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Desembargadora "demitida" recebeu R$ 489,8 mil de salário extra em 2023

Aposentada compulsoriamente por tirar o filho traficante da prisão irregularmente, Tânia Borges recebeu ainda R$ 471 mil de salário no ano passado

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“Demitida” em outubro de 2021 após ser flagrada tirando o filho traficante da prisão, a ex-desembargadora  Tânia Garcia de Freitas Borges recebeu em 2023 quase meio milhão de reais em salários extras, ou indenizações, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Além disso, recebeu o salário normal, de R$ 36.282,27, o que lhe garantiu mais R$ 471,6 mil de rendimento bruto. 

Como a pena máxima para um magistrado é a aposentadoria compulsória, ela tem o direito de receber o provento proporcional ao tempo de serviço que tinha à época da “demissão”, que seriam estes R$ 36,28 mil mensais. Porém, por conta destas indenizações, a média salarial bruta do ano passado ficou em R$ 80,1 mil. 

Além do salário mensal, ao longo de 2023 ela recebeu R$ 410 mil a título de Adicional por Tempo de Serviço. De fevereiro a outubro foram R$ 30 mil mensalmente. Em novembro, o valor subiu para R$ 40 mil e em dezembro, exatos R$ 100 mil. 

Os dados estão disponíveis no site do próprio Tribunal de Justiça e assim como ela, outros aposentados receberam indenizações semelhantes. Para magistrados da ativa, em alguns meses o valor chega a ser o dobro ao que foi pago à desembargadora “demitida”. 

Em novembro ela também recebeu um salário extra de R$ 36.282,27 sob a justificativa de que era um pagamento a título de “subsídio, diferença de subsídio, função de confiança ou cargo em comissão”, conforme especifica o site do Tribunal de Justiça. 

E além do salário normal e do adicional por tempo de serviço, ela recebeu mensalmente outro valor menor, de R$ 3.628,23. No site do Tribunal de Justiça o valor vem especificado somente como “indenização”. 

Embora só essa ultima indenização seja maior que o salário de milhões de trabalhadores ou aposentados brasileiros, o valor fica bem aquém daquilo que foi pago aos magistrados da ativa ao longo do ano. Sob esta mesma rubrica, boa parte recebeu em torno de R$ 20 mil mensalmente. 

Então, somando o salário extra de novembro (R$ 36.282,27) o adicional por tempo de serviço (R$ 410 mil) e os R$ 43.536,00 relativos ao penduricalho menor, ela recebeu indenizações brutas que somam exatos R$ 489,8 mil, sem contabilizar o provento normal de aposentada. 

Mesmo assim, seu rendimento é baixo se comparado aos pagamentos feitos aos desembargadores da ativa. Em novembro, por exemplo, todos receberam acima de R$ 200 mil, exceto aqueles que não são magistrados de carreira. 

HISTÓRICO

A vida da desembargadora começou a “desandar” em março de 2017, quando o filho, Breno Borges, foi flagrado na BR-262, em Água Clara, transportando 130 quilos de maconha e cerca de 200 munições de fuzil. 

Ele foi levado ao presídio de Três Lagoas e semanas depois a Justiça autorizou que ele fosse transferido para uma clínica psiquiátrica, sob a alegação de que ele sofria de transtornos mentais. 

Porém, sem respeitar os trâmites legais, a mãe levou pessoalmente esta ordem judicial ao presídio e retirou o filho da cadeia, inclusive utilizando veículo oficial. Por conta desta atitude, foi denunciada e já em 2018 foi afastada de suas funções no Judiciário.

Em fevereiro de 2021 o Conselho Nacional de Justiça decidiu que ela deveria ser “demitida”, o que acabou acontecendo em outubro daquele ano, quanto o Tribunal de Justiça oficializou sua aposentadoria compulsória.

Antes de sofrer a pena de aposentadoria compulsória, a desembargadora também apareceu na Operação Oiketikus, desencadeada em 2018, e que foi uma ofensiva com a chamada máfia do cigarro contrabandeado, que envolveu pelo menos 20 policiais militares. A suspeita é de que ela tenha vendido decisões judiciais para favorecer integrantes deste esquema. 

