recuperação ambiental do espaço por meio da implantação de um Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). Também foi solicitado o pagamento de indenizações pelos danos ambientais, restituição dos lucros obtidos ilegalmente e compensação por danos morais coletivos.

A propriedade já havia sido alvo de fiscalização pela Polícia Militar Ambiental em 2013, quando foram constatadas construções ilegais e a degradação ambiental do local. Agora, com as novas provas e a reincidência da prática, o caso avança na 1ª Vara Federal de Corumbá, vinculada ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).

O processo segue em tramitação na esfera federal, e os acusados poderão apresentar defesa nas próximas etapas judiciais.

"Muralha de fogo"

Terra do Banho de São João, considerada a maior festa junina do Centro-Oeste, Corumbá foi o município que mais queima em todo o Brasil em 2024. O triste extremo, entre a festa e os incêndios que devastam o Pantanal, foi registrado pela corumbaense Elisa Márcio, e compartilhado em uma rede social, em junho do ano passado.

Segundo o Painel Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a região pantaneira registrou mais de 14 mil focos de incêndio. 

Além disso, conforme noticiado anteriormente, a população do município sofre com a fumaça que vem das queimadas, que associada às altas temperaturas e à baixa umidade relativa do ar, tornam o cenário ainda mais crítico.

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