Cidades

HISTÓRIA

Correio do Estado e os seus 69 anos de pura memória

Primeira publicação deste noticiário foi distribuída no então Mato Grosso em 7 de fevereiro de 1954

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Na edição de número 1, exatos 69 anos atrás, 7 de fevereiro de 1954, um domingo, era impresso com dez páginas o jornal Correio do Estado e, já na parte superior da capa, trecho do editorial expressava a que veio o que tempos depois tornou-se um dos principais noticiários da região Centro-Oeste brasileira. 

“O Correio do Estado quer também fazer-se eco das reivindicações populares, das nossas classes trabalhadoras, médias e classes produtoras. Aceitará sugestões e fará agasalho em suas colunas aos pedidos, reclamações, opiniões dos leitores, de qualquer homem do povo, de patrício, ou estrangeiro que tenha alguma coisa a dizer ou pleitear. E ficaremos gratos a essa colaboração, para melhor nos identificarmos com o sentimento e o pensamento da nossa gente”, foi o que leram os primeiros leitores deste jornal. 

E a manchete daquele longínquo domingo tratou de assunto que, por outras vezes, e por questões similares em pontos distintos do então Mato Grosso, preencheu páginas e páginas nessas quase sete décadas de história: falta d’água nos bairros.

No material foi dito que um técnico em poços artesianos vinha de longe para ajustar um problema que incomodava há tempos os moradores de um dos mais antigos de Campo Grande, o Amambai.

Assim o Correio do Estado "fincou" o pé na região. Naquele 1954, sabia que... 

Campo Grande, a hoje capital de Mato Grosso do Sul, tinha em torno de 60 mil habitantes [hoje a população aproxima-se da casa de 1 milhão].  

À época, a população da capital do então Mato Grosso ainda uno, Cuiabá, girava em torno de 40 mil pessoas [hoje soma perto de 630 mil].

Em 11 de outubro de 1977, Mato Grosso deixou de ser um só e ali surgiu Mato Grosso do Sul, um desejo antigo da população sul-mato-grossense, como esse jornal mostrou em décadas de debate.

O governador do período era Fernando Corrêa da Costa, um médico. E o prefeito de Campo Grande, um outro médico, Wilson Fadul.

De lá para cá, o Correio do Estado divulgou reportagens contando sobre as ações de outros 24 prefeitos da cidade, incluindo a atual Adriane Lopes, do Patriota. 

Presidia o Brasil quando o jornal virou cotidiano da sociedade, o gaúcho de São Borja (RS), Getúlio Vargas, nascido em abril de 1882 e que matou-se com um tiro no coração no dia 24 agosto de 1954, ainda no poder. 

Em 21 de agosto, quatro dias antes de Getúlio morrer, o Correio do Estado, edição de número 155, a manchete do jornal foi essa: “Getúlio afirmou que não sairá vivo do Catete” [a sede da capital federal, que ficava no Rio de Janeiro].

Depois disso, o jornal contou as circunstâncias do suicídio. 

Ainda lá na estreia do Correio do Estado, uma notícia, por certo, atraiu os leitores, em especial os pais.

É que um juiz do Rio de Janeiro determinou que a criançada com menos de 14 anos de idade não poderia ficar nos bailes de carnaval depois das 19h, horário de Mato Grosso do Sul.

E os pais não poderiam ficar juntos dos filhos nem ingerir bebida alcoólica mesmo assistindo de longe os bailes infantis. 

HISTÓRIAS E HISTÓRIAS 

Em setembro de 1976, notícia policial divulgada por dias e dias pelo Correio do Estado conquistou páginas dos principais jornais do país.  

Naquele mês, Ludinho, rapaz de 21 anos de idade, filho de um dos homens mais ricos da cidade, dono de banco, bois e fazendas, senhor Lúdio Coelho, o homem do chapéu, como era conhecido, foi sequestrado e morto.

Policiais participaram do crime. Anos mais tarde, Lúdio virou prefeito, senador e manteve o estado de riqueza até o fim, em março de 2011, aos 88 anos de idade. 

Edição do dia 22 de março de 2011, e assim o jornal tratou do assunto: 

“A história política de Mato Grosso do Sul perdeu hoje um dos pioneiros do Estado. O pecuarista e ex-prefeito de Campo Grande, Lúdio Martins Coelho, 88 anos. Ele também foi senador da república por Mato Grosso do Sul. Lúdio morreu de falência múltipla dos órgãos, insuficiência cardíaca congestiva e miocardiopatia dilatada. Ele deu entrada no Proncor às 19h do último dia 17 e faleceu às 14h20min desta terça-feira (22). A família está no hospital”. 

