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INVESTIGAÇÃO

Clube de tiro do Estado é suspeito de repassar arsenal ao crime organizado

Pedreiro com registro de CAC tinha pistolas, fuzis de assalto e coletes da polícia e sua prisão deu início à investigação da PF

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A prisão do pedreiro Narciso Chamorro, 32 anos, no dia 5 deste mês, nas Moreninhas, em Campo Grande, desencadeou um inquérito da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul que tem o objetivo de desarticular um esquema de transferência de armas adquiridas legalmente por meio de colecionadores, atiradores desportivos e caçadores (CACs) para o crime organizado. 

As armas, segundo investigação da Polícia Federal à qual o Correio do Estado teve acesso, podem estar sendo repassadas para quadrilhas especializadas em crimes de grande potencial ofensivo, como roubo a bancos e também para a prática do chamado domínio de cidades, conhecido como “novo cangaço”. 

Nesta sexta-feira (14), a Polícia Federal deu continuidade às investigações, que tiveram início com a prisão em flagrante de Narciso, e desencadeou a Operação Ópla, que cumpriu sete mandados de busca e apreensão em Campo Grande e em Maracaju. 

A operação contou com o apoio do Exército Brasileiro e cumpriu mandados de busca e apreensão em clube de tiro e de caça da Capital. 

Com o pedreiro que tinha registro de caçador e supostamente trabalhava para o dono de um clube de caça, a Polícia Federal encontrou três pistolas Glock 9 milímetros, quatro fuzis 7,62 milímetros e centenas de munições, toucas ninja, coletes da Polícia Civil, boné de clube de tiro, entre outros itens.

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O FLAGRANTE

Chamorro, que agora está preso preventivamente, disse à Polícia Federal ao ser preso que, mesmo não sendo praticante do tiro esportivo nem nunca tendo participado de nenhuma competição esportiva de tiro, gosta de caçar javalis.

O pedreiro tem o certificado de CAC, o qual ele tirou na época em que trabalhou para Rodrigo Donovan, proprietário do clube de caça Golden Boar, conforme consta no auto de prisão em flagrante lavrado pela Polícia Federal. 

Chamorro disse aos policiais ter conhecido Rodrigo Donovan há aproximadamente 1 ano, quando efetuou uma obra para ele, na cidade de Maracaju. 
Na ocasião do flagrante, no início deste mês, a Polícia Federal apreendeu o carro de Chamorro, um GM

Corsa em mau estado de conservação, que estava estacionado perto do Parque Jacques da Luz, e posteriormente, na casa dele, três pistolas calibre 9 milímetros da marca Glock, todas da Geração 4, sendo duas delas equipadas com “kit rajada” (uma delas com a numeração raspada), e seis carregadores de pistola Glock.

Também foram apreendidos quatro fuzis da marca Imbel, modelo IA2, dos quais três tinham número de série e um estava com a numeração raspada. 

MAIS ITENS

Com o pedreiro, que diz ter tirado o registro de CAC com Rodrigo Donovan, a Polícia Federal ainda apreendeu três coletes balísticos com a inscrição “Polícia Civil”. 

Os materiais são à prova de bala, e a suspeita é de que poderiam ser usados em simulação de operações policiais. Ainda foram encontradas cinco balaclavas (toucas ninja).  

A Polícia Federal ainda apreendeu 116 munições calibre 9 milímetros, 80 munições para fuzil de calibre 7,62 milímetros, um colar de ouro, 16 carregadores de fuzil 7,62 milímetros, um boné do Clube de Caça Golden Boar, do qual Rodrigo Donovan é tido como proprietário, além de alguns documentos das armas e caixa de munição. 

ENCOMENDA

Quando foi preso, no início do mês, Chamorro disse aos policiais federais que uma pessoa que se identificava pelas iniciais “RD” iria orientá-lo sobre onde as armas seriam entregues. Para este serviço, receberia um pagamento de R$ 2 mil em dinheiro vivo no momento da entrega.

No auto de apreensão das armas, dos coletes, boné, munições e demais materiais que estavam com Chamorro, havia um documento em nome de Rodrigo Donovan de Andrade, cujo endereço era a cidade de Maracaju. 

