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Entidades afirmam que tentativa de liberar drenagem no Pantanal é antiga

Corumbá e Miranda, que estão em áreas para permissão de valas, aparecem como referências na plantação de soja em MS

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A possibilidade legal de proprietários rurais usarem o recurso da drenagem em áreas alagadas e influenciarem o curso de rios e de zonas de reprodução e de alimentação de animais silvestres no Pantanal é uma medida que vem sendo cogitada para implantação há anos.

O governo de Mato Grosso do Sul deu autorização na quinta-feira (9) para essa medida ser válida, mas voltou atrás na sexta-feira. 

Entre as áreas que são tidas como alvo para uso de drenagem em áreas alagadas estão a Serra da Bodoquena, a Zona do Chaco, a Planície Pantaneira, a Zona de Proteção da Planície Pantaneira, áreas nos municípios de Jardim, Guia Lopes, Bonito, Nioaque, Anastácio, Aquidauana, Miranda e área de uso restrito do Pantanal.

Na safra 2021-2022, a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja) divulgou que os municípios de Corumbá e Miranda, presentes na resolução, estão localizados na região em que houve a maior área plantada do Estado, 62,4% do total. 

Naquela safra, o resultado foi um dos piores em 10 anos por conta da estiagem. Mesmo assim, os valores de produtividade considerados acima da média estadual ocorreram em Rio Negro, Corumbá, Rio Verde de MT, Miranda, Anastácio e Porto Murtinho, todos municípios localizados no Pantanal.

Em Mato Grosso, essa discussão para construir valas e aumentar áreas para plantação ganhou forma em 2022. A decisão foi tomada de forma unilateral, tal qual ocorreu em Mato Grosso do Sul, e o próprio governo editou as regras. 

Em MT, foi a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) que criou a autorização, por meio do termo de referência depois que o Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema-MT) havia editado a resolução 45, de 2022. Nessa norma, houve autorização para drenagem em área de cerca de 1,5 milhão de hectares.

Mato Grosso do Sul seguiu os passos do estado vizinho e editou a resolução nº 15, de 8 de março de 2023. Jaime Verruck, titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), assinou a norma e deu prazo de até 90 dias para que os proprietários que assim desejarem possam criar drenagens mesmo em áreas de uso restrito. 

Para que a autorização fosse dada à intervenção, foi definida a exigência de preenchimento de um protocolo, e caberia ao próprio governo a autorização, por meio do Instituto de Meio Ambiente de MS (Imasul), autarquia ligada à Semadesc.

Nesse protocolo era necessário especificar o objetivo, o cronograma de execução e o dimensionamento, além das coordenadas geográficas. Não havia solicitação, por exemplo, de laudo técnico que comprovasse o impacto ambiental desse tipo de obra, e tampouco ações de mitigação ou compensação ambiental.

DISCUSSÃO ANTIGA

A SOS Pantanal, entidade que integra o Observatório Pantanal, indicou que a discussão sobre uso de drenos em propriedades localizadas em áreas do bioma ou que formam a região que escoa a água para o Rio Paraguai vem ocorrendo há anos, tanto em MT como em MS.

“É inadmissível a autorização desse tipo de atividade sem consulta de especialistas no assunto, que obviamente não recomendariam uma prática leviana e danosa ao meio ambiente”, especificou Gustavo Figueirôa, biólogo da SOS Pantanal.

“Essa resolução é altamente danosa para o Pantanal e para as áreas restritas anexas, pois permite que valas e drenos sejam abertos dentro de áreas que dependem do represamento da água para terem suas funções ecológicas mantidas”, complementou o biólogo. 

Ele destacou que os maiores impactos das drenagens afetariam a fauna. “Os impactos causados por esses drenos podem ser extensos, descaracterizando zonas de reprodução e alimentação de aves, répteis e mamíferos, muitos deles listados na lista vermelha de animais ameaçados de extinção, do ICMBio”, especificou Figueirôa.

