Cidades

INCLUSÃO

Emprego para jovens com síndrome de Down traz autonomia e independência

Número de vagas para pessoas com deficiência ainda é insuficiente

MARESSA MENDONÇA

18/09/2016 - 10h11
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Força de vontade e carisma eles têm de sobra, mas ainda falta oportunidade para eles mostrarem do que são capazes. Jovens com Síndrome de Down enxergam no emprego a oportunidade de agirem com mais autonomia e independência, mesmo quando horário do expediente chegou ao fim. O problema é que o número de vagas  para pessoas com deficiência ainda é menor do que o de profissionais aptos a trabalhar.

Na escola Juliano Varela, por exemplo, 15 alunos estão trabalhando e outros 10 estão preparados, mas, para estes últimos não há mais vagas disponíveis.“Muitos empresários não empregam pessoas com síndrome de Down por desconhecimento. Isto porque pensam ser necessário abrir outro setor na empresa ou ainda contratar mais um funcionário para atuar como espécie “tutor”, o que não ocorre”, explica a assistente social Janaína Batista dos Santos. 

Outra questão apontada por ela é a carga horária. Como eles precisam estudar no período vespertino, só podem trabalhar 4 horas por dia. “Ainda tem muito preconceito muita exclusão. Acham que eles vão ser agressivos, mas eles são carismáticos”. Janaína explica que eles exercem funções administrativas e se sobressaem no quesito atendimento ao público.

Leonis Guimarães, de 22 anos, mais conhecido como Léo, é um dos que ressalta habilidade  que tem para recepcionar o público do local onde ele trabalha, na Empresa de Saneamento Básico de Mato Grosso do Sul (Sanesul) em Campo Grande. Ele brinca com a quantidade de vezes que precisa falar bom dia ao longo da jornada de trabalho e detalhe outras atividades que exerce como receber encomendas e distribuir o jornal do dia entre as salas.

Questionado sobre como surgiu a ideia de trabalhar, ele conta que estava fazendo o curso na escola quando a mãe o orientou. “Meu sonho era trabalhar! Com meu dinheiro, escolho a roupa, calça, camiseta, terno. Vou trabalhar bem vestido”, ressalta.

Trabalhar também era o sonho para Miguel Ângelo, de 29 anos, até que surgiu uma vaga na Sanesul. Ele aceitou, mas, depois de um tempo acabou pedindo demissão porque não tinha carteira assinada e atuava mediante contrato.

Miguel continuou buscando trabalho até ser aprovado em uma entrevista para vaga na Associação Adventista. Com o salário que recebe, ele auxilia no pagamento das contas da casa. “Pago internet, compro roupa, calçado, terno, gel para cabelo e perfume para ir para o trabalho”, revela vaidoso. “Tenho orgulho de mim mesmo”.

Os relatos de Bruno Serpa, Edilson Rodrigues, Cirilo Lino, Higor César, Ísis Larissa, Kelly Cristina, Rhuanna Said, Luara Rodrigues e Stephanie Massuda são semelhantes. Todos afirmam que trabalhar sempre foi um sonho e exibem orgulhosos o que celulares ou roupas compradas com os salários.

Kelly é quem lamenta a falta de vagas para outros colegas enquanto Stephanie reclama dos dias em que há pouco movimento na loja onde está empregada, restando pouco trabalho para ela.

CARISMA

Stephanie é auxiliar administrativo na Associação Adventista, empresa que ainda não empregava pessoas com deficiência até conhecer estes jovens. “Eu levei eles lá para uma entrevista e o diretor ficou encantado”, conta a assistente social. 

Ela explica que antes de serem empregados, os alunos fazem curso de informática, noções administrativas e higiene pessoal. Quando já estão trabalhando eles continuam sendo acompanhados pela escola e são avaliados mensalmente em relação ao trabalho que estão exercendo e ao comportamento também. 

Janaína lamenta que, em alguns casos, o preconceito começa na família, quando os parentes não acreditam que a criança tem potencial e não estimulam o desenvolvimento delas . “Não buscam fonoaudiólogo, fisioterapeuta  que são profissionais que eles necessitam”. 

Segundo ela, crianças que têm esse tipo de tratamento apresentam desenvolvimento superior quando se tornam adultas e vão para o mercado de trabalho. 

FAMÍLIA

O perito criminal Antônio César Moreira de Oliveira, 51, é pai da Ana Júlia, 10, e da pequena Maria Clara, 3, diagnosticada com síndrome de Down ao nascer. A esposa dele, Selma Regina, 42, fez o pré-natal, mesmo assim a síndrome não foi identificada. 

