Cidades

ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO

"Desenganado, tive alta dos médicos para morrer em casa"

Dorivan Moreira Rodrigues tinha 24 anos quando ouviu a "sentença de morte" dos médicos de sua terra natal, antes de buscar cura em Campo Grande

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“Eu estava desenganado e tive alta dos médicos para morrer em casa”. Esse é o relato de Dorivan Moreira Rodrigues, antes de ser trazido de São Luís (MA) para Campo Grande em busca da “cura” do fogo selvagem. 

Pai de três filhos, de 1, 3 e 5 anos, Dorivan tinha 24 anos quando ouviu a “sentença de morte” dos médicos de sua terra natal.

Pesava apenas 39 quilos e estava com a pele praticamente em carne viva, inclusive o rosto. 
Seus familiares, principalmente a esposa, não aceitaram o diagnóstico e organizaram uma grande vaquinha em busca de uma sobrevida.

Com o dinheiro fornecido em sua maior parte pela irmã mais velha, a família conseguiu comprar 11 passagens aéreas, valor cobrado pela empresa aérea por causa do tamanho da maca na qual o homem de 1,67 metro não saia mais, e transferiram Dorivan para Campo Grande, pois haviam descoberto que a “cura” da doença poderia ser encontrada na capital de Mato Grosso do Sul. 

DorivanDorivan é um exemplo entre milhares que tiveram ajuda na Capital.|Arquivo Pessoal

Exatos 38 anos depois, hoje com 63 anos, lembra na ponta da língua o dia em que chegou ao Hospital Adventista do Pênfigo.

Era 11 de abril de 1985. A esposa ficou no Maranhão com os filhos, mas a mãe, uma irmã e uma amiga da família acompanharam o desenganado Dorivan, já que levar a maca de um lugar para outro exigia grande esforço. 

“Fui o pior paciente que já chegou no hospital. Minha foto correu o mundo, mas um ano depois tive alta. Digo pior porque sou meio chato e pior por causa do meu delicado estado de saúde”, lembra o sempre bem-humorado Dorivan, ao explicar que sua imagem foi publicada em revistas da Igreja Adventista em inúmeros países. Foi um apelo por doações para manter o hospital em funcionamento, relembra.

Depois da alta, voltou ao Nordeste, mas após alguns meses o problema reapareceu, já que o pênfigo é uma doença autoimune e em alguns pacientes ressurge incontáveis vezes.

Entre 1985 e 1988, chegou a ser internado mais três vezes. E, como temia que o problema pudesse ser recorrente, acabou mudando de “mala e cuia” com a esposa e os filhos para uma casa no bairro Coophavila, próximo ao hospital, onde mora até hoje e criou os filhos. 

Depois de 1988, porém, ficou “curado” e começou a levar uma vida praticamente normal. Inicialmente trabalhou como professor na rede municipal, depois, passou em um concurso para fiscal da Agetran.

Atualmente está aposentado. Nunca parou de tomar medicamentos, à base de corticoides, aos quais atribui a cegueira praticamente total do olho direito. 

“A maior parte dos pacientes morria, então, o que é a perda de parte da visão depois de velho para quem estava desenganado”, pondera, em meio aos risos fartos, durante a entrevista que concedeu por telefone diretamente do aeroporto de São Luís, aquele mesmo de onde partira rumo a Campo Grande em busca de uma sobrevida, que já dura quase quatro décadas e que vai muito longe ainda, se depender do otimismo de Dorivan. 

Praticamente todos seus familiares continuam morando no Maranhão, inclusive um filho, que foi tentar a vida na terra natal dos pais. Desta vez também comprou várias passagens aéreas rumo a Campo Grande, mas isso porque quer ter o prazer de ficar com os netos maranhenses por perto por uma boa temporada. 

A direção do Hospital do Pênfigo não tem estimativas, mas confirma que Dorivan e família são somente um exemplo das centenas ou milhares de pessoas que ajudaram a desenvolver a capital de Mato Grosso do Sul porque se instalaram na cidade em busca do tratamento, que não era encontrado em nenhuma outra cidade brasileira. 

