Cidades

Eleições

Candidatos a conselheiro tutelar acumulam denúncias de maus tratos a crianças e violência doméstica

Seis concorrentes entraram na disputa por meio de liminar concedida pela Justiça; Entre os crimes estão: falsificação, maus tratos, crime de trânsito e medidas disciplinares

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Faltando 10 dias para as eleições de conselheiros tutelares em Campo Grande, foi publicado no Diário Oficial de Campo Grande o nome da 6ª candidata ‘sub judice’, ou seja, que possui processo na justiça que ainda não foi julgado. Atualmente dos 113 concorrentes, sete são denunciados por crimes mas concorrem ‘normalmente’ ao cargo.

Conforme já noticiado pelo Correio do Estado, um dos motivos para a ambição ao cargo é o valor do salário comissionado de R$ 5,9 mil que pode chegar a R$ 10,9 mil por mês, com os plantões de R$354 cada.

“É um bom salário, condiz com o serviço, mas infelizmente acaba sendo chamariz para pessoas sem comprometimento com a causa. Isso fragiliza os conselhos e também o entendimento da real função do Conselho Tutelar, tanto pela rede de proteção, quanto pela população”, opinou uma candidata ao conselho. 

Outro chamariz para o cargo de conselheiro seria a formação de base política para as eleições municipais de 2024, em que os conselheiros podem se tornar ‘potenciais cabos eleitorais’ ou também concorrerem ao mandato de vereador.

“Alguns candidatos têm sim, apoio político. Nós sabemos disso. Mas esse candidato, esse político que apoia, geralmente não aparece. Mas nós, enquanto candidatos, sabemos que são apadrinhados em relação ao transporte de eleitores no dia da votação e também apoio financeiro”, afirma uma candidata da região central.

Para o vice-presidente da Comissão permanente do Direito das Crianças e dos Adolescentes, vereador Clodoilson Pires são extremos eleitorais são diferentes e precisam ser eleitos para conselheiro tutelar, pessoas que efetivamente se empenham na defesa dos direitos das crianças e adolescentes.

"Candidatos a conselheiros tutelares que respondam processos judiciais ou denúncias por maus tratos contra crianças, adolescentes e mulheres, devem ser impedidos de concorrer ao pleito até que ocorra o trânsito em julgado. Como podemos garantir que o trabalho será bem feito por quem já cometeu o crime combatido?", questiona o vereador.

Entre os denunciados, está o técnico de enfermagem, Daniel Castro Lima, conhecido nas redes sociais como ‘Enfermeiro Daniel Amado’. Ele foi denunciado há três semanas por uma mãe por ter agredido seu filho de 9 anos durante atendimento em um posto de saúde da Capital.

Cabe ressaltar que Daniel já concorreu às eleições do Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Coren-MS) e possui desde 2010 um projeto social, com o qual faz aparições na internet. Em sua ficha, constam boletins de ocorrência também por violência doméstica e porte ilegal de arma de fogo. 

Outros seis candidatos concorrem às eleições mesmo com processos tramitando na justiça. Sendo eles: Alysson Leite da Cruz, Cassandra Szuberski, Layssa Richelle Pereira Caldado, Marcelo Marques de Castro, Noemia Fernandes Gomes e Hellen Prado Benevides.

Dentre estes, está o caso de Marcelo Marques de Castro, que ocupa há 12 anos o cargo de conselheiro tutelar e tenta a quarta reeleição. Ele é alvo por crimes de falsificação, constrangimento ilegal e maus tratos. 

Também almejando a quarta reeleição, a conselheira tutelar, Cassandra Szuberski  reverteu na justiça o indeferimento imposto por uma punição sofrida em 2019.  Para seus advogados, o indeferimento não se aplica a ela porque a falta cometida por Cassandra é de natureza média e sem reincidência.

Por último, entrou no páreo a assistente social Hellen Prado Benevides Queiroz que havia sido considerada inapta, mas conseguiu liminar na justiça para continuar na disputa pelo cargo de conselheira tutelar. 