Com monitoramento da biodiversidade em regiões diferentes do bioma, o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), também integrante do Observatório Pantanal, alertou que as drenagens podem causar problemas perenes. 

Além disso, o instituto, que realiza o projeto Cabeceiras do Pantanal, para monitorar a fauna, a flora e as condições de rios que alimentam o Pantanal, como é o caso do Miranda, do Aquidauana, do Prata e do Salobra, disse que há passivos ambientais em todas as áreas onde o governo do Estado autorizou as intervenções.

“As consequências podem ser irreversíveis para alguns ambientes. O Rio Paraguai está baixo comparado a outros períodos, por isso a água vai ser drenada dentro da normalidade. Isso vai acontecer com o Rio Miranda e outros. Todas as áreas [apontadas na resolução] têm passivos de APP [área de proteção permanente] e manejo do solo inadequado”, detalhou o presidente do IHP, Ângelo Rabelo.

FALHA NA REDAÇÃO

Depois da repercussão negativa da norma divulgada e das críticas feitas por ambientalistas e entidades do setor, a Semadesc alegou que houve falha na redação da resolução e que isso gerou uma publicação equivocada. A Pasta assegurou, em nota, que tem “especial proteção dos ambientes e das coleções hídricas das macrorregiões indicadas na resolução”.

Nessa justificativa, a Semadesc apontou que as macrorregiões vão ser exceção à regra de permissão de abertura de valas. “Inicialmente, informamos que houve um problema na redação da Resolução Semadesc nº 15 encaminhada ao Diário Oficial, fato que foi corrigido já na edição de sexta-feira”, disse em nota. 

“Lembramos que a Resolução Semadesc nº 15/23 somente libera a abertura temporária de valas em áreas agrícolas sob a orientação técnica e mediante a existência de Anotação ou Registro de Responsabilidade Técnica apontado em Informativo de Atividade a ser protocolado junto ao Imasul”, complementou a Pasta.

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PARALISAÇÃO

Prefeitura e Governo Estadual afirmam que repasses à Santa Casa estão em dia

Além da verba repassada pelo convênio entre Município, Estado e Governo Federal, o Executivo alega que aporta R$ 1 milhão extra, por mês, pagos desde o início do ano

22/12/2025 17h30

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário Marcelo Victor / Correio do Estado

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A Prefeitura Municipal de Campo Grande emitiu nota, durante a tarde desta segunda-feira (22), para afirmar que os repasses financeiros estão em dia com o Hospital Santa Casa. Além disso, também relata que aporta, mensalmente, R$ 1 milhão extra à instituição.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre Governo Federal, Prefeitura de Campo Grande e Governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Confira a nota do Município:

"A Prefeitura de Campo Grande está rigorosamente em dia com todos os repasses financeiros de sua responsabilidade destinados à Santa Casa. Desde o início deste ano vem, inclusive, realizando aportes extras de R$ 1 milhão mensais.

Diante do cenário de greve, o Executivo tem adotado todas as medidas possíveis para colaborar com a instituição neste momento, mantendo diálogo permanente, buscando alternativas que contribuam para a regularidade dos atendimentos e a mitigação de impactos à população".

Além da Prefeitura, o Governo do Estado também se manisfestou sobre os recursos repassados ao hospital. Através da Secretaria Estadual de Saúde (SES) negou estar em débito com a Santa Casa e, por isso, não pode ser responsabilizado pelo pagamento do 13º salário aos servidores. 

Em nota, a Secretaria também afirmou que vem realizando um pagamento extra aos hospitais filantrópicos do Estado nos últimos anos, a fim de auxiliá-los nos custos e no cumprimento de suas obrigações. 

Além disso, a pasta afirmou que todos os pagamentos destinados à Santa Casa são feitos ao Município de Campo Grande, sempre no quinto dia útil. 