“Assim que vi a Maria  percebi que ela era diferente, mas faltou orientação melhor nesse sentido. Buscamos informações sozinhos na internet e depois nosso pediatra que é uma pessoa sensível deu outras dicas”, lembra Antônio.

Antônio sabe que, quanto mais cedo tem início o acompanhamento da criança, maiores são as chances de ela se desenvolver normalmente. “Existe a questão da própria família parar de fazer alguma coisa e se dedicar à criança”, diz, se referindo à escolha feita por Selma em fechar o estabelecimento de qual era proprietária para ter mais tempo com Maria. 

Ele conta que a filha ainda não fala. “Quanto mais cedo começa esse acompanhamento,  evita esse atraso. A criança começa a se socializar melhor, a se movimentar melhor. Tem que ter essa atenção exclusiva”, diz Antônio, explicando que os bebês diagnosticados com síndrome de Down podem ter doenças cardíacas ou na tireoide, por exemplo.

Maria estuda na Juliano Varela e é muito sociável. O convívio com a irmã mais velha também ajuda nesse quesito. “A socialização com outras crianças que não são especiais ajuda muito a melhorar o comportamento. As crianças com síndrome de Down são muito carinhosas”, ressalta.

Sobre a inclusão no mercado de trabalho, ele opina ser bom “para a empresa, para a família e, principalmente, para as pessoas diagnosticadas com a síndrome”. 

Cidades

Cadela Laika encontra corpo de idoso que desapareceu em Campo Grande

O idoso Joaquim Gonzales, que sofria de Alzheimer, foi localizado sem vida na tarde desta terça-feira (14), no Jardim Itamaracá

14/01/2025 18h00

Reprodução Redes Sociais

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O idoso Joaquim Gonzales, de 78 anos, natural da Espanha, que desapareceu no último domingo (12), foi encontrado morto na tarde desta terça-feira (14), nas proximidades do pontilhão do Jardim Itamaracá, em Campo Grande.

A vítima, que sofria de Alzheimer, estava desaparecida desde domingo, segundo relatos de familiares. De acordo com eles, Joaquim deixou a residência de madrugada. O corpo foi encontrado com o auxílio da cachorra Laika, do Corpo de Bombeiros.

Imagens de câmeras de segurança ajudaram a orientar as buscas. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, Joaquim foi identificado nas gravações, e a partir disso, os militares delimitaram um perímetro de buscas.

Na região, que possui mata, foram localizados próximos a uma estrada de terra o chinelo, o boné e até um cinto que pertenciam ao idoso.

O trabalho da cachorra Laika foi fundamental para encontrar o local onde o corpo de Joaquim estava. Após a localização, os militares confirmaram que se tratava do desaparecido.

Equipamentos como drones com sensor de calor também foram utilizados durante as buscas. Durante todo o processo, familiares permaneceram mobilizados, espalhando cartazes pela cidade em busca de Joaquim.

Cadela que auxiliou nos resgates

A cadela de busca Laika do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMS), que atua ao lado do sargento Thiago Kalunga, levou poucos minutos para localizar o corpo da vítima. Em outubro de 2023 recebeu a Certificação Nacional de Cães de Busca e Resgate.

Laika, que é da raça pastor holandês, foi aprovada na prova de ‘busca urbana’ realizada nos dias 4 a 6 de outubro durante a 21ª edição do Seminário Nacional de Bombeiros (Senabom), em Gramado no Rio Grande do Sul. 

Além de estar apta para atender todos os municípios de Mato Grosso do Sul, após a certificação nacional, a cadela também está autorizada a atuar em ocorrências em todo o Brasil.

Posteriormente, no dia 13 de maio de 2024, Laika fez parte da  1º equipe especializada em busca e resgate juntamente com outros cães e militares do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul para auxiliar no resgate das vítimas na tragédia que assolou o Rio Grande do Sul. A equipe do Estado atuou no município de Encantado.

 A equipe formada pelo sargento Thiago Kalunga e os soldados Jéssica Lopes e Humberto permaneceu em torno de  10 dias atuando nos locais com as estruturas colapsadas pela enchente e inundação.

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Transtorno

Briga na Justiça: passageiros de MS sofreram 1 atraso de voo por dia em 2024

Cenário acarretou em 435 ações judiciais contra empresas aéreas no estado

14/01/2025 17h45

Saguão do Aeroporto Internacional de Campo Grande

Saguão do Aeroporto Internacional de Campo Grande Gerson Oliveira, Correio do Estado

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Os passageiros do setor aéreo em Mato Grosso do Sul sofreram com um número médio de 1 atraso de voo por dia em 2024. 

