Cidades

CÂMARA MUNICIPAL

CPI do Ônibus: 65% da frota do transporte têm mais de 8 anos

Relatório da Agência de Regulação dos Serviços Públicos identificou que 300 dos 460 carros do Consórcio Guaicurus estão com tempo de uso acima do permitido

Continue lendo...

Durante a oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de Campo Grande que investiga irregularidades no serviço prestado pelo Consórcio Guaicurus no transporte público, foi apresentado pelo atual diretor-presidente da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), José Mário Antunes da Silva, um relatório que mostra que 65% da frota de ônibus da Capital está acima do tempo máximo de uso, tendo mais de oito anos de circulação.

Silva revelou esses dados levantados pela equipe de Fiscalização da Agereg durante o andamento do seu depoimento para os vereadores Júnior Coringa (MDB), Luiza Ribeiro (PT), Maicon Nogueira (PP), Ana Portela (PL) e Dr. Lívio (União Brasil), que é presidente da CPI.

De acordo com a Agereg, a frota de ônibus do Consórcio Guaicurus é composta por 460 veículos. Desses, 400 transitam pela cidade e 60 ficam na garagem como reservas, a serem utilizados caso haja necessidade de substituição.

Conforme o relatório que foi produzido ao longo da última semana, 71 ônibus estão abaixo dos dois anos de uso, outros 50 de quatro a seis anos, 20 com sete anos e 11 com oito anos de uso.

A grande maioria dos ônibus (300), conforme a Agereg, está operando acima do limite prudencial de uso, tendo, em média, de 8 a 10 anos de uso, podendo ter dentro desse quantitativo veículos que ultrapassem uma década de circulação.

Com base no levantamento apresentado, Silva informou que encaminhou esse relatório para o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS) e notificou o Consórcio Guaicurus sobre a necessidade de renovação da frota. Caso isso não seja cumprido, poderá resultar em multa para a empresa que gerencia o transporte coletivo de Campo Grande.

“Temos que respeitar o trâmite que dura meses na notificação e autuação para que, caso não seja cumprida a determinação de renovação da frota, seja aplicada a multa”, descreveu Otávio Gomes Figueiró, diretor-executivo da Agereg.

O diretor-presidente da agência também esclareceu que o número da frota (460) não precisa ser alterado, podendo haver apenas a troca de veículos por novos.

“Com a pandemia, houve a redução no número de usuários. Com essa diminuição, a frota de 575 ônibus passou para 460, e isso acabou suprindo a necessidade atual. Não temos que aumentar, temos que trocar os ônibus por novos”, frisou.

“CAIXA-PRETA”

Outro tema abordado ontem durante o andamento da oitiva na CPI foi a falta de dados sobre o fluxo de caixa que o Consórcio Guaicurus opera.

De acordo com Silva, desde 2012, a Agereg não tem acesso aos dados do fluxo de caixa da empresa que gere o transporte coletivo. Essa falta de informação, portanto, praticamente inibe a agência de exercer o seu papel de órgão fiscalizador.

“Solicitamos em fevereiro os dados do fluxo de caixa – e não só deste ano, mas desde 2012. Já reiteramos ao Consórcio Guaicurus essa solicitação, e [ela] não acontecendo. Isso vai se tornar uma multa para o consórcio, porque se não tivermos acesso a esses dados, não vamos chegar a lugar nenhum”, disse Silva.

Os vereadores questionaram como a Agereg consegue tomar decisões e fiscalizar as contas da prestadora de serviços públicos se não tem conhecimento do fluxo de caixa disponível pela empresa.

Em resposta, o atual diretor-presidente – o qual tomou posse em janeiro – afirmou que não consegue esclarecer como era feita a fiscalização da empresa em anos anteriores.

“Eu não posso explicar, pois eu não estava lá, mas daqui para a frente eu me comprometo [a isso], fazendo a notificação. Um dos diretores do consórcio me disse que me posicionaria a respeito do fluxo de caixa ainda nesta semana e que um contador da empresa faria o levantamento”, argumentou.

