Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) apontam que só de janeiro a 28 de março deste ano, 26 casos de lesão corporal dolosa, quando há intenção de ferir, foram notificadas nas escolas do Estado.
No entanto, o ano passado foi o mais violento nas escolas, com 151 notificações de lesões corporais dolosas que foram praticadas dentro das escolas. O interior do Estado é onde a maioria dessas violências ocorrem.
Nesse ano, foram 16 notificações no interior, de janeiro a 28 de março, enquanto na Capital foram 10 casos. Em 2022, o interior do Estado foi responsável por 104, dos 151 registros de violência nas escolas, Campo Grande teve 47 casos.
Nos anos anteriores, os números são bem inferiores. Em 2021 foram 22 casos de lesão corporal dolosa nas escolas, sendo 12 registradas no interior e 10 na Capital. Já em 2020, período em que a maioria das escolas ficaram fechadas devido à pandemia, foram notificados 20 casos de violência em ambiente escolar, sendo 11 no interior do Estado e nove em Campo Grande.
Casos
No entanto, esse número tende a ser maior, pois na última semana, uma aluna de 16 anos da Escola Estadual João Leite de Barros, em Corumbá, sofreu um corte no braço após ter sido esfaqueada em uma briga, no portão do colégio.
A briga foi entre duas adolescentes, de 15 e 16 anos, que estudam na mesma sala. A discussão começou no portão de entrada, e a jovem esfaqueada empurrou a outra, que retirou uma faca escondida embaixo da camiseta e deferiu alguns golpes.
O objeto era de pequeno porte, e após o ataque, outros estudantes entraram na briga para retirar a faca da adolescente de 15 anos. A aluna esfaqueada precisou de seis pontos no braço.
Já na Capital, no dia 22 de março, um aluno levou uma arma de mentira e ameaçou o diretor da Escola Estadual Teotônio Vilela, que havia acabado se separar uma briga entre outros dois estudantes. O diretor desarmou o adolescente e depois percebeu que era um simulacro.
A violência nas escolas não é notada apenas em Mato Grosso do Sul. Na última segunda-feira (27), um aluno da Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, realizou um ataque que deixou uma professora morta e quatro feridos.
No dia seguinte ao ataque em São Paulo, um estudante de 15 anos foi contido por funcionários na Escola Municipal Manoel Círero, no Rio de Janeiro, após tentar agredir com golpes de facadas outros estudantes do colégio.
Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), Jaime Teixeira, a escola por si só não gera violência, mas a violência acaba adentrando os muros escolares por ser um reflexo da sociedade.
Para Teixeira, uma série de ações devem ser feitas, como mudanças no currículo escolar que despertem mais o interesse dos alunos, salas de aula menos lotadas, presença de psicólogos e assistentes sociais nas escolas, mas também, a participação efetiva da família.
A psicóloga Claudia Pinheiro relata que a questão familiar é importante para se entender a violência nas escolas, pois quando as crianças testemunham violências, principalmente no ambiente familiar, isso pode causar um sentimento de impotência em que a agressividade compensa essa sensação.
“Essas crianças, quando são expostas à violência, podem ser mais explosivas e, consequentemente, demonstrar a raiva mais rapidamente. É um turbilhão de emoção que acaba explodindo”, explica a psicóloga.