A Avenida Júlio de Castilho tem sido palco de desavenças entre dois estabelecimentos comerciais em frente ao Terminal principal do bairro.
O comerciante Ezio Ferreira Martins, de 45 anos, é proprietário de uma empresa de fretes e tem enfrentado problemas com o vizinho da frente, o dono de uma lanchonete.
Ao Correio do Estado, Ezio explicou que adotou uma área desmatada no canteiro principal da avenida para cuidar, fazendo a limpeza do local, o plantio de grama e outras plantas decorativas, bem como a instalação de bancos e lixeiras para uso comum.
“Eu faço tudo ali sozinho porque eu quero ver bonito, quero que seja um local agradável. O único órgão que me ajuda ali é a Águas Guariroba que me fornece água para regar".
No entanto, ele afirma que, por causa da atitude de bondade e cuidado, tem sido alvo de ameaças do outro empreendedora, já tendo registrado boletim de ocorrência em desfavor do mesmo.
No documento, Ezio conta que o dono da lanchonete vem dizendo frases como “eu vou te pegar” e “o que é seu está guardado" desde o mês de fevereiro deste ano. Em julho, as ameaças deixaram de ser algo apenas verbal e se tornou algo concreto, quando Ezio sofreu um episódio que chama de “atentado".
“Eu estava esperando para atravessar a rua em uma placa de Pare que tem bem em frente ao Terminal, próximo ao estabelecimento do sujeito em questão, quando ele apareceu dirigindo sua caminhonete e, quando ele me viu, jogou o veículo em cima de mim. Eu precisei me jogar para não ser atropelado, mas os pneus de trás passaram por cima do meu pé".
A vítima teve acesso às imagens das câmeras de segurança de estabelecimentos ao redor e encaminhou para a 7ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, onde estão sob perícia.
Ezio relatou à reportagem que, mesmo após o boletim de ocorrência, que foi feito em julho, o suspeito não foi acionado pela polícia e nenhuma medida foi tomada, o que o deixa com medo de uma nova abordagem com âmbito criminal por parte do autor.
Além da tentativa de ferimento físico, Ezio sofre diariamente com depreciações no espaço público que cuida. Ele conta que frequentemente as plantas são arrancadas do solo, as lixeiras são derrubadas e o espaço, sujo.
“Quando eu peguei para cuidar disso, estava acabado. Tinha muito lixo, cães e gatos mortos enterrados, fezes. Eu assumi sozinho, limpei tudo, plantei algumas plantas, instalei as lixeiras e os bancos. Eu cuido de várias áreas ao redor, que vão desde a frente do Terminal até o canteiro central, todas as plantas quem plantou fui eu. Mas é comum chegar aqui de manhã e ter muito lixo no chão, garrafas que vendem no lanchonete jogadas, as lixeiras arrancadas, minha placa no chão, os bancos só não levaram embora porque estão acorrentados".

Foto: Karina Varjão
A motivação
À reportagem, Ezio afirmou que está sempre filmando e denunciando fatos errôneos na redondeza, com o objetivo de ajudar a comunidade e melhorar o bairro.
Em razão disso, ele já sofreu ameaças e afrontas várias vezes, a maioria das vezes, do mesmo proprietário.
“Diariamente eu sofro ameaças aqui, ele vem me afrontar aqui no meu ambiente de trabalho, já chegaram a puxar o facão pra mim e eu ameaçar com os instrumentos que uso pra cuidar da área verde. Mas nunca agredi ninguém, nunca bati em ninguém. Eu só mostro o que está errado".
Ele conta que já denunciou a lanchonete por ocupar o espaço da calçada além do permitido, deixando intransitável, especialmente por cadeirantes. Segundo ele, o local também não conta com a quantidade de saídas de emergências exigidas.
“De noite, os carros param na contra mão ali na frente, ninguém respeita a sinalização, sem contar no som alto que fica até a madrugada, seja com televisão ou com caixas de som mesmo. Já comuniquei os órgãos responsáveis, mas não foi feito nada".
No trânsito, ele conta que as irregularidades são frequentes também por ali, com carros estacionando constantemente em áreas proibidas. Ele conta que já pediu fiscalização várias vezes, mas não obteve retorno.
“Eu não quero vingança contra ninguém, só quero justiça. O que tem que ser feito, deve ser feito dentro das normas. Se a maioria dos comerciantes respeita, por que um estabelecimento só pode ser isento? E sobre os vandalismos, eu continuo replantando e limpando sempre as áreas, mas não sei por quanto tempo mais, porque é uma situação que cansa”.


