Cidades

Transporte

Com risco de greve, passagem de ônibus pode parar na Justiça

Grupo disse que tentará discussão para subsídio, mas se resposta for negativa haverá judicialização

Continue lendo...

A Prefeitura de Campo Grande anunciou nesta quarta-feira (29) que o reajuste do transporte coletivo e urbano da Capital não deve ser maior de 5%, o que resultaria em um aumento de R$ 0,20 centavos no preço praticado atualmente, que passaria a ser de R$ 4,40 (valor arredondado).

Esse preço é muito inferir ao apontado pela tarifa técnica da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg) que indicou R$ 5,12. 

Com isso, o Consórcio Guaicurus afirmou que pode judicializar a questão se a postura for mantida, além dos motoristas da categoria que já tem um indicativo de greve.

De acordo com o presidente do grupo que comanda o serviço de transporte em Campo Grande, João Rezende, o Consórcio Guaicurus tenta, com urgência, uma reunião com a prefeitura para que seja solicitado o pagamento da “diferença” entre a tarifa que será executada para o usuário do serviço e o valor a ser repassado para a concessionária.

“Para nós foi surpreendente [esse percentual de aumento]. A prefeitura tem uma equipe técnica, que fez um trabalho técnico indicando um valor e nós imaginamos que por tudo que tem acontecido, isso seria respeitado." 

"Para nós é uma tragédia, nós esperamos que ele [prefeito] não deixe de pagar a diferença entre tarifa técnica. Se o prefeito não nos atender, só nos resta a Justiça, mas procuraremos primeiro uma resolução administrativa”, afirmou Rezende.

Em conta rápida, o presidente estima que, por mês, a diferença entre o cobrado da população e o que indicou o levantamento seja de cerca de R$ 1,8 milhão. Ou seja, ao final de 2022 essa montante pode chegar a R$ 21,6 milhões.

“Isso [subsídio na passagem de ônibus] já está acontecendo em centenas de cidades país afora, em São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Goiânia, Fortaleza, Manaus." 

"É mesmo muito caro para as pessoas pagarem uma passagem de R$ 5,12, por isso essas cidades estão subsidiando essa diferença." 

"Não é um beneficio somente para quem está prestando o serviço, está subsidiando quem precisa, não quem presta”, avalia o presidente do Consórcio.

O prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), afirmou que, caso isso ocorra, a prefeitura vai justificar os motivos que a levaram a decidir por este percentual.  

“Diante de toda a política tributária fiscal que eu venho exercendo durante esses cinco ano, eu não tinha como dar essa majoração." 

A partir do momento que o salário-mínimo teve um reajuste de 10,04%, não seria justo eu impor um aumento de 21%. Não posso virar as costas aos efeitos da pandemia, não posso impor um ônus nas costas dos mais vulneráveis." 

"Nós estabelecemos 5% [de reajuste] e o restante, caso as concessionárias se sintam prejudicadas e queiram entrar na Justiça, nós vamos justificar os motivos que nós levaram a fundamentar os 5%”, afirmou Trad.

SUBSÍDIO

O prefeito voltou a se mostrar favorável ao pagamento por parte do administrativo municipal e estadual dos respectivos alunos que fazem uso da gratuidade do passe do estudante.

Em coletiva na manhã de ontem, o gestor chegou a dizer que a gratuidade dos estudantes da rede particular também deveria ser revista. 

Trad afirmou também que de cada dez pessoas que entram no ônibus, seis são pagantes e quatro não pagantes.  

“Ninguém quer tirar a gratuidades deles, o que é discutido aqui é se o Estado quer subsidiar esses estudantes que pertencem a eles." 

"Se é justo ou não os estudantes da universidade particular andar de graça, porque se eles podem o trabalhador é que vai pagar por eles." 

"Eu acho que essa questão vai ter que reunir Estado, Ministério Público, Câmara Municipal e prefeitura [para decidir sobre gratuidade]”, disse Marquinhos.

Para o presidente do Consórcio Guaicurus, caso esse valor do pagamento da tarifa das gratuidades por meio dos Executivos seja equivalente ao passivo entre a tarifa técnica e a passagem praticada, isso pode solucionar o problema e evitar uma judicialização.

GREVE

Por causa do valor indicado de reajuste feito pela prefeitura, os motoristas do transporte coletivo de Campo Grande marcaram para segunda-feira (3) uma assembleia para discutir uma possível greve, já que o aumento salarial da categoria estava atrelado ao fato da passagem ter um reajuste igual ou próximo a tarifa técnica apontada pela Agereg.