O que diz o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA)?

A conselheira do Conselho de Direitos do CMDCA, Alessandra Rossi justifica que os candidatos foram considerados inaptos, mas que conseguiram liminar na justiça e com isso tiveram que ser inseridos nas eleições.

“Não temos o papel de fiscalizar. As denúncias que recebemos são encaminhamos para a COPEC, que é uma comissão constituída por Ministério Público, Defensoria Pública, Coordenadoria da Infância e do Conselho. Acontece que esses casos de quem têm dependência com a justiça, recorreram à justiça. Então, enquanto a justiça não julgar, nós não temos o que fazer”, explica Rossi.

No entanto, caso os candidatos sub judice sejam eleitos e posteriormente sejam julgados e acusados pela Justiça, eles poderão perder o cargo e um suplente deverá assumir o seu posto de conselheiro tutelar. 

Conforme noticiado anteriormente, de que o motivo para a inaptidão seria por falta de idoneidade moral, a conselheira Rossi esclarece que nem todos os seis candidatos sub judice foram considerados inaptos por esse motivo, sem informar quais seriam os problemas de cada caso sub judice.

Nossa equipe de reportagem está aberta para a manifestação dos candidatos, que queiram falar sobre seus respectivos casos. 

**Matéria atualizada às 17h27, do dia 21 de setembro de 2023.

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Greve

Sem ônibus, idosos enfrentam dificuldade com carros de aplicativo

Ao procurar atendimento médico no Centro Especializado Municipal, em Campo Grande, idosos enfrentam alto custo e confusão na hora de solicitar o serviço por aplicativo

16/12/2025 17h15

Crédito: Pagu / Correio do Estado

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Com a greve dos motoristas de ônibus, idosos que tinham consultas marcadas enfrentaram dificuldades para chamar veículos por aplicativo na tarde desta terça-feira (16), na saída do Centro Especializado Municipal, em Campo Grande.

Na ausência de pessoas para ajudar, a reportagem foi abordada pelo auxiliar de pedreiro Davi Soares, de 60 anos, que tentava voltar para casa, mas não conseguia auxílio.

O idoso relatou que iria de ônibus, mas, devido à greve do transporte público, teve de recorrer ao serviço por aplicativo. Ele compareceu ao Cem para uma consulta com o dentista, pois está em processo de confecção de uma prótese dentária.

Morador do Jardim Noroeste, Davi passou pela consulta, e o retorno está previsto para fevereiro de 2026. No entanto, ele enfrentava dificuldades para entender o funcionamento do aplicativo.

“Eu tô com dificuldade para chamar um carro e voltar para casa, né?”, disse.

Davi Soares, tentando entender o aplicativo / Crédito: Pagu / Correio do Estado

Além da mudança na forma de transporte, como noticiou o Correio do Estado, a greve dos ônibus aumentou em 140% as viagens por veículos de aplicativo.

Com isso, idosos que não podem perder consultas estão desembolsando valores mais altos. É o caso da artesã Shirley Aparecida Dias, de 64 anos, que levou a mãe para uma consulta.

“A corrida [quando o ônibus não está em greve] fica, em média, uns R$ 17 ou R$ 18, e hoje deu R$ 24”, informou Shirley, em uma situação em que a mãe dela aguardou um ano e meio para passar pela consulta com um médico entomologista.

Greve

Com o transporte parado pelo segundo dia consecutivo e a paralisação sem previsão de término, esta é a maior greve que a Capital enfrenta nos últimos 31 anos.

Hoje, mais uma vez, os terminais Morenão, Julio de Castilho, Bandeirantes, Nova Bahia, Moreninhas, Aero Rancho, Guaicurus, General Osório e Hércules Maymone amanheceram fechados sem nenhuma "alma viva".

Em contrapartida, as garagens amanheceram lotadas de ônibus estacionados. A greve foi alertada antecipadamente, estava prevista e não pegou passageiros de surpresa.

