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Clima causa surto de diarreia e gripe e superlota hospitais em Campo Grande

Santa Casa alega lotação por doenças respiratórias; Sesau vai investigar o aumento de 110% dos atendimentos em UPAs

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A saúde de Campo Grande está em alerta em decorrência da superlotação em diversas unidades de atendimento do município. A Santa Casa da cidade, por exemplo, revelou que desde julho vem atuando acima da capacidade, em função principalmente de casos relacionados a doenças respiratórias.

Enquanto isso, a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau) alertou que houve um crescimento de 110% dos casos de doenças diarreicas agudas nas unidades de urgência e emergência da Capital. Ambas as enfermidades podem ter relação com o calor e com a seca.

A superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, Veruska Lahdo, afirmou que o município vai investigar os casos de doenças gastrointestinais, a fim de saber se há um surto de enfermidades diarreicas na Capital.

Em nota, a Pasta confirmou que nas duas últimas semanas houve um aumento de 2 mil atendimentos diários para 4 mil atendimentos por dia, em média. Os dados são referentes a pacientes adultos, sem queixas respiratórias e com sintomas como diarreia, vômito e dor no estômago.

O boletim técnico da secretaria alegou que esse quadro de diarreia pode estar relacionado a diversas causas, como “infecções virais, parasitárias ou bacterianas, que podem ser adquiridas pela ingestão de água ou alimentos contaminados, [além de] contato com objetos contaminados (fômites) ou transmissão direta por meio do contato com pessoas doentes sem as devidas medidas de higiene”.

No entanto, além dos fatores virais e bacterianos que podem ter relação a essas doenças gastrointestinais, também há o calor. A Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul (Cassems) informou que os atendimentos no hospital da rede também tiveram um aumento significativo nos últimos dias, em razão de casos de viroses intestinais. “Em agosto, é comum a ocorrência dessas viroses, principalmente por conta do clima”, comunicou a Cassems.

Já a nutricionista Ana Moura comentou ao Correio do Estado que o aumento de temperatura pode estar diretamente ligado à maior incidência de diarreia. “Quanto mais calor, maior a proliferação de microrganismos como bactérias, vírus e parasitas, especialmente em alimentos e na água. Isso eleva o risco de infecções intestinais”, alertou a profissional da saúde.

A especialista indicou que alguns cuidados simples – como lavar as mãos sempre antes de comer e depois de ir ao banheiro, higienizar e armazenar 
os alimentos corretamente, beber água filtrada e ter atenção ao consumir comida na rua – são aliados contra as doenças gastrointestinais.

A Unimed Campo Grande também informou que nos últimos 30 dias registrou um aumento significativo de atendimentos no pronto atendimento adulto do hospital, sendo a diarreia e a gastroenterite de origem infecciosa – “doenças classificadas como viroses” – as principais queixas relatadas pelos pacientes.

“Essas infecções se referem à inflamação do trato gastrointestinal, que pode ser causada por vírus, bactérias ou parasitas”, expôs a Unimed.
A Sesau ressaltou em nota que faz semanalmente o acompanhamento e o monitoramento das doenças diarreicas agudas não apenas no serviço público de saúde, mas também no privado.

Neste mês, o número de casos registrados de diarreia com duração de até 14 dias chegou a 2.998 na 34ª semana epidemiológica (entre os dias 18 e 24), enquanto no ano passado foram 1.401 registros no mesmo período.

“O levantamento do início do ano até 24 de agosto mostra um crescimento de 30% nos casos de doenças diarreicas agudas na Capital. Em 2023, foram 47.583 casos, enquanto neste ano foram 63.533 casos”, comunicou a Sesau.

DOENÇAS RESPIRATÓRIAS

Enquanto isso, a Santa Casa de Campo Grande também enfrenta problemas de superlotação, mas em função de problemas respiratórios causados principalmente pelo clima da Capital, que tem registrado mudanças drásticas de temperatura frequentemente.

A médica Patrícia Berg, diretora técnica em exercício da Santa Casa, relatou nas redes sociais do hospital que o tempo frio e seco registrado nos últimos dias em Campo Grande é uma das principais causas de infarto, AVC, gripe e pneumonias, principalmente na população idosa.

