Christian Campoçano Leitheim (27), réu pela morte de Sophia de Jesus Ocampo, foi o último a prestar depoimento sobre o caso, e além de negar a autoria do estupro, disse que usou drogas com a mãe de Sophia na data da morte da criança, declaração que ocorreu na manhã desta quinta-feira (5) na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande.
De acordo com o jovem de 27 anos, tanto ele, quanto Stephanie de Jesus da Silva (26), ré e mãe de Sophia, usaram drogas na noite da morte da criança de 2 anos e 7 meses, em janeiro de 2023. O depoimento dele era o único que restava no processo, visto que Stephanie foi ouvida nesta quarta-feira (4).
A declaração de Christian foi de encontro com a guerra de narrativas estabelecida entre sua defesa e a defesa de Stephanie. “No dia da morte da Sophia, nós ficamos até de madrugada na utilização de bebida e droga, com amigos, aí eu e a Stephanie fomos dormir pela manhã. As crianças estavam dormindo.”, falou Christian, em depoimento de aproximadamente 1h30.
A fase inicial da fala de Christian foi destinada à resposta de perguntas do juiz Aluizio Pereira dos Santos, ao qual o réu relatou que vivia de “bicos”, sobretudo no início do relacionamento que durou cerca de 1 ano e quatro meses.
Outro ponto divergente entre ambos é que Christian negou ter dado banho ou mesmo ter agredido Sophia, fatos confirmados por Stephanie em seu depoimento.
Segundo ele, após acodarem na manhã seguinte ao uso de drogas, é Stephanie quem o procura “desesperada” dizendo que Sophia não estava bem, e estava convulsionando. Diante da situação, Christian disse que levantou desesperado sem saber o que fazer, dia em que Sthepanie não foi trabalhar, pois “estava de cabeça cheia.”
Após o ocorrido, Christian dissse que Sophia foi medicada, entretanto, Stephanie o acordou novamente às 16h, dizendo que a menina não estava bem e que não sabia “o que estava acontecendo com ela.”
Segundo Christian, neste momento a boca de Sophia já estava roxa e Stephanie chamou o Uber para levá-la à Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Em conversa exposta pelo juiz, após o ocorrido, Christian disse que não era bom pai e que iria se matar. O réu respondeu que estava em choque, chorou bastante e que se sentiu culpado por ter falado para Stephanie não levar a criança ao posto de saúde.
“Achei que pudesse ser resolvido em casa, enfermidade temporária”, disse, alegando que era hábito da esposa (Sthepanie) levar a filha ao posto de saúde para pegar atestado e faltar ao trabalho.
Diante de toda a situação, o jovem disse ter orientado Stephanie a dizer aos médicos que Sophia havia caído de um brinquedo, fato que segundo ele, isentaria a mãe da criança de qualquer culpa. “Depois de ter a notícia da morte da Sophia, eu fiquei em choque, nem eu sei o que eu senti, não queria que a Sthepanie fosse presa. Eu preferiria que só eu fosse preso. Eu queria que a Stella (outra filha do casal) ainda tivesse uma mãe”, disse o réu.
Questionado, Christian negou ter agredido Sophia e disse que “não sabe e não viu” quem foi o agressor da criança. “Não posso alegar nada que eu não vi. Não posso dar a culpa se eu não vi”, declarou. Em seu depoimento, o réu disse acreditar que os hematomas da criança, visíveis na data de sua morte, foram causados por agressões de Stephanie em dias anteriores.
Christian disse que nunca deu banho em Sophia assim como não dava banho em Stella, além de negar ter estuprado a criança.
“Sophia e Yuri (também filho de Christian) tomavam banho sozinhos. Nunca troquei fralda da Sophia. Toda e qualquer higiene da Sophia quem fazia era a própria Sophia - tomando banho sozinha ou a Stephanie -, justamente porque eu não era o pai dela e porque não queria que as pessoas pensassem que bobeiras eu poderia estar fazendo com a menina”, disse Christian.
Ele negou ter tocado as partes íntimas da criança, morta por um trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica).
“Não posso alegar algo que eu estava presente ou não vi”, disse Christian ao ser perguntado sobre a possível agressão de Sophia.
Ele é julgado por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e praticado contra menor de 14 anos, e estupro de vulnerável. Stephanie de Jesus da Silva, 26 anos, mãe de Sophia, é acusada de homicídio por omissão. Ao fim do depoimento, ambas as partes deram sequência ao debate, não assistido por Christian. As sentenças devem ser decretadas por volta das 19h.
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