Cidades

Criança e Adolescente

Enxurrada de denúncias e fake news se espalham a três dias das eleições para os conselhos tutelares

Denúncias apontam crime de LGBTfobia; há casos de candidatos que podem ter violado as regras ao fazer doações e publicar foto ao lado de políticos

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Faltando apenas três dias para as eleições de conselheiros tutelares em Campo Grande, enxurradas de denúncias e disseminação de fake news por WhatsApp e redes sociais afetam o pleito eleitoral, que ocorre neste domingo (1º de outubro).

Depois da impugnação da candidata Suelen Leme, concorrem às eleições 112 candidatos. No entanto, as denúncias não param e o número ainda pode mudar. O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou um procedimento administrativo de domínio público e acompanha todo o processo eleitoral.

Conforme apuração da reportagem, nesta última semana, circula nos grupos de whatsapp uma fake news com o intuito de promover uma corrente contra a eleição de conselheiros (as) tutelares que façam parte da comunidade LGBTQIAP+.

Reprodução

Ao Correio do Estado, o coordenador da Casa Satine e do Fórum Estadual LGBT, Leonardo Bastos, disse que tem encaminhado as denúncias de LGBTfobia ao Ministério Público e à Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul.

“A medida que temos identificado as mensagens e os autores de áudios que estão circulando, nós estamos encaminhando para a Defensoria e para o Ministério Público para as devidas providências. O que a legislação nos permite é fazer a denúncia por LGBTfobia, porque afeta uma coletividade. Mas os órgãos têm todo um procedimento e infelizmente não existe uma resposta imediata para esses fatos”, afirmou.

Na contramão das fake news, Leonardo conta que a comunidade LGBT tem feito uma campanha de conscientização sobre a importância de proteger os direitos das crianças e dos adolescentes. 

“Temos feito uma campanha de informação nas redes sociais, orientando a nossa população a votar em pessoas que respeitem identidade de gênero e orientação sexual de crianças e adolescentes”, ponderou.

Barros ainda reforça que é importante denunciar e apurar as fake news para que as pessoas entendam que estão praticando um crime e que devem ser punidas na forma da lei.

Integrante de um dos grupos de whatsapp, a escritora, Lúcia Carolina Timm dos Reis, de 44 anos, acredita que existe a articulação da direita em torno de um projeto de poder político.

“Eles não escondem isso, eles expressam. O objetivo é ter muito dinheiro e se manter nesse poder. O povo que eles manipulam se entrega porque é muito carente de atenção, de assistência, de dignidade e de meios para sobreviver. A direita e boa parte das religiões, especialmente as evangélicas neopentecostais, com poucas exceções, usam as necessidades de quem vive mal”, opinou.

Questionado, o vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Campo Grande (CMDCA), Márcio Benites, que também compõe a comissão responsável pelas eleições, afirmou não ter tido conhecimento sobre a fake news.

Denúncias não param 

Conforme vem sendo apurado pelo Correio do Estado, é crescente o número de denúncias contra candidatos que estão infringindo o edital sobre as regras da campanha eleitoral de conselheiros tutelares previstas na Lei Federal n. 9.504/1997. 

Sendo assim, mais candidatos podem ser impugnados até as eleições de domingo (1º). Dentre eles, Adriano Ferreira Vargas que publicou um vídeo nas redes sociais fazendo doações, além de publicar uma foto de 2019, ao lado da Prefeita Adriane Lopes, pedindo voto na legenda da publicação.

Veja também o vídeo das doações:

O candidato, por sua vez, nega que tenha tentando obter vantagens ou que tenha violado as regras eleitorais para o pleito de conselheiro tutelar.

"Como a gente trabalha diretamente com várias autoridades públicas, certamente vai ter foto minha com o secretário, com o vereador, com o prefeito, com o governador, possivelmente até com o presidente ou ex-presidente, mas não que eu tivesse fazendo qualquer mensão nesse período da campanha pedindo voto com qualquer um deles. Esse vídeo é a respeito dos trabalhos voluntários que eu faço ao longo do tempo. Eu não entreguei cesta básica pra ninguém. Nunca nunca tive sequer esse tipo de serviço", esclareceu.

