Cidades

Caso Procon

Defesa de PM diz que réu por homicídio no Procon não sabia que a própria caminhonete era blindada

Questionamento foi um dos pontos levantados durante primeira audiência do caso, realizada nesta segunda-feira

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Na tarde desta segunda-feira (3), foi realizada a primeira audiência de instrução para ouvir as testemunhas de acusação e defesa do caso que tem como réu o policial militar reformado, José Roberto de Souza, acusado por matar a tiros o empresário Antôno Caetano de Carvalho, durante uma audiência de conciliação realizada no dia 13 de fevereiro deste ano no Procon Estadual.

O PM era cliente da vítima, que era proprietária da empresa Aliança Só Hilux, especializada em peças de Hilux e SW4. As audiências no Procon buscavam solução para uma desavença entre ambos devido a falta de entrega de notas fiscais dos serviços realizados pela empresa e do pagamento de uma troca de óleo por parte do réu, segundo informações apresentadas durante audiência.

José Roberto de Souza compareceu à audiência, mas deve ser ouvido apenas no dia 25 de agostoJosé Roberto de Souza compareceu à audiência, mas deve ser ouvido apenas no dia 25 de agosto / Foto: Marcelo Victor

Um dos pontos que chamam atenção da promotoria, além do fato de o polícial reformado ter utilizado uma arma com registro vencido há oito anos para praticar o crime, é o fato de que a Toyota SW4 do réu era blindada.

Questionada, uma das testemunhas de defesa ouvidas durante a audiência, um homem que conhece José Roberto há 20 anos, disse não saber o porquê da vítima utilizar um carro blindado, e afirmou que o acusado sempre teve carros caros.

Em entrevista ao Correio do Estado, o advogado de defesa, José Roberto da Rosa, explicou que seu cliente não sabia que o carro era blindado quando comprou.

"Ele falou que o carro estava barato... Só que fez um péssimo negócio, né?" brincou.

O advogado não soube informar de qual ano é o carro, mas reforçou que é um veículo "velho", que custou aproximadamente R$ 90 mil.

As duas testemunhas de defesa ouvidas nesta tarde afirmaram já ter prestado serviço para José Roberto como pedreiros em reformas de casas, serviço apontado por eles como "ganha pão" do réu.

A audiência

Foram ouvidas oito testemunhas, sendo seis delas de acusação e duas de defesa do réu. A principal delas, a servidora do Procon estadual responsável pela conciliação, Valéria Christina, não compareceu à audiência. Segundo o juiz, após o ocorrido ela foi transferida para outro órgão, e está afastada desde então por questões de saúde.

Os depoimentos que apresentaram mais detalhes do caso foram os do conciliador Luiz Alberto Moura Fernandes e o da advogada Wanessa Cristina, que estavam em audiência em uma sala próxima ao local em que ocorreu o crime.

Luiz Alberto explicou que o espaço do Procon reservado para as audiências se trata de um corredor com seis salas, divididas por divisórias simples, sendo três baias de um lado e três do outro. A sala em que ele realiza as audiências de conciliação ficam quase em frente à sala de Valéria.

"Não temos segurança no prédio, então é uma prática recorrente nossa pedir auxílio quando as coisas começam a sair do controle. Nesse dia, especificamente, eu me lembrava deles (acusado e vítima), porque eles foram em uma audiência também na sexta-feira. Notei que teve uma animosidade naquele dia, mas não tive tempo de perguntar para minha colega sobre o ocorrido", comentou.

 A testemunha destacou que lembrava apenas da gritaria, mas não sabia distinguir quem era quem ou do que se tratava.

"Na segunda-feira (data do crime) me lembro de ver eles chegarem. Vi que estava tendo uma animosidade e recebi um sinal da Valéria, então, fui na sala pedir para que cessassem a discussão. Só me recordo de uma das pessoas dizendo 'Me respeita! Você acha que está falando com quem?'", relatou.

Pouco depois de voltar para sua sala, ouviu os disparos.

"Como era uma situação que eu já estava monitorando, voltei a escrever a ata da minha audiência. Vi o acusado levantando, mas ao ouvir o primeiro disparo já me abaixei e pedi para as mulheres que estavam na minha sala também se abaixarem. Eu não consegui ver a vítima, apenas o acusado estendendo a arma", afirmou.

Logo após os disparos cessarem e as pessoas começarem a gritar, Luiz foi até a sala para retirar Valéria do local. 

A advogada Wanessa Cristina, que estava na sala de Luiz, viu os disparos, e contou com detalhes como foi aquela manhã.

"Minha noite foi horrível. Eu dormi muito mal, acordava em horários 'picados', então acabei chegando atrasada para a audiência", relatou.

Por ser representante de várias empresas, Wanessa costuma participar de diversas audiências no Procon, e conhece os conciliadores e demais funcionários.

"Às 08h02 entrei na sala do Luiz e fiquei exatamente de costas para a sala em que aconteceram os fatos. Quando ele me chamou para a sala de audiência ele comentou comigo que os ânimos na outra sala estavam um pouco exaltados, e que ele já havia ido no local pedir para que os envolvidos retomassem a ordem", relatou.