“Sou grato a Deus por usar Campo Grande e o Hospital do Pênfigo para me devolver a vida. Amo essa cidade de paixão”, escreveu o maranhense em mensagem pelo WhatsApp para comprovar que a perda parcial da visão não lhe impede de usufruir as coisas boas que a centenária cidade continua lhe proporcionando.

 

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Itaquiraí

Mãe e filha morrem em acidente triplo na BR-487

Colisão ocorreu em trecho conhecido como estrada boiadeira, próximo ao município de Itaquiraí

13/12/2025 16h30

Foto: Portal Conesul

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Gabrieli de Freitas Vieira e sua filha Julia Pereira de Freitas, de apenas 3 anos morreram na manhã deste sábado após um acidente triplo na manhã deste sábado (13), na BR-487, próximo a região do Assentamento Santo Antônio, situado em Itaquiraí, distante 405 quilômetros de Campo Grande.

Conforme a imprensa local, ambas estavam em um Jeep Compass com uma familiar de 40 anos, e seguiam de Maringá (PR) com destino a Dourados, cidade em que possuíam comércio. A família seguia na rodovia sentido BR-163 quando tentou uma ultrapassagem forçada e atingiu a traseira de um veículo Polo, que seguia na mesma direção.

Com o impacto da colisão, testemunhas afirmam que o veículo teria capotado e batido na traseira de uma carreta que seguia na pista contrária, impacto suficiente para arremessar o carro da família para fora da pista, ao lado de uma borracharia. 

De acordo com a imprensa local, o acidente aconteceu por volta das 9h30. Gabrieli e a filha morreram no local. Socorrida, a outra pessoa da família foi levada ao hospital de Itaquiraí, consciente e orientada, apesar de cortes na cabeça.

Os demais motoristas envolvidos não sofreram ferimentos graves e testaram negativo para consumo de álcool.. Equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil, da Polícia Rodoviária Federal e da Perícia estiveram no local. As causas do acidente serão investigadas na Delegacia de Itaquiraí.

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Cidades

TCE suspende licitação para reforma de ponte sobre o rio Paraguai

Inconsistências e riscos de gastos excessivos na licitação levaram o Tribunal de Contas do Estado a suspender o certame

13/12/2025 13h30

Imagem divulgação

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Menos de um mês depois de assumir como conselheiro do Tribunal de Contas, o ex-integrante do governo do Estado, Sérgio de Paula, suspendeu a licitação de R$ 11,7 milhões para obras na ponte da BR-262, sobre o Rio Paraguai.

A decisão foi publicada nesta sexta-feira (12), em edição extra do Diário Oficial do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul.

No dia 26 de novembro, a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul) lançou a licitação prevendo investimento de até R$ 11.728.608,10 para a execução de obras de recuperação estrutural.

Os envelopes com as propostas feitas pelas empreiteiras seriam abertos na segunda-feira (15). No entanto, foi determinada a suspensão do certame após a equipe técnica do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) identificar “inconsistências e lacunas” em informações como:

  • Caderno de desenhos;
  • Relatório de critérios e especificações técnicas;
  • Verificação estrutural;
  • Projeto de recuperação estrutural;
  • Projeto de sinalização temporária;
  • Plano de execução.

A justificativa para suspender o processo licitatório da reforma da ponte foram inconsistências no Projeto Básico, que podem gerar gastos acima do necessário. Para isso, foi apontada a necessidade de atualização dos dados técnicos.

“Tais inconsistências podem acarretar riscos de sobrepreço, aditivos contratuais futuros e execução inadequada da obra, comprometendo a economicidade e a eficiência, em desacordo com a Lei nº 14.133/2021. Embora o projeto tenha avançado em sua conformidade com a nova Lei de Licitações, as lacunas técnicas e a necessidade de atualização são significativas. Para uma decisão embasada e para mitigar risos futuros, é crucial que as informações complementares e as atualizações necessárias sejam providenciadas e analisadas”, consta no ato.