O mesmo foi feito pela candidata, Cristiane Souza da Silva que é apadrinhada pelo vereador Ayrton Araújo (PT). O vereador chegou a postar em suas redes sociais a foto de uma reunião em que pedia voto para a candidata, mas depois a removeu.

Nossa equipe de reportagem questionou o vereador, Ayrton Araújo, mas até o fechamento desta matéria não tivemos retorno.

Ao fazer isso, os candidatos podem ter violado o artigo 4 do edital, especificamente em seu inciso V, VII e IX  alínea “c” apontadas no art. 8o da Resolução n. 231/2022 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda).

“VII – favorecimento de candidatos por qualquer autoridade pública ou a utilização, em benefício daqueles, de espaços, equipamentos e serviços da Administração Pública Municipal; IX propaganda que implique grave perturbação à ordem, aliciamento de eleitores por meios insidiosos e propaganda enganosa: c) considera-se propaganda enganosa a promessa de resolver eventuais demandas que não são da atribuição do Conselho Tutelar, a criação de expectativas na população que, sabidamente, não poderão ser equacionadas pelo Conselho Tutelar, bem como qualquer outra que induza dolosamente o eleitor a erro, com o objetivo de auferir, com isso, vantagem à determinada candidatura.”

Como denunciar

Qualquer pessoa pode enviar uma denúncia ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul e também ao CMDCA, quando for vítima ou presenciar alguma situação em que os direitos humanos foram violados, ou que desrespeitem as regras do edital para eleição de conselheiro tutelar.

Para comunicar ao CMDCA, ligue para 2020-1204 ou envie um e-mail [email protected] .

Já o MPMS disponibiliza um formulário no endereço eletrônico: www.mpms.mp.br. E os telefones: 127 e 0800-999-2030, cuja ligação é gratuita em todo Estado. Ou pelo número (67) 3318-2032.

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*Matéria atualizada às 14:03, do dia 29 de setembro de 2023.

DECISÃO

Justiça volta atrás em decisão e libera joias apreendidas de famoso designer

O juiz entende que se o Fisco promoveu a apuração do valor tributável e a constituição do crédito, não há justificativa de reter as mercadorias como providência investigativa

23/12/2025 19h34

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian Site oficial/reprodução

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O juiz Claudio Müller Pareja, da 2ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, reconsiderou sua decisão e deferiu liminar para determinar que o fisco estadual libere as joias apreendidas do renomado joalheiro e economista Ara Vartanian, independentemente de recolhimento de tributo, multa ou prestação de garantia.

De acordo com os autos, o juiz entendeu, na decisão anterior, que a retenção das mercadorias teria natureza acautelatória (garantia) e investigativa, pois havia a suspeita de irregularidade documental e a possibilidade de providências administrativas e penais. Naquele momento, os fatos não se apresentaram como meio coercitivo de cobrança tributária.

Porém, o Fisco quantificou a base de cálculo, apurou o suposto tributo devido e aplicou a multa a empresa Avartanian Comércio Ltda., com indicação de valores expressivos, inclusive com menção à precificação das mercadorias. Houve,portanto, a constituição do crédito tributário, em linha com o lançamento de ofício.

Diante deste cenário, a situação se altera, pois se a administração promoveu a apuração do valor tributável e a constituição do crédito, não há justificativa de reter as joias como providência “investigativa” por tempo indeterminado. 

"A partir disso, a manutenção da apreensão passa a produzir efeito prático típico de sanção política, pois condiciona, na realidade, a liberação do bem à satisfação de exigência fiscal", diz o juiz Claudio Müller Pareja no documento.

O magistrado dá continuidade e afirma ser inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos, de acordo com as diretrizes do Supremo Tribunal Federal (STF). "A Administração dispõe de meios próprios para a cobrança do crédito constituído, sem necessidade de constrição material destinada a compelir o contribuinte".

Ainda de acordo com a decisão, a manutenção da apreensão só se justificaria caso houvesse ato da autoridade policial indicando a necessidade da medida para a apuração do suposto crime. Contudo, não há informação nos autos acerca desse ato.

A decisão limita-se a reconhecer, em juízo de probabilidade, que a manutenção da retenção, após a quantificação do tributo e da multa, revela-se incompatível com a vedação sumulada pelo STF, devendo a discussão sobre o crédito seguir pelas vias ordinárias de impugnação e cobrança.

