Cidades

FRONTEIRA

Comprar carro no Paraguai é vantajoso para brasileiros?

A compra de veículos no país é atrativa devido à proximidade geográfica e pelas cargas tributárias que são menores, mas o processo de regularização ao entrar no Brasil pode tornar a transação não tão vantajosa

Continue lendo...

Um famoso destino de compras para os brasileiros por ser fronteiriço, o Paraguai é mais conhecido pelas suas lojas de produtos eletrônicos e outros itens diversos. Porém, a compra de carros no Paraguai por brasileiros tem sido um tópico de interesse, especialmente para aqueles que residem na fronteira, como é o caso de Mato Grosso do Sul.

Mesmo com a proximidade geográfica, ainda não é tão comum a compra deste tipo de bem no país vizinho, o que levanta duas questões: é possível comprar um carro no Paraguai e trafegar no Brasil? Compensa esse tipo de transação?

A resposta objetiva para a primeira pergunta é: sim, é possível a compra de automóveis no Paraguai, mas para trafegar no Brasil há uma série de processos obrigatórios, que envolvem de pagamentos de taxas a outras burocracias, o que torna a resposta para a segunda pergunta não tão objetiva, pois depende de análise caso a caso do que o comprador acha mais vantajoso.

Conforme pesquisa realizada em sites especializados, os preços de carros novos entre Brasil e Paraguai em 2024 revela uma diferença substancial. Enquanto no Brasil um carro popular zero quilômetro é vendido por cerca de R$ 72 mil em diante, no Paraguai é possível adquirir automóveis a partir de R$ 55 mil. A diferença considerável segue para todos os modelos e marcas, mesmo diante da alta cotação do dólar.

Isso acontece porque o Brasil tem uma carga tributária muito alta e um sistema tributário extremamente complexo, o que impacta significativamente no valor final dos produtos.

No entanto, é importante ressaltar que para trazer um carro do Paraguai deve-se cumprir uma série de requisitos legais, para não incidir em crimes.

Vantagens

A principal atração é o preço mais baixo dos veículos no Paraguai, que gera uma economia financeira imediata.

Por exemplo, modelos populares como picapes e SUVs podem ter uma diferença de preço significativa, que chega a atrair muitos consumidores brasileiros.

Para os moradores de regiões fronteiriças, a proximidade geográfica também facilita o processo de compra.

Além disso, a variedade de modelos disponíveis pode ser mais atraente, especialmente para aqueles interessados em veículos importados que nem sempre são encontrados no Brasil.  O Paraguai possui uma ampla variedade de automóveis que são importados de diversos países, incluindo Japão, Estados Unidos, Coreia do Sul e Taiwan. Os carros usados importados, especialmente do Japão, se tornaram bastante populares e acessíveis no Paraguai.

Essa política atrai muitos compradores, não apenas paraguaios, mas também brasileiros que buscam preços mais baixos em comparação ao mercado brasileiro, onde a carga tributária sobre veículos é significativamente mais alta.

Desvantagens

Para um automóvel comprado fora do Brasil rodar no País, é necessário fazer o processo de importação, mesmo que se adentre em terriório brasileiro via terrestre, conduzindo o próprio veículo. 

Desde 2021, os automóveis e os componentes automotivos montados na Argentina, no Paraguai e no Uruguai deixaram de entrar no país com licenciamento de importação, segundo portaria do Ministério da Economia, mas isso pouco reflete no caso de importação por pessoa física.

As taxas acabam por aumentar o valor, não tornando os preços de fora muito competitivos e a aparente economia acaba por não se tornar um negócio vantajoso.

Além das taxas e impostos, há o processo burocrático para a legalização, que também pode ser uma desvantagem pelos entraves logísticos e financeiros.

Isso inclui o pagamento de impostos de importação, taxas de legalização, além de adaptações necessárias para que o carro atenda às normas brasileiras de segurança e emissões. Esses custos adicionais podem, em alguns casos, anular a economia inicial.

Outro ponto relevante é a garantia e assistência técnica. Carros adquiridos no Paraguai podem não ter cobertura de garantia no Brasil, o que pode resultar em dificuldades na manutenção e conserto do veículo. A disponibilidade de peças também pode ser um problema, dependendo do modelo e da marca adquiridos.

Importação

Veículos com placas estrangeiras só podem rodar no Brasil sob certas condições, e mantê-los em território nacional sem as exigências pode ser considerado contrabando, passível de penalizações criminais, multas e apreensão do veículo.

A legislação brasileira é rigorosa quanto à entrada de veículos estrangeiros. Conforme a lei, é permitida a importação apenas de veículos novos, 0 km. No caso de veículos usados, é permitido apenas para veículos com mais de 30 anos de fabricação, para fins culturais e de coleção.

Especificamente para importação de veículos do Paraguai para o Brasil, o processo envolve diversas regulamentações e requisitos legais.