FAMÍLIA INFLUENTE

O caso da prisão de Breno Borges volta à tona depois da prisão de outro integrante de família influente no Estado. Guilherme Garcia Iunes, de 26 anos, sobrinho do prefeito de Corumbá, foi preso na última quinta-feira (11), na mesma rodovia BR-262, próximo a Corumbá. 

Além de o tio ser prefeito de uma das maiores cidades do Estado, o pai de Guilherme chegou a ocupar cargo no primeiro escalão da administração municipal. Na última quinta-feira, o jovem foi flagrado com uma mala com dez quilos de skunk (supermaconha) e mais 2,5 kg de pasta-base e cocaína. 

Ele estava em um carro contratado por aplicativo e pretendia levar a droga de Corumbá a Campo Grande, conforme a investigação inicial. 


 

EM SEIS ANOS

Rendimento de filho de desembargador aumentou de R$ 50 mil para R$ 9 milhões

Advogado é filho de Sideni Pimentel, que foi eleito para presidir o TJMS a partir de 2025 e que foi afastado das funções por suspeita de venda de sentença e corrupção

24/10/2024 19h22

Rodrigo Pimentel é investigado por suspeita de intermediar venda de sentenças

Rodrigo Pimentel é investigado por suspeita de intermediar venda de sentenças Foto: Reprodução

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O advogado Rodrigo Gonçalves Pimentel, filho do desembargador Sideni Soncini Pimentel, teve o rendimento aumentado em 174 vezes em seis anos. É o que aponta relatório da Polícia Federal, que culminou na operação Último Ratio e no afastamento, por determinação do Superior Tribunal de Justiça, de cinco desembargadores por suspeita de venda de sentença e lavagem de dinheiro, nesta quinta-feira (24).

Um dos escritórios do advogado foi alvo de mandado de busca e apreensão. O pai dele, o desembargador Sideni Pimentel, que foi eleito na última semana, por aclamação, como presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul para o biênio 2025/2026, está entre os afastados e será monitorado por tornozeleira eletrônica.

Conforme os autos, Rodrigo Pimentel foi vinculado a investigação após receber repasse de parte do dinheiro transferido a uma outra advogada também investigada, Emmanuele Alves Ferreira da Silva, com base nas decisões judiciais sob suspeita de terem sido vendidas por desembargadores.

“Em algumas transações o investigado envia o mesmo valor ou valores próximos de uma conta de pessoa jurídica para outra, anes de enviar o dinheiro para determinada pessoa. Essa prática é comumente utilizada com recursos de origem ilícita com o objetivo de dissimular o próprio patrimônio ou o repasse de recursos financeiros para terceiros, além de dificultar a fiscalização e o controle do sistema financeiro”, diz a Polícia Federal no relatório.

Com relação aos rendimentos declarados por Rodrigo Pimentel, houve aumento repentino dos ganhos.

Em 2017, ele declarou ter recebido como rendimento anual o valor de R$ 52,5 mil. No ano seguinte, em 2018, a declaração foi do valor de R$ 3.310.068,00, o que representa rendimento 62 vezes maior de um ano para o outro.

Considerando o rendimento declarado em 2022, quando o valor total foi de R$ 9.226.989,95, o crescimento é de mais de 174 vezes no período de seis anos, o que, segundo a PF, destoa da normalidade.

Rodrigo Pimentel tem várias empresas que, somadas, superam o capital de R$ 12 milhões, e seis delas não possuem registros de funcionários em seus quadros, o que também causou estranheza.

Por fim, somando com outras provas colhidas durante a investigação, a PF conclui que “há fortes elementos no sentido de que Rodrigo Pimentel seja intermediador na venda de sentenças judiciais” de um desembargador.

Operação Último Ratio

A operação da Polícia Federal aponta que existe um grande esquema de corrupção que se arrasta há mais de uma década na cúpula dos poderes estaduais. 

Ao todo, a Polícia Federal cumpriu 44 mandados de busca e apreensão, em diversos locais, como residências de investigados e seus familiares, o prédio do TJMS, a sede do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o fórum e escritórios de advocacia. Além de Campo Grande, alvos são investigados em Brasília, São Paulo e Cuiabá.