Apreensão de joias

O fisco sul-mato-grossense flagrou, em 1º de outubro deste ano, a empresa de Ara Vartanian enviando joias com valor subfaturado para Cuiabá (MT). Na nota fiscal do carregamento, constavam 126 peças de joias avaliadas em R$ 1,9 milhão, mas, após contagem física realizada por auditores tributários da Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul, verificou-se que o carregamento, na verdade, continha 248 peças de joias de alto padrão, avaliadas em R$ 22,6 milhões.

Para piorar, a empresa em Cuiabá que seria o destino das joias, a Fernando S. Perez Lerez Ltda., não possuía em seus registros qualquer vínculo com o comércio de joias ou de metais preciosos. A atividade principal da empresa é o comércio de móveis e, a secundária, a representação comercial.

Diante da constatação dos auditores tributários de Mato Grosso do Sul, a nota fiscal foi considerada inidônea. A Avartanian tentou, 12 horas após a apreensão, utilizar uma nova nota fiscal, desta vez com a discriminação correta dos produtos, mas já era tarde demais.

Habeas Corpus negado

Em novembro, o superintendente de Administração Tributária da Sefaz-MS, Bruno Gouveia Bastos, enviou notícia-crime à Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações Falimentares e Fazendários (DEDFAZ), da Polícia Civil, para a abertura de inquérito criminal pela prática de crime tributário.

No caso do designer de joias Ara Vartanian, seu advogado Augusto de Arruda Botelho pede que a investigação sequer seja aberta pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Ele ancora seu pedido na Súmula Vinculante nº 24, que estabelece que crimes contra a ordem tributária somente se consumam com a constituição definitiva do crédito tributário, o que, segundo ele, não seria o caso da notícia-crime.

Por isso, no pedido de habeas corpus, Botelho alega que seu cliente foi submetido a constrangimento ilegal. O juiz Robson Celeste Candeloro, do Núcleo de Garantias da comarca de Campo Grande, indeferiu o pedido, na última quinta-feira (18), pois "revela-se precipitado impetrar habeas corpus contra mero ofício da Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso do Sul, o qual apresentou notitia criminis que sequer foi acolhida pela autoridade policial, além de exagerado elevar tal documento, sem nenhum poder coercitivo estatal".

Cidades

Universidades federais sofrem corte de R$ 488 milhões no Orçamento 2026

Em nota, a Andifes manifestou "profunda preocupação" e afirmou que o corte promovido pelo Congresso no Projeto de Lei Orçamentária Anual enviado pelo Executivo agrava o quadro "já crítico" das instituições

23/12/2025 19h00

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Cidade Universitária, em Campo Grande

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Cidade Universitária, em Campo Grande

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A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou um comunicado nesta terça-feira, 23, informando que o orçamento das universidades e institutos federais para 2026 sofreu um corte de R$ 488 milhões, o que representa uma redução de 7,05% nos recursos discricionários (não obrigatórios) das instituições.

Em nota, a Andifes manifestou "profunda preocupação" e afirmou que o corte promovido pelo Congresso no Projeto de Lei Orçamentária Anual enviado pelo Executivo agrava o quadro "já crítico" das instituições. O orçamento discricionário é utilizado para pagamento de contas de água, luz, limpeza, entre outras, como o pagamento de bolsas de assistência estudantil.

O Estadão questionou o Ministério da Educação (MEC) sobre quais serão as medidas para recompor o corte feito pelo Congresso, mas ainda não obteve resposta.

Conforme a Andifes, os cortes "incidiram de forma desigual entre as universidades e atingiram todas as ações orçamentárias essenciais ao funcionamento da rede federal de ensino superior"

A instituição afirma que uma das áreas mais afetadas será a assistência estudantil, fundamental para garantir que estudantes de baixa renda consigam permanecer na universidade. Apenas nesta ação, diz a Andifes, R$ 100 milhões foram cortados, o que representa uma redução de 7,3% no orçamento da área.

"Os cortes aprovados agravam um quadro já crítico. Caso não haja recomposição, o orçamento das Universidades Federais em 2026 ficará nominalmente inferior ao orçamento executado em 2