Cidades

Denúncia

Conselho tutelar: Mais uma candidata infringe regra e faz propaganda eleitoral em templo religioso

Enxurrada de suspeitas contra candidatos levaram Ministério Público a intensificar controle sobre o processo eleitoral do Conselho Tutelar de Campo Grande

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Mais uma candidata a conselheira tutelar violou as regras previstas no edital sobre as eleições municipais para os conselhos tutelares, que ocorrem no próximo domingo, 1º de outubro. Suelen Leme infringiu o Art. 4, inciso VI, que proíbe a propaganda eleitoral em templos religiosos. 

Durante um culto da Igreja Batista Imperial em Células, Bairro Jardim Eldorado, em Campo Grande, no dia 17 de setembro, o pastor Henrique Finotto, pediu votos dos fiéis para a candidata.

“Quero apresentar a irmã Suelen, que é conselheira tutelar e precisa do nosso voto no dia 1º de outubro para continuar. A irmã Suelen é líder de célula Infantil e é membro da Igreja Batista Imperial. (...) O desafio dela é muito grande (..) um dia eu fui desafiado em Brasília para levantar conselheira tutelar, pelo procurador da República, Guilherme Schelme, aí levantamos a Suelen que foi eleita e também em Rio Negro, a irmã Bruna. Agora, irmão, chegou o momento dela continuar", diz o pastor.

Veja o vídeo na íntegra:

 

A candidata Suelen Leme pode ter sua candidatura impugnada, assim como a candidatura de Indiani Carolini Domingues Mercado da Silva, que também utilizava templos religiosos para propaganda eleitoral, além de ser apadrinhada pelo deputado, Lídio Lopes. 

Questionado, o vice-presidente do CMDCA, Márcio Benites, informou que a denúncia está sendo apurada e que até amanhã (28), haverá um retorno sobre a situação da candidata, Suelen Leme, que desrespeitou o Art. 4, do edital sobre as regras relativas à campanha eleitoral de conselheiros tutelares previstas na Lei Federal n. 9.504/1997, especificamente em seu inciso VI. 

“Abuso do poder religioso, assim entendido como o financiamento das candidaturas pelas entidades religiosas no processo de escolha e veiculação de propaganda em templos de qualquer religião, nos termos da Lei Federal nº 9.504/1997 e alterações posteriores.”.

Conforme já noticiado pelo Correio do Estado, a candidata Indiani Carolini Domingues Mercado da Silva, impugnada ontem (26), também infringiu o Art. 4 com agravo dos incisos V, VI, VII, IX  alínea “c” por ter apadrinhamento político, do deputado estadual, pastor Lídio Lopes.

“c) considera-se propaganda enganosa a promessa de resolver eventuais demandas que não são da atribuição do Conselho Tutelar, a criação de expectativas na população que, sabidamente, não poderão ser equacionadas pelo Conselho Tutelar, bem como qualquer outra que induza dolosamente o eleitor a erro, com o objetivo de auferir, com isso, vantagem à determinada candidatura.”.

'Enxurrada de denúncias' geram desconfiança

Faltando apenas quatro dias para as eleições de conselheiros tutelares em Campo Grande, houve o acréscimo da candidata Maria Solange Ferreira, no dia 25 de setembro e a impugnação de Indianara Carolini, no dia 26 de setembro, mantendo assim o número de 113 candidatos na disputa eleitoral.

Cabe destacar que seis candidatos concorrem em sub judice, ou seja, com processos na justiça em andamento. Dentre eles, Marcelo Marques de Castro, que já ocupa há 12 anos o cargo de conselheiro tutelar e tenta a quarta reeleição. Ele é investigado por crimes de falsificação, constrangimento ilegal e maus tratos. 

Toda essa movimentação tem gerado desconfiança entre os demais candidatos do pleito eleitoral. Para uma das candidatas da região do Prosa, os candidatos com processo na justiça deveriam ser impugnados.

“Os valores estão invertidos e as punições completamente desproporcionais. Tem muita gente ruim disputando, outros que não têm a menor habilidade para o cargo. É ruim o que aconteceu nessa situação da candidata impunagada por propaganda ilegal, mas é ainda pior o caso do conselheiro antigo e do enfermeiro que bateu em uma criança no posto de saúde”, disse. 

Já para outra candidata, da região do Anhanduizinho, o CMDCA tem responsabilidade pelo o que está acontecendo nessas eleições de 2023.