A advogada afirmou que estava sentada na cadeira quando ouviu um grito, de Valéria, e se levantou imediatamente para olhar para a sala. 

"Quando levantei e me virei ele já tinha apontado a arma, eu o vi efetuando os três disparos", afirmou. "Às 08h09 liguei para a polícia. Vi o corpo e percebi que não daria para chamar uma ambulância, ele já estava morto".

Segundo Wanessa, no momento em que José Roberto realizou os disparos a vítima estava sentada.

"Ele não teve tempo nem de levantar", acrescentou.

A testemunha relatou ainda que, após os fatos, chegou a conversar com Valéria por um aplicativo de mensagens. Em áudios, a conciliadora explicou a ela tudo que aconteceu na sala.

"Ela contou que José Roberto havia agredido a vítima verbalmente várias vezes na audiência da sexta-feira. Na segunda-feira, a vítima havia pedido para que o acusado parasse com as agressões verbais", revelou.

O material foi colhido, e deverá ser anexado às investigações.

Também foram ouvidos o filho da vítima, um funcionário de Caetano, um funcionário terceirizado do Procon e o investigador chefe da Primeira Delegacia de Polícia de Campo Grande.

Os fatos

Todos os depoimentos prestados nesta tarde apontam para uma série de desavenças entre o consumidor e o fornecedor ao longo de seis meses.

Em agosto do ano passado, José Roberto de Souza procurou pela empresa de Caetano para realizar a troca do motor de sua SW4. A empresa realizou a troca, e explicou que dentro de três meses seria necessário realizar a troca de óleo - que não estava inclusa no contrato -, um procedimento comum quando se troca o motor do veículo. 

No mês de novembro, José Roberto procurou novamente pelos serviços de Caetano para reclamar sobre problemas no motor. No entanto, o serviço de reparo era terceirizado, e a empresa responsável já havia entrado em recesso de fim de ano, com previsão para retornar apenas no fim de janeiro.

Entre novembro e janeiro, José realizou a troca de óleo, e o serviço não foi pago, como uma "garantia" de Caetano de que iria resolver o problema no motor.

No fim do ano passado, o cliente procurou pelo Procon, mas a audiência foi marcada apenas para fevereiro. Em janeiro, conforme prometido, a empresa terceirizada realizou os ajustes no motor, e o veículo foi entregue ao cliente.

Com a audiência de conciliação do Procon já agendada, José Roberto aproveitou para solicitar ao prestador de serviço as notas fiscais que comprovavam os serviços e pagamentos efetuados. Caetano aproveitou a ocasião para cobrar os R$ 630,00 da troca de óleo, que não haviam sido pagos. 

Após muita discussão e animosidade, a audiência da sexta-feira, 10 de fevereiro, terminou com ambas as partes dispostas a cumprir suas pendências. Na segunda-feira, Caetano levaria as notas fiscais e José Roberto o valor que devia.

No entanto, segundo os advogados de defesa, o valor da nota fiscal era inferior ao valor pago pelo acusado pelos serviços. Por esse fator, José Roberto teria se exaltado e efetuado os disparos.

A próxima audiência do caso ficou marcada para o dia 25 de agosto. Nela, serão ouvidas outras duas testemunhas de defesa, o acusado e, se conseguirem contato, a conciliadora que acompanhava o caso.

 

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Espaço

Cientistas encontram mais fortes sinais de vida em planeta alienígena

Eles detectaram impressões digitais químicas de gases.

17/04/2025 23h00

Cientistas encontram mais fortes sinais de vida em planeta alienígena

Cientistas encontram mais fortes sinais de vida em planeta alienígena Divulgação

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Em uma descoberta potencialmente marcante, cientistas que utilizam o Telescópio Espacial James Webb obtiveram o que consideram os mais fortes sinais de possível existência de vida além do sistema solar, detectando na atmosfera de um planeta alienígena as impressões digitais químicas de gases que na Terra são produzidos apenas por processos biológicos.Cientistas encontram mais fortes sinais de vida em planeta alienígenaCientistas encontram mais fortes sinais de vida em planeta alienígena

Os dois gases -- sulfeto de dimetila e dissulfeto de dimetila -- envolvidos nas observações do planeta denominado K2-18 b pelo Webb são gerados na Terra por organismos vivos, principalmente vida microbiana, como o fitoplâncton marinho.

Isso sugere que o planeta pode estar repleto de vida microbiana, disseram os pesquisadores. Eles enfatizam, no entanto, que não estão anunciando a descoberta de organismos vivos, mas sim de uma possível bioassinatura - indicador de um processo biológico -- e que os resultados devem ser vistos com cautela, sendo necessárias mais observações.

Os cientistas manifestaram entusiasmo, no entanto. Esses são os primeiros indícios de um mundo alienígena que pode ser habitado, disse o astrofísico Nikku Madhusudhan, do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge, principal autor do estudo publicado no Astrophysical Journal Letters.