Em pesquisa nas redes sociais, o Correio do Estado encontrou diversas atividades do Clube de Caça Golden Boar nas cidades de Campo Grande e de Maracaju. 
No interior do Estado, chegou a ter estande na tradicional Festa da Linguiça. 

ROUBOS E ASSALTOS

De posse do flagrante, a Polícia Federal deu início a um trabalho de aprofundamento da investigação sobre Rodrigo Donovan de Andrade, e a pessoa que se identificava como RD, que mantinha intensa troca de mensagens com Narciso Chamorro. 

Foram encontradas reportagens e registros de antecedentes criminais de um homem também identificado como Rodrigo Donovan de Andrade, pela prática de roubos a banco em cidades dos estados da Bahia, Sergipe e de Mato Grosso. 

“Ainda em seu interrogatório, Narciso Chamorro afirma que trabalha para Rodrigo Donovan de Andrade, que, segundo ele, é o dono do clube de tiro e caça GOLDEN BOAR, e que foi quem o ajudou a se registrar como CAC junto ao Exército Brasileiro”, afirmou a Polícia Federal em despacho em que pediu a prorrogação da prisão preventiva de Narciso. 

OUTRO LADO

O Correio do Estado telefonou para o Clube de Caça Golden Boar na tarde desta sexta-feira (14). Uma representante do local, que pediu para não ter seu nome revelado, confirmou a ação da Polícia Federal e afirmou que “tudo será esclarecido” e que o local não tem nenhum envolvimento com a prisão de Narciso Chamorro. 

Posteriormente, uma funcionária do Clube de Caça entrou em contato com a Redação para providenciar o envio de uma nota oficial sobre o ocorrido nesta sexta-feira. 
Até o fechamento desta reportagem, porém, a nota não foi recebida por nossa equipe. 

SAIBA

Policiais federais e do Exército deflagraram nesta sexta-feira (14) a Operação Ópla, cujo intuito é proibir o trânsito e o comércio ilegal de armas como pistolas e fuzis desviados de CACs, armeiros e clube de tiro.

O armamento estaria em nome de laranjas, que poderiam ser controlados por organizações criminosas que comandam crimes violentos, como ataques a casas de comércio e agências bancárias.
 

Cidades

Manifestação de esquerda tinha como foco o Congresso, mas atingiu Bolsonaro e Tarcísio

O ato, no entanto, também se tornou protesto contra Jair Bolsonaro e o governador Tarcísio de Freitas

11/07/2025 20h00

Foto: Divulgação

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A manifestação convocada por governistas para esta quinta-feira, 10, em frente ao Masp tinha, originalmente, intenção de pressionar o Congresso em pautas como taxação dos super ricos, isenção do imposto de renda e fim da escala 6x1. O ato, no entanto, também se tornou protesto contra Jair Bolsonaro (PL) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) devido a taxação em 50% dos produtos brasileiros pelo EUA.

O evento, que iniciou por volta das 18h, contou com a participação de 15 mil manifestantes, segundo o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). O número é maior do que o registrado na última manifestação bolsonarista, realizada em 30 de julho, que contou com 12,4 mil participantes

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), durante a convocação, chamou militantes para protestar "contra os privilégios protegidos pelo Centrão e pela extrema-direita". No entanto, após o anúncio de sobretaxa dos produtos nacionais, o parlamentar alterou o mote e adotou a mensagem "Brasil para os brasileiros". "Mais do que nunca, amanhã é rua!", publicou Boulos em seu perfil no X (antigo Twitter) após a taxação.

Durante o evento, manifestantes gritaram "Fora Tarcísio", criticando o governador paulista que saiu em defesa de Bolsonaro após o anúncio de Donald Trump. O político afirmou em seu perfil no X que "somente o povo poderia julgar Bolsonaro" e almoçou com o ex-presidente nesta quinta, consolidando seu apoio.