“Quando esses pacientes precisam de uma internação hospitalar, essas doenças fazem com que eles fiquem mais tempo internados. Quando o paciente está a mais tempo dentro da instituição, mais difícil é eu ‘girar’ o leito para a entrada de um novo paciente. Isso acaba acarretando os pacientes ficarem dentro do pronto-socorro mais tempo aguardando por um leito, tanto nas enfermarias quanto nas UTIs”, apontou a médica.

Em nota, a Santa Casa relatou que nesta sexta-feira havia 62 pacientes no pronto-socorro do hospital, sendo 34 na Unidade de Decisão Clínica – 
Não Crítica, 12 internados e 22 em observação.

No entanto, a capacidade máxima para esse setor (a antiga área verde) é de apenas sete pacientes. Além disso, a Santa Casa também revelou que havia 21 pacientes na Unidade de Decisão Clínica – Crítica (a antiga área vermelha), sendo 19 internados e 2 em observação. A capacidade máxima desse local é de seis pacientes.

O hospital também apontou que a média de atendimentos no pronto-socorro é de 3.100 por mês, sendo uma entrada em torno de 104 pacientes por dia. No entanto, em julho essa média foi de 110 pacientes diários – e em determinados dias chegou a 137 pacientes.

“A média de internação do hospital gira em torno de seis dias. Em julho, esse tempo de permanência aumentou para sete. Isso fez com que houvesse uma redução do número de altas das enfermarias. Quando os pacientes não saem da enfermaria, não é possível fazer com que os pacientes do pronto-socorro ‘subam’, tanto para leitos de enfermaria quanto para leitos de terapia intensiva em tempo oportuno”, alegou o hospital em nota.

Outra unidade de saúde referência da Capital, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul também tem sido alvo de reclamações de superlotação e de falta de insumos nos últimos dias.

A assessoria do hospital, no entanto, não respondeu o que causa esse aumento de pacientes no local, afirmando apenas que o Hospital Regional “dispõe de um quadro de profissionais de altíssima qualidade, que o coloca como referência no atendimento de pacientes em diversas especialidades”.

“A unidade mantém seu compromisso em acolher e oferecer o tratamento digno e necessário a cada cidadão 
e cidadã que busca por atendimento médico. É mister que a ocupação, em não raras ocasiões, encontra-se acima da capacidade instalada, realidade comum a inúmeros hospitais de todo o País”, acrescentou a assessoria.

O Hospital Regional afirmou ainda que realizou a contratação emergencial de 142 profissionais de enfermagem, que aguarda a conclusão dos trâmites finais para o chamamento de 222 profissionais de diversas áreas e que está em fase de estudos técnicos para melhorar a capacidade de atendimento da unidade.

Saiba

A Sesau orienta que as pessoas que sentirem sintomas gastrointestinais procurem primeiro uma Unidade de Saúde da Família (USF) antes de recorrer a uma UPA ou a um CRS, uma vez que essas unidades também atendem demandas espontâneas. Assim, os pacientes evitariam que casos de menor complexidade afetassem ainda mais o fluxo de atendimento das urgências/emergências.

(Colaborou Mariana Piell)

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PAIRA A DÚVIDA

No radar, volta do horário de verão é tida como improvável no curto prazo

Anteriormente adotada no mês de outubro de cada ano, medida seguia até fevereiro seguinte para reduzir pressão sobre o sistema elétrico

15/09/2024 18h00

Horário de verão foi extinto em 2019

Horário de verão foi extinto em 2019 Arquivo

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Mesmo que tenha entrado no radar, interlocutores do governo apontam - ao sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado -, que a possibilidade de volta do horário de verão é considerada improvável no curto prazo, já que o mecanismo requer um amplo planejamento prévio, inclusive com companhias aéreas.

Anteriormente adotada no mês de outubro de cada ano, até fevereiro do ano seguinte, o argumento central para um possível retorno do horário de verão é a possibilidade de redução da demanda no horário de pico e, consequentemente, a diminuição da pressão sobre o sistema elétrico, especialmente tendo em vista o cenário hidrológico desfavorável do momento, que tem levado ao acionamento de termelétricas, de custo mais elevado.

Porém, o governo já tem buscado adotar outras medidas para aumentar a confiabilidade do sistema, sem precisar imediatamente da volta do horário de verão, apontou uma fonte.