Para legalizar um carro importado, é necessário pagar:

  • 35% de Imposto de Importação, calculado sobre o preço do carro somado ao frete, seguro e outras taxas aduaneiras;
  • cerca de 25% de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
  • 17% de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
  • 11,6% de Programa de Integração Social  e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins).

Além dos custos, o carro deve atender às normas brasileiras de segurança e emissões, o que pode exigir adaptações no veículo. Desta forma, ele também passa por inspeção e homologação, realizado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

As taxas podem elevar o custo final em até 80% do valor original do veículo .

O processo de legalização pode levar até três meses e envolve a obtenção de diversas licenças e autorizações de órgãos como a Receita Federal, IBAMA, e Detran, a depender do tipo do automóvel.

Para a legalização do veículo no Brasil, também é exigida a documentação que comprove a origem do veículo e a regularidade da compra. Isto porque, como a lei do Paraguai é menos rígida, há a possibilidade de adquirir um carro roubado. A orientação é optar por lojas confiáveis e verificar a procedência do veículo para evitar problemas legais.

Comprar um carro no Paraguai pode ser vantajoso do ponto de vista financeiro, principalmente para aqueles que residem perto da fronteira. No entanto, é fundamental estar ciente das complicações legais, dos custos adicionais e das potenciais dificuldades relacionadas à manutenção do veículo.

Os interessados precisarão obter todos os documentos necessários, como licenças e autorizações, que geralmente são geradas pela Receita Federal.

Pode trafegar com veículos com placas do Paraguai no Brasil?

Não é permitido trafegar com veículo com placa do Paraguai no Brasil, exceto em algumas situações específicas.

Segundo a legislação brasileira, veículos com placa estrangeira só podem rodar no país em condição de turismo. Ou seja, se o veículo possuir uma placa do Paraguai, o dono também precisa ter residência fixa no país vizinho.

Sem um registro nacional, o dono do carro deixa de pagar impostos que incidiriam na importação regular de um bem novo, como Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Também deixa de pagar Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Se um brasileiro estiver dirigindo no Brasil com um carro com placa de outro país e não for morador do território em questão, ele pode ser acusado de crime de contrabando.

Além de responder criminalmente, o veículo é apreendido e há multas por sonegação fiscal.

E se a pessoa morar no Brasil e trabalhar ou estudar no Paraguai?

Principalmente nos estados de fronteira, é muito comum pessoas que moram em um país e trabalham ou estudam em outro. Em vários desses casos, a locomoção é feita por meio de veículos próprios.

Nesse caso, segundo a Receita Federal, o que vale é o domicílio tributário. Isso significa que se o cidadão declarar o Imposto de Renda aqui, o domicílio dele é o Brasil e não há como ter um veículo com placa paraguaia.

Ainda segundo a lei, mesmo que o dono do veículo trabalhe ou tenha empresas no país vizinho, ele não pode ter um carro emplacado lá.

 

CNH

Congresso derruba veto de Lula e retoma exigência de exame toxicológico para primeira CNH

O veto é derrubado dias após a aprovação de uma reformulação no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para eliminar a obrigatoriedade de aulas

04/12/2025 21h00

Foto: Divulgação

Continue Lendo...

O Congresso Nacional rejeitou, em sessão conjunta realizada na tarde desta quinta-feira, 4, um veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que barrava a exigência de exame toxicológico para os candidatos à primeira habilitação de condutores nas categorias A (motos e ciclomotores) e B (veículos de passeio).

O veto é derrubado dias após a aprovação de uma reformulação no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para eliminar a obrigatoriedade de aulas;

A exigência do exame toxicológico representa, na verdade, uma ampliação: a realização do exame já é obrigatória para motoristas das categorias C, D e E (transporte de cargas e passageiros).

Na justificativa do veto, de junho deste ano, o governo Lula argumentou que a exigência do exame para as categorias A e B aumentaria os custos para tirar a CNH, o que poderia influenciar na decisão de mais pessoas dirigirem sem habilitação - estimativas indicam que há cerca de 20 milhões de pessoas nessas condições.

"Em que pese a boa intenção do legislador, a inclusão do artigo para prever que os condutores de todas as categorias de veículos sejam obrigados a realizar exame toxicológico para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) contraria o interesse público, pois importaria em aumento de custos para a sociedade e poderia influenciar que mais pessoas optassem por dirigir sem a devida habilitação, o que comprometeria, por consequência, a segurança viária", justificou o Planalto, no veto.

Parte dos parlamentares entendeu que o argumento, porém, ficou ultrapassado, uma vez que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editou recentemente uma resolução autorizando regras menos rígidas para acesso à CNH sem precisar cursar escolas de trânsito.

Em nota, a Associação Brasileira de Toxicologia (ABTox) afirmou considerar a "derrubada do veto ao exame toxicológico obrigatório para a primeira habilitação um avanço decisivo para a segurança viária no País".

