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Devastação em Bonito pode prejudicar turismo ecológico

Relatório foi feito por cinco instituições e mostra degradação ambiental, o que pode afetar o reconhecimento internacional do município como destino turístico

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Nota técnica baseada em uma série de estudos e dados apontou que o patrimônio natural de Bonito e região está ameaçado por conta de uma série de atividades que estão gerando devastação ambiental, algo que ocorreu de forma mais intensa no período de 1985 a 2023.

A cidade é conhecida como destino do ecoturismo, com reconhecimento internacional, e tem uma área de pouco mais de 5,3 mil km². Sua economia está altamente ligada à conservação da natureza para garantir águas límpidas nos Rios Formoso e da Prata, por exemplo. 

Intitulada Análise e Riscos das Mudanças no Uso e Ocupação do Solo da Bacia Hidrográfica do Rio Miranda, a nota técnica assinada por cinco instituições destacou levantamentos que foram feitos pelo MapBiomas e outras 30 fontes de pesquisa para apontar que a qualidade da água na região de Bonito está ameaçada, ocasionando um efeito cascata negativo para a biodiversidade e que vai desaguar em algum ponto no ecoturismo.

O avanço do cultivo da soja está intrinsecamente ligado aos perigos que estão pressionando o território. A partir dos números disponíveis, houve a identificação de um aumento de mais de 1000% na área de plantio. Saiu de 0,4%, em 1985, para 7% do território do município, em 2023. Essa substituição de vegetação nativa por monocultura gera diferentes danos. 

“Mudanças no uso e cobertura do solo, especialmente apoiadas no monocultivo de soja, têm acarretado [...] a degradação da qualidade da água, o aumento da erosão do solo, a perda de biodiversidade e a alteração dos regimes hidrológicos”, detalhou a nota técnica assinada pelo Instituto SOS Pantanal, Instituto Tamanduá, Instituto Libio, Fundação Neotrópica do Brasil e SOS Mata Atlântica. 

“Outro problema está ligado à contaminação ambiental por metais pesados, como cádmio, chumbo, cobre e zinco, que, somados à intensificação do uso de agrotóxicos na paisagem, podem afetar diretamente não somente a saúde da fauna e da flora e a fertilidade do solo, mas também representam um risco significativo à saúde humana através da bioacumulação ao longo da cadeia alimentar”, trouxe a nota.

A Bacia Hidrográfica do Rio Miranda engloba municípios como Miranda, Bodoquena, Bonito, Jardim, Nioaque, Anastácio, Aquidauana, Dois Irmãos do Buriti, Sidrolândia, Terenos, Corguinho, Rochedo, Jaraguari e Bandeirantes. 

Nesse território, ecossistemas apontados como mais sensíveis e vulneráveis a sofrer danos com atividades que geram impactos ambientais ficam próximos a Bonito, com influência direta nos rios cênicos Formoso e da Prata.

Afetar a qualidade da água em Bonito pode gerar repercussão em um Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. Por lá, o setor de serviços movimenta 40% da economia, principalmente por conta do turismo. 

A agropecuária, porém, é também um dos motores do PIB, representando cerca de 36%, além da administração pública (15%) e da indústria (8%). São mais de 300 mil turistas que visitam a cidade de 25 mil habitantes por ano.

Na nota técnica, tanto a pastagem como a soja emergiram como setores que geram impactos negativos para a garantia das belezas da Capital do Ecoturismo. 

“A classe de uso do solo ‘pastagem’ apresentou uma flutuação nos 38 anos de dados disponíveis. Inicialmente, 24% do território da BHRM [Bacia Hidrográfica do Rio Miranda] era ocupado por pastagens, elevando para 45% em 2005 e reduzindo para 38% em 2023. Houve um acréscimo desta classe em mais de 600 mil hectares entre 1985 e 2023. A classe ‘soja’ chama atenção pela grande diferença. Em 1985, apenas 0,4% da área da BHRM, totalizando mais de 16 mil hectares. Em 2005, já havia saltado para 2,3% do território, ampliando em mais de 80 mil hectares. Em 2023, esta cultura atingiu 7% da área da bacia, ocupando 300 mil hectares. De 1985 para 2023, ocorreu um salto de mais de 280 mil hectares”, elencou a pesquisa.

EFEITO CASCATA

A Bacia Hidrográfica do Rio Miranda engloba 94% do município de Bonito. Com isso, os efeitos nesse território geram repercussão direta na cidade e na sua economia. Além disso, os efeitos para mitigar os danos ambientais devem exigir esforços ainda maiores. 

A Bacia Hidrográfica do Rio Miranda engloba quase 12% de Mato Grosso do Sul, ou seja, uma área de 42 mil km², além de ser fundamental para alimentar o Pantanal. O Rio Miranda, principal na bacia, nasce na Serra de Maracaju e flui na direção oeste, desaguando no Rio Paraguai.