Do ponto de vista do planejamento e redução da demanda em horário de ponta, há um movimento em prol do avanço do programa Resposta da Demanda (RD) - quando grandes consumidores apresentam ofertas de redução de demanda em troca de uma remuneração. Ontem, a Aneel apresentou um novo desenho desse programa.

Fala de especialistas

O ex-diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Luiz Carlos Ciocchi, que deixou a instituição em maio, comenta que todos os anos o Operador costuma realizar, a pedido do governo federal, estudos sobre os benefícios, do ponto de vista elétrico, de retomar o horário de verão, atualizando os dados de acordo com a situação de cada ano.

"Nos anos anteriores, o resultado sempre foi que, do ponto de vista energético, a diferença é pequena, não vale a pena [adotar o horário de verão]", diz.

Ele cita, porém, que outros benefícios devem ser levados em consideração, como maior estímulo ao turismo.

Procurado hoje para comentar sobre estudo atualizado sobre o tema, o ONS evitou responder e indicou questionar o Ministério de Minas e Energia.

Diante de reservatórios de hidrelétricas mais baixos e temperaturas mais elevadas, que estimulam maior consumo, o preço da energia tem acelerado, em especial no fim da tarde, entre 17h e 19h - justamente no período que seria influenciado pela mudança no relógio.

Na semana passada, por exemplo, o preço spot horário da energia - tecnicamente conhecido como Preço de liquidação das diferenças (PLD) - chegou a bater os R$ 712 por megawatt-hora (MWh), às 18 horas.

Para Ciocchi, a adoção do mecanismo somente alteraria o horário do preço-teto diário, sem efetivamente provocar benefício substancial de redução de custos, porque não haveria mudança significativa na demanda de ponta.

Ele explica que o preço sobe no fim do dia justamente quando a geração solar diminui, exigindo maior produção de energia - basicamente hidrelétricas e termelétricas.

"Todos os dias, quando o sol se põe, vemos uma rampa de 20 a 25 gigawatts para cobrir; o sol se põe na hora que ele tem que se pôr, se você chama aquela hora de 5, 6 ou 7 horas da noite, pouco importa, a rampa é a mesma."

Na visão do sócio da CBIE Advisory Bruno Pascon, a retomada do horário de verão traria "alguma ajuda", mas nada significativo.

Ele lembra que a razão original do mecanismo era deslocar o pico de consumo de energia, que se dava quando as pessoas voltavam para casa e utilizavam chuveiros elétricos no início da noite. Atualmente o pico ocorre entre 14h30 e 15h30, devido ao uso de ar condicionado.

"Com essa dinâmica, o efeito do horário de verão é muito pontual", diz Ele cita que em 2018,último ano de vigência do mecanismo, o efeito de economia de energia foi de somente 0,4%.

Para o ex-diretor da Aneel Edvaldo Santana, o horário de verão jamais deveria ter sido cancelado. "Diante da situação atual, de escassez de recursos hídricos, que limita a geração de energia exatamente na hora da demanda máxima, que é entre o fim da tarde e o início da noite, o horário de verão seria positivo. Não é nada excepcional, mas ajuda" argumenta.

Já o ex-diretor-geral do ONS Luiz Eduardo Barata avalia que a política do horário de verão é positiva, pois reduz a geração de termelétricas. Na direção do ONS à época em que o governo acabou com a medida, ele ressalta que foi contra o fim do adiantamento dos relógios e considera que a decisão de voltar "é política e não técnica".

"Eu não acredito que a mudança no clima [favorável para os reservatórios] vai ocorrer de forma abrupta, a nossa expectativa é contar com temperaturas altas por mais tempo", diz, em relação às propostas para a confiabilidade do sistema elétrico, incluindo o horário de versão.

Por sua vez, o presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica, Alexei Macorin, lembra que o País tem aumentado a inserção de fontes intermitentes (solar e eólica) - em que a curva de demanda não acompanha a curva de geração.

Ele também defende o horário de verão como alternativa viável para aliviar o sistema, no horário de pico de demanda.

