Campo Grande recebeu, nesta sexta-feira (8) a visita do diplomata Mart Tarmak, que passa pelo Brasil em uma missão em busca de doações e recursos que beneficiem as famílias afetadas pela guerra na Ucrânia.
Mart começou sua expedição pelo País no dia 27 de julho partindo de Florianópolis e tem como objetivo percorrer os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal em um período de três meses.
Serão 22 mil quilômetros rodados feitos de carro, ônibus e alguns trechos por vias aéreas, passando também pela Guiana, Suriname e Guiana Francesa, que fazem divisa com o País ao norte.
“Eu conheço bastante o Brasil, conheço muitos estados, inclusive eu visitei Fernando de Noronha ano passado, a praia mais linda do mundo. Eu gosto muito desse país, da natureza, das pessoas, por isso eu estou fazendo essa viagem. Além de ser importante para a Estônia, eu acredito que podemos, mesmo que um pouco, levar ajuda até a Ucrânia”, afirma.
Recebido pelo vereador Otávio Trad, Mart conta que, mais que uma viagem cultural, onde pode apresentar a Estônia, os Países Bálticos e a região Nórdica por onde passar, sua passagem pelo Brasil busca estreitar os laços entre os países e arrecadar recursos que atendam a população ucraniana, que sofre com a guerra com a Rússia desde fevereiro de 2014.
“Na última viagem nós levamos três grandes geradores de energia para atender a população, principalmente escolas, que são alvos que a Rússia busca destruir. O objetivo é levar, dessa vez, mais um carro, mais geradores e o que precisar. As pessoas, muitas vezes, querem ajudar, mas não sabem como”, explica.
“Por exemplo, muitos querem doar roupas, alimentos, mas eles têm isso lá na Ucrânia, eles têm roupas, têm alimentos, eles continuam exportando e importando alimentos mesmo com a guerra. Eles precisam de armas, medicamentos, ajuda para reconstruir as casas destruídas”.
Em 2024, Mart fez uma viagem parecida com a missão no Brasil. Juntamente com amigos e apoiadores, saíram da Estônia e foram até a cidade ucraniana de Ovruch, percorrendo, em média, 1719 quilômetros, passando pela Letônia, Lituânia e Polônia, a fim de conseguir doações, expedição onde conseguiram os recursos necessários para a compra do veículo e dos geradores de energia.
Embaixador residente
Mart Tarmkak foi o primeiro e único embaixador residente da Estônia no Brasil. Sua carreira começou em 1990 com sua representação estoniana na Lituânia e inclui missões como embaixador em Portugal, Marrocos, Finlândia, Chile, Peru e Colômbia.
Eu sou o último embaixador residente do Brasil, por conta do fechamento da embaixada no país. Então eu continuo como embaixador não residente. A Estônia vai voltar a abrir a embaixada, mas agora, todas as nossas forças estão voltadas à prestar ajuda à Ucrânia, que é a coisa mais importante para nós agora”, contou.
A embaixada da Estônia encerrou suas atividades no Brasil em 2017 por contenção de gastos. Na época, o governo estoniano afirmou que pretendia continuar desenvolvendo relações amigáveis com o Brasil e cooperar nas organizações internacionais.
Mesmo aposentado, Tarmak ainda é destaque por seu relacionamento entre países, fato que foi destacado pelo vereador Otávio Trad na conversa.
“A carreira de embaixador é eterna, é a nomenclatura que usamos aqui no Brasil, de embaixador, pelo alto posto que o senhor ocupou, mas ao mesmo tempo, eternizou a sua história entre a relação Brasil-Estônia”, destacou o parlamentar.
Relação Estônia-Ucrânia
A Estônia e a Ucrânia estabeleceram relações diplomáticas em 1992, tornando a relação entre os países extremamente próxima desde então.
Após o início da invasão russa à Ucrânia, em 2022, a Estônia impôs sanções à Rússia e, juntamente com outros países, declarou vários diplomatas russos como “Persona non grata”, além de introduzir uma proibição de canais de mídia em língua russa. Isso fez com que a Rússia colocasse todos os países da União Europeia na lista de “nações hostis”.
Em outubro de 2022, o parlamento estônio reconheceu a Rússia como um estado terrorista.
Em 2023, mais de 130 mil ucranianos entraram na Estônia solicitando asilo e 71 mil vivem no país atualmente. Em 2024, o presidente da Estônia, Alar Karis, prometeu alocar US$1,2 bilhão em ajuda para a Ucrânia até 2027.
Nos três anos desde que a Rússia lançou sua invasão em larga escala, a Ucrânia perdeu 11% de suas terras, conseguindo recuperar algumas graças à ajuda militar de seus aliados ocidentais. Pelo menos 6,8 milhões de ucranianos foram deslocados e mais de 40 civis foram mortos ou feridos.