"A medida reforça uma política pública que comprovadamente tem impacto positivo na sociedade: desde 2016, quando passou a ser obrigatório para motoristas das categorias C, D e E, o exame evitou ao Brasil uma perda estimada de R$ 74 bilhões em sinistralidades apenas em seu primeiro ano e permitiu que mais de 28 mil condutores inicialmente reprovados retornassem às atividades após tratamento e reabilitação", estima a entidade.

Conforme a ABTox, a decisão também reflete a vontade da sociedade: segundo pesquisa Ipec de fevereiro de 2025, 83% dos brasileiros apoiam a exigência do exame para novos condutores.

Como funciona o fim da obrigatoriedade de aulas para obter a CNH

Como mostrou o Estadão, a nova resolução para facilitar a obtenção de CNH prevê um curso teórico gratuito e digital, maior flexibilidade nas aulas práticas e permissão para que candidatos sejam acompanhados por instrutores credenciados dos Detrans, e não apenas por autoescolas.

O processo também poderá ser iniciado online, pelo site do Ministério dos Transportes ou pela Carteira Digital de Trânsito (CDT).

A mudança mira os altos custos e a burocracia que afastam milhões de brasileiros. Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) indicam que cerca de 20 milhões de pessoas dirigem sem habilitação, e outras 30 milhões têm idade para tirar a CNH, mas não conseguem arcar com despesas que podem chegar a R$ 5 mil O governo estima que o novo modelo pode reduzir em até 80% o custo total da habilitação.
 

EMPREENDIMENTO

Terceiro porto em município de MS terá investimento acima dos R$ 180 milhões

O novo complexo de Porto Murtinho planeja atender três cadeias estratégicas: grãos, fertilizantes e cargas diversas

04/12/2025 20h18

Continue Lendo...

A partir de 2026, Porto Murtinho terá um novo Terminal Multifuncional à beira do Rio Paraguai, com investimento previsto acima dos R$ 180 milhões. A empresa responsável pelo empreendimento será a PTP Group. O projeto recebeu o licenciamento ambiental e a licença de instalação para construção, emitidas pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), durante reunião no gabinete do governador Eduardo Riedel, na quarta-feira (3).

O terceiro terminal portuário do município será construído no quilômetro 2.322 do Rio Paraguai, em uma área total de 352,5 hectares, com 9,9 hectares dedicados à fase inicial das operações. 

A estrutura foi planejada para atender três cadeias estratégicas e prevê uma capacidade de movimentação anual em torno de:

  • 1,15 milhão de toneladas de grãos;
  • 1 milhão de toneladas de cargas diversas;
  • 700 mil toneladas de fertilizantes. 

O complexo também contará com infraestrutura para expansão de silos, armazém de 20 mil toneladas e área offshore para atracação e operação de barcaças.

Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), destacou que o PTP Group já atua ao longo da hidrovia do Paraguai com portos na Argentina, Uruguai e Paraguai, o que reforça a integração regional. 

“Estamos falando de um investimento que inicia obras no ano que vem e que, em um ano, já deve estar em operação. É o terceiro porto em implantação em Porto Murtinho, ampliando a capacidade da nossa hidrovia e conectando a produção sul-mato-grossense a mercados do Atlântico e do Pacífico”, afirmou o secretário.

O projeto executivo prevê execução físico-financeira distribuída em dez meses, com Capital Expenditure (CAPEX) total de R$ 181 milhões, incluindo obras civis, infraestrutura portuária e implantação dos sistemas de armazenagem e movimentação de cargas. A Licença Prévia do empreendimento já teve todo o estudo ambiental apresentado ao Imasul, e o processo segue em análise técnica.

Reunião do governador Eduardo Riedel com a delegação de Entre Ríos e a PTP / Crédito: Governo do Estado

Durante a reunião, também foi discutida a ampliação da cooperação internacional com a província de Entre Rios, na Argentina, onde o PTP Group mantém operação portuária. A intenção é fortalecer o corredor logístico entre Mato Grosso do Sul, portos argentinos e o hub de Nueva Palmira, no Uruguai, ampliando as rotas de exportação e criando alternativas de importação via hidrovia. Verruck ressaltou que essa integração também favorece o mercado boliviano, que tem aumentado sua utilização do Rio Paraguai.

O governador Eduardo Riedel propôs que os estados e províncias vizinhas criem um modelo de governança para a hidrovia similar ao desenvolvido na Rota Bioceânica. A ideia é instalar um fórum de governadores subnacionais para tratar conjuntamente de infraestrutura, regulação e expansão das operações ao longo do Rio Paraguai.

Paralelamente, Brasil e Paraguai avançam nas tratativas finais para permitir que, já no próximo ano, seja lançada a primeira licitação hidroviária do trecho entre Corumbá e Porto Murtinho, medida considerada essencial para elevar a navegabilidade e garantir sustentabilidade ao corredor logístico.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).