O balanço divulgado pela SES mostrou que, de janeiro a outubro de 2025, foram repassados R$ 90,7 milhões, distribuídos em R$ 9,07 milhões mensais. Na parcela referente aos mês de novembro, houve um acréscimo de R$ 516.515, o que elevou o repasse mensal ao hospital para R$ 9,59 milhões. 

“O Estado está integralmente em dia com suas obrigações. Cabe destacar que, além dos repasses obrigatórios, em 2025 o governo estadual já destinou mais R$ 25 milhões em recursos oriundos da bancada federal para atender a Santa Casa de Campo Grande”, ressaltou a nota da SES.

Greve

A paralisação das atividades dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa nesta segunda-feira (22) foi motivada pela falta de pagamento do 13º salário. 

O movimento afeta, até o momento, 30% dos serviços oferecidos no hospital, resultando em 1.200 funcionários “de braços cruzados”, entre profissionais do atendimento (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).

Na última sexta-feira (20), a Santa Casa alegou que não tinha dinheiro para o pagamento do benefício aos servidores, e propôs o parcelamento do 13º salário em três vezes, em janeiro, fevereiro e março. 

No entanto, a proposta não foi aceita pelos profissionais, que foram às ruas pedindo pelo pagamento integral do salário, em parcela única. 

De acordo com a Lei nº 4.090/1962, o 13º pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro, sem atrasos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem, Lázaro Santana, explicou que a movimentação não se trata de uma greve, mas sim, de uma paralisação, e que os serviços estarão funcionando em períodos. 

“Nós não estamos de greve, estamos fazendo paralisações por período. A gente só vai voltar a hora que o dinheiro estiver na conta. Qualquer 30% que você tira da assistência, isso pode gerar uma morosidade, não uma desassistência, mas uma morosidade no atendimento”, explicou ao Correio do Estado. 

Segundo Santana, Estado e Município dizem que os pagamentos estão em dia.

“Ninguém sabe quem está certo, porque o governo fala que está fazendo tudo em dia, o município também, e a Santa Casa fala que não. Só que toda essa falta de comunicação, esse consenso que eles não chegam nunca gera esse tipo de problema, porque hoje nós estamos reivindicando ao pagamento do décimo, mas durante todo o ano paralisamos também cobrando o pagamento do salário do mês. Isso gera um transtorno muito grande. O que a Santa Casa alega é que ela depende de reajuste de melhorias no contrato para poder honrar o compromisso”.

 

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Cidades

Homicida se entrega à Polícia 8 meses após o crime

Homem estava foragido deste a data do crime, em abril

22/12/2025 17h00

Divulgação/PCMS

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Um homem foi preso ontem (21) ao se entregar na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL) após ter estado foragido por 8 meses por ter participado de um homicídio registrado na zona rural do distrito de Anhanduí.

O Crime

De acordo com as informações levantadas, o corpo de um homem foi localizado na manhã do dia 12 de abril de 2025, às margens de um córrego próximo à BR-163. 

As investigações iniciais indicaram que, no dia anterior ao desaparecimento, a vítima esteve no local na companhia de dois conhecidos, após consumo de bebida alcoólica. Apenas um deles retornou para casa. O outro passou a apresentar comportamento considerado suspeito e não foi mais localizado.

Após dois dias de buscas realizadas por familiares, Guarda Municipal e Polícia Militar, o corpo foi encontrado no mesmo ponto onde o grupo havia se reunido. Durante os trabalhos periciais, foram recolhidos objetos que podem ter relação com o crime.

Rendição

No dia 21 de dezembro de 2025, cerca de oito meses após o homicídio, o homem foragido compareceu espontaneamente à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL), onde confessou a autoria do crime.

Diante dos elementos colhidos, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul representou pela prisão preventiva do autor. O pedido foi analisado pelo Poder Judiciário, que decretou a prisão preventiva no mesmo dia, resultando no imediato recolhimento do autor ao sistema prisional.

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