O Rio Taquari passará por um processo de recuperação, ao longo de quatro anos, com investimento de R$ 6,7 milhões. O objetivo será combater a erosão e o assoreamento que impactam o Cerrado, o Pantanal e as comunidades locais.
A recuperação será feita através do projeto denominado "Caminhos das Nascentes: Restauração Ambiental na Bacia do Taquari", aprovado pelo Edital Floresta Viva - Corredores de Biodiversidade, que será executado pelo Instituto Taquari Vivo, em parceria com SOS Pantanal, Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e a Prefeitura de Alcinópolis
De acordo com o instituto, nos próximos quatro anos, o projeto restaurará áreas estratégicas da Bacia do Rio Taquari no Estado, incluindo o Parque Estadual Nascentes do Rio Taquari e o Monumento Natural Municipal Serra do Bom Jardim, nos municípios de Costa Rica e Alcinópolis (MS).
"Estamos unindo ciência e prática para implementar soluções eficazes e garantir um equilíbrio ambiental e produtivo. As técnicas aplicadas garantirão impactos duradouros na recuperação ecológica", afirmou Renato Roscoe, diretor executivo do Instituto Taquari Vivo.
Rômulo Louzada, fiscal ambiental e assessor tecnico do Imasul, explicou que serão recuperados pastagens degradadas na Fazenda Continental, sede do projeto Sementes do Taquari, com uso de tecnologias para manutenção das áreas.
"Essa restauração será conduzida por meio de técnicas de restauração ativa, incluindo o plantio de árvores e a implementação de práticas de manejo e conservação do solo e da água, como terraços e bacias de captação", explicou.
A iniciativa também irá beneficiar cerca de 160 produtores rurais, que passarão por capacitações e receberão incentivos para práticas sustentáveis, fomentando o uso responsável do solo e a geração de empregos.
O projeto também fortalecerá a cadeia produtiva da restauração ecológica, com expectativa de aumento da demanda por sementes e mudas nativas.
Leonardo Gomes, diretor executivo da SOS Pantanal, ressaltou que a iniciativa busca mitigar danos ambientais acumulados ao longo de décadas.
"Trata-se de um esforço conjunto entre setor privado, setor público e academia para revitalizar um dos principais rios do Pantanal. Nosso papel será documentar e comunicar essas ações, além de engajar a sociedade nesse processo", disse.
A coordenara do projeto, Letícia Koutchin Reis, afirmou que o projeto representa um avanço na recuperação ecológica da Bacia do Taquari;
"Nosso objetivo é transformar a Bacia do Taquari em referência na recuperação ambiental aliada a práticas produtivas sustentáveis", explicou.
O edital é conduzido pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e faz parte de uma iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para apoiar projetos de restauração ecológica com espécies nativas em todos os biomas brasileiros.
Rio Taquari
De acordo com um estudo apresentado no Fórum Mundial da Água em 2006, que envolveu pesquisadores da Embrapa Pantanal e dos institutos holandeses Wageningen University & Research e Wageningen Environmental Research, também chamado de Alterra, o tamanho da Bacia do Alto Taquari é de 29 mil km² (quase a área da Bélgica), e a área do leque aluvial no Pantanal é de cerca de 5 mil km².
Esse trabalho científico destacou que o Rio Taquari, localizado em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, possui o maior leque aluvial (depósito de sedimentos ou fragmentos de rochas) do mundo e representa um dos principais afluentes do Rio Paraguai, com 16% de contribuição para formar o Pantanal.
O acúmulo de problemas na região começou a se formar na década de 1970, quando houve uma maior colonização e perda de vegetação arbustiva de áreas secas.
Essa condição acabou acelerando a sedimentação em diferentes trechos dos 800 km do Rio Taquari, que possui uma característica de ter um solo mais frágil e propenso a erosões.
Depois, ocorreram os chamados arrombados, que são fechamentos de canais do rio. Esses processos podem ser feitos de forma natural, bem como por ação humana.
A erosão e a deposição de sedimentos transformaram o Rio Taquari em um sistema instável e ramificado, e o maior problema identificado foi a inundação permanente de uma região de cerca de 11 mil km², área equivalente ao Catar, país que sediou a Copa do Mundo em 2022.