As sub-bacias do Rio Aquidauana, Rio da Prata, Rio Formoso e Rio Salobra também têm influência, e o que ocorre nessas regiões pode causar efeito cascata.

MEDIDAS SUGERIDAS

A nota técnica, que foi elaborada a partir de dados divulgados em meados de maio deste ano, indica que a cobertura florestal superior a 30% é um fator determinante para assegurar proteção à biodiversidade. Espécies como o veado-catingueiro e a anta estão entre as mais afetadas. 

Além disso, há indicação para que estudos técnicos sejam mais rigorosos para conceder o licenciamento de atividades econômicas em áreas de transição entre Mata Atlântica e Cerrado, especialmente com atenção à Lei nº 11.428/2006 (Lei da Mata Atlântica).

O município de Bonito também já tem legislação, dentro de sua Lei Orgânica, sobre a existência de faixas de preservação ao longo de corpos d’água, mas ela não estaria sendo respeitada à risca. Foi indicado também uma maior atuação para que seja respeitada a zona de amortecimento do Parque Nacional da Serra da Bodoquena. 

A implementação de um zoneamento ecológico-econômico municipal também é apontada como medida necessária para garantir o uso do solo com mais adequação aos limites
ambientais.

O governo estadual informou que, neste ano, está com ações em andamento para preservar recursos hidrogeológicos em Bonito. 

A primeira reunião de trabalho ocorreu em fevereiro e envolveu técnicos da administração estadual, da prefeitura de Bonito e também da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). (Colaborou Rodolfo César)

 

Cidades

Veículos batem de frente e três pessoas da mesma família morrem na BR-267

Motorista de um Virtus tentou fazer uma ultrapassagem, quando colidiu de frente com um Corolla; todas as vítimas estavam no veículo atingido

16/12/2025 18h36

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram Foto: Divulgação / PRF

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Três pessoas morreram em um acidente envolvendo dois carros de passeio, na manhã desta terça-feira (16), na BR-267, em Nova Alvorada do Sul. O acidente aconteceu durante uma tentativa de ultrapassagem.

De acordo com informações da PRF, um veículo Toyota Corolla, com placas de São Miguel de Guaporé (RO), seguia no sentido Nova Alvorada do Sul a Distrito de Casa Verde, enquanto um Virtus, com placas de Três Lagoas, seguida no sentido contrário.

Na altura do km 177, os veículos bateram de frente. Segundo testemunhas, o Virtus teria tentado fazer uma ultrapassagem e acabou colidindo com o Corolla.

Com o impacto da batida, duas passageiras no Corolla, de 55 e 73 anos, morreram na hora. Um outro passageiro, de 74 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu posteriormente no hospital. O motorista, de 53 anos, não teve ferimentos graves.

Conforme informações, as vítimas eram a esposa, pai e mãe do motorista.

No Virtus estavam o condutor e um passageiro, de 42 e 37 anos, respectivamente. Ambos tiveram lesões consideradas leves e foram encaminhados ao hospital em Nova Andradina, mas não correm risco de morte.

Ainda segundo a PRF, foi realizado o teste do bafômetro nos motoristas, com resultado negativo para alcoolemia em ambos.

Informações preliminares são de que a família que estava no Corolla saiu de Rondônia para visitar familiares no interior de São Paulo.

Durante os trabalhos de resgate e perícia, parte da pista ficou interditada. As causas do acidente serão investigadas pela Polícia Civil.

Outro acidente com duas mortes

Na madrugada desta terça-feira (16), outro acidente deixou duas pessoas mortas e três feridas, na BR-158, em Três Lagoas.

Conforme reportagem do Correio do Estado, Fernanda Taina Costa da Silva, de 28 anos, conduzia um Fiat Palio, e Fernando Marconi Ramos, de 27 anos, trabalhava como moto-entregador. Ambos colidiram em ua região conhecida como anel viário Samir Tomé.

No Palio conduzido, além da motorista estavam três crianças, de 9 anos, 5 anos e nove meses, que tiveram de ser levadas ao Hospital Regional, mas o estado de saúde de todas era considerado estável. As três estavam no banco traseiro e as duas maiores estavam conscientes e orientadas.

Imagens divulgadas pelo site 24hnewsms mostram que a motocicleta atingiu a parte frontal do veículo e o piloto acabou sendo jogado sobre o para-brisa, do lado da condutora.

Embora não haja testemunhas, os policiais que atenderam à ocorrência constataram sinais de frenagem da moto, que a moto seguia pelo anel viário no sentido ao shopping Três Lagoas, quando foi atingida frontalmente pelo carro, que teria invadido a pista contrária por motivos ainda ignorados. 

