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Em meio à crise, contrato de obra de praça é reajustado em mais de 20% em Campo Grande

Com decreto para enxugar gastos, que congelou o salário dos servidores, o Executivo Municipal reajustou a reforma da Praça da Juventude para mais de R$ 2 milhões

Entre as medidas do decreto original, estava a exigência de renegociação de todos os contratos de empresas privadas com a administração pública. Porém, uma série de contratos com empresas recebeu reajustes no limite permitido, de 25%

Entre as medidas do decreto original, estava a exigência de renegociação de todos os contratos de empresas privadas com a administração pública. Porém, uma série de contratos com empresas recebeu reajustes no limite permitido, de 25% - Crédito: Marcelo Victor / Correio do Estado

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Em meio ao pacote de corte de gastos, a Prefeitura Municipal de Campo Grande anunciou, nesta quinta-feira (7), no Diário Oficial do Município (Diogrande), o aumento no valor da obra da Praça da Juventude em 21,14%, o que corresponde a R$ 2.441.452,68.

A praça, localizada no Jardim Batistão, no bairro Serra Azul, é uma “novela” antiga, aguardada há mais de 12 anos. Para se ter uma ideia, a entrega estava prevista para o aniversário de 112 anos da Cidade Morena e chegou a integrar o calendário de celebrações.

Entretanto, os munícipes viram a previsão de entrega da obra, acompanhada pelo Correio do Estado, ser alterada para 2024. O contrato de execução da obra foi publicado no dia 7 de novembro de 2023. A empresa contratada, à época com valor de R$ 2.015.180,69, foi a Camapana & Gomes Engenharia Ltda.

Com o município próximo de completar 126 anos, ocorreu o acréscimo de mais R$ 426.271,99, elevando o custo para R$ 2.441.452,68.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) para saber quais alterações acarretaram o aumento do valor da obra na Praça da Juventude. No entanto, até o fechamento desta matéria, não obteve resposta. O espaço segue aberto e, caso seja enviada uma nota pela pasta, o texto será atualizado.

Corte de gastos


A prefeita Adriane Lopes (PP) chegou a prorrogar, em julho deste ano, o decreto de corte de gastos publicado no início de março pelo Executivo Municipal. A medida foi tomada após a Prefeitura não conseguir atingir a meta de economizar os R$ 140 milhões pretendidos.

A decisão impediu o reajuste salarial linear dos servidores municipais, além de prever a exigência de renegociação de todos os contratos com empresas privadas que prestam serviços à administração pública, sob pena de sanções aos secretários que não obtivessem êxito nas renegociações.

Contradições


Em contrapartida, no dia 1º de agosto, a Prefeitura Municipal de Campo Grande publicou no Diogrande o reajuste do contrato nº 396/2024 com a empresa Consórcio Pantanal Engenharia, no valor de mais de R$ 3 milhões.

O valor do contrato passou de R$ 12.461.793,98 para R$ 15.568.186,62, resultando em um acréscimo superior a R$ 3 milhões.

A empresa contratada é responsável pela elaboração de projetos de obras e execução de serviços de engenharia, edificação e infraestrutura urbana, tendo como empresa líder a Objetiva Projetos e Serviços Ltda.

Além disso, uma série de contratos com empresas que atuam na manutenção da iluminação pública recebeu reajustes no limite permitido de 25%.

Quase uma semana depois de ter publicado decreto determinando a redução de 25% em gastos como água, luz e combustíveis, além de determinar a revisão de todos os contratos com prestadores de serviço, a prefeitura de Campo Grande reajustou seis contratos com empresas que fazem a manutenção da iluminação pública, o que garantiu a estas empresas um faturamento extra de R$ 5,44 milhões. 

Estes reajustes, publicados em edição extra do Diogrande do dia 12 de março, foi concedido menos de um ano depois da assinatura dos contratos. Quatro deles valem desde 26 de junho do ano passado e os outros dois, desde 2 de maio. 

Os aumentos variam entre 24,92% e 24,98%, próximo do limite máximo de 25% permitido pela legislação. A inflação oficial dos últimos 12 meses é de 5%, conforme dados divulgados à época peo IBGE.

