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Durante visita de Lula, Ibama libera "dragagem" do Rio Paraguai

Agora, trabalhos estão sendo classificados como "manutenção de calado" e por isso os estudos de impacto ambiental foram dispensados

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Acompanhando o presidente Lula na visita a Corumbá, nesta quarta-feira (31), o presidente do Ibama, Rodrigo Antonio de Agostinho Mendonça, deu carta branca para o início imediato da dragagem do Rio Paraguai, entre Corumbá e Porto Murtinho. A informação é do secretário estadual de Meio Ambiente de Desenvolvimento Sustentável, Jaime Verruck.

Esta liberação repentina dos trabalhos, conforme explicou o secretário, ocorreu porque o próprio presidente do Ibama entendeu que aquilo que precisava ser feito no chamado tramo sul da hidrovia não se tratava de dragagem, mas de manutenção de calado.

A diferença de nome parece ser insignificante, mas para efeitos de burocracia existe uma diferença gigantesca. Dragagem, explica Verruck, exige estudo de impacto ambiental, o chamado EIA Rima, que geralmente demora meses ou até anos.

Por outro lado, a manutenção de calado depende exclusivamente de uma autorização do comando do Ibama e os trabalhos de desassoreamento já podem começar.

Sendo assim, segundo Verruck “o Ibama deve emitir hoje (01) um documento ao DNIT falando, olha, esse tipo que vocês estão propondo, que é uma manutenção de calado, pode ser feito emergencialmente, até porque já foi feito no Rio Madeira”.

Ele espera que os trabalhos comecem já nos próximos dias, já que o DNIT, segundo ele, tem todos os equipamentos necessários sendo utilizados entre Corumbá e Cáceres. Basta que sejam remanejados algumas centenas de quilômetros rio abaixo para que os trabalhos comecem. 

Ainda de acordo com o secretário, a manutenção de calado precisa ser feita em cinco locais diferentes e o período ideal para isso é agora, quando o nível do rio está baixo.

Ontem, na régua de Ladário, estava em apenas 50 centímetros, o que é um dos mais baixos para esta época do ano desde o início das medições, em 1900. No ano passado, no dia 31 de julho, estava em 4,2 metros. 

Com o início da “dragagem”, o secretário acredita que o transporte de gado e de combustíveis, que sobem o Rio Paraguai rumo à Bolívia, não sofram interrupção total, já que a tendência é de que o nível continue recuando até o final do ano. 

O nível mais baixo que o Rio Paraguai já atingiu na régua de Ladário foi de 61 centímetros abaixo de zero, em 1964. No ano de 2021 chegou perto disso, com 60 centímetros abaixo de zero e a tendência era de que neste ano o cenário fosse pior que isso. 

Porém, as comportas da represa de Manso, em Mato Grosso, começaram a soltar água extra no final de junho e o Rio Paraguai passou  a baixar mais lentamente. “É a primeira vez na história que isso acontece. Ajuda em alguns centímetros, mas isso é muito importante para a navegabilidade”, enfatiza o secretário. 

Por conta dessa água extra, em Cuiabá o nível do rio chegou a subir 57 centímetros em pleno período de estiagem. E o reflexo disso já chegou a Ladário, onde o ritmo de queda passou de 1,7 centímetro por dia para apenas meio centímetro diário em meados de julho, conforme as medições feitas diariamente pela Marinha. 

Depois da conclusão da “dragagem” nos cinco pontos críticos, o transporte de minérios pode até ser feito durante o ano todo, acredita Jaime Verruck. Hoje, depois que fica abaixo de 1,5 metro as embarcações já começam a operar com apenas 70% da capacidade. Depois de ficar com menos de um metro, o transporte é interrompido por completo.

Nos primeiros cinco meses deste ano, conforme dados da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), o transporte de minérios a partir dos portos de Corumbá e Ladário caiu 50% na comparação com o ano passado, recuando de 3,55 milhões de toneladas para apenas 1,78 milhão de toneladas.