CPI DO TRANSPORTE

Na primeira etapa da CPI, a comissão analisou o contrato de concessão do transporte público, incluindo aditivos, fiscalização, custos e balanços financeiros dos últimos cinco anos. Agora, serão ouvidos agentes públicos, órgãos de controle e especialistas, a fim de entender como a concessão do transporte foi fiscalizada ao longo dos anos.

A próxima sessão da CPI ocorre amanhã, a partir das 13h, ocasião em que Giuseppe Bitencourt e Luiz Cláudio Pissurno Chaves – auditores de Planejamento e Execução, respectivamente, da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) – serão ouvidos na Câmara.

GESTÃO DA AGEREG

Em coletiva de imprensa, Figueiró afirmou que a gestão atual da agência, assumida neste ano, também tem “indignações” com a forma em que foi celebrado o contrato de concessão do transporte público.

“Pegamos a Agereg totalmente defasada. Para vocês terem uma ideia, para fazer um cálculo de equilíbrio econômico-financeiro, havia uma [só] pessoa. É impossível fazer o serviço em 15 dias”, exemplificou.

Figueiró também disse que foi necessário fazer uma restruturação da agência para contratar novos profissionais.

Assine o Correio do Estado

Cidades

Projeto de lei quer converter multas de trânsito em doação de sangue e medula

Infrator que optar pela doação não pagará multa, mas outras sanções podem ser mantidas, como pontos na CNH

19/12/2025 18h00

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula Foto: Arquivo

Continue Lendo...

Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) propõe converter multas aplicadas no trânsito, relativas a infrações de natureza leve, em doação voluntária de sangue ou medula óssea. Como a Casa está em recesso, a matéria tramitará no ano que vem.

Conforme a proposta, de autoria do deputado estadual Junior Mochi, a conversão do pagamento das multas em doação de sangue ou medula teria caráter alternativo e facultativo, não constituindo direito subjetivo do infrator, e deverá ser expressamente requerida pelo interessado, nos termos de posterior regulamentação.

Ainda conforme o projeto, a conversão da multa em doação somente será admitida quando:

  • a infração for de natureza leve, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro;
  • não houver reincidência da mesma infração no período de 12 meses;
  • a multa não decorrer de infração que tenha colocado em risco a segurança viária, a vida ou a integridade física de terceiros;
  • a doação seja realizada em hemocentros públicos ou privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou em instituições oficialmente reconhecidas;
  • haja aptidão médica do doador, conforme critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Cada doação de sangue corresponderá a conversão de uma multa de trânsito, assim como a inscrição no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Caso o doador seja compatível com alguma pessoa precisando de transplante e faça a doação efetiva da medula óssea, poderá ser convertida até duas multas de trânsito.

A comprovação da doação ou da inscrição no Redome será realizada mediante apresentação de documento oficial emitido pela instituição responsável, observado o prazo e os procedimentos definidos em regulamento

O projeto veda a compensação parcial da multa, bem como a conversão de penalidades acessórias, como suspensão ou cassação do direito de dirigir.

A conversão será apenas relacionada ao pagamento da multa, mas não exime o infrator das demais obrigações legais decorrentes da infração de trânsito, inclusive quanto ao registro de pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), quando aplicável.

O Poder Executivo poderá celebrar convênios e parcerias com municípios, hemocentros e instituições de saúde, com vistas à operacionalização da lei, caso seja aprovada e sancionada.

Objetivos

Na justificativa do projeto, o deputado afirma que o objetivo é conciliar o caráter educativo das sanções
administrativas de trânsito com políticas públicas de incentivo à doação voluntária de sangue e de medula óssea, "práticas essenciais à manutenção da vida e à efetividade do Sistema Único de Saúde".