De acordo com edital de convocação divulgada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande, a reunião, que acontecerá a partir das 9h tem três pontos, sendo o central uma discussão sobre a decretação de greve geral e com tempo indeterminado de duração.

Caso não haja um reequilíbrio da tarifa do transporte coletivo, os motoristas não deve ter reajuste para 2022, o que acontece pelo segundo ano seguido, já que em 2020 para o ano vigente a pandemia foi usada para o não aumento do salário.

JUDICIALIZAÇÃO

Se o Consórcio Guaicurus recorrer a judicialização da tarifa de ônibus, isso será feito pelo segundo ano consecutivo, já que em 2021 o valor foi parar na Justiça porque o aumento de R$ 0,10 não incluiu o valor o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).

Como a prefeitura recorreu da ação, ele ainda corre na Justiça, obedecendo os prazos processuais e não há decisão sobre isso. 

Caso ocorra uma segunda judicialização, a passagem pode ter um super reajuste, se o Consórcio Guaicurus for vencedor em ambos os processos.

Assine o Correio do Estado

ENTREVISTA

"Educação é sinônimo de desenvolvimento. É tudo. Não tem outro caminho"

Secretário-adjunto Sérgio Gonçalves fala sobre expansão da Rede Estadual de Ensino, reformas de escolas, qualificação de novos polos econômicos e programas que aproximam gestão e comunidade

06/12/2025 08h40

Sérgio Luiz Gonçalves - Secretário-Adjunto de Educação de Mato Grosso do Sul

Sérgio Luiz Gonçalves - Secretário-Adjunto de Educação de Mato Grosso do Sul Gerson Oliveira

Continue Lendo...

A frase, dita com convicção pelo secretário-adjunto de Educação de Mato Grosso do Sul, Sérgio Luiz Gonçalves, resume a visão que tem guiado sua atuação no governo estadual.

Com longa trajetória na gestão pública, passando por Caravana da Saúde, articulação política e administrativa e Secretaria de Fazenda, ele chegou à Secretaria de Estado de Educação com a missão de fortalecer a estrutura da Rede Estadual de Ensino (REE) e aprimorar a gestão de recursos num momento em que o Estado vive expansão econômica e aumento da demanda por qualificação.

Sérgio Gonçalves tem percorrido escolas em todas as regiões do Estado para compreender o cotidiano de professores, servidores e estudantes. Nessas visitas, cobra eficiência, dialoga com equipes e acelera soluções, buscando reduzir a distância entre o gabinete e a realidade escolar.

Para ele, o papel da gestão pública na educação vai além de construir prédios ou comprar equipamentos: envolve criar condições para que cada aluno tenha acesso a um ambiente adequado de aprendizagem.

Em um cenário de grandes investimentos privados e de crescimento populacional em polos industriais, como Ribas do Rio Pardo, o desafio da educação se multiplica.

Novas escolas, reformas estruturais, programas sociais voltados a mulheres e adultos e estratégias de qualificação são parte de um pacote de ações que se tornam fundamentais para preparar Mato Grosso do Sul para o futuro.

E, como reforça o secretário-adjunto, esse futuro só será possível com uma base clara e inegociável: a educação.

Sérgio, em primeiro lugar, gostaria que você falasse sobre sua trajetória na administração pública.

Eu entrei para o governo de Mato Grosso do Sul em 2015, no primeiro mandato de Reinaldo Azambuja. Na época, o Estado tinha uma deficiência muito grande no setor da saúde e estávamos buscando uma maneira de resolver esse problema.

Foi então que encontramos a Caravana da Saúde como uma das soluções, e eu fui um dos coordenadores da caravana, com o doutor Marcelo Henrique Mello. Ele cuidava da parte hospitalar, e eu, de toda a estruturação do projeto, para administrar tudo.

A Caravana da Saúde foi um acontecimento muito interessante, porque envolveu a sociedade civil na época. Era algo novo. Até casamento nós fizemos.

Depois da Caravana da Saúde, o governador Reinaldo Azambuja sentiu a necessidade de colocar um assessor a mais para auxiliar o então secretário de Governo e Gestão Estratégica Eduardo Riedel. Então, eu fiquei mais dois anos ajudando dentro do gabinete nas demandas dele.

Ao fim do primeiro mandato do Reinaldo Azambuja, fui para a Comunicação, onde fiquei quatro anos e acredito que fiz um bom trabalho.

E então veio o governo de Eduardo Riedel...

Nessa transição dos mandatos de Reinaldo Azambuja para Eduardo Riedel, eu fui para a Secretaria de Fazenda, para ajudar o secretário Flávio César.