Isso ocorreu porque o nível do rio demorou para subir no começo do ano e depois que alcançou 1,47 metro novamente passou a baixar. O nível ficou acima de um metro durante menos de três meses. No ano passado, teve água suficiente durante mais de dez meses, do final de janeiro até o começo de novembro. 

Demora

Desde outubro do ano passado o Governo do Estado esperava a liberação do Ibama para que a dragagem pudesse ser feita. Um total de R$ 95 milhões para custear os trabalhos foi prometido pelo Governo Federal ainda em agosto de 2023, quando do anúncio do Novo PAC. 

Mas, apesar da demora, o secretário acredita que ainda haja tempo suficiente para conclusão da dragagem antes que o rio volte a encher, o que normalmente ocorre a partir do final de outubro.

Cidades

STF: Gilmar e Dino votam para derrubar lei que validou marco temporal

Decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal

15/12/2025 13h35

Ministro Gilmar Mendes

Ministro Gilmar Mendes Andressa Anholete/STF

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta segunda-feira, 15, no plenário virtual, para reafirmar a decisão do plenário que declarou inconstitucional a tese do marco temporal, que limita a demarcação de terras indígenas. Ele foi acompanhado por Flávio Dino.

O decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal concluir todos os processos de demarcação pendentes.

"Passados mais de 35 anos da promulgação da Constituição Federal, parece-me que já transcorreu lapso suficiente para amadurecimento definitivo da questão, de modo que não há mais como remediar a solução desse problema, cabendo, dessa forma, ao Poder Executivo o devido equacionamento da matéria e finalização dos procedimentos demarcatórios em prazo razoável, porém peremptório", defendeu.

O julgamento no plenário virtual fica aberto até a próxima quinta-feira, 18, para os ministros juntarem os votos na plataforma online. Se houver pedido de vista (mais tempo de análise) ou de destaque (transferência do processo ao plenário presencial), a votação é interrompida.

A tese do marco temporal estabelece que povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

Em 2023, em uma decisão histórica, por 9 votos a 2, o STF derrubou a interpretação e definiu que o direito das comunidades a territórios que tradicionalmente ocupavam não depende de uma data fixa.

O tema voltou ao tribunal porque, logo em seguida, o Congresso aprovou um projeto de lei para restringir as demarcações com base no marco temporal. O presidente Lula vetou o texto, mas os vetos foram derrubados pelo Legislativo.

Em paralelo, o Senado provou um projeto de emenda à Constituição (PEC) no mesmo sentido. Com isso, os senadores buscam incluir o critério de demarcação na Constituição. O texto seguiu para análise da Câmara.

Em seu voto, Gilmar Mendes reafirmou a decisão do STF. O ministro afirmou que o tribunal "não pode se esquivar de sua missão constitucional" e, em um aceno ao Congresso, defendeu que a atuação da Corte não pode "ser considerada como afronta ao Poder Legislativo".

"A análise do Supremo Tribunal Federal, no exercício do controle de constitucionalidade, equivale à prevalência da Constituição sobre os poderes constituídos quando estes atuam em descompasso com os limites impostos pela própria Lei Maior e pelo papel contramajoritário das Cortes Constitucionais, no caso o direito natural à própria existência dos indígenas, na medida em que a imposição de determinado limite temporal distante no tempo equivale à vulneração de seu status protetivo constitucional", argumentou o ministro.

O decano ressaltou que a lei é desproporcional e gera insegurança jurídica ao impor um marco temporal de forma retroativa, atingindo comunidades que não dispõem de documentação formal de ocupação.

"Nossa sociedade não pode conviver com chagas abertas séculos atrás que ainda dependem de solução nos dias de hoje, demandando espírito público, republicano e humano de todos os cidadãos brasileiros (indígenas e não indígenas) e principalmente de todos os Poderes para compreender que precisamos escolher outras salvaguardas mínimas para conduzir o debate sobre o conflito no campo", diz outro trecho do voto.

