As chuvas que atingem Campo Grande há mais de duas semanas agravaram ainda mais a situação do bairro Noroeste, onde as crateras já impedem moradores de saírem de casa. Além dos danos nas vias, quatro postes de energia elétrica estão em risco de desabamento, aumentando a preocupação na região.
Na última quinta-feira (24), a forte chuva que registrou 88 milímetros de precipitação provocou o transbordamento da cratera localizada na Rua Piraputanga, esquina com a Rua Almeida. O incidente gerou pânico entre os moradores e motoristas que passavam pelo local.
"Eu fico preocupada porque, se a pessoa é levada pela enxurrada e cai aqui, já era", relatou a moradora Juliana da Silva. Ela contou que tem uma filha que depende de um aparelho de oxigênio e teme que, em caso de queda dos postes, fique sem energia para o equipamento.
"Isso daqui é um absurdo que já está perigoso. Imagina se eu precisasse de uma ambulância. Minha filha está sozinha, a ambulância não entra aqui. Como ela vai chegar, no meio da chuva? Não tem como, eu to indignada, a gente paga o IPTU tão caro, a gente paga parcelas de terreno tão caro pra viver nessa situação.", desabafou.
De acordo com o estudante de jornalismo Juliano Alexandre, equipes da Energisa monitoram a situação dos postes, mas não há previsão para reparos definitivos devido à instabilidade do solo. Ele afirma ainda que acionou a Defesa Civil, mas, sem resposta, pretende buscar atendimento direto na Prefeitura.
"Não vimos nenhuma máquina aqui, não veio até agora nenhum fiscal. Estão esperando acontecer o pior, morrer alguém, para fazer alguma coisa", criticou.
A cratera também impede a entrada e saída de moradores e prestadores de serviço. O motoboy William, por exemplo, precisou deixar a motocicleta de um lado da via e atravessar a pé a área danificada para entregar um pedido a uma cliente. A moradora Juliana da Silva relatou ainda que, na sexta-feira (25), ao pedir um lanche, o entregador caiu dentro de uma das crateras enquanto tentava chegar à residência.
Outro problema enfrentado pelos moradores é o fornecimento de água. O desabamento danificou tubulações e, os moradores precisaram descer até os buracos para realizar reparos emergenciais, visto que a empresa responsável chegou apenas 18 horas depois. A Águas Guariroba comunicou que pode ser acionada em novas ocorrências.
A equipe do Correio do Estado procurou a Prefeitura para saber sobre a previsão de obras na região, mas não obteve retorno até a publicação dessa reportagem.
Estragos
Entre os estragos causados pela chuva, e estão sendo levantados por equipes da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) e da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil, há crateras nos mais variados pontos de Campo Grande e alguns reparos que só devem começar após uma "trégua" das precipitações.
Uma dessas crateras, que já foi interditada, fica localizada na avenida Wilson Paes de Barros, estrago esse que foi responsável por engolir boa parte da ciclovia que fica localizada atrás do aeroporto de Campo Grande.
Esse estrago traz riscos aos que transitam pelo local de bicicleta, já que agora é preciso se esgueirar entre a faixa de interdição e os carros que transitam pela avenida.
Outro estrago, um dos primeiros a vir à tona, foram os desabamentos de parte do concreto que reveste a parede do córrego na avenida Ernesto Geisel, sendo um desses pontos em frente ao Hospital do Câncer e outro em frente ao Centro de Belas Artes.
Ainda perto da Ernesto Geisel, na rua Anápolis, um trecho do asfalto cedeu, o mesmo problema que aconteceu na Carlota de Almeida Lemos - entre a Youssif Abdulahad e a avenida Tamandaré -, onde um bueiro acabou estourado.