Conforme levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), esse cenário acarretou em um total de 435 ações judiciais contra empresas aéreas entre os meses de janeiro e novembro do ano passado no estado.

Os processos foram solicitados principalmente por passageiros, em busca reparação por prejuízos causados pela alteração indevida do horário das viagens.

Apesar de alto, o número de ações judiciais em Mato Grosso do Sul apresentou uma leve queda se comparado com 2023, ano em que registrou 440 processos. Em 2022, o número foi ainda maior, com 520 ações judiciais registradas.

Serviço ineficaz

A principal insatisfação dos consumidores é com a falta de resolução eficaz por parte das companhias aéreas. As buscas dos passageiros na Justiça são de valores financeiros por danos materiais e morais.

Segundo Mayra Sampaio, advogada especializada na área, a decisão de processar está diretamente relacionada à incapacidade das companhias aéreas de resolverem essas questões de forma adequada e em tempo hábil.

"Esse alto número acaba não só impactando esses processos a terem uma rápida solução, mas também o consumidor deve ter seus direitos respeitados, e infelizmente, não é o que tem acontecido por parte das companhias aéreas. Desta forma, talvez esse alto número acabe influenciando as companhias a reverem suas políticas para evitarem esses problemas judiciais", afirma.

Já para Henrique Arzabe, advogado especialista em Direito do Consumidor, o alto número de ações evidencia que, apesar da recuperação do setor aéreo após a pandemia, as companhias aéreas ainda enfrentam desafios para oferecer um serviço eficiente.

“O crescimento de casos pode ser um indicador para que as companhias revejam suas práticas e evitem recorrências judiciais, buscando soluções mais rápidas e eficazes para os consumidores”, conclui.

Atraso vs cancelamento

Ainda confome Arzabe, a diferença entre atraso e cancelamento de voo está na execução do serviço. Nesse sentido, as situações impactam o passageiro de maneira diferente.

“O atraso ocorre quando há uma nova previsão de partida e o voo é realizado, mesmo fora do horário inicial. O cancelamento, geralmente, implica maiores prejuízos para o passageiro, como a perda de compromissos ou diárias de hospedagem, além do transtorno de ter que replanejar toda a viagem”, ressalta.

Brisa Nogueira, advogada especializada em Direito do Consumidor alerta que o tempo de espera é um fator determinante para os direitos do consumidor em casos de atraso de voo.

“Em termos de direito do consumidor em relação ao atraso no voo, nós precisamos pensar quantas horas o consumidor fica ali à disposição da companhia aérea para que seja dada, se for dada, alguma providência. Até duas horas há ali uma pendência de alimentação, especialmente despesas com água e comida. Excedendo-se quatro horas de espera e havendo a necessidade de pernoite no aeroporto, é necessário que a companhia aérea faça o custeio de hospedagem, bem como transporte de deslocamento e retorno ao aeroporto, sem prejuízo do direito do consumidor de ser alocado no próximo voo, havendo disponibilidade”, afirma.

Registre provas

Vale destacar que é importante o consumidor conhecer seus direitos e ficar preparado para buscar reparação em casos de prejuízos causados por atrasos ou cancelamento de voo.

Nesse sentido, ao sentir-se lesado, é importante que o passageiro registre o maior número de provas possível, para assim, conseguir reinvindicar reparação jurídica de maneira mais eficaz.

“É muito importante o consumidor constituir a prova. Primeiro, prova do atraso do voo e, também, dos prejuízos. Se a empresa oferecer algum voucher, é importante registrar isso. Principalmente, se a empresa não o ofereceu, é fundamental ter a prova de que, por exemplo, o atraso gerou outro tipo de prejuízo, como a perda de uma diária de hotel ou reserva de carro. Relembrando que, a partir de quatro horas de atraso injustificado, é devido dano moral ao consumidor”, destaca Brisa Nogueira.

Por fim, o advogado Henrique Arzabe o consumidor não deve pensar duas vezes quando for buscar reparação caso se sinta prejudicado.

“As companhias aéreas têm a obrigação de oferecer um serviço adequado e de prestar assistência, independentemente do motivo do atraso ou cancelamento. Até porque, pequenos atrasos podem causar prejuízos significativos para o cliente, como perder uma conexão ou uma reserva. Por isso, documentar tudo é essencial para garantir que seus direitos sejam respeitados”, conclui.

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