Cidades

ALERTA SAÚDE

Em 7 anos, cigarro eletrônico corroeu pulmão de jovem em Mato Grosso do Sul

Paulo Henrique está mais de um mês internado, ele teve pneumonia com derrame pleural devido ao uso do dispositivo

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O jovem Paulo Henrique Sampaio Ortiz, de 22 anos, está há mais de um mês internado no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande. Ele teve graves problemas de saúde, devido ao uso de cigarro eletrônico durante 7 anos. O jovem começou a fumar aos 15 anos, segundo ele, para se “igualar aos outros”.

No entanto, no dia 15 de junho ele foi ao médico devido a uma tosse seca e com sangue, e dias depois deu entrada no Hospital Regional, após piora do seu quadro. Ele afirma que nunca teve problemas de saúde, mas depois do uso do cigarro eletrônico e narguilé, teve pneumonia com derrame pleural.

“Eu acordei tossindo muito sangue, imediatamente fui pro hospital. Chegando lá, passei pelo médico e já diagnosticou que eu estava com pneumonia bacteriana, então ele passou um antibiótico pra mim, que eu tinha que estar tomando uma vez ao dia, por uma semana. Todo dia eu tinha que ir ao hospital. No terceiro dia que eu fui tomar o antibiótico a minha respiração estava trancada, eu não respirava, não entrava ar no pulmão. Então já fui pro estado mais crítico, colocaram eu na frente de todo mundo e me levaram imediatamente para a sala de oxigênio”, relatou o paciente.

O pulmão de Paulo Henrique teve necrose, e ele operou metade do órgão direito e colocou dreno. Agora, o jovem alega que está bem, e em recuperação no hospital.

“O cigarro eletrônico é disseminado entre 15 e 25 anos. E é uma verdadeira bomba atômica, porque ao fazer uso do cigarro eletrônico nós estamos criando uma geração que daqui há 10, 15 anos, serão pessoas que estarão com DPOC, terão pressão arterial, risco de câncer, terão problemas cardiovasculares, então é muito grave”, alerta o médico pneumologista Dr. Ronaldo Perches Queiroz.

Segundo dados da Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), que fez um levantamento de 2018 a 2023, Mato Grosso do Sul é o segundo do país com maior número de usuários de cigarro eletrônico, de pessoas entre 18 a 54 anos.

“O cigarro eletrônico é crítico para os jovens e os adultos. É algo que não é brincadeira, é um assunto importantíssimo, tanto que as vendas no Brasil deviam ser ilícitas, porque é algo que está acabando com a vida dos jovens. Deixa a respiração fraca, ofegante, depois começa a dar sintomas de pneumonia, as vezes pode dar até tuberculose, destrói o pulmão”, comenta Paulo.

Porém, o cigarro eletrônico é proibido no país desde 2009, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar” são considerados ilegais no Brasil.

“A decisão foi tomada após extensa avaliação de seus riscos e impactos à saúde pública brasileira. A Resolução da Diretoria Colegiada RDC n° 855/2024 além de proibir a comercialização, importação, o armazenamento, o transporte e a propaganda dos DEF, reforça a proibição de seu uso em recintos coletivos fechados, público ou privado”, ressalta a Anvisa.

DOENÇAS

Uma das doenças que mais preocupam os médicos é a Evali, sigla em inglês para lesão pulmonar induzida por cigarro eletrônico. De acordo com o pneumologista Dr. Ronaldo Perches Queiroz, além das doenças cardiovasculares, riscos de câncer, que são comuns a pessoas que também usam o cigarro convencional, as pessoas que fazem uso de dispositivos eletrônicos para fumar estão suscetíveis a Evali.

“O cigarro eletrônico provoca nos jovens um tipo de pneumonia inflamatória aguda e grave, ou gravíssima, que é uma inflamação dos brônquios, que leva a insuficiência respiratória dos jovens, que necessitam de oxigênio, internação em UTI, intubação orotraqueal e existe um índice de morte significativo. É uma pneumonia chamada Evali, e essa pneumonia já foi descrita fora e aqui no Brasil também, ocorre entre jovens de 15 a 25 anos, que são usuários do cigarro eletrônico”, informa o médico.