Durante cumprimento de mandados de busca e apreensão nesta manhã, foram encontrados R$ 2,7 milhões, além de notas de euro e dólar, na casa de um dos desembargadores alvos da investigação.

Na sede do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, policiais apreenderam um cofre e uma "bolsa gigante" que estavam no interior do prédio.

A Polícia Federal pediu a prisão preventiva de alguns investigados, mas a Justiça negou e decretou apenas a suspensão do exercício do cargo ou função pública de cinco desembargadores, conselheiro do TCE e servidor do TJMS, pelo prazo inicial de 180 dias.

Desta forma, durante o prazo, eles ficam proibidos de acessar as dependências do Tribunal de Justiça e de uitilizar os serviços da Corte, assim como são proibidos de manter contato com os funcionários do local.

"Para viabilizar a fiscalização do cumprimento das medidas, determino que seja realizada a monitoração eletrônica", diz a decisão.

Usarão tornozeleira eletrônica os seguintes investigados:

  • Vladimir Abreu da Silva (desembargador)
  • Alexandre Aguiar Bastos (desembargador)
  • Sideni Soncini Pimentel (desembargador)
  • Sérgio Fernandes Martins (desembargador)
  • Marcos José de Brito Rodrigues (desembargador)
  • Osmar Domingues Jeronymo (conselheiro do TCE)
  • Danillo Moya Jeronimo (servidor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul)

Cassilândia

Ventos acima de 70 km/h causam estragos em cidade do interior

A tempestade que atingiu Cassilândia na tarde de hoje deixou um rastro de destruição, com árvores arrancadas e casas destelhadas

24/10/2024 18h45

A tempestade que caiu na cidade deixou rastro de destruição

A tempestade que caiu na cidade deixou rastro de destruição Fotos: Cassilândia Notícias

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Uma tempestade com rajadas de vento acima de 70 km/h atingou o município de Cassilândia na tarde desta quinta-feira (24), arrancou árvores e derrubou muros de residências, deixando um rastro de destruição pelas ruas da cidade.

Segundo informações do site Cassilândia Notícias, o bairro Laranjeiras foi o mais afetado pelos ventos. 

A auxiliar de cozinha Fabiana Ferreira da Silva, de 27 anos, levou um susto ao chegar em casa e encontrar o imóvel destelhado.

"Levou tudo. Está tudo no chão. Estou sem nada, sem roupa, sem comida. Só consegui salvar a máquina de lavar roupa, a cama de casal e a geladeira", relatou Fabiana, visivelmente abalada.

Fabiana mora na residência com a sua filha,  Angela Gabriela, de 11 anos, disse que não estava em casa e ficou sabendo pela vizinha. 

"Chorei muito. Fiquei desesperada, porque é uma vida que acaba em um momento. Fiquei muito abalada. Não é fácil", disse. 

"Não estava em casa, mas vimos a chuva e a ventania forte. Depois que a chuva parou, a vizinha foi me avisar. Um vizinho teve um muro derrubado e várias árvores caíram. Vimos que no centro da cidade outra casa também foi derrubada", completou.

Rastro de destruição pela cidade 

Conforme informações do site local, a destruição causada pela ventania é observada por toda a cidade. Árvores foram arrancadas em diversas regiões, bloqueando vias e caindo sobre veículos. Além disso, a cidade ficou sem energia elétrica por quase duas horas, prejudicando residências, comércios e serviços essenciais.

Segundo informações meteorológicas do Inmet, choveu em Cassilândia 15,4mm e os ventos atingiram 71,28km/h. 

Equipes da Prefeitura e da Defesa Civil enviaram trabalhadores às ruas para contabilizar os desvios. Até o momento, não há relatos de danos graves, mas os prejuízos materiais foram consideráveis. Recomenda-se que os moradores evitem circular nas áreas mais afetadas até que a situação seja completamente normalizada.

E o tempo? Como fica? 

Um ciclone extratropical que está se formando no sul do país mudou o clima em Mato Grosso do Sul. De acordo com informações do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Cassilândia e mais 17 municípios do estado estão sob alerta laranja para perigo de tempestade, com ventos que podem atingir entre 60 e 100 km/h.

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