Já era uma preparação para o mandato atual. Foi um grande desafio entender como funciona a secretaria e também como fazer com que o dinheiro público fosse melhor usado. É um desafio, porque as demandas sempre são muito grandes.

Por fim, mais recentemente, vim para a secretaria executiva da Secretaria de Estado de Educação.

Você sempre foi conhecido por fazer pontes e cultivar bons relacionamentos, sobretudo na gestão pública, onde há burocracia, metas... Como é esse trabalho?

Agora você me surpreendeu. Eu nunca tinha visto por esse prisma, mas construir pontes é saber lidar com pessoas. É algo que o governo tem de fazer. Acredito que temos de dar o nosso melhor, atender às necessidades, ainda que nem sempre seja possível atender todos.

Temos de saber falar de uma maneira em que a pessoa não se sinta excluída do processo. É dessa forma que acredito que um relacionamento se cria.

É por isso que, dentro da administração pública, eu consigo transitar bem, e também por isso saí da Secretaria de Fazenda e fui ser secretário-adjunto de Educação.

E como você tem recebido essa missão? Tem aprendido muito na Educação?

Acredito que está ocorrendo uma boa transformação. A Educação já vinha com bons índices no governo Reinaldo Azambuja, mas precisávamos de ainda mais no setor.

Como eu sou formado em Administração e o nosso secretário, professor Hélio [Daher], domina toda a área pedagógica e é uma pessoa excelente de se trabalhar , entendo que estamos em um momento muito bom.

A minha missão é essa: cuidar da administração e do financeiro da Educação.

Assim que você chegou à secretaria, visitou algumas escolas em todo o Estado. Como foi a experiência?

Temos, hoje, 352 escolas em Mato Grosso do Sul, e eu já visitei mais de 100, principalmente no interior. Eu quis ver de perto a realidade do professor, do pessoal da secretaria, do aluno.

Verifiquei se o ar-condicionado funciona, se os banheiros estão limpos, se o aluno está bem atendido, se a mãe ou o pai são bem recebidos quando chegam à secretaria, provei a merenda que é oferecida.

Foi uma experiência fantástica, porque eu me misturei com a galera, com os alunos. E, historicamente, essa interação do gabinete com quem está na ponta do serviço é algo que faltava.

E qual foi o feedback?

Nessas visitas, conseguimos resolver problemas de forma muito mais fácil. Em primeiro lugar, porque chegamos à escola com toda a estrutura de governo e, em segundo, porque quando estamos in loco é mais fácil ver o que está acontecendo com os técnicos de maneira muito mais rápida e com menos burocracia.

Vemos o problema, resolvemos, e o assunto é encerrado.

O Estado vive aumento na demanda por qualificação em cidades que recebem grandes investimentos, como no Vale da Celulose e em polos da agroindústria. Qual tem sido a resposta da Educação?

Quando a gente tem grandes investimentos, gente qualificada, vem muito mais gente boa. Os investimentos estão chegando, e realmente é um grande desafio. Como diz o nosso governador, Eduardo Riedel, é a "dor do crescimento".

A notícia boa é que, na Educação, temos acompanhado esse aumento de demanda. Vamos inaugurar, agora em 2026, escolas em cidades que receberam investimentos, como Ribas do Rio Pardo, e há projetos para outras localidades.

Neste ano, entregamos outras três novas escolas, uma delas em Campo Grande. E mais: temos um trabalho que considero fantástico, que é o EJA [Educação de Jovens e Adultos] Mulher.

Teria como detalhar esse programa?

É um programa criado pelo governo de Mato Grosso do Sul que atende a mulher e permite que ela leve seu filho para as aulas. Lá, ela tem acesso a recreação e alimentação para seu filho, o que permite que estude no período noturno.

É uma forma de garantir educação a uma mãe que precisa trabalhar e sustentar a família. Isso transforma a vida dessas mulheres, que se tornam muito mais independentes.

Qual é a estrutura do sistema estadual de educação atualmente?

Temos, sem dúvida, a maior rede escolar já reformada do Brasil, proporcionalmente. Atingimos mais de 70% das escolas reformadas. Desde o início do governo de Reinaldo Azambuja, o investimento em reformas já passa de R$ 1,2 bilhão.

As obras são completas, com adequação estrutural da escola por dentro e por fora e novos equipamentos nas salas de aula e nas cozinhas.

No Paraná, há uma parceria público-privada (PPP) para a gestão de escolas. Há plano parecido para MS?