MORTE DE TANCREDO 

Na edição do dia 21 de abril de 2015, o Correio do Estado rememorou a data ao citar que 30 anos antes daquele ano o Brasil ouvia o anúncio da morte do primeiro presidente civil eleito pelo Colégio Eleitoral, depois do regime da ditadura, Tancredo Neves.  

Em 15 de janeiro de 1985, recordou o jornal, o ex-governador de Minas Gerais Tancredo Neves venceu o candidato Paulo Maluf, do PDS, na disputa pela Presidência da República na última eleição indireta do Brasil. Tancredo conquistou 480 votos e Maluf, 180. Houve 26 abstenções. 

Para vencer a disputa, seguiu o jornal, o então PMDB [hoje MDB] de Tancredo Neves, de Ulysses Guimarães e de tantas outras personalidades que lutaram contra o regime militar teve de se unir à chamada Frente Liberal, formada por dissidentes do PDS – partido de sustentação do governo militar.  

Dono de uma vasta memória, o Correio do Estado havia noticiado a morte de Tancredo, na edição de uma segunda-feira, a penúltima daquele abril de 1985. 

PRIMEIRA MÃO 

Em 25 de janeiro de 2019, o Correio do Estado publicou uma história que nem todos recordavam.

O jornal quase setuagenário acertou em cheio ao noticiar o que chamam no jornalismo de furo de reportagem, jargão citado quando se divulga uma informação primeiro que os concorrentes. 

O caso foi noticiado neste jornal pela coluna “Causas da Bola”.

O material em questão narrava o histórico de uma certa “Máfia da Loteria”, chamada para revelar que havia à época um grupo de apostadores que fraudava resultados dos jogos da então Loteria Esportiva, hoje a Loteca. 

O material foi divulgado pela revista Placar em outubro de 1982. Contudo, conforme divulgou a coluna Causa da Bola: 

“Mas, o que não se sabe pela maioria das pessoas, é que em Mato Grosso do Sul já se sabia da atuação da tal máfia, visto que o caso veio à tona um mês antes pelo Correio do Estado, em reportagem citada pela 'Placar' nas suas linhas que ganhariam a história. 

"Biluca tentou subornar dois operarianos", estampava a manchete dos dias 18/19 de setembro daquele ano. 

Chamada de 'Gang da Loteria' pelo jornal, foi noticiado à época, pelo Correio do Estado, que o ex-zagueiro do próprio Operário [um dos principais times de futebol de Campo Grande] tentou subornar dois jogadores, os atacantes Pastoril e Baianinho, para um clássico contra o Comercial [adversário, à época, mais forte dos operarianos], que aconteceria naquele final de semana.

OUTROS FUROS 

No último dia de junho de 2013, o Correio do Estado mexeu num assunto até então infrequente em páginas de jornais, também por meio de um furo de reportagem.  

Assim noticiou a reportagem:

"Ditadura militar oprimiu também indígenas de MS: Pilhas de papéis que somam 7 mil páginas e que haviam sumidas há 45 anos, revelam que entre 1967 e 1968, em plena era da mão pesada da Ditadura Militar, produziu-se aqui em Mato Grosso do Sul, então Mato Grosso, o “mais importante documento do Estado brasileiro a respeito das violações aos direitos indígenas, entre as quais a apropriação de suas terras e também de seus recursos”. 

J. BARBOSA, O COMEÇO 

José Barbosa Rodrigues, professor, entrou no jornal dois anos depois de fundado.

Antes, ele editava o extinto Jornal do Comércio. 

Por anos, J. Barbosa, como era conhecido, cuidou da redação e chefiou o jornal, depois atuou em funções gerenciais.  

O Correio do Estado foi fundado pela União Democrática Nacional (UDN), legenda política da época e tiveram como criadores José Fragelli, Fernando Corrêa da Costa, Vespasiano Martins e José Moraes.  

O grupo desistiu, virou político e o professor decidiu tocá-lo.

J. Barbosa acionou a família e a paixão pelo jornalismo atraiu a todos. 

Os filhos José Maria, Marcos Fernandes, Paulo e Antônio João entraram no jornal ainda garotos.  

Naquela época não havia no Estado curso de Jornalismo e o professor deu as primeiras lições para profissionais interessados no setor nutria uma outra paixão: produzir livros.

Ele escreveu 11 que narraram a história do Estado e da imprensa regional.

O professor morreu em março de 2003, aos 86 anos de idade. 

CUIDADO

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Agência emitiu alerta sobre compra e consumo desses medicamentos

21/12/2025 22h00

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas Divulgação

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Popularizadas por influenciadores e celebridades, as chamadas canetas emagrecedoras, como Mounjaro e Ozempic, vêm sendo cada vez mais buscadas por pessoas que desejam emagrecer de forma rápida, muitas vezes sem orientação médica e sem nenhum critério.

