Adjunta na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) de Dourados, a delegada Thays do Carmo Oliveira de Bessa foi alvo de comentários de cunho preconceituoso através das redes sociais, após conceder entrevista para portais locais sobre um homicídio.
Distante aproximadamente 231 quilômetros de Campo Grande, o caso em si foi registrado há cerca de três dias, sendo que o comentário em questão - que já não aparece visível na postagem original - teria sido feito oito horas após a publicação de um "quebra-queixo" com a delegada pelo portal Folha de Dourados.
Reprodução"Nossa, delegada feia, tá mais para ser empregada doméstica aqui da minha casa que qualquer outra coisa e tratar ele igual cachorro aqui", dizia o comentário que originalmente aparecia na sessão "ocultos pelo Instagram" e já não aparece visível na plataforma.
Identificado como: “Leonardo Almeida”, o perfil em questão sequer seria residente de Mato Grosso do Sul, pois as postagens ligadas à conta marcam um endereço na cidade mineira de Confins.
Aqui cabe lembrar que, comentários depreciativos com referência à raça, cor da vítima e até mesmo aqueles focados em características específicas como cabelo, por exemplo, evoluíram de interpretação penal com atualização e equiparação dos atos de injúria racial com a prática de racismo (14.532/2023), a partir de quando passou a ser considerado crime.
Essa lei passou a tratar também justamente desses crimes cometidos através dos conhecidos meios de comunicação; publicações em redes sociais ou qualquer natureza que engloba a rede mundial de computadores.
Intolerância douradense
Essa não é a primeira vez que Dourados é ligada à comportamentos e episódios de racismo, xenofobia e intolerância, como mostra uma série de movimentações dos Ministérios Públicos Federal e Estadual de Mato Grosso do Sul (MPF e MPMS)
Entre esses crimes de ódio aparece o douradense alvo de ação penal do MPMS em 23 de setemBro de 2024, por uma série de frases e atos discriminatórios que caracterizam racismo e xenofobia contra a população nordestina.
Pelas redes sociais, esse acusado fez uma série de publicações que propagavam a ideia de que os nordestinos seriam "mais burros" e "inferiores" ao restante da população brasileira.
Ainda em 2024, no dia 25 de maio deste ano, a "Marcha dos Terreiros" de Dourados também gerou ódio nas redes sociais e um procedimento foi instaurado pelo Procurador da República, Marco Antonio Delfino de Almeida, para apurar os fatos.
Na ocasião, cerca de 16 comunidades se reuniram na realização da marcha, feita após casos de furtos de ossadas - como a de um bebê do cemitério municipal São Vicente de Paula, em Ponta Porã, como publicou o Correio do Estado - ganhar repercussão na mídia.
Por meio de ação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), o juiz da 1ª Vara Criminal de Dourados determinou inclusive que uma jovem douradense de 16 anos fosse indenizada após ser vítima de racismo e injúria racial.
Esse caso específico aconteceu enquanto a menina vítima estava em busca de uma vaga de estágio, praticado à época pela pessoa responsável por conduzir a entrevista, que foi feita em 22 de novembro de 2021.