Acreditamos que, nessa parte de gestão e construção, estamos muito bem encaminhados. Para isso acontecer, teríamos de ter um estudo do governo e vontade política e da sociedade. Vejo com bons olhos todo investimento que possa ajudar, mas não há nenhum estudo em andamento.

Há previsão de novos investimentos para 2026?

Temos, sim. Em 2026, temos de construir, no mínimo, cinco novas escolas nesses polos de desenvolvimento.

E quanto custa uma escola hoje?

Uma escola nova custa em torno de R$ 20 milhões. Já uma reforma pode custar de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões, dependendo da estrutura.

E o programa Revitalizando a Educação com Liberdade, em parceria com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul?

Aqui, em Campo Grande, o programa está indo muito bem e, recentemente, assinamos para implantá-lo em Dourados. É um programa fantástico, não apenas pela reforma que os detentos entregam, mas porque é uma via de mão dupla: eles são muito bem recebidos pelos alunos, com respeito, o que ajuda na ressocialização. Eles também se sentem bem ajudando uma escola.

É um dos programas de que eles mais gostam, porque é emblemático. Além disso, fica muito mais barato, economiza mão de obra e permite comprar materiais com preços menores. As reformas também ocorrem com mais celeridade. Esperamos ampliar ainda mais esse programa.

Seu nome foi lembrado para a Casa Civil do governo de Eduardo Riedel. Como recebeu essa notícia?

Com naturalidade. Criamos bons relacionamentos. Talvez a ideia tenha surgido pelo trabalho técnico, mais voltado aos projetos do governador Eduardo Riedel. Mas, hoje, nosso secretário da Casa Civil é o Walter Carneiro Júnior, que preenche todos os requisitos técnicos e está muito à frente politicamente.

Quantos alunos a REE atende atualmente?

Hoje estamos com 192 mil estudantes matriculados. Para 2026, já abrimos vagas para chegar a 200 mil.

Como funciona o calendário de matrícula e transferência?

Para alunos que já estão na rede, as matrículas e transferências seguem abertas até o dia 22 de dezembro. Para novos alunos, o prazo vai até 30 de dezembro.

O processo é presencial ou on-line?

Totalmente on-line. O sistema permite que o responsável escolha três opções de escolas. Nossa equipe avalia o endereço e direciona para a mais próxima, sempre respeitando as escolhas.

O senhor costuma dizer que educação é a base de tudo. O que isso significa?

Educação é desenvolvimento. É tudo. Não tem outro caminho. Pode parecer um jargão repetido, mas é verdade. Sem educação de qualidade, não há progresso possível. Qualquer avanço econômico ou social começa pela educação e termina nela.

*PERFIL

Sérgio Luiz Gonçalves

Secretário-adjunto de Educação, Sérgio Luiz Gonçalves é formado em Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e tem histórico de serviços prestados na administração pública e na sociedade civil, tendo atuado na Associação dos Prefeitos do Estado de Mato Grosso do Sul (Assomasul) e no governo de MS, como coordenador da Caravana da Saúde e secretário-executivo de várias pastas, como as Secretarias de Governo, de Fazenda e, agora, de Educação.

Assine o Correio do Estado

ÔNIBUS

Transporte coletivo pode parar novamente neste fim de ano na Capital

Consórcio Guaicurus comunicou nesta sexta-feira que não tem dinheiro para pagar a folha salarial e o 13º dos motoristas

06/12/2025 08h00

Consórcio Guaicurus está em crise econômica e transporte coletivo público de Campo Grande pode paralisar pela segunda vez em menos de 45 dias

Consórcio Guaicurus está em crise econômica e transporte coletivo público de Campo Grande pode paralisar pela segunda vez em menos de 45 dias Gerson Oliveira

Continue Lendo...

O Consórcio Guaicurus afirmou que está em crise econômica séria e o transporte coletivo público de Campo Grande pode paralisar pela segunda vez em menos de 45 dias, próximo das festividades de fim de ano. A empresa declarou que está sem recursos financeiros suficientes para arcar com a folha salarial e o 13º dos funcionários.

Em nota divulgada à imprensa na manhã desta sexta-feira, a empresa responsável pela operação do transporte coletivo urbano na Capital informou que a crise financeira é motivada pelo atraso no repasse por parte do poder público, “que engloba vale-transporte, subsídios e demais componentes tarifários”.

“A entidade esclarece que a falta de regularização imediata destes pagamentos críticos está ameaçando a continuidade e a qualidade da prestação dos serviços de transporte na Capital. A ausência dos repasses não permite o cumprimento de obrigações financeiras essenciais para a manutenção do sistema, que opera no limite de suas capacidades”, diz trecho da nota.

