Uma pessoa vinda da Europa de férias para o Brasil, que seria uma médica de 28 anos, está com sarampo - doença considerada erradicada do País desde 2000 pelo Ministério da Saúde. Ela está internada em isolamento relativo no Hospital São Julião em Campo Grande (MS).
A paciente veio da França para o Rio de Janeiro no dia 1º de março deste ano e já apresentava sintomas da doença no voo. Ela ficou hospedada na cidade por dois dias e foi de ônibus para São Paulo, depois para Foz do Iguaçu. De lá, ela veio de ônibus para Campo Grande.
O caso, que foi confirmado neste início de tarde, é acompanhado por um médico infectologista e outros que dão suporte ao tratamento dos sintomas e fazem acompanhamento do caso pelos locais onde ela passou no País.
A suspeita é de que a transmissão aconteceu entre os dias 19 e 20 de fevereiro na França, quando esteve em contato com duas crianças com possíveis sintomas da doença. O caso, que foi confirmado no início desta tarde, é acompanhado por um médico infectologista e outros que dão suporte ao tratamento dos sintomas e fazem acompanhamento do caso pelos locais onde ela passou no País.
O diretor-geral da Secretaria de Saúde e epidemiologista doutor Eugênio Barros, um dos médicos que acompanham o histórico da paciente, esclarece que todos os procedimentos para evitar a transmissão da doença já foram feitos e que não há motivo para alerta da população, já que a maioria das pessoas no Brasil é vacinada após os 12 meses de idade.
"O país têm importado esta doença do exterior, onde campanhas de vacinação da doença não são de rotina como no Brasil", esclarece o médico. O Ministério da Saúde e as equipes de Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Argentina já estão sob o alerta do caso de sarampo na paciente internada em Campo Grande.
"Nós já temos os nomes das pessoas que tiveram contato com ela no avião vindo da Europa e no ônibus que foi do Rio de Janeiro a São Paulo". Eugênio Barros explica que essas pessoas são acompanhadas porque foi neste período que a doença esteve no estágio de transmissão. "Mesmo assim, como ela não teve contato físico direto com nenhum deles, a possibilidade de transmissão da possível doença é menor", diz o médico.
A paciente está bem e em fase de remissão dos sintomas. "Estamos somente aguardando o resultado de alguns dos exames feitos e a realização de mais um para dar alta à paciente, que já não representa risco de transmissão", afirma o médico.
A doença
Segundo o médico infectologista Maurício Pompílio tem conhecimento do caso na Capital e esclarece que o sarampo é uma doença infecto-contagiosa transmitida pelas vias respiratórias, por gotículas liberadas no espirro ou na tosse.
"Existem dois períodos na doença: o de incubação e o de contaminação. Na incubação a pessoa é infectada pelo vírus e ele vai se instalando no organismo, até que o paciente começa a apresentar sintomas como tosse e febre. O período de transmissão consiste na fase em que o paciente apresenta e permanece com os sintomas, principalmente a tosse. É por ela que o paciente transmite a doença", alerta o médico.
"O confinamento em ambientes como salas, escritórios, ônibus e aviões facilita a transmissão"
"O confinamento em ambientes como salas, escritórios, ônibus e aviões facilita a transmissão", explica. Maurício Pompílio diz que, apesar de ter um sistema de vacinação, a Europa não consegue ter muito controle sobre a doença por conta do alto fluxo de imigração ilegal. "Pessoas de todas as regiões do mundo como Ásia e África entram no continente [europeu] sem apresentar o controle de vacinação, que facilita a transmissão e contaminação", ele explica.
O País tem feito campanhas conhecidas como "catch up", quando a vacinação contra rubéola e sarampo são feitas em adultos e em turistas estrangeiros. No ano passado, após quatro anos sem qualquer registro de sarampo no Brasil, cinco casos da doença foram confirmados em agosto pelo Ministério da Saúde. Todos eles importados – os pacientes se infectaram após viajarem para o exterior.
A previsão é de que o Ministério da Saúde envie uma nota de alerta para todos os estados por onde passou a turista.