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MEIO AMBIENTE

Em MS, 95 propriedades podem ser desapropriadas pelo STF

Fazendas tiveram identificação de incêndios ilegais no ano passado e chegaram a ser multadas pelo Imasul; número está em ação que tramita no Supremo

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Em processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual consta a decisão do ministro Flávio Dino para que a União faça a desapropriação de terras com identificação definitiva de que houve incêndio criminoso e/ou desmatamento ilegal foi realizada a identificação de 95 propriedades rurais em Mato Grosso do Sul. Elas acabaram penalizadas pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) por conta de registros de áreas queimadas no Pantanal e no Cerrado em 2024. 

Esse detalhamento foi apresentado ao Supremo no relatório final da Operação Focus, em 2024, e foi protocolado como um dos documentos que sinaliza a atuação de MS para combater os casos de incêndios florestais no território pantaneiro. 

A identificação dessas propriedades representa um passo no contexto da decisão do STF sobre desapropriações, mas não é o definitivo. Caso ocorra tal determinação, seria preciso esgotar todos os recursos e haver a comprovação cabal de crime.

Os debates no STF em torno dos incêndios florestais no Pantanal estão ocorrendo principalmente por conta do trâmite da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 743, que foi movida em 2020 pelo partido Rede Sustentabilidade. Desde 2024, esse processo gerou repercussões maiores.

Por conta dos graves incêndios do ano passado, o Imasul montou uma operação para tentar identificar as possíveis origens da tragédia ambiental. 

“No sentido de identificação das possíveis origens, da extensão e dos danos ambientais, adotando as respectivas providências administrativas, foi realizada a Operação Focus 2024, possuindo o caráter também de persuasão, para que não seja incentivada a adoção de práticas ilegais do uso do fogo”, especificou a autarquia estadual em relatório entregue ao STF.

As legislações que embasaram as fiscalizações foram o Decreto nº 15.654/2021, a Portaria Imasul 1.427/2024, a Portaria do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) nº 972/2024, a Lei Estadual nº 4.555/2014 e o Decreto Federal nº 12.189/2024. Foram utilizados dados de satélite e atuação no campo para realizar as fiscalizações no Pantanal. 

Os fiscais avaliaram polígonos de queimadas obtidos diariamente e semanalmente pelo sistema de mapeamento de incêndios florestais do Estado. 

Essas imagens foram cruzadas com dados sobre licenciamento ou autorização ambiental para supressão vegetal, sapecagem ou queima, bem como com as informações do Cadastro Ambiental Rural de MS (CAR-MS).

A área total queimada identificada pelo Imasul nessas fiscalizações alcançou 2.145.572,51 hectares. As multas que foram aplicadas por conta das irregularidades identificadas chegaram a R$ 85.246.300,00. Esses números foram referentes a fiscalizações feitas no Cerrado, no Pantanal e na Mata Atlântica em Mato Grosso do Sul. 

O maior número de autuações ocorreu no Cerrado (60), enquanto no Pantanal foram 24 autuações. Por outro lado, a cifra de multas chegou a R$ 66.300.800,00 no Pantanal, enquanto no Cerrado totalizou R$ 11.083.500,00.

“Os resultados da Operação Focus foram positivos, dado que o Estado, por meio de suas instituições, esteve presente em diversas regiões do Pantanal Sul-Mato-Grossense para identificar os causadores dos incêndios e adotar as medidas, administrativas e criminais. Além disso, realizou-se orientações aos proprietários e moradores das áreas fiscalizadas quanto à prática de queimadas”, apontou o Imasul, em seu relatório de fiscalização.

MANIFESTAÇÃO

Mesmo com um percurso jurídico longo pela frente para que ocorra uma possível penalização que envolva a desapropriação, a identificação das propriedades significa uma das etapas dentro dessa maior cobrança institucional para penalizar proprietários rurais. 

Sobre a decisão do STF em abril, há preocupação geral de entidades de classe, como a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).

Na época da decisão do ministro Flávio Dino, em 28 de abril, o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, divulgou vídeo para criticar a decisão. “Isso não é aceitável, principalmente porque não há uma lei de regulamentação de que forma seria feito isso. Uma decisão do STF monocrática do Dino”. Desde abril, Marcelo Bertoni já teve sucessivas agendas em Brasília para tratar do tema.

Além desse movimento de entidade de classe, o governo de Mato Grosso do Sul questionou a decisão e protocolou um Agravo Interno/Regimental em 20 de maio deste ano para tentar rever o entendimento ou levar o debate sobre essa medida para a Turma Recursal. 