Depois disso, em 19 de março, outros três contratos do mesmo setor foram reajustados com índices semelhantes, elevando em mais R$ 1,7 milhão os gastos anuais. Em todos os casos, os reajustes foram com datas retroativas, valendo a partir de fevereiro, evidenciando que o decreto do corte de gastos foi driblado.  

Mais recentemente, no dia 11 de junho, o décimo contrato do mesmo setor sofreu reajuste nas mesmas proporções, elevando em mais R$ 634 mil os gastos anuais com uma das empresas. 

E estes reajustes estão ocorrendo porque “sobra” dinheiro da iluminação pública.. Dados da Secretaria de Finanças (Sefin) mostram que, em 2024, a tarifa de iluminação pública aumentou em 28,2% na comparação com o ano anterior. 

Em 2023, os moradores de Campo Grande pagaram R$ 153,46 milhões à prefeitura de Campo Grande por meio da conta de energia elétrica, ante R$ 196,86 milhões pagos no ano passado. Menos da metade disso é repassado à Energisa.

** Colaborou Karija Varjão e Neri Kaspary


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Cidades

STF: Gilmar e Dino votam para derrubar lei que validou marco temporal

Decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal

15/12/2025 13h35

Ministro Gilmar Mendes

Ministro Gilmar Mendes Andressa Anholete/STF

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta segunda-feira, 15, no plenário virtual, para reafirmar a decisão do plenário que declarou inconstitucional a tese do marco temporal, que limita a demarcação de terras indígenas. Ele foi acompanhado por Flávio Dino.

O decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal concluir todos os processos de demarcação pendentes.

"Passados mais de 35 anos da promulgação da Constituição Federal, parece-me que já transcorreu lapso suficiente para amadurecimento definitivo da questão, de modo que não há mais como remediar a solução desse problema, cabendo, dessa forma, ao Poder Executivo o devido equacionamento da matéria e finalização dos procedimentos demarcatórios em prazo razoável, porém peremptório", defendeu.

O julgamento no plenário virtual fica aberto até a próxima quinta-feira, 18, para os ministros juntarem os votos na plataforma online. Se houver pedido de vista (mais tempo de análise) ou de destaque (transferência do processo ao plenário presencial), a votação é interrompida.

A tese do marco temporal estabelece que povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

Em 2023, em uma decisão histórica, por 9 votos a 2, o STF derrubou a interpretação e definiu que o direito das comunidades a territórios que tradicionalmente ocupavam não depende de uma data fixa.

O tema voltou ao tribunal porque, logo em seguida, o Congresso aprovou um projeto de lei para restringir as demarcações com base no marco temporal. O presidente Lula vetou o texto, mas os vetos foram derrubados pelo Legislativo.

Em paralelo, o Senado provou um projeto de emenda à Constituição (PEC) no mesmo sentido. Com isso, os senadores buscam incluir o critério de demarcação na Constituição. O texto seguiu para análise da Câmara.

Em seu voto, Gilmar Mendes reafirmou a decisão do STF. O ministro afirmou que o tribunal "não pode se esquivar de sua missão constitucional" e, em um aceno ao Congresso, defendeu que a atuação da Corte não pode "ser considerada como afronta ao Poder Legislativo".

"A análise do Supremo Tribunal Federal, no exercício do controle de constitucionalidade, equivale à prevalência da Constituição sobre os poderes constituídos quando estes atuam em descompasso com os limites impostos pela própria Lei Maior e pelo papel contramajoritário das Cortes Constitucionais, no caso o direito natural à própria existência dos indígenas, na medida em que a imposição de determinado limite temporal distante no tempo equivale à vulneração de seu status protetivo constitucional", argumentou o ministro.

O decano ressaltou que a lei é desproporcional e gera insegurança jurídica ao impor um marco temporal de forma retroativa, atingindo comunidades que não dispõem de documentação formal de ocupação.