 

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JARDIM IMÁ

Falta de iluminação pública em avenida da Capital vira alvo do Ministério Público

Reclamações ocorrem desde 2022 e moradores relatam que escuridão gera insegurança, além de pagarem taxa de iluminação mesmo sem contar com o serviço na rua

15/09/2024 17h29

Parte da Avenida Ulisses Serra não tem nem postes de iluminação, no Jardim Imá

Parte da Avenida Ulisses Serra não tem nem postes de iluminação, no Jardim Imá Reprodução / Google Street View

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou procedimento administrativo para acompanhar a adoção de políticas públicas por parte do município de Campo Grande para a prestação de serviço público de iluminação pública na Avenida Ulisses Serra, no bairro Jardim Imá.

A falta de iluminação pública na região é alvo de reclamação dos moradores há alguns anos, já havendo duas notícias de fato registradas no órgão ministerial, relatando insegurança e possível irregularidade, pois há cobrança da taxa de iluminação, mesmo sem o efetivo serviço.

A reiteração do teor das reclamações motivou a abertura do novo procedimento administrativo, que está disponível no Diário Oficial do MPMS de segunda-feira (16), 

Segundo o órgão, há a necessidade de políticas públicas referentes à iluminação pública na rua Ulisses Serra, que se situa em bairro localizado nas proximidades do aeroporto da Capital, além de ser conveniente acompanhar a implementação das mesmas.

Denúncias

Em 2022, foram registradas duas reclamações junto à Prefeitura de Campo Grande e, sem sucesso, também na ouvidoria do Ministério Público Estadual com a mesma reclamação e denunciou uma possível irregularidade na prestação do serviço, pois os moradores pagam a taxa de Contribuição de Serviço de Iluminação Pública (Cosip), mesmo não havendo postes na rua.

Uma moradora relatou que a rua Ulisses Serra é de pista dupla, separadas por canteiro central e árvores muito altas que, durante o dia, proporcionam grande cobertura e sombras, enquanto na parte da noite acabam por deixar a via ainda mais "sombria".

Isto porque não há iluminação pública e a rua fica no escuro, causando medo nos moradores e pessoas que passam pelo local, pois, ainda segundo a denúncia, ocorrem muitos roubos e furtos na região.

"Além disso, instalado na via pública encontra-se um estabelecimento de reciclagem, o qual é muito frequentado por andarilhos que coletam resíduos e despacham no local, de modo que se faz imprescindível a instalação de iluminação para fins de resguardar a segurança pública dos residentes locais", diz ainda a reclamação.

Em primeira análise, de 2022, o Ministério Público deliberou pelo arquivamento do procedimento.

Na ocasião, o promotor citou que outros procedimentos já tramitaram na Promotoria de Justiça com o mesmo objeto e a então Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação esclareceu que a necessidade do serviço de iluminação pública é determinada pelo adensamento populacional da localidade.

Com relação ao pagamento da Cosip mesmo sem contar o serviço na rua de suas casas, foi considerado que não há lesão aos consumidores, pois a legislação que permite a cobrança para o custerio foi julgada constitucional pelo Tribunal de Justiça.

"A contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública não confere ao sujeito passivo da relação tributária a garantia e o direito de contar, imediata e diretamente, com iluminação pública especificamente na rua de sua casa. Tem de haver, isso sim, iluminação pública na cidade onde o sujeito passivo da relação reside. E não há dúvida, por ser público e notório, que Campo Grande dispõe de iluminação pública", disse o promotor, na ocasião.

"Sem maiores delongas, a verdade é que no município e no Jardim Imá há iluminação pública, havendo ausência desse serviço apenas em alguns pontos do referido bairro, o que se mostra insuficiente, dada a natureza da contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública, para acusar lesão a direito", acrescentou, afirmando que o fato não configura lesão aos direitos dos consumidores.

Desta forma, a notícia de fato foi arquivada.

Outra denúncia, do mesmo teor, foi feita em 2023, na ouvidoria do MPMS, onde a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) foi oficiada para adotar medidas visando solucionar a demanda.

Segundo a moradora, equipe chegou a ir até o local para supostamente realizar a instalação, mas como não há postes, informaram que seria feito um comunicado para a concessionária de energia elétrica, a Energisa, mas não houve mais retorno 

Assim, a mesma moradora realizou nova denúncia que motivou a abertura do novo procedimento.

 

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