Por enquanto, ainda não há desdobramento contrário para barrar a desapropriação.

(Colaborou Rodolfo César, de Corumbá)

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Cidades

Padronização para horário de entrada e saída de hotéis começa a valer

Portaria do Ministério do Turismo deu 90 dias para estabelecimentos se ajustarem a novas regras para check-in e check-out

16/12/2025 14h00

Foto: Álvaro Rezende / Arquivo

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Começaram a valer nesta terça-feira (16) as novas regras para entrada e saída (check-in e check-out) de hóspedes em hotéis brasileiros. A mudança, promovida pelo Ministério do Turismo (MTur), define que a diária cobre 24 horas, dentro das quais os hotéis têm três horas para a arrumação dos quartos.

A regra permite que os hotéis definam seus próprios horários de check-in e check-out dentro desses critérios, e essas informações devem ser comunicadas ao hóspede de forma clara e prévia, tanto pelos hotéis como pelas agências de turismo e as plataformas digitais intermediárias de reservas.

A medida foi modificada por meio de uma portaria do MTur publicada em setembro, com prazo de 90 dias para vigorar.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Manoel Linhares, a prática já era adotada pelas redes de hotéis usualmente, mas havia um pedido do setor para que o assunto fosse regulamentado e incluído nas últimas mudanças promovidas na Lei Geral do Turismo.

“São três horas de intervalo entre as saídas e entradas dos hóspedes, para que nossos colaboradores tenham tempo de preparar a hospedagem e para que a gente possa receber melhor. Isso no Brasil já era de praxe, mas, com a regulamentação exata, serve para tirar qualquer dúvida”, explica.

Além das três horas de intervalo para limpeza da hospedagem, a regulamentação também flexibiliza a cobrança de tarifas diferenciadas para entrada antecipada ou saída postergada e detalha a comunicação sobre horários e frequência dos serviços de arrumação, higiene e limpeza da unidade habitacional.

Por meio de nota, a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), que reúne agências de viagens e operadoras, avaliou de forma positiva a regulamentação do tema.

“A definição objetiva do período de hospedagem ajuda a alinhar expectativas do viajante no momento da compra e reduz ruídos na comercialização de pacotes turísticos, trazendo mais segurança para toda a cadeia”, destaca.

Além de maior transparência, a flexibilização quanto às tarifas diferenciadas permite ajustes conforme a disponibilidade de cada meio de hospedagem informa a nota da Abav.

“Embora a adaptação possa exigir ajustes, especialmente para pequenos empreendimentos, a entidade entende que a medida acompanha práticas já adotadas internacionalmente e contribui para a modernização e competitividade do turismo brasileiro”, conclui.

Registro de Hóspedes

As mudanças promovidas pelo MTur incluem ainda a adoção do novo modelo digital da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes (FNRH), em substituição ao modelo de papel. A portaria que trata do assunto foi publicada em novembro, com prazo de 90 dias para começar a valer em 13 de fevereiro.

Com a adoção da nova ferramenta, os estabelecimentos terão um QR Code, com link para a página de pré-check-in, que poderão ser preenchidas pelos hóspedes. No momento de entrada, o estabelecimento só precisará conferir os dados com os documentos apresentados.

“Fica o check-in mais tranquilo, tanto para a hotelaria como para o hóspede que, na sua chegada, já vem de um voo cansativo e, às vezes, pega um grupo e fica em uma fila esperando para preencher uma ficha, aquela coisa toda”, afirma Manoel Linhares.

A versão digital da ficha ficará também disponível na Plataforma FNRH Digital, com outras funcionalidades, como elaboração de relatórios analíticos, módulo de reservas e módulo de consulta para os hóspedes.

Demandas

De acordo com Manoel Linhares, as mudanças são regulamentações importantes para o setor, mas ainda há demandas a serem incluídas nas leis que tratam do turismo no país, como a regulamentação de aplicativos de hospedagem, como os que alugam imóveis por temporada.

“Nós, hoteleiros, geramos emprego e temos uma carga tributária muito alta, como é do conhecimento de todos. Nós temos a responsabilidade de dar o melhor aos nossos hóspedes, desde o check-in ao check-out. E o que acontece? Esses aplicativos não ficam nem no Brasil, então a operação é desigual”, avalia.

A demanda é antiga, mas com o surgimento de diferentes plataformas e o impacto sentido pelo setor, a avaliação da ABIH é de urgência.