Diante da procura desenfreada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre a compra e consumo desses medicamentos. Segundo a Anvisa, a venda e o uso de canetas emagrecedoras falsas representam um sério risco à saúde e é considerado um crime hediondo no país.

A farmacêutica Natally Rosa esclarece que o uso de versões manipuladas ou de origem desconhecida é uma prática perigosa.

"Uma pessoa que ela se submete, que ela é exposta ao uso de um medicamento fora dessas regulamentações, os riscos dela, com certeza, estão exacerbados. Desde a ausência de uma resposta ideal, como as contaminantes."

A farmacêutica destaca o que observar na embalagem e no produto para conferir sua autenticidade:

"Temos alguns sinais. A própria embalagem já chama a atenção, já que as bulas são de fácil acesso na internet. Então, qual é a apresentação física dessa embalagem? De que forma que ela se apresenta? Como está o rótulo? O rótulo está no idioma do Brasil? Do nosso idioma aqui? Não deve estar em outras línguas, por exemplo. Existe lote e validade de fácil acesso? Você consegue identificar? A leitura, a descrição do medicamento, o princípio ativo, ela precisa estar bem legível. Todas as informações precisam estar bem claras."

Ela também chama a atenção para valores: preços muito abaixo do praticado no mercado são sinal de alerta grave. O medicamento só é vendido com apresentação e retenção da receita médica.

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BRASIL

Dilma será indenizada por tortura física e psicológica na ditadura

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

21/12/2025 21h00

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências Comissão da Verdade/Divulgação

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A ex-presidente Dilma Rousseff receberá, da União, uma indenização de R$ 400 mil por danos morais, em razão de perseguição política e tortura durante a ditadura militar no Brasil. A decisão foi proferida na última quinta-feira (18) pela 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que também determinou o pagamento de uma reparação econômica mensal, em razão da demissão que ela sofreu na época.

O relator do caso, desembargador federal João Carlos Mayer Soares, afirmou que os atos praticados pelo Estado caracterizam grave violação de direitos fundamentais e ensejam reparação por danos morais.

“Foi evidenciada a submissão [de Dilma] a reiterados e prolongados atos de perseguição política durante o regime militar, incluindo prisões ilegais e práticas sistemáticas de tortura física e psicológica, perpetradas por agentes estatais, com repercussões permanentes sobre sua integridade física e psíquica”, diz Soares.

Ao longo dos anos, a ex-presidente deu diversos depoimentos sobre os interrogatórios violentos que sofreu. A tortura contra Dilma incluiu choques elétricos, pau de arara, palmatória, afogamento, nudez e privação de alimentos, que levaram a hemorragias, perda de dentes, entre outras consequências de saúde.

Dilma Rousseff foi presa em 1970, aos 22 anos, e passou quase três anos detida, respondendo a diversos inquéritos em órgãos militares em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Após deixar a prisão, Dilma mudou-se para o Rio Grande do Sul e, em 1975, começou a trabalhar na Fundação de Economia e Estatística (FEE) do estado.

Ela continuou sendo monitorada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) até o final de 1988 e perseguida por seu posicionamento político de críticas e oposição ao governo militar. Em 1977, o ministro do Exército à época, Silvio Frota, divulgou uma lista do que chamou de “comunistas infiltrados no governo”, que incluía o nome de Dilma, o que acarretou na sua demissão.

De acordo com o desembargador federal, o valor da prestação mensal, permanente e continuada, a ser paga pela União, deve ser calculada de modo a refletir a remuneração que receberia caso não tivesse sido alvo de perseguição política.

Anistia política

Em maio desse ano, a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reconheceu a anistia política à Dilma Rousseff e também fez um pedido de desculpas pelos atos perpetrados pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar.

Para o colegiado, ficou comprovado que o afastamento de Dilma de suas atividades remuneradas, à época, ocorreu por motivação exclusivamente política.

Então, foi determinado o pagamento de R$ 100 mil de reparação econômica, em parcela única, que é o teto de pagamento previsto na Constituição para esses casos.

Entretanto, para a 6ª Turma do TRF1, é assegurada a prestação mensal, permanente e continuada aos anistiados que comprovem o vínculo com atividade laboral à época da perseguição política, “ficando prejudicada a prestação única anteriormente concedida na esfera administrativa”.

Após a redemocratização de 1988, a ex-presidente também teve a condição de anistiada política reconhecida e declarada por quatro comissões estaduais de anistia, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo, recebendo outras reparações econômicas simbólicas.

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