A pneumologista do Hospital São Julião, Dra Angela Queiroz, comenta que as principais diferenças entre o cigarro comum e o eletrônico estão na forma de inalar, porque além da nicotina, que está sim presente no dispositivo eletrônico, ele contém também outras substâncias que são chamadas de essências, que contém cheiro de frutas, especiarias, para deixar mais atraente o fumo.

“Já tem vários trabalhos mostrando que no ensino fundamental, essas crianças, e são mais meninos do que meninas, começaram o hábito (de fumar), nem pai nem mãe sabem, porque não tem o cheiro, mas tem nicotina. O problema disso é que o uso, cada vez mais crescente, faz com que eles se tornem cada vez mais dependentes e eles vão precisar usar o cigarro convencional”, esclarece a pneumologista.

Outro estudo publicado, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que Campo Grande é a capital que mais tem adolescentes que já experimentaram algum tipo de droga, enquanto o cigarro eletrônico já foi utilizado por 30,9% dos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental. Já o narguilé é o primeiro do ranking, tendo sido experimentado por 51,1% dos adolescentes.

Entretanto, como o uso de dispositivos eletrônicos para fumar é algo relativamente novo, muitos estudos estão em andamento, para avaliar como o uso desses cigarros impacta o corpo humano. Apesar de ainda não haver uma conclusão publicada, ambos os médicos pneumologistas ouvidos pelo jornal acreditam que sim, há também fumantes passivos de cigarros eletrônicos, já que nesses dispositivos também há nicotina presente.

Saiba

Enquanto o uso do cigarro comum começa a causar problemas de saúde geralmente após os 50 anos de idade, o cigarro eletrônico pode acarretar em doenças antes, com 10 anos de uso, alerta Ronaldo Perches.

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MATO GROSSO DO SUL

Por manchar título 'anti celular' da Gameleira, policial penal tem condenação 'exemplar'

Em esquema que envolve corrupção de agentes e "gravatas" como pombos-correios do crime, Ministério Público já soma mais de 300 anos de condenação obtida

18/10/2024 09h59

Policial penal foi condenado a mais de uma década de prisão por facilitar entrada de celulares em presídio

Policial penal foi condenado a mais de uma década de prisão por facilitar entrada de celulares em presídio Marcelo Victor/Correio do Estado

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Quase um ano e meio após saírem às ruas, para desarticular grupo de policiais e advogados ligados a facções, o Ministério Público Estadual (MPMS) colhe os frutos da operação que já soma mais de 300 anos de condenação aos envolvidos, entre eles um policial penal que manchou o título "anti celular" da Gameleira I. 

Estabelecimento penal de segurança máxima de Campo Grande, a unidade voltada para detentos masculinos que cumprem regime fechado tinha, até então, a fama de não registrar aparelhos móveis juntos aos internos, o que caiu por terra com o trabalho do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). 

Aqui é importante lembrar que, em 05 de maio de 2023, os agentes do Gaeco foram às ruas de oito municípios sul-mato-grossenses (bem como no Distrito Federal e outros três Estados) mirando o cumprimento de 92 mandados de prisão e 38 de busca e apreensão. 

Batizada de "Bloodworm", os alvos seriam apoiadores e integrantes da organização criminosa batizada de Comando Vermelho (CV), mirando justamente policiais penais e advogados que supostamente agiam em serviço da facção. 

Foram pelo menos 15 meses de serviço investigativo para desenhar a teia, composta por advogados; agentes penitenciários e internos do sistema prisional de Mato Grosso do Sul pertencentes à facção do CV.  

Todo esse trabalho do Grupo pela Bloodworm trouxe números que, segundo o Ministério, podem ser considerados expressivos, como: 

  • 61 pessoas condenadas
  • 9 ações penais julgadas
  • 2 ações penais pendentes de julgamento
  • 302 anos, 4 meses e 7 dias de penas no total

Celular na prisão

Nessa somatória de pena, a maior condenação que o Gaeco obteve foi justamente em cima do policial penal que facilitou entrada de celulares na Gameleira. 

Por usar de cargo público com intuito de auxiliar as ações criminosas, permitindo acesso a telefones aos internos do regime fechado em Campo Grande, esse policial penal pegou sozinho 10 anos e 8 meses de prisão. 

Segundo o MPMS, essa entrada facilitada por policiais penais e advogados corrompidos pela organização, fazia com que os chefões da facção fluminense expandissem seu "domínio" em território sul-mato-grossense. 

Demais crimes e condenações

De dentro do presídio, os integrantes da facção seguiam arquitetando uma série de crimes, desde o mais comum tráfico de drogas e rouba, até mesmo o comércio de armamentos, segundo provas obtidas. 

Como se não bastasse, até mesmo a preparação para uma guerra contra a - assim intitulada - "maior facção do Brasil", para tirar comando do crime em Mato Grosso do Sul das mãos da quadrilha rival nascida em São Paulo, o Primeiro Comando da Capital (PCC). 

Ainda conforme o Ministério Público, boa parte dos condenados incorrem como integrantes de organização armada, havendo ainda: 

  • Associação para o tráfico, 
  • Tráfico de drogas,
  • Corrupção ativa e 
  • Corrupção passiva,

Aqui, cabe esclarecer que os dois últimos crimes citados dos modos de corrupção, aparecem aqui listados já que há o envolvimento de servidores públicos que infringiram seu dever funcional. 

Nas palavras do Grupo de Atuação Especial, os resultados da ideia de responsabilizar integrantes do CV tem sido extremamento satisfatórios. 

"Atingiu o grupo em um momento em que, pela primeira vez na história, tentava de fato se estruturar e se fortalecer em nosso Estado com o fito [intenção] de rivalizar com a outra facção aqui atuante há mais tempo e também por muitas vezes igualmente combatida pelo Ministério Público e, em especial, pelo Gaeco", expõe. 

Advogados do crime

Citado pelo ministério público, como os advogados envolvidos eram usados como "pombos-correios" da facção, a função apelidada no mundo criminoso como "gravata", a Bloodworm se entrelaça com a Operação Courrier. 

Se pelo menos três advogados foram alvos da Bloodworm, outros 11 já haviam entrado na mira da Courrier em março de 2022, em uma série de desmantelamentos do crime organizada que ficou conhecida como "Sintonia dos Gravatas". 

Na segunda fase dessa operação, em março desse ano, o defensor público Helkis Clark Ghizzi teve sua função suspensa após ação dos promotores, sendo que seu próprio filho já havia sido preso entre os 11. 

Ghizzi filho aparece na denúncia do Ministério Público como um dos "principais implicados com o PCC", já que após obter senhas como o servidor afastado do Fórum de Campo Grande (Rodrigo Pereira da Silva Corrêa), Bruno teve acesso a informações privilegiadas e sigilosas em processos onde integrantes do Primeiro Comando eram réus. 

 

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ELEIÇÕES 2024

Candidatas prometem zerar filas de creches para conquistar votos

Rose e Adriane afirmam em seus planos de governo que vão entregar obras inacabadas de Emeis; especialista aponta que serão necessários recursos para que medida funcione

18/10/2024 09h30

Alunos da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande, na saída da escola no bairro Dom Antônio

Alunos da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande, na saída da escola no bairro Dom Antônio Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Adriane Lopes (PP) e Rose Modesto (União Brasil) apostam na entrega de escolas municipais de Ensino Infantil (Emeis) para conquistar os votos dos campo-grandenses.

Ambas as candidatas à Prefeitura de Campo Grande prometem terminar as unidades que estão em construção há anos e, assim, diminuir a lista de espera de mais de 6 mil crianças, segundo documento da Secretaria Municipal de Educação (Semed), que precisam de uma vaga.

Rose Modesto vai além e promete, ainda, construir novas Emeis, enquanto Adriane Lopes aponta que fará o reordenamento de vagas da Educação Infantil para atender à demanda reprimida da Rede Municipal de Ensino (Reme). A falta de vagas em creches da Capital é um problema recorrente e, apesar de ter diminuído, ainda atinge milhares de crianças e famílias.

Além desse ponto em comum, ambas as candidatas apostam em investimentos em tecnologia e capacitação continuada de professores em seus planos de governo.

Para o empresário e professor Pedro Chaves, o investimento em formação continuada para os educadores poderá levar a melhorias na qualidade da educação oferecida no município.

Ao analisar as propostas de Adriane Lopes, Chaves destaca as promessas de melhoria da infraestrutura das escolas, como iluminação, ares-condicionados, recursos audiovisuais e cobertura de quadras para a prática esportiva em todas as escolas municipais, implementação de internet de alta velocidade e energia fotovoltaica, o que pontua como uma “abordagem moderna”.

Entretanto, Chaves atenta que, para a realização dessas propostas, será necessário um planejamento orçamentário e, possivelmente, uma captação de recursos externos, mas classifica as medidas como viáveis.

No plano de governo de Rose Modesto, Pedro Chaves destaca a expansão das escolas em tempo integral e a modernização das Emeis como propostas que podem melhorar o acesso e a qualidade de ensino na Capital.

Pedro Chaves comenta que “a construção de novas escolas e a melhoria das existentes poderão exigir investimento que ultrapassa o orçamento disponível” e a “implementação e a manutenção de programas novos e melhorias contínuas poderão exigir um planejamento cuidadoso, para evitar falhas”.

PROPOSTAS

Além dos pontos já citados, a atual prefeita e candidata Adriane Lopes também colocou em seu plano de governo a implementação de novas áreas verdes, a ampliação dos espaços de recreação para atividades físicas e de convívio e a implementação de internet de alta velocidade, câmeras de videomonitoramento, laboratórios modernos e tablets e sistemas computacionais para uso educacional.

A respeito da inclusão e da diversidade, Adriane Lopes pretende “fortalecer a inclusão e a diversidade cultural a partir da implantação de projetos pedagógicos inclusivos no currículo escolar e capacitações permanentes para todo o corpo docente da Educação”.

No Ensino Fundamental, Adriane afirma que vai continuar com as ações integradas de avaliação, como o simulado da Reme, a implantação de metodologias ativas de ensino, o atendimento psicopedagógico, o letramento digital e a gestão eficiente de recursos, entre outros.

Para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a atual prefeita planeja retomar o programa Brasil Alfabetizado, em parceria com o governo federal.

Adriane ainda promete garantir uma alimentação de qualidade, promovendo programas de educação alimentar e comprando produtos de micro e pequenos produtores da Capital, potencializar parcerias com empresas e instituições para oferecer atividades complementares e formação extracurricular para os alunos e usar tecnologia para preparar os estudantes para o mercado de trabalho, utilizando o Parque Tecnológico de Campo Grande.

Rose Modesto, além dos projetos já citados, pretende promover concurso público para profissionais da área de ensino para o quadro efetivo, aperfeiçoar e ampliar o programa de fornecimento de merenda escolar na Reme, com o acompanhamento de equipe nutricional e comprando produtos da agricultura familiar, e criar um programa continuado em cada região da Capital e nos distritos para apoiar e encaminhar profissionais da educação e da comunidade escolar para atendimento psicológico.

A candidata do União Brasil propõe ainda potencializar a qualidade do ensino, fortalecendo o programa de reforço escolar para alunos com defasagem de aprendizado, implementar avaliações periódicas, modernizar equipamentos, reativar laboratórios de informática e matemática nas escolas, atualizando os sistemas e integrando a tecnologia de forma transversal no ensino, e implementar políticas públicas de sensibilização sociocomportamental, com a promoção de ações de combate ao bullying e à discriminação nas escolas.

Na educação inclusiva, Rose pretende expandir a acessibilidade, ampliando as práticas e garantindo acesso a ambientes de aprendizagem adequados, capacitando profissionais com treinamentos sobre práticas inclusivas e disponibilizando equipes volantes multidisciplinares de saúde para realizar diagnósticos, a fim de proporcionar atendimento educacional especializado e tratamentos.

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