“Só em Fortaleza, do ano passado para cá, fecharam seis hotéis. Se nós não tivermos essa demanda, vão fechar muitos hotéis, como já estão fechando no Brasil todo”, conclui Linhares.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a assessoria do MTur sobre a regulamentação das plataformas para locação de imóveis por temporada. Até a publicação, não houve resposta. O espaço permanece aberto.

CAMPO GRANDE

Em crise, prefeitura concede reajuste de 10,19% para construtora

Apesar do acréscimo de R$1,5 milhão ao contrato, a Capital está longe de um aparente equilíbrio financeiro, com greve do transporte coletivo, de dentistas e cenário de corte de gastos

16/12/2025 13h01

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Prazo de execução previsto seria de 540 dias, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio.  Reprodução/Segov/alvaro-rezende

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Enquanto a Cidade Morena vive dias de crise que, entre outros pontos, estende-se desde a suspensão de atendimentos odontológicos em postos de saúde até uma greve dos trabalhadores do transporte coletivo, o Executivo de Campo Grande concedeu um reajuste de  10,19% para a construtora responsável por obras no Complexo Lageado na Capital. 

Conforme o extrato do contrato firmado entre a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) e a Empresa Sagres Engenharia Ltda., o valor inicial dessa contratação era de exatos R$15,3 milhões. 

Agora, com acréscimo de R$1.560.277,28, o valor da contratação sobe para R$16.860.277,28, que corresponde a um aumento de 10,19% e, em tese, seriam empenhados para execução de obras de infraestrutura urbana para serviços de pavimentação asfáltica e a chamada drenagem de águas pluviais. 

Para além disso, o prazo de execução previsto seria de 540 dias, ou seja, aproximadamente um ano e meio a contar a partir do recebimento da ordem de serviços, levando asfalto e drenagem para bairros como Parque do Sol e Dom Antônio. 

Caos na Capital

Entretanto, apesar do reajuste concedido a essa construtora, o cenário em Campo Grande está longe de ser de aparente equilíbrio financeiro, com a greve do transporte coletivo na Cidade Morena, por exemplo, entrando em seu segundo dia nesta terça-feira (16) e já sendo é a maior das últimas três décadas, desde que os ônibus ficaram parados por três dias em 1994.

No caso da paralisação dos ônibus, por exemplo, a classe trabalhadora do transporte coletivo de Campo Grande reivindica: 

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

Por outro lado, o caos em Campo Grande e reflexo de um suposto desequilíbrio financeiro não se restringem ao transporte coletivo, com os dentistas suspendendo atendimentos em 44 postos de saúde da Capital, após decisão de forma unânime por uma greve de pelo menos 30 dias.

A novela fiscal de Campo Grande em 2025, porém, começou com cortes radicais nos gastos e nomeações ainda no início de março, por decreto da chefe do Executivo após ser pressionada por servidores que há três anos não eram contemplados por reajustes.

Inicialmente a medida previa uma espécie de moratória válida até o fim de junho, uma dilatação de prazo que afasta a possibilidade de conceder reposição salarial ao funcionalismo, cuja data-base é maio. 

Junto disso foi decretado corte de pelo menos 25% em gastos com água, luz, combustíveis, impressões e demais serviços de terceiros prestados por pessoa física e/ou jurídica, em uma ação que a prefeita classificou à época como "coisas caminhando como devem acontecer". 

em junho - e longe da meta - Adriane renovou esse decreto para corte de gastos, prorrogando a medida de arrocho por mais três meses. 

Toda essa movimentação impediu reajuste salarial linear aos servidores municipais, sendo que nesse primeiro prazo de três meses a prefeitura conseguiu economizar R$19 milhões na folha de pagamentos, apesar do aumento da ordem 27% no próprio salário, que beneficiou em torno de 500 integrantes da elite do funcionalismo municipal. 

Desde abril, o salário da prefeita, que serve como teto para o serviço público municipal, passou de R$21,2 mil para R$26,9 mil. Em fevereiro de 2026 sobe para R$31,9 e um ano depois, para R$35,4 mil.

Enquanto isso, porém, a base do funcionalismo está há três anos sem reajuste e, com a renovação de decreto, a possibilidade de pôr fim ao congelamento acaba de vez. 

Além da redução dos R$19 milhões na folha de pagamento, a administração municipal também reduziu em quase um milhão de reais os gastos com locação de imóveis, conforme afirmou a Prefeita em 18 de junho.

De acordo com ela, “mais de cinco imóveis” teriam sido devolvidos nestes três meses de vigência do decreto de arrocho de gastos. 

 

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