Classificada como Cidade Árvore do Mundo pelo sexto ano consecutivo pelo programa Tree Cities of the World, administrado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Fundação Arbor Day, dos Estados Unidos, e apontada pelo Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como a capital mais arborizada do Brasil, Campo Grande quer mais.
A Capital se prepara para atualizar o Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU). O texto em vigor foi feito em 2011, mas a Prefeitura de Campo Grande entende que novas métricas devem ser implantadas para acompanhar o que há de mais moderno em relação à arborização.
A principal mudança é referente a uma regra criada pelo Centro para a Investigação de Soluções de Biodiversidade (NBSI) no início de 2021, que estabelece a métrica 3-30-300.
Segundo a regra do NSBI, para que as cidades sejam mais verdes e saudáveis, existem três indicadores: cada pessoa deve conseguir ver pelo menos 3 árvores da janela; cada bairro deve ter no mínimo 30% de cobertura vegetal; e todos devem viver a menos de 300 metros de um espaço verde público de alta qualidade. É essa medida que está em processo de implantação em Campo Grande.
Segundo a auditora fiscal de meio ambiente Silvia Rahe Pereira, que atua na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável (Semades), a Pasta já está trabalhando para implantar essa métrica nos bairros da Capital.
“Daqui para a frente, a gente vai começar a olhar e a planejar nossas ações com esse viés. Não por acaso, esse vai ser o indicador utilizado pelo Ministério do Meio Ambiente [e Mudança do Clima] para monitorar o Plano Nacional de Arborização Urbano. A gente está superbem colocado, porque a gente foi a primeira cidade que fez o mapeamento e já vai começar alguns projetos com esse enfoque de acrescentar o olhar das áreas públicas com a urbanização, para que os moradores tenham acesso e obtenham os benefícios em termos de saúde com relação a isso”, declarou Silvia ao Correio do Estado.
Esse mapeamento citado pela auditora fiscal é referente a uma pesquisa, feita em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que identificou a quantidade de árvores existentes em Campo Grande e onde elas estão localizadas.
“A gente está fazendo a revisão do Plano Diretor e fez um convênio com a UFMS. Então, só no sistema viário, eles levantaram que a gente tem aproximadamente 175.000 árvores, fora as que a gente encontra em praças, parques, lotes particulares, então, daí a gente faz a gestão desse patrimônio arbóreo”, afirmou Silvia.
“A gente trabalha muito em parceria com as universidades, para fazer política pública baseada em ciência. A gente tem que ser certeiro. Então, na revisão do nosso Plano Diretor, estamos trabalhando já com o que tem de mais recente. Inclusive, por isso que foi adotado pelo Ministério do Meio Ambiente [e Mudança do Clima]. Então, essa nossa ligação com as universidades nos deixa sempre na fronteira do conhecimento, do que tem de melhor para a cidade”, completou a auditora fiscal da Semades.
Sete bairros de Campo Grande respeitam nova métrica de arborização
Jardim Veraneio é um dos sete bairros que respeitam nova regra (Foto: Paulo Ribas / Correio do Estado)Estudo feito pela Prefeitura de Campo Grande, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), identificou que, dos 79 bairros da cidade, 7 já respeitam a regra 3-30-300, que será implantada a partir da atualização do Plano Diretor de Arborização Urbana.
Segundo a auditora fiscal de meio ambiente Silvia Rahe Pereira, que atua na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Turístico e Sustentável (Semades), a pesquisa identificou que os bairros Jardim Veraneio, Chácara dos Poderes, Mata do Segredo, Jardim Seminário, Pioneiros, Maria Aparecida Pedrossian e Vila Sobrinho já respeitam a nova regra.
Nos outros 72 bairros, segundo Silvia, a prefeitura já iniciou o plantio de mudas, para que elas se tornem árvores no futuro.
“A gente vai começar alguns plantios este ano com esse enfoque, para que os moradores tenham acesso e obtenham os benefícios em termos de saúde com relação a isso. Quando a gente pensa em todos os bairros, a gente começa a democratizar o acesso aos benefícios da urbanização. Então, não é só no bairro onde tem melhor poder aquisitivo que vai ser mais arborizado, não, a gente tem que enxergar a cidade como um todo, ver onde há deficit de arborização, e agenda nesse sentido”, explicou a auditora fiscal do meio ambiente.
Ainda conforme Silvia, a existência de espaços verdes nos bairros contribui para a melhora nos indicadores de saúde da cidade.
“Vários artigos já mostram que a gente tem aumento de casos de infarto e hipertensão, vários estudos já demonstram a relação entre arborização e saúde. Pessoas que moram mais próximas de áreas verdes têm a tendência de fazer mais exercício físico, então, tudo isso contribui, em última instância, para a gente tirar atendimentos do sistema público”, disse.
Aliado ao plantio de novas mudas, a prefeitura também trabalha com parceiros privados para colaborar com essa meta. Um dos exemplos é o fato de que os empreendimentos que são construídos em Campo Grande que fazem a retirada de árvores devem realizar o plantio de outras em áreas próximas.
Com o mapeamento feito pela UFMS das árvores existentes na cidade, foi criado um site onde há registros sobre a espécie e a situação dessas árvores.
“A gente iniciou a utilização, no ano passado, da gestão digital. A gente implantou uma plataforma de avaliação digital, que pega desde a solicitação do requerente, a resposta para o requerente e o direcionamento do manejo adequado”, afirmou.
“Hoje, a cada árvore avaliada é atribuído um grau de risco. Então, com essa transição para a digitalização do grau de risco, a gente tem uma plataforma já com todas as árvores, para nossa atuação ser mais precisa. A gente identifica quais árvores precisam de intervenção com prioridade, e isso é uma mudança bastante recente, mas que tem colocado a gente lá na frente na questão do manejo”, completou Silvia.




