O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) chegou ontem no final da manhã em Campo Grande, onde ficará preso preventivamente em Campo Grande, na Penitenciária Federal da Capital, em cela de 7m².
Ele é acusado de ter sido um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.
O parlamentar foi preso no último domingo (24), após autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre o crime.
Além dele, seu irmão, Domingos Brazão, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, também foram presos.
A prisão ocorreu após a delação premiada de Ronnie Lessa ser homologada pelo Supremo, na semana passada. O ex-policial militar do Rio de Janeiro foi quem executou o plano de matar a vereadora carioca.
Em Campo Grande, o parlamentar, que ainda segue com um mandato, pois a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara adiou a votação do parecer sobre a prisão dele, ficará em cela com cerca de 7m² e com câmeras de monitoramento 24 horas por dia.
Além dele, a Penitenciária Federal de Campo Grande ainda conta com o próprio Ronnie Lessa, que foi quem delatou a participação dos irmãos Brazão no crime. A delação premiada do ex-PM, inclusive, foi toda negociada e feita de dentro da prisão de Campo Grande.
A permanência de Lessa em Campo Grande, no entanto, não deve ser mais alongada, já que um dos pedidos dele para contar detalhes do crime foi justamente ser transferido para uma penitenciária mais próxima da família, que reside no Rio de Janeiro.
A transferência de Lessa, no entanto, ainda não foi confirmada e também ainda não se sabe para qual presídio, uma vez que não há penitenciária federal no estado do Rio de Janeiro. Sendo assim, ele deverá cumprir sua pena em uma instituição estadual.
RDD
O parlamentar e seu irmão ficaram presos preventivamente pelo regime chamado de Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), onde as regras são mais rígidas que as do regime fechado.
Com 200 câmeras em Campo Grande, os detentos daqui são monitorados por câmeras de segurança 24 horas por dias. Algumas delas, inclusive, estão instaladas em locais que os presos desconhecem.
As visitas só ocorrem uma vez por semana, no pátio da unidade, com tempo limitado a três horas. Os advogados não têm nenhum contato físico com os detentos, os encontros são realizados em parlatórios, em que o defensor fica separado de seu cliente por um vidro, e a conversa se dá por um interfone.
Nas celas, todo o mobiliário é feito de concreto. Nesse espaço os presos permanecem por 22 horas de cada dia, sendo as duas horas restantes destinadas ao banho de sol.
ACUSAÇÕES
Após as delações de Ronnie Lessa e de Élcio de Queiroz (que foi quem dirigiu o veículo que levou o atirador), a Polícia Federal concluiu que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão contrataram o ex-policial militar Ronnie Lessa para executar a vereadora Marielle Franco, em 2018. O motorista dela, Anderson Gomes, também foi morto.
Para a PF, o assassinato de Marielle está relacionado ao posicionamento contrário da parlamentar aos interesses do grupo político liderado pelos irmãos Brazão, que tem ligação com questões fundiárias em áreas controladas por milícias no Rio,
Segundo a PF, Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Policia Civil do Rio, “planejou meticulosamente” o crime.
Conforme o relatório, as tratativas ocorreram de forma clandestina e em breves encontros em locais desertos.
A primeira reunião ocorreu em 2017, quando, segundo a PF, os irmãos Brazão contrataram Edmilson Macalé, um miliciano que atua na Zona Oeste do Rio. Foi ele quem convidou Ronnie Lessa para participar do crime. (Com agências)