Em meio aos casos de morcegos encontrados caídos, Campo Grande vacina quase 600cães e gatos contra raiva por dia desde a primeira semana de agosto, quando a campanha para imunização antirrábica começou e se intensificou na Capital.
Como reportado pelo Correio do Estado este mês, a Capital acumula 10 casos de morcegos infectados com o vírus da raiva, que foram encontrados em nove bairros diferentes da Capital: São Francisco (2); Centro; Jardim Ouro Preto; Carandá Bosque; Aero Rancho; Jardim Veraneio; Jardim Columbia; Vila Jacy; e Vila Planalto.
Mesmo que o número sirva de alerta, ainda não há com o que se preocupar, visto que os casos confirmados representam apenas 1,6% do total de morcegos capturados pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) em 2025 - 620 ao todo.
Porém, os seres humanos não são os únicos na lista de risco de contrair a grave doença, animais domésticos, principalmente cães e gatos, também podem ser seriamente afetados pela raiva. Por isso, a vacinação em dia aos “bichinhos” é recomendada por profissionais da saúde, até para servir de proteção à vida humana.
Em resposta à reportagem, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) afirmou que, desde o dia 4 de agosto, data que marcou o início da campanha de vacinação antirrábica, já foram imunizados 34.310 cães e 14.391 gatos. Visto que já se passaram 83 dias desde o lançamento da campanha, são cerca de 586 animais vacinados por dia.
A dinâmica da campanha é realizada quase 100% em casas, já que profissionais passam de residência em residência para aplicar o imunizante. Caso o tutor não esteja no endereço no momento da visita, ele pode aplicar a vacina diretamente na sede do CCZ, localizada na Avenida Senador Filinto Müller, nº 1601, no bairro Vila Ipiranga.
Em conversa com o Correio do Estado, a veterinária Juliana Sguario recomenda a vacinação de cachorros e gatos. “Além das vacinas serem importante para a prevenção de uma zoonose, como a raiva, também é importante para qualidade de vida e a longevidade do pet, pois também previne de outras doenças virais, como a parvovirose e a cinomose”, explica.
10 ANOS LIVRE
Em Mato Grosso do Sul, uma década se passou sem casos registrados de raiva em humanos. Inclusive, o último caso confirmado no País ocorreu em abril de 2015, em Corumbá, onde acontecia uma epidemia de animais com raiva na época.
Na ocasião, um homem de 38 anos foi mordido por um cachorro infectado e procurou ajuda quase um mês depois do ocorrido.
Transferido para o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande, ele ficou dias em regime de isolamento, coma induzido e respirando por aparelhos.
Um mês de internação depois, o rapaz faleceu após sofrer uma parada cardíaca. Este foi o primeiro caso em humanos no Estado desde 1994, ou seja, um período de 21 anos sem registros.
CRUEL
A raiva é uma doença que atinge mamíferos, incluindo seres humanos. Mesmo com baixa incidência de casos confirmados em humanos, a doença sempre é alvo de preocupação das autoridades de saúde, visto que sua infecção está diretamente ligada à morte.
De acordo com o Ministério da Saúde, a raiva é transmitida ao homem por meio da saliva de animais infectados por meio de mordedura, arranhadura ou lambedura.
Após o período de incubação (cerca de 45 dias em adultos e em menos tempo em crianças), surgem os primeiros sintomas da doença, como náuseas, anorexia, mal-estar geral, dor de cabeça e garganta, irritabilidade, entorpecimento, inquietude, pequeno aumento na temperatura e sensação de
angústia.
Essas manifestações da raiva costumam durar de 2 a 10 dias. Após esse período, os sintomas progridem e começam a ficar mais graves, manifestando-se como febre, delírios, convulsões e espasmos musculares involuntários. Em geral, o tempo da piora dos sintomas até o óbito dura de dois a sete dias.
Por isso, é recomendado que pessoas com alto grau de exposição a esses animais (como veterinários e biólogos), vacinem-se como medida de prevenção.
A vacina antirrábica para cães e gatos é distribuída gratuitamente na rede pública, já que a proteção deles é vista como essencial para a não propagação da doença em humanos.