Diante dos indícios de irregularidades no Estudo Técnico Preliminar (ETP) e no Projeto Básico, o relator, conselheiro Sérgio de Paula, determinou a aplicação de medida cautelar para suspender o processo licitatório até a regularização dos pontos apontados.

Previsão

Com previsão de início das obras somente no segundo trimestre de 2026, o valor estimado, como adiantou o Correio do Estado, indica que a reforma da ponte pode custar o dobro do apontado pelo ex-secretário de Obras, Hélio Peluffo.

Em 2023, ele previu gastos em torno de R$ 6 milhões na recuperação da estrutura da ponte, que tem sofrido diversas intervenções e situações que resultaram em tráfego em meia pista.

Essa situação ocorreu em 2023, quando a interdição durou mais de um ano, até que os reparos emergenciais fossem concluídos na pista de rolamento.

Além disso, há situação emergencial nos “amortecedores” instalados entre as pilastras e a parte superior da ponte (pista), que apresentam desgaste por falta de manutenção. Essa obra deverá ser bancada, agora, com recursos públicos.

Pedagiada "até ontem"
 

Investimento público em uma ponte seria algo normal não fosse a cobrança de pedágio, feita até setembro de 2022. Pequena fatia da receita era repassada ao Estado e a única obrigação da empresa era fazer a manutenção da estrutura, que tem dois quilômetros e foi inaugurada em 2001.

Porém, em 15 de maio de 2023 a empresa Porto Morrinho encerrou o contrato e devolveu a ponte Poeta Manoel de Barros sem condições plenas de uso, embora tivesse faturamento milionário.

Em 2022,  com tarifa de R$ 14,10 para carro de passeio ou eixo de veículo de carga, a cobrança rendeu R$ 2,6 milhões por mês, ou R$ 21 milhões nos oito primeiros meses daquele ano.

No ano anterior, o faturamento médio mensal ficou em R$ 2,3 milhões. Conforme os dados oficiais, 622 mil veículos pagaram pedágio naquele ano. Grande parte deste fluxo é de caminhões transportando minério. A maior parte destes veículos têm nove eixos e por isso deixavam R$ 126,9 na ida e o mesmo valor na volta.

Esse contrato durou longos 14 anos, com início em dezembro de 2008, e rendeu em torno de R$ 430 milhões, levando em consideração o faturamento do último ano de concessão. 

Em março de 2017, a Porto Morrinho conseguiu um abatimento de 61% no valor da outorga. Na assinatura, em 22 de dezembro de 2008, o acordo previa repasse de 35%  do faturamento bruto obtido com a arrecadação tarifária estabelecida em sua proposta comercial. A partir de março de 2017, porém, este valor caiu para 13,7%. 

Se tivesse de repassar 35% dos R$ 2,6 milhões arrecadados por mês em 2022, a Porto Morrinho teria de pagar R$ 910 mil por mês ao Estado. Com a repactuação do contrato, porém, este valor caiu para a casa dos R$ 355 mil. Em ambos os casos os valores teriam alguma variação porque ainda seria necessário descontar impostos.

Ou seja, a repactuação garantiu R$ 555 mil mensais a mais aos cobres da concessionária, que mesmo assim não cumpriu com sua única obrigação, que era manter a ponte em condições de uso. 

E, mesmo depois de parar de cobrar pedágio, ela continuou cuidando da ponte, entre setembro de 2022 até maio de 2023.  Neste período, recebeu indenização milionária, de pouco mais de R$ 6 milhões. 

O pedágio acabou por causa do fim do acordo do governo estadual, que construiu a ponte, com o DNIT, já que a rodovia é federal. Porém, o governo federal só aceita receber a ponte depois que estiver em boas condições de uso. 

** Colaborou Neri Kaspary

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