"A proposta não elimina a penalidade, mas a ressignifica, convertendo-a em uma ação de relevante interesse social, capaz de estimular a solidariedade, a cidadania e a responsabilidade coletiva. Trata-se de medida alinhada aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social das sanções administrativas e da eficiência das políticas públicas, diz a justificativa.

Em caso de aprovação e sanção, a adesão pelos municípios será facultativa, preservando o pacto federativo.

"Ressalte-se que a iniciativa respeita a autonomia municipal e o Código de Trânsito Brasileiro, limitando-se às infrações leves e excluindo aquelas que representem risco à segurança viária. A adesão pelos Municípios é facultativa, preservando-se o pacto federativo", conclui o texto.

Campo Grande

Investigada por desvio recebeu R$ 1,7 milhão para iluminar "Cidade do Natal"

Construtora JCL venceu licitação há dois meses e será responsável pela decoração natalina da Capital

19/12/2025 17h50

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

Continue Lendo...

Investigada em operação que apura suspeitas de fraudes em licitações e contratos de iluminação pública em Campo Grande, a Construtora JCL Ltda. venceu há dois meses a disputa para iluminar a decoração natalina da Capital neste ano, orçamento de R$ 1,7 milhão.

Conforme o Portal da Transparência, a empresa será responsável por fornecer, instalar e desinstalar a decoração natalina na Capital, contrato firmado no dia 17 de novembro e que expira no dia 15 de fevereiro. 

Conforme o edital, a iluminação abarca trechos da Rua 14 de Julho, Avenida Afonso Pena local de apresentações culturais, gastronomia e lazer. Para a decoração natalina está prevista a instalação de mangueiras luminosas de led branco quente (âmbar), verde e azuis pelas avenidas Afonso Pena, Duque de Caxias e Mato Grosso.

Na 14 de Julho, a decoração possui flâmulas natalinas, bolas metálicas iluminadas, árvores naturais de porte médio, árvores em formato de cone, anjo iluminado e pórticos metálicos.

As luzes foram acesas no dia 1º de dezembro deste ano, com desligamento previsto para o dia 15 de janeiro de 2026, datas que, conforme contrato, podem ser adiadas ou antecipadas.

De acordo com a prefeitura, a iluminação decorativa natalina tem como objetivo "trazer o espírito natalino para as ruas, praças e avenidas da Capital, aliando beleza, lazer e sentimento de pertencimento urbano".

Iluminação natalina

A Praça Ary Coelho também foi decorada com os portais de entrada até o coreto, além de iluminação nas árvores naturais.

Complementam a decoração em outras vias estrelas dos mais variados tamanhos, árvores de arabesco, cometas, botas, bicicletas, pirâmides e pórticos, entre outros.

Além dessas, receberão decoração as rotatórias da Ceará com Joaquim Murtinho; Duque de Caxias com a Entrada da Nova Campo Grande; da João Arinos com Pedrossian; Três Barras com Marques de Lavradio; Consul Assaf Trad com Zulmira Borba; Gury Marques na rotatória da Coca-Cola; Filinto Muller no Lago do Amor; dentre outras. A iluminação compreende ainda o Paço Municipal.

 

Contradição

A assinatura do contrato entre a prefeitura e a construtora contraria uma lei sancionada pelo próprio Executivo em agosto deste ano, que detinha o objetivo reduzir gastos e otimizar recursos públicos.

A Lei 7.464/25, sancionada em 4 de agosto, previa que a iluminação e ornamentação natalina em espaços públicos fosse patrocionada por empresas privadas, sem custos para a Prefeitura.

Conforme a lei, as empresas interessadas em iluminar a "Cidade do Natal" em troca, poderiam divulgar suas marcas nos locais iluminados. O programa "Natal de Luz", inserido na lei, tem vigência anual, entre 1º de novembro e 10 de janeiro. 

*Colaborou João Pedro Flores

Assine o Correio do Estado 

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).