“Quando se tem um edital que fala que a pessoa tem que ser idônea e pedem os seus antecedentes criminais, este edital só pode estar furado ou com brechas para que candidatos como estes estejam ainda concorrendo. Tem algo errado e domingo vamos saber. Estamos fazendo o que é possível, mas somos minoria. A maioria já são conselheiros”, afirmou.

Ministério público está investigando

Em nota ao Correio do Estado, O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio da 46ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, informou que tem fiscalizado o Processo de Escolha dos Conselheiros Tutelares de CG e que foi instaurado um Procedimento Administrativo para apurar os casos.

“Dentre os casos "sub judice", existem também situações que questionam apenas regra de percentual de acerto no exame de conhecimentos específicos. Tais candidatos ingressaram com mandado de segurança e seguem no processo de escolha sob o pálio de liminares concedidas pela Justiça, tanto em primeiro grau quanto em segundo grau de jurisdição”.

Por fim, o MPMS reitera que “está acompanhando as decisões proferidas pela Justiça para adoção das providências cabíveis e eventual afastamento de candidatos que não cumpriram os requisitos do edital.”.

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Cidades

Em meio à crise do transporte, comércio antecipa folga de funcionários

Na falta de clientes nas lojas da região central, empresas liberam colaboradores enquanto aguardam a resolução da greve de ônibus

16/12/2025 16h45

Crédito: Pagu / Correio do Estado

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O comércio da região central, que esperava aumentar o volume de vendas a oito dias do Natal, está tendo de antecipar a folga dos funcionários devido ao esvaziamento da região em decorrência da greve dos motoristas de ônibus em Campo Grande.

A reportagem percorreu o entorno da Praça Ary Coelho, onde os pontos de ônibus estão servindo de local de espera para trabalhadores ou consumidores que se aventuraram e aguardavam um veículo por aplicativo.

Na Rua 14 de Julho, vendedores de lojas se ocupam organizando o estoque, formando filas à espera de um ou outro cliente, mas o cenário de incerteza marca a época do ano em que os lojistas esperam faturar mais.

Alguns estabelecimentos estão optando por antecipar a folga dos funcionários, já que, com a ausência da população que acessa o centro por meio do transporte coletivo, o movimento praticamente desapareceu.

É o caso de uma loja de calçados Anita, cuja gerente da unidade, Rayssa Dias dos Santos, relatou à reportagem que, na segunda-feira (15), quando a greve teve início, a loja ainda manteve um movimento tímido.

“Hoje a gente antecipou algumas folgas, primeiro porque o movimento fica mais calmo e, segundo, por ser menos um gasto para ter que trazer o funcionário de Uber.”

Nem a caravana de Natal da Coca-Cola deixa o setor confiante, uma vez que grande parte da população que costuma ir ao local, inclusive para aproveitar as atrações da Praça Ary Coelho, depende do transporte coletivo.

“Hoje vai ter a passeata da Coca-Cola, e eu acredito que muita gente precisa do ônibus para vir até o centro. Então, acredito que a paralisação do transporte público dá uma desequilibrada”, explicou Rayssa, e completou:

“A gente fica preocupada porque, querendo ou não, muita gente depende desse meio de transporte.”

Do outro lado da rua, na loja do Boticário, a gerente Suelen Benites Vieira, de 31 anos, explicou que a alternativa para enfrentar a falta de clientes tem sido a entrega em domicílio, serviço oferecido pela rede.

Entretanto, a greve dos motoristas de ônibus diminuiu de forma significativa o número de clientes no estabelecimento.

14 de Julho vazia, em horário que costuma ter fluxo de pessoas / Crédito: Pagu / Correio do Estado

“Realmente, seria o dobro, porque esta semana e a próxima são decisivas. Estamos vendendo muito para quem possui veículo, porque os que dependem de ônibus não estão vindo”, disse Suelen.

Na loja de vestuário, o gerente da Damyller, Cesar de Araújo, de 23 anos, recebeu a reportagem em um espaço que normalmente teria fluxo intenso de clientes, mas que, devido à chuva e ao custo do transporte por aplicativo, acabou tendo o cenário alterado.

“A greve de ônibus está impactando bastante não só a gente, mas também os outros comerciantes. Por exemplo, fui pegar uma marmita e ouvi reclamações. Isso está afetando tanto a rotina dos funcionários quanto o movimento do centro, e a gente percebe claramente essa diferença no fluxo”, pontuou Cesar.

Além disso, os funcionários só não estão sendo mais afetados e conseguem ir trabalhar porque as empresas se comprometeram a custear o transporte por aplicativo.

“A empresa está dando todo o suporte. Os funcionários pedem Uber e a gente ressarce o valor”, explicou Cleber, iniciativa que outros estabelecimentos também tiveram de adotar para não perder o efetivo.