"Aqui estão os verdadeiros patriotas, não quem é traidor da pátria, não quem usa símbolo nacional para conspirar contra o país. É um ato em defesa do Brasil, do povo brasileiro", declarou Boulos durante a manifestação. O político ainda criticou Tarcísio e disse que ele "deveria pedir votos em Miami" nas próximas eleições.

O discurso de "nós contra eles", adotado pelo governo, também se manifestou no ato. Por meio de faixas com dizeres como "Congresso inimigo do povo", "Congresso da mamata" e "Congresso podre" manifestantes endossaram a estratégia que opõe o Executivo ao Legislativo.

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Cidades

Estudante de medicina que matou corredora atropelada vai a júri popular

Ele responderá pelos crimes de homicídio e tentativa de homicídio; julgamento está marcado para o dia 10 de setembro

11/07/2025 18h44

Acusado foi solto no dia 21 de março e responde processo em liberdade

Acusado foi solto no dia 21 de março e responde processo em liberdade Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O estudante de medicina João Fonseca Vilela, de 22 anos, irá a júri popular por atropelar a matar a corredora Danielle Oliveira, 41 anos, no dia 15 de fevereiro deste ano. A 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande proferiu a sentença de pronúncia nesta sexta-feira (11).

Conforme os autos, o estudante dirigia seu veículo na altura do km 4 da MS-010, fazendo zigue-zague e em alta velocidade, quando atingiu a corredora que se exercitava às margens da pista.

Na mesma ocasião, o veículo também colidiu com outra mulher, que sofreu lesões graves, mas sobreviveu. Testemunhas relataram que ele apresentava claros sinais de embriaguez, mas se recusou a fazer o teste do bafômetro.

“Acresce-se que tinha garrafa e lata de cerveja dentro do veículo, estava com a pulseira no braço de entrada na boate, recusou o bafômetro conforme já dito e falava desconexo, desorientado até no tempo e espaço a ponto de perder o prumo de retorno ao apartamento onde morava, conforme indicam os depoimentos”, disse o juiz Aluizio Pereira dos Santos na sentença de pronúncia.

“O acusado, ao conduzir o referido veículo em estado de embriaguez, fazendo zigue-zague e em velocidade excessiva para as circunstâncias reinantes do trânsito, foi indiferente à possibilidade de atropelar alguém, como de fato veio a colidir com a vítima, causando-lhe a morte”, acrescentou o magistrado.

Ele considerou que os indícios coletados durante a investigação, como laudos e depoimentos, são suficientes para levar o réu a julgamento pelo Tribunal do Júri, pelos crimes de homicídio e tentativa de homicídio.

De acordo com a sentença, caso não haja interposição de recurso pelas partes,o júri ocorrerá no dia 10 de setembro deste ano, às 8h, no Plenário do Júri.

O estudante chegou a ser preso, mas foi solto no dia 21 de março, tendo a liberdade mantida em decisão do dia 24 de junho.

O acusado, que é de Goiás, deve cumprir medidas cautelares, como não mudar de endereço, entregar a carteira nacional de habilitação (CNH), não se ausentar da comarca por mais de oito dias e comparecer a todos os atos do processo.

Ele também não pode frequentar bares ou outros locais onde possa ter acesso a bebidas alcoólicas.

Relembre

Danielle Oliveira, de 41 anos, foi morta no início da manhã do dia 15 de fevereiro, enquanto corria com seu grupo de corrida de rua na MS-010, na área rural de Campo Grande.

Ela foi atingida pelo Fiat Pulse prata conduzido por João Fonseca Vilela, de 22 anos, estudante de medicina que saiu do veículo visivelmente embriagado e foi preso em flagrante.

Além de Danielle, o jovem atingiu a corredora Luciana Timóteo, que sofreu escoriações leves.

Conforme reportagem do Correio do Estado, Danielle encontrou na corrida um escape para lidar com a perda da filha de 4 anos, Geovanna, vítima de um câncer renal.

Além de Geovanna, Danielle criava sozinha outras duas filhas, e sustentava o lar.

Ela corria provas de longa distância desde 2018, e se preparava para a Maratona de Campo Grande, que acontece em julho deste ano.

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) denunciou o estudante por homicídio, tentativa de homicídio e embriaguez ao volante.

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