""Este é um momento transformador na busca por vida além do sistema solar, em que demonstramos que é possível detectar bioassinaturas em planetas potencialmente habitáveis com as instalações atuais. Entramos na era da astrobiologia observacional", afirmou Madhusudhan.

Ele observou que há vários esforços em andamento na busca de sinais de vida no sistema solar, incluindo suposições de ambientes que podem ser propícios à vida em lugares como Marte, Vênus e diversas luas geladas.

K2-18 b é 8,6 vezes mais maciço que a Terra e tem diâmetro cerca de 2,6 vezes maior que o do nosso planeta.

Ele orbita na "zona habitável" -- distância em que a água líquida, um ingrediente fundamental para a vida, pode existir em uma superfície planetária -- em torno de uma estrela anã vermelha menor e menos luminosa que o nosso Sol, localizada a cerca de 124 anos-luz da Terra, na constelação de Leão. Um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano, ou seja, 9,5 trilhões de quilômetros. Outro planeta também foi identificado orbitando essa estrela.

Mundo oceânico

Cerca de 5.800 planetas além do nosso sistema solar, chamados exoplanetas, foram descobertos desde a década de 1990. Os cientistas levantaram a hipótese da existência de exoplanetas cobertos por um oceano de água líquida habitável por microorganismos e com atmosfera rica em hidrogênio -- os chamados mundos oceânicos.

Observações anteriores do Webb, que foi lançado em 2021 e entrou em operação em 2022, identificaram metano e dióxido de carbono na atmosfera do K2-18 b, primeira vez que moléculas à base de carbono foram descobertas na atmosfera de um exoplaneta na zona habitável de uma estrela.

"O único cenário que atualmente explica todos os dados obtidos até agora pelo JWST (James Webb Space Telescope), incluindo as observações passadas e presentes, é aquele em que o K2-18 b é um mundo oceânico repleto de vida", disse Madhusudhan. "No entanto, precisamos estar abertos e continuar explorando outros cenários."

Madhusudhan disse que com os mundos oceânicos, se existirem, "estamos falando de vida microbiana, possivelmente como a que vemos nos oceanos da Terra".

A hipótese é que seus oceanos sejam mais quentes do que os da Terra. Questionado sobre possíveis organismos multicelulares ou até mesmo vida inteligente, Madhusudhan disse: "Não poderemos responder a essa pergunta neste estágio. A suposição básica é de vida microbiana simples".

O DMS e o DMDS, ambos da mesma família química, são considerados como importantes bioassinaturas de exoplanetas. O Webb descobriu que um ou outro, ou possivelmente ambos, estavam presentes na atmosfera do planeta com um nível de confiança de 99,7%, o que significa que ainda há chance de 0,3% de a observação ser um acaso estatístico.

Os gases foram detectados em concentrações atmosféricas de mais de 10 partes por milhão por volume.

"Para referência, isso é milhares de vezes mais do que suas concentrações na atmosfera da Terra e não pode ser explicado sem atividade biológica com base no conhecimento existente", afirmou Madhusudhan.

Cientistas que não participaram do estudo aconselham cautela.

"Os dados ricos do K2-18 b o tornam um mundo tentador", disse Christopher Glein, cientista principal da Divisão de Ciências Espaciais do Southwest Research Institute, no Texas.

"Esses dados mais recentes são uma contribuição valiosa para nossa compreensão. Entretanto, devemos ter muito cuidado para testar os dados da forma mais completa possível. Estou ansioso para ver trabalhos adicionais e independentes sobre a análise de dados, que começarão já na próxima semana."

*(Reportagem adicional de Stuart McDill)

Guerra

Rússia e EUA discutem proposta de paz para Ucrânia em conversa entre Lavrov e Rubio

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, abordaram os esforços para encerrar o conflito na Ucrânia

17/04/2025 20h00

Rússia e EUA discutem proposta de paz para Ucrânia

Rússia e EUA discutem proposta de paz para Ucrânia Divulgação

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Em conversa telefônica nesta quinta-feira, 17, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, abordaram os esforços para encerrar o conflito na Ucrânia, com Washington apresentando uma proposta de paz e Moscou mantendo sua disposição ao diálogo, segundo comunicados oficiais de ambos os países.

O Ministério das Relações Exteriores russo informou que Rubio, que está em Paris para discussões com aliados europeus e ucranianos, detalhou a Lavrov seus recentes contatos diplomáticos. O ministro russo "reafirmou a disposição de Moscou em continuar o trabalho conjunto com os colegas americanos para eliminar de forma confiável as causas fundamentais da crise ucraniana", segundo a nota da Rússia.

Do lado americano, a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, afirmou que Rubio apresentou a Lavrov a mesma proposta de paz discutida com europeus e ucranianos. "O presidente Donald Trump e os EUA querem que esta guerra termine, e apresentaram a todas as partes os contornos de uma paz duradoura e sustentável", declarou.

A nota americana destacou a "recepção encorajadora" à proposta em Paris, sugerindo abertura das partes para negociações. Enquanto isso, o comunicado russo enfatizou o acordo em manter "comunicação ativa", especialmente antes das próximas reuniões diplomáticas previstas para a semana que vem.

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