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Após oito anos

Justiça fixa pensão até 2075 para família de rapaz morto com mangueira de ar

Valor mensal da pensão é de R$ 1.012,00 e será pago retroativamente desde a data da morte de Wesner

16/12/2025 16h30

Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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Dupla condenadada por introduzir uma mangueira de ar comprimido – equipamento automático para lavagem de carros –  no ânus de Wesner Moreira, por “brincadeira”, no lava-jato em que trabalhavam, Thiago Giovanni Demarco Sena e Willian Enrique Larrea terão de pagar pensão à família do jovem até 2075, ano em que o garoto completaria 75 anos. 

O valor mensal da pensão é de R$ 1.012,00, conforme cálculo homologado nos autos, e será pago retroativamente desde a data da morte de Wesner, em fevereiro de 2017. A ação de perdas e danos tramita na 16ª Vara Cível da Comarca de Campo Grande e engloba os danos morais, danos materiais e as pensões vencidas, valor que gira em torno de R$ 1,32 milhão.

A Justiça manteve a condenação dos réus ao pagamento de indenização por danos morais, fixada em R$ 500 mil, além de danos materiais referentes às despesas de funeral, no valor de R$ 1.149,97, ambos acrescidos de correção monetária e juros legais.

Neste mês, a Justiça realiza o processo de intimações para pagamento de custas, expedição de ofícios e pedidos de informações patrimoniais, com o objetivo de localizar bens passíveis de penhora da dupla, para garantir o cumprimento da decisão judicial. 

Condenação

A dupla foi condenada a 12 anos de cadeia em júri popular realizado em 30 de março de 2023, mas recorrereu da decisão do juiz, e saiu em liberdade. 

Após o crime, ambos não ficaram presos um sequer dia, prestaram depoimentos e foram liberados.

Em fevereiro do ano passado, sete anos após a morte de Wesner, o juiz Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Júri de Campo Grande, mandou prendê-los e recolhê-los

Júri Popular 

Em júri popular realizado em 30 de março de 2023, Thiago Giovanni Demarco Sena, dono do lava-jato e Willian Enrique Larrea, funcionáriodo estabelecimento, negaram que havia intenção de matar o jovem e alegaram que a tragédia resultou de uma “brincadeira de mau gosto”.

Primeiro a depor entre os acusados, Thiago Giovanni Demarco Sena disse não saber do potencial destrutivo da mangueira de ar comprimido, que teria sido introduzida na região do ânus da vítima.

Segundo ele, todos eram amigos e nunca tiveram desavença. Ele afirma ainda que não era a primeira vez que brincavam com a mangueira, direcionando o jato de ar para o rosto ou outras partes do corpo.

No dia do crime, ele afirma que Wesner e Willian estavam brincando com o compressor e que a vítima teria iniciado.

Thiago, que estava fazendo a lavagem embaixo de um carro, também entrou na suposta brincadeira.

"Eu com a mangueira na mão, em tom de brincadeira falei 'de novo você fazendo isso Wesner'. Peguei e direcionei a mangueira na bunda dele por cima do short, com ar do compressor aberto, que eu já vinha usando, encostei, pressionei por nem três segundos", disse o réu na ocasião.

"Na hora ele reclamou e pediu para parar, falou que tava doendo, na hora eu desliguei a mangueira", afirmou ainda.

Questionado se tinha consciência que o compressor de ar pudesse causar danos graves e levar a morte, Thiago disse que não sabia do risco.

"Eu nunca imaginei que pudesse acontecer o que aconteceu com ele, se eu soubesse jamais teria brincado com ele com o compressor", afirmou.

Na sequência, o outro acusado,Thiago Giovanni Demarco Sena depôs e, chorando, também afirmou que o caso se tratou de uma brincadeira que deu errado.

Ele confirmou a versão de Willian, de que todos eram amigos e estavam brincando quando a mangueira foi direcionada a Wesner.

Eles falaram ainda que as brincadeiras com o compressor de ar eram comuns, mas não com direcionamento para as partes íntimas e nunca na maldade.

Em juízo, os réus destacaram que os três estavam “brincando” com a mangueira de ar, direcionando o jato de ar para o rosto ou outras partes do corpo, quando ambos pegaram Wesner no colo, o seguraram e apontaram o compressor em direção ao ânus do garoto. 

Wesner foi levado ao hospital, alegando dores na barriga, vômito e inchaço abdominal. Permaneceu internado por 11 dias no Hospital Santa Casa de Campo Grande e morreu em 14 de fevereiro de 2017.

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