Para combater incêndios em Campo Grande, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) iniciou uma ação inédita, com aeronaves. Com o modelo Air Tractor, a inovação já foi utilizada na última sexta-feira, na região do Paulo Coelho Machado.
O estado foi o segundo a adotar essa medida no Brasil. Antes, ela apenas era utilizada no sistema dos bombeiros do Distrito Federal.
Com o objetivo de combater os incêndios em vegetações que acontecem na capital, a aeronave também torna o combate mais ágil e eficiente, reduzindo os impactos do fogo, principalmente, em áreas de preservação.
A primeira ação ocorreu ontem em três áreas da região sul da cidade. Incluindo bairros como Itamaracá, Universitário, Moreninhas e Paulo Coelho Machado
Por meio do Grupamento de Operações Aéreas (GOA), o Centro de Operações e Comunicação e equipes em solo a ação utilizou 3 mil litros para cada sete abastecimentos, no total, foram lançados 20 mil litros de água nos focos de incêndio.
O Major Vinícios dos Santos Frotté, comandante da aeronave chamada “Bombeiro 04”, que foi utilizada na operação, diz que a primeira experiência foi positiva e foi apenas o início para aprimorar as operações em Campo Grande e as manter permanentemente.
Além de destacar que a prioridade do uso das aeronaves é para o combate a incêndios florestais, o comandante ressalta que conforme a necessidade e disponibilidade, também serão utilizadas na região metropolitana da capital.
“As avaliações acontecem durante o atendimento a essas ocorrências de incêndio e depois delas. O objetivo é que o uso dessas aeronaves possa auxiliar as demais equipes que já realizam esse combate no terreno”, explicou.
Campo Grande em chamas
A capital sul-mato-grossense registrou desde julho aumento expressivo de incêndios em vegetação. Em dias críticos, o Centro de Operações chegou a receber cerca de 50 chamados, pelo 193, com o mesmo tipo de ocorrência.
Segundo o Corpo de Bombeiros, os fatores climáticos agravam esse cenário. Condições como calor intenso, baixa umidade relativa do ar e tempo seco, são os principais motivadores que contribuem para isso.
As rajadas de vento dessa sexta-feira (22), chegaram a 58 km/h em temperatura alta, de 35ºC e a umidade abaixo de 24%, o que favorece a propagação das chamas.
Apesar dessas contribuições, a maioria dos focos ainda é provocada por ações humanas, intencionais ou não.
A nova aquisição possui o chamado alijamento, que é o lançamento da água e os bombeiros asseguram que não há risco para a população. Mas para isso são feitos procedimentos específicos antes de cada lançamento.
As aeronaves sobrevoam o local primeiro, para fazer o voo de reconhecimento e entender com que tipo de incêndio estão lidando. E apesar da segurança, o Major Frotté recomenda que os moradores da região que estiver em chamas mantenham distância das áreas atingidas e que crianças recolham pipas durante as operações.
“Não vamos utilizar os aviões em todas as áreas. Em cada ocorrência, isso será avaliado em comunicação com as equipes das aeronaves e equipes de solo. Entendendo a localidade, cumprindo todas as exigências de segurança, como afastamento de objetos no solo, será realizado o lançamento da água. Todos esses pontos serão considerados a fim de mitigar os riscos para conseguir cumprir a missão com segurança”, afirma Major Frotté.
Vinicius Barbosa Gonçalves, também Major, fez parte da operação realizada como segundo piloto e destacou que a aeronave atua como apoio importante junto aos outros recursos já utilizados pelas frotas de combate a incêndios.
“Com a aeronave participando em conjunto com os outros recursos, tudo isso de forma integrada, conseguimos otimizar o combate para que o incêndio fosse extinto de forma rápida, garantindo mais segurança no local”, explicou.
Possibilidades de uso da aeronave
Antes de iniciar a estratégia, o Grupamento de Operações Aéreas (GOA) realizou um estudo técnico de viabilidade. Essa análise, feita junto à concessionária de energia, mapeou redes de alta tensão, torres e superpostes.
Além disso, fez acordo com o órgão responsável pelo tráfego aéreo da região para garantir segurança sem prejudicar os aeroportos e outras aeronaves. Foi identificada também áreas de maior risco e recorrências de incêndio na cidade por meio de quadrantes.
Para essa operação, foram utilizadas duas aeronaves, “Bombeiro 04” e “Bombeiro 05”, cada uma com capacidade de transportar 3 mil litros de água, que podem ser lançados de uma só vez ou em frações menores.
O suporte, que fica no quartel do GOA, inclui ainda dois tanques de 20 mil litros, motobombas e mangueiras para reabastecimento, que leva de 3 a 4 minutos. Cada voo, com lançamentos, dura em média 6 minutos.