 

Cabe recurso

Jogo do bicho: deputado Neno Razuk é condenado a 15 anos de prisão

Condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

16/12/2025 17h45

Deputado estadual Neno Razuk (PL)

Deputado estadual Neno Razuk (PL) Foto: Wagner Guimarães / Alems

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, conhecido como Neno Razuk (PL), foi condenado a 15 anos e 7 meses de prisão, apontado como o "cabeça" de um grupo criminoso para tomar o controle do jogo do bicho em Campo Grande. A condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) nesta segunda-feira (15) e sentencia outras 11 pessoas. 

Conforme os autos do processo que corre em segredo de Justiça, os réus tentaram anular a condenação sob pedindo a nulidade das investigações. Em resposta ao Correio do Estado, André Borges, advogado de defesa do deputado, disse que irá recorrer da sentença. "Defesa certamente recorrerá; processo está longe de encerrar; Neno confia na decisão final da justiça", declarou. 

Condenações 

  • Carlito Gonçalves Miranda 10 anos, 9 meses e 24 dias de reclusão, em regime fechado; Não tem o direito de recorrer em liberar e segue sendo procurado;
  • Diogo Francisco 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;   
  • Edilson Rodrigues Ferreira 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 
  • Gilberto Luis dos Santos 16 anos, 4 meses e 29 dias de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • José Eduardo Abduladah 4 anos e 1 mês de reclusão, em regime fechado; permanecerá em prisão domiciliar;
  • Júlio Cezar Ferreira dos Santos 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Manoel José Ribeiro 13 anos, 7 meses e 1 dia de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • Mateus Aquino Júnior 11 anos e 7 meses de reclusão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado;
  • Roberto Razuk Filho 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Taygor Ivan Moretto Pelissari 4 anos, 11 meses e 15 dias de reclisão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado; 
  • Valnir Queiroz Martinelli 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Wilson Souza Goulart 4 anos, 2 meses e 22 dias de reclusão, no semiaberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 

Buscas

Em novembro deste ano, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), apreendeu mais de R$ 300 mil durante a operação deflagrada contra alvos ligados à família Razuk. A ação, realizada em conjunto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, também resultou na prisão de três familiares do deputado estadual Neno Razuk. 

Foram detidos o pai do parlamentar, Roberto Razuk, e os irmãos Rafael Razuk e Jorge Razuk. Segundo informações, além do montante em dinheiro, equipes recolheram armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho.

Os materiais foram apreendidos durante o cumprimento dos 20 mandados de prisão preventiva e 27 de busca e apreensão executados  em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Em Dourados, viaturas foram vistas logo cedo em bairros como Jardim Água Boa e Vila Planalto. A residência de Roberto Razuk foi um dos principais pontos de ação, onde agentes recolheram malotes.

Outro alvo da operação é Sérgio Donizete Balthazar, empresário e aliado político, proprietário da Criativa Technology Ltda., que no início deste ano ingressou no Tribunal de Justiça com mandado de segurança para tentar suspender a licitação da Lotesul, estimada em mais de R$ 50 milhões.

Também aparecem entre os alvos o escritório de Rhiad Abdulahad e Marco Aurélio Horta, conhecido como "Marquinho", chefe de gabinete de Neno Razuk e funcionário da família há cerca de 20 anos.

A família Razuk, já foi alvo de apurações relacionadas ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. A ação é tratada pelo Ministério Público como uma nova fase dessas investigações.

FASES

Em outubro de 2023, antes das fases da Successione, a Polícia Civil fez uma apreensão de 700 máquinas da contravenção, semelhantes a máquinas de cartão utilizadas diariamente em qualquer comércio, sendo facilmente confundidas.

As prisões foram desencadeadas a partir da deflagração das fases da Operação Successione, que começou no dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Foi nesta fase que os ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram pegos.

Duas semanas depois, no dia 20 de dezembro, foi deflagrada a segunda fase da operação, com o cumprimento de 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão. Ela foi realizada após investigações do Gaeco apontarem que a organização criminosa continuou na prática do jogo do bicho, além de concluírem que policiais militares também atuavam nesta atividade.

No dia 3 de janeiro do ano passado, chegou a vez da terceira fase da operação, com mais dois envolvidos presos pela contravenção na Capital.

A disputa pelo controle do jogo ilegal em Campo Grande se intensificou após a prisão de Jamil Name e Jamilzinho, durante a Operação Omertá, em 2019, que eram apontados pelas autoridades como os donos do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. 

Quatro anos depois, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos de reclusão, após um julgamento de três dias.

O termo italiano "Successione"  que dá nome a operação, é uma referência a disputa pela sucessão do jogo bicho em Campo Grande após a operação Omertá. A decisão desta terça-feira cabe recurso. 

**Colaborou Felipe Machado

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