“Sem o fluxo de caixa necessário para honrar estas obrigações imediatas, o consórcio não terá condições de realizar os pagamentos vitais para a operação, cujo vencimento é iminente, como a folha salarial e o 13º salário dos colaboradores”, completa o Consórcio Guaicurus.

A empresa lista que além das obrigações com os funcionários, custos operacionais também estão sendo “deixados de lado” com a falta de recursos, como combustíveis e manutenção da frota e encargos.

No fim do comunicado, o consórcio ainda pediu que o poder público se mobilize com a situação e “que as autoridades competentes tomem as providências imediatas necessárias para a regularização dos repasses”.

Em conversa com o Correio do Estado, Demétrio Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande (STTCU-CG), afirmou que a classe deve debater o assunto com o consórcio na segunda-feira, por meio de uma reunião. 

Porém, confirma que, caso não haja o pagamento do salário e do 13º, haverá paralisação, ainda sem data definida por depender da conversa com a empresa na semana que vem. “Se o consórcio não pagar, com certeza vamos parar”, avisa Demétrio.

ESCLARECIMENTO

A reportagem entrou em contato com o governo do Estado e com a Prefeitura de Campo Grande para que ambos prestassem esclarecimentos sobre a acusação de inadimplência dos repasses. Em resposta, o Executivo estadual contrariou a versão divulgada pelo Consórcio Guaicurus.

“O governo do estado de Mato Grosso do Sul não tem relação contratual com o consórcio em questão. Os repasses acordados para o corrente ano, referentes ao auxílio no custeio do passe dos estudantes da rede estadual, estão em dia”, reforça.

Por outro lado, o Executivo municipal, que é quem faz os repasses para a concessionária – tanto do valor pago por ele quanto o do governo –, não retornou até o fechamento desta edição.

SEM NOVIDADE

Nos últimos dois meses, o transporte público vem passando por inúmeras dificuldades e turbulências. No dia 22 de outubro, às 4h30min, cerca de mil motoristas não colocaram os ônibus em circulação, após o Consórcio Guaicurus não efetuar o pagamento do “vale” (adiantamento do salário) de R$ 1,3 mil, que geralmente é depositado no dia 20 de todo mês. Depois de uma hora e meia de paralisação, os motoristas voltaram a trabalhar.

Consórcio Guaicurus está em crise econômica e transporte coletivo público de Campo Grande pode paralisar pela segunda vez em menos de 45 diasMotoristas do transporte coletivo da Capital ameaçam paralisação, caso salário e 13º não sejam pagos pelo Consórcio Guaicurus - Foto: Gerson Oliveira

À época, em coletiva de imprensa, o presidente da Câmara Municipal, Epaminondas Vicente Silva Neto, o Papy (PSDB), disse que os repasses relativos aos custos do transporte de estudantes das redes públicas estavam atrasados há quase quatro meses, que a dívida do governo do Estado somava pouco mais de R$ 6 milhões e a da prefeitura já superava a casa dos R$ 3 milhões.

Inclusive, como forma de evitar novas paralisações ocasionadas pela crise financeira, a Câmara Municipal idealizou a criação do Fundo Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte (FMMUT), que visa assegurar estabilidade financeira ao transporte coletivo da Capital e proteger os usuários. Porém, o projeto ainda não foi votado.

No fim do mês passado, o vale dos funcionários atrasou novamente e a classe ameaçou parar mais uma vez. Contudo, o Consórcio Guaicurus efetuou o pagamento antes que a ação fosse tomada e evitou a nova paralisação.

HISTÓRICO

Caso a greve aconteça, essa será a quinta paralisação nos últimos seis anos. Em junho de 2019, a cidade amanheceu sem ônibus nas ruas e terminais, ação motivada pelos cortes do governo na educação e a Reforma da Previdência.

Exatos três anos depois, em junho de 2022, os campo-grandenses acordaram sem transporte coletivo após greve dos motoristas pelo descumprimento do depósito do “vale” quinzenal dentro do prazo.

Em janeiro de 2023, houve outra paralisação, desta vez por causa de reajustes salariais e aumento nos benefícios, o que foi resolvido um dia depois, após reunião entre o Consórcio Guaicurus, o Executivo municipal e o sindicato da categoria.

Em outubro deste ano, aconteceu a última, por causa da falta de pagamento do adiantamento dos motoristas.

*SAIBA

O Município paga cerca de R$ 22,8 milhões por ano para a concessionária, enquanto o Estado repassa outros R$ 13 milhões. Atualmente, a tarifa paga pelos usuários do transporte público está fixada em R$ 4,95.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).