Por conta da chuva, ficou mais difícil recorrer a alternativas nesta terça-feira (16), sendo impossível chegar de bicicleta ao trabalho e complicado pagar o preço sugerido pelos transportes por aplicativo.

A greve ocorre por falta de pagamento. Com isso, os motoristas reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

** Colaborou: Naiara Camargo

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Cidades

Em meio à crise do transporte, comércio antecipa folga de funcionários

Na falta de clientes nas lojas da região central, empresas liberam colaboradores enquanto aguardam a resolução da greve de ônibus

16/12/2025 16h45

Crédito: Pagu / Correio do Estado

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O comércio da região central, que esperava aumentar o volume de vendas a oito dias do Natal, está tendo de antecipar a folga dos funcionários devido ao esvaziamento da região em decorrência da greve dos motoristas de ônibus em Campo Grande.

A reportagem percorreu o entorno da Praça Ary Coelho, onde os pontos de ônibus estão servindo de local de espera para trabalhadores ou consumidores que se aventuraram e aguardavam um veículo por aplicativo.

Na Rua 14 de Julho, vendedores de lojas se ocupam organizando o estoque, formando filas à espera de um ou outro cliente, mas o cenário de incerteza marca a época do ano em que os lojistas esperam faturar mais.

Alguns estabelecimentos estão optando por antecipar a folga dos funcionários, já que, com a ausência da população que acessa o centro por meio do transporte coletivo, o movimento praticamente desapareceu.

É o caso de uma loja de calçados Anita, cuja gerente da unidade, Rayssa Dias dos Santos, relatou à reportagem que, na segunda-feira (15), quando a greve teve início, a loja ainda manteve um movimento tímido.

“Hoje a gente antecipou algumas folgas, primeiro porque o movimento fica mais calmo e, segundo, por ser menos um gasto para ter que trazer o funcionário de Uber.”

Nem a caravana de Natal da Coca-Cola deixa o setor confiante, uma vez que grande parte da população que costuma ir ao local, inclusive para aproveitar as atrações da Praça Ary Coelho, depende do transporte coletivo.

“Hoje vai ter a passeata da Coca-Cola, e eu acredito que muita gente precisa do ônibus para vir até o centro. Então, acredito que a paralisação do transporte público dá uma desequilibrada”, explicou Rayssa, e completou:

“A gente fica preocupada porque, querendo ou não, muita gente depende desse meio de transporte.”

Do outro lado da rua, na loja do Boticário, a gerente Suelen Benites Vieira, de 31 anos, explicou que a alternativa para enfrentar a falta de clientes tem sido a entrega em domicílio, serviço oferecido pela rede.

Entretanto, a greve dos motoristas de ônibus diminuiu de forma significativa o número de clientes no estabelecimento.

14 de Julho vazia, em horário que costuma ter fluxo de pessoas / Crédito: Pagu / Correio do Estado

“Realmente, seria o dobro, porque esta semana e a próxima são decisivas. Estamos vendendo muito para quem possui veículo, porque os que dependem de ônibus não estão vindo”, disse Suelen.

Na loja de vestuário, o gerente da Damyller, Cesar de Araújo, de 23 anos, recebeu a reportagem em um espaço que normalmente teria fluxo intenso de clientes, mas que, devido à chuva e ao custo do transporte por aplicativo, acabou tendo o cenário alterado.

“A greve de ônibus está impactando bastante não só a gente, mas também os outros comerciantes. Por exemplo, fui pegar uma marmita e ouvi reclamações. Isso está afetando tanto a rotina dos funcionários quanto o movimento do centro, e a gente percebe claramente essa diferença no fluxo”, pontuou Cesar.

Além disso, os funcionários só não estão sendo mais afetados e conseguem ir trabalhar porque as empresas se comprometeram a custear o transporte por aplicativo.

“A empresa está dando todo o suporte. Os funcionários pedem Uber e a gente ressarce o valor”, explicou Cleber, iniciativa que outros estabelecimentos também tiveram de adotar para não perder o efetivo.

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