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TRANSPORTE PÚBLICO

Prefeitura nega que esteja devendo Consórcio Guaicurus

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes

15/12/2025 12h30

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo FOTO: Divulgação

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Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (15), no plenarinho da Prefeitura de Campo Grande, representantes da administração municipal afirmaram que o Executivo não possui qualquer dívida com o Consórcio Guaicurus. 

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes, que delegou a fala a integrantes de sua equipe.

A coletiva também foi marcada por restrições à imprensa, equipes de diversos veículos, entre eles o Correio do Estado, foram barradas de acompanhar o pronunciamento logo ao chegar no local. 

Apesar disso, a reportagem teve acesso a áudios da entrevista, nos quais aparecem as declarações de Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agereg; Ulysses Rocha, chefe de gabinete da Prefeitura; e Cecília Saad Cruz Rizkallah, procuradora-geral do Município, que reforçaram a versão oficial de que não há débitos pendentes com o consórcio.

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo e, em alguns casos, de forma antecipada. De acordo com Figueiró, apenas em 2025 o município transferiu mais de R$ 35 milhões ao consórcio, somando subsídios, vale-transporte e pagamentos de gratuidades. 

“Um contrato que hoje tem 197 ônibus com a idade acima da média que não deveriam estar circulando na cidade de Campo Grande, inclusive já tem duas multas preparadas pela agência de regulação. A agência de regulação aplicou uma multa de R$ 12 milhões e eles, no outro dia, contrataram o seguro. O que comprova que não é somente a falta de dinheiro”, afirmou.

Durante a coletiva, os representantes do município ressaltaram que, na semana passada, a prefeita Adriane Lopes autorizou a antecipação de cerca de R$ 3 milhões referentes a subsídios e valores que só venceriam ao longo do mês de dezembro. A medida teve como objetivo garantir fluxo de caixa ao consórcio para o pagamento dos salários dos trabalhadores e impedir a paralisação do serviço.

“Esse pagamento ainda não estava vencido e foi antecipado dentro do limite legal”, disse o diretor-executivo. Conforme a explicação apresentada, o valor máximo permitido por lei para repasses neste período, de aproximadamente R$ 19,5 milhões, já foi integralmente transferido ao consórcio, não havendo pendências financeiras por parte do município.

A administração municipal também destacou que a paralisação ocorreu apesar de decisão judicial que estabelece regras para greves em serviços essenciais. A procuradora-geral do Município explicou que há determinação para manutenção mínima de 70% da frota em circulação, com reforço nos horários de pico, o que não teria sido cumprido. “A paralisação total caracteriza abusividade”, afirmou.

Diante do descumprimento, a Agência de Regulação (Agereg) notificou o consórcio e iniciou os trâmites para aplicação de multa. Segundo Figueiró, a penalidade já estava em fase de formalização e deveria ser entregue ainda nesta segunda-feira. A Procuradoria-Geral do Município também informou que atua no processo judicial e acompanha audiência marcada para esta terça-feira (16).

Questionados sobre um possível rompimento contratual, os representantes do Executivo afirmaram que a medida exige cautela e não pode ser adotada de forma imediata. Cecília e Figueiró explicaram que há etapas administrativas e jurídicas a serem cumpridas, incluindo notificações, prazos de defesa e análise técnica, além da necessidade de garantir a continuidade do serviço.

Por fim, a Prefeitura reiterou que a prioridade é restabelecer o transporte coletivo. “O município cumpriu suas obrigações financeiras. O consórcio, como empresa privada regulada, também precisa cumprir com as suas responsabilidades perante a população”, declararam.

Segundo dados apresentados, a paralisação afetou cerca de 110 mil usuários do sistema e aproximadamente mil trabalhadores do transporte coletivo.

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