"Nossa sociedade não pode conviver com chagas abertas séculos atrás que ainda dependem de solução nos dias de hoje, demandando espírito público, republicano e humano de todos os cidadãos brasileiros (indígenas e não indígenas) e principalmente de todos os Poderes para compreender que precisamos escolher outras salvaguardas mínimas para conduzir o debate sobre o conflito no campo", diz outro trecho do voto.

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TRANSPORTE PÚBLICO

Prefeitura nega que esteja devendo Consórcio Guaicurus

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes

15/12/2025 12h30

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo FOTO: Divulgação

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Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (15), no plenarinho da Prefeitura de Campo Grande, representantes da administração municipal afirmaram que o Executivo não possui qualquer dívida com o Consórcio Guaicurus. 

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes, que delegou a fala a integrantes de sua equipe.

A coletiva também foi marcada por restrições à imprensa, equipes de diversos veículos, entre eles o Correio do Estado, foram barradas de acompanhar o pronunciamento logo ao chegar no local. 

Apesar disso, a reportagem teve acesso a áudios da entrevista, nos quais aparecem as declarações de Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agereg; Ulysses Rocha, chefe de gabinete da Prefeitura; e Cecília Saad Cruz Rizkallah, procuradora-geral do Município, que reforçaram a versão oficial de que não há débitos pendentes com o consórcio.

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo e, em alguns casos, de forma antecipada. De acordo com Figueiró, apenas em 2025 o município transferiu mais de R$ 35 milhões ao consórcio, somando subsídios, vale-transporte e pagamentos de gratuidades. 

“Um contrato que hoje tem 197 ônibus com a idade acima da média que não deveriam estar circulando na cidade de Campo Grande, inclusive já tem duas multas preparadas pela agência de regulação. A agência de regulação aplicou uma multa de R$ 12 milhões e eles, no outro dia, contrataram o seguro. O que comprova que não é somente a falta de dinheiro”, afirmou.

Durante a coletiva, os representantes do município ressaltaram que, na semana passada, a prefeita Adriane Lopes autorizou a antecipação de cerca de R$ 3 milhões referentes a subsídios e valores que só venceriam ao longo do mês de dezembro. A medida teve como objetivo garantir fluxo de caixa ao consórcio para o pagamento dos salários dos trabalhadores e impedir a paralisação do serviço.

“Esse pagamento ainda não estava vencido e foi antecipado dentro do limite legal”, disse o diretor-executivo. Conforme a explicação apresentada, o valor máximo permitido por lei para repasses neste período, de aproximadamente R$ 19,5 milhões, já foi integralmente transferido ao consórcio, não havendo pendências financeiras por parte do município.

A administração municipal também destacou que a paralisação ocorreu apesar de decisão judicial que estabelece regras para greves em serviços essenciais. A procuradora-geral do Município explicou que há determinação para manutenção mínima de 70% da frota em circulação, com reforço nos horários de pico, o que não teria sido cumprido. “A paralisação total caracteriza abusividade”, afirmou.

Diante do descumprimento, a Agência de Regulação (Agereg) notificou o consórcio e iniciou os trâmites para aplicação de multa. Segundo Figueiró, a penalidade já estava em fase de formalização e deveria ser entregue ainda nesta segunda-feira. A Procuradoria-Geral do Município também informou que atua no processo judicial e acompanha audiência marcada para esta terça-feira (16).

Questionados sobre um possível rompimento contratual, os representantes do Executivo afirmaram que a medida exige cautela e não pode ser adotada de forma imediata. Cecília e Figueiró explicaram que há etapas administrativas e jurídicas a serem cumpridas, incluindo notificações, prazos de defesa e análise técnica, além da necessidade de garantir a continuidade do serviço.

Por fim, a Prefeitura reiterou que a prioridade é restabelecer o transporte coletivo. “O município cumpriu suas obrigações financeiras. O consórcio, como empresa privada regulada, também precisa cumprir com as suas responsabilidades perante a população”, declararam.

Segundo dados apresentados, a paralisação afetou cerca de 110 mil usuários do sistema e aproximadamente mil trabalhadores do transporte coletivo.

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