A pedido da Polícia Federal, o Ministério da Justiça vai solicitar formalmente toda a documentação e equipamentos apreendidos na Itália com Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil condenado pelo mensalão.
Foragido desde novembro do ano passado, Pizzolato foi preso no dia 5 de fevereiro em Maranello a pedido do Brasil para "fins de extradição" com dois computadores e um tablet.
Além da PF, o Ministério Público Federal também apura o caso.
Dois procuradores foram escalados para ir à Itália com o objetivo de ter acesso a documentos e dados do ex-diretor do BB. Eduardo Pelella, chefe de gabinete da Procuradoria-Geral da República, e Vladimir Aras, secretário de cooperação jurídica, apuram atividades de Pizzolato dentro e fora do Brasil.
A PF também acredita que os documentos podem auxiliar as investigações sobre a movimentação financeira e a rede de proteção do ex-diretor do BB, condenado a 12 anos e sete meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal por ter desviado recursos públicos. A família de Pizzolato diz que o dinheiro era privado.
O pedido do Ministério da Justiça para ter acesso aos dados deve ser feito ainda nesta semana, por meio do DRC (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), órgão subordinado ao ministério.
A Itália já havia anunciado que compartilharia o material de Pizzolato com a PF.
Já está definido que o material será anexado ao inquérito da própria polícia que apura, em Santa Catarina, a falsificação de documentos usados por Pizzolato durante a fuga. Ele emitiu em nome de Celso, seu irmão morto em 1978, RG, CPF, título de eleitor e dois passaportes, um brasileiro e outro italiano.
Em setembro do ano passado, para sair do Brasil, passar pela Argentina e entrar na Europa, Pizzolato usou o passaporte italiano em nome do irmão. Na Itália, ao ser preso, ele se identificou como Celso e, só depois de interrogado, revelou sua verdadeira identidade.
Caso a Itália negue compartilhar as informações, a PF cogita enviar uma equipe até Modena, onde Pizzolato está preso, para analisar o material apreendido.
Em novembro passado, surgiram rumores de que Pizolato fugiu para a Itália com um dossiê com dados da campanha presidencial de Lula em 2002, o que não foi confirmado.