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Em colapso, Mato Grosso do Sul tem recorde de mortos e internados

Aumento da letalidade é resultado de alto contágio e mais internações

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Mato Grosso do Sul enfrenta o momento mais agudo da pandemia de coronavírus, com recorde de internações e de mortes. Ontem o Estado havia registrado 39 mortes, e nesta quarta-feira o boletim deve trazer 42 óbitos por Covid-19. 

O número de pessoas hospitalizadas é de 893, o maior registrado na pandemia. No País, o dia também foi de recorde: 2.842 óbitos.

Infectologista afirma que Mato Grosso do Sul enfrenta o pior momento em toda a pandemia e que a situação ainda pode piorar.

De acordo com boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), MS registrou 39 mortes, em 15 municípios diferentes. Campo Grande foi a cidade com maior número de notificações, com 19 óbitos, seguida de Naviraí e Dourados, com quatro mortes cada. 

Ontem à noite, Geraldo Resende, secretário de Saúde, informou que nesta quarta-feira o boletim traria mais 42 mortes.

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Miranda, Costa Rica, Nova Andradina, Três Lagoas, Paranaíba, Aquidauana, Bela Vista, Caracol, Anastácio, Brasilândia, Angélica e Pedro Gomes registraram ontem uma morte cada. A idade dos casos varia entre 38 e 89 anos.

Com os novos casos, Mato Grosso do Sul soma 3.709 mortos desde o início da pandemia. Do total, 1.327 óbitos ocorreram em 2021, o que representa mais de 64% dos casos.

CAUSA E CONSEQUÊNCIA

De acordo com a infectologista Ana Lúcia Lyrio, o recorde de mortes é um reflexo das altas constantes de internações que ocorreram nos últimos dias, quando o Estado registrou recordes consecutivos. 

“Na verdade, é consequência do alto número de infectados com piora clínica e do difícil acesso ao serviço de alta complexidade, consequentemente resultando neste número absurdo”, declarou.

Lyrio destacou que Mato Grosso do Sul está na pior fase desde o início da pandemia, que ainda pode ter uma piora. 

“Já estamos em franca disseminação do vírus, com grande circulação da cepa P.1, que é muito mais transmissível que a cepa anterior. Caso as pessoas não tomem consciência e mudem o comportamento, não haverá redução dos casos. Acredito que as medidas restritivas adotadas no Estado devam surtir algum efeito”.

Nos últimos cinco dias, o Estado tem registrado recordes de internações diárias. Ontem havia 893 pessoas internadas, sendo 489 em leitos clínicos (315 públicos; 174 privados) e 404 em leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) (305 públicos; 99 privados).

Ocupação de leitos

Dados do sistema Mais Saúde da SES apontam que a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 está em 93,26% em Mato Grosso do Sul. A ocupação das vagas de UTI para tratamento geral dos hospitais do Estado está em 90,40%.

A ocupação global de leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) na macrorregião de Campo Grande está em 96%, Dourados, 92%, Três Lagoas, 100%, e Corumbá, 105%. 

Segundo o Mais Saúde, a Capital está com 93,53% de ocupação dos leitos de UTI destinados para o tratamento da Covid-19 e 96,79% das vagas de UTI geral. Além disso, a ocupação dos leitos clínicos de Campo Grande está acima de 78%.  

Hospitais particulares de Campo Grande alertaram que a situação atual é preocupante e que chegaram ao limite. Cassems, Unimed, Clínica Campo Grande, Proncor, Pênfigo e El Kadri fizeram um pronunciamento conjunto na segunda-feira (15).

Em carta, informaram que as unidades hospitalares enfrentam dificuldades para regulação de leitos de UTI e semi-intensivos, contratação de profissionais de saúde e obtenção de equipamentos médicos e remédios. Além disso, o tempo de espera para atendimento também é maior, e os locais não possuem mais capacidade de ampliar seu espaço físico. 

O secretário Geraldo Resende afirmou que o governo tenta a abertura de novos leitos de UTI para suprir a demanda. No entanto, há dificuldade para encontrar novos locais e profissionais de saúde que são necessários para manutenção de leitos, como intensivistas, enfermeiros e fisioterapeutas.

Resende disse que leitos estão sendo improvisados e doentes estão em locais inadequados: “Pessoas estão em pronto-socorros, ala vermelha, ala azul e centros cirúrgicos, já que não estão fazendo cirurgias eletivas. Isso nos preocupa”.

“Vamos fazer um apelo à universidade, ao HU [Hospital Universitário] da UFGD e também ao Ministério da Educação, já que lá é um hospital universitário, para nos ajudarem a abrir o Hospital da Mulher em Dourados, recentemente inaugurado, para que nós tenhamos lá 10, 20, 30 leitos de UTI, com o mesmo quantitativo de leitos clínicos, porque aqui na Capital tudo o que for possível fazer com o município nós vamos fazer”, explicou Resende.

ATRITO

Diante do cenário atual da crise em razão da pandemia, o prefeito de Campo Grande, Marcos Trad, afirmou em entrevista a uma rádio da Capital que a informação da lotação de leitos causa pânico na população. 

Trad ainda declarou que os leitos não estão na capacidade máxima de ocupação. Após afirmações do prefeito, o secretário de Estado de Saúde rebateu que os próprios hospitais já enviaram comunicado ao prefeito, em que afirmam que estão na capacidade máxima, e ressaltou a dificuldade para abertura de novos leitos, por falta de espaço e recursos humanos.  

“Nós precisamos ser realistas: quanto a números, não há contestações. Não há vagas em leitos de UTIs nem em leitos clínicos em Mato Grosso do Sul, principalmente aqui na Capital”, ressaltou.

O secretário destacou que muitas pessoas não têm noção da proporção da pandemia por ouvirem orientações de pessoas que não seguem a ciência e que a propagação das informações não é para trazer pânico, e sim mostrar a situação do Estado.  

“Não podemos nos guiar por aqueles que estão fora da área da saúde, que nada entendem de saúde e que querem dar caminhos para o município de Campo Grande enfrentar essa pandemia”, avaliou.

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Cidades

STF mantém regra da reforma que reduziu aposentadoria por incapacidade permanente

Valor mínimo do benefício será de 60% da média dos salários, com acréscimo de 2% para cada ano de contribuição que ultrapassar 20 anos

18/12/2025 22h00

Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O Supremo Tribunal Federal decidiu, por 6 votos a 5, manter a mudança da reforma da previdência de 2019 na aposentadoria por incapacidade permanente causada por doença grave, contagiosa ou incurável. Em julgamento na tarde desta quinta-feira, 18, a maioria dos integrantes da Corte máxima validou regra que alterou o cálculo de tal tipo de aposentadoria, estabelecendo que o valor mínimo do benefício será de 60% da média dos salários, com acréscimo de 2% para cada ano de contribuição que ultrapassar 20 anos.

Foi estabelecida a seguinte tese: "É constitucional o pagamento do benefício de aposentadoria por incapacidade permanente, nos termos fixados pelo artigo 26, parágrafo segundo, inciso terceiro da Emenda Constitucional 103 de 2019, para os casos em que a incapacidade para o trabalho seja constatada posteriormente à reforma da Previdência."

A discussão sobre o pagamento da aposentadoria, se integral ou seguindo as regras da reforma, foi finalizada em sessão plenária realizada nesta tarde. No julgamento, os ministros Luiz Fux e Gilmar Mendes acompanharam o voto do relator, Luís Roberto Barroso (aposentado). Já haviam seguido tal corrente os ministros Kassio Nunes Marques, Cristiano Zanin e André Mendonça Ficaram vencidos Flávio Dino, Edson Fachin, Alexandre Moraes, Dias Toffoli e Carmen Lúcia.

Os ministros analisavam um recurso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contra decisão do Juizado Especial do Paraná que determinou o pagamento integral de aposentadoria a um beneficiário com incapacidade permanente. Em abril de 2024, a Corte máxima reconheceu a repercusssão geral do caso - que a decisão do STF valeria para outros casos semelhantes em todo o país. Com a finalização do julgamento nesta tarde, foi reformada a decisão que beneficiou o segurado paranaense.

O voto de Barroso, que restou vencedor, rejeitou as alegações de que a mudança proporcionada pela reforma da previdência de 2019 ofenderia os princípios constitucionais da isonomia, à dignidade humana e à irredutibilidade do valor dos benefícios. O ministro assinalou, por exemplo, que não havia inconstituionalidade na diferenciação dos benefícios de incapacidade temporária e incapacidade permanente.

Também não viu violação de isonomia na diferenciação da aposentadoria por incapacidade permanente, de uma forma geral, e a aposentadoria por incapacidade permanente decorrente de acidente de trabalho.

Quem abriu divergência no julgamento foi o ministro Flávio Dino, que votou pela inconstitucionalidade da mudança. A avaliação foi a de que a forma de cálculo da reforma fere diversos princípios estruturantes do Estado Democrático de Direito e que não é possível a distinção de aposentadoria "lastreada na origem da deficiência". "O segurado confronta-se com o mesmo risco social e com um quadro de saúde severo, frequentemente associado à maior dependência e à consolidação da inaptidão para o trabalho", apontou.

 

 

Cidades

Em crise financeira, Hospital Alfredo Abrão terá contratos analisados pelo MPMS

Os documentos analisados pela Promotoria de Justiça apontam um déficit mensal próximo de R$ 780 mil, reconhecido pela própria gestão municipal

18/12/2025 19h20

O Hospital do Câncer atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado

O Hospital do Câncer atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado Divulgação: Hospital do Câncer Alfredo Abrão

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O Hospital de Câncer Alfredo Abrão (HCAA) vive cenário de desequilíbrio financeiro, agravado por limitações orçamentárias e pela crescente demanda por serviços oncológicos de média e alta complexidade no Sistema Único de Saúde (SUS). Diante das circunstâncias, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou procedimento administrativo para acompanhar a contratualização e o financiamento do local.

De acordo com os documentos analisados pela 76ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, há um déficit mensal próximo de R$ 780 mil, reconhecido pela própria gestão municipal, além de perdas adicionais decorrentes da não cobertura de produção excedente desde novembro de 2024. 

O hospital também enfrenta atrasos no pagamento de procedimentos já realizados, redução temporária do teto MAC (Média e Alta Complexidade), pendências de liberação de emendas parlamentares e insuficiência de repasses para custear cirurgias, quimioterapias, radioterapias, exames de imagem e manutenção de leitos clínicos. 

Como o HCAA atende cerca de 70% dos pacientes com câncer no Estado, qualquer interrupção representa risco imediato de desassistência em larga escala.

Em resposta às requisições, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou repasses mensais que totalizam R$ 1.738.005,52, distribuídos entre incentivos de custeio e projetos específicos.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), por sua vez, reconheceu o excedente de produção e informou que o pedido de majoração do teto MAC está protocolado no Ministério da Saúde desde 2023, aguardando disponibilidade orçamentária federal.

O Ministério da Saúde confirmou que os pleitos permanecem em análise, tendo havido apenas um repasse pontual de R$ 2.999.840,00 ao Município para ações de média e alta complexidade.

Diante desse quadro, o MPMS expediu portaria e edital tornando pública a instauração do procedimento e notificou formalmente o Ministério da Saúde, a SES, a Sesau e a direção do HCAA.

Entre as diligências determinadas, estão pedidos de informações sobre repactuações contratuais, recomposição financeira, cobertura da produção excedente, valores recebidos em 2025, déficit acumulado e providências adotadas para garantir a continuidade dos atendimentos.

O MPMS destaca que sua atuação é preventiva, institucional e colaborativa, voltada para preservar a continuidade do atendimento oncológico e a promover soluções coordenadas entre Município, Estado e União. O objetivo é assegurar estabilidade financeira ao HCAA, evitar a interrupção de tratamentos que não podem ser suspensos e garantir que a assistência oncológica permaneça integral, resolutiva e acessível à população.

Com o procedimento instaurado, a Promotoria de Justiça seguirá monitorando respostas, prazos, repasses e eventuais reprogramações orçamentárias, além de fomentar pactuações que permitam ampliar a oferta de serviços com segurança, transparência e qualidade. A atuação ministerial busca prevenir o colapso assistencial e assegurar a efetividade do direito fundamental à saúde dos pacientes oncológicos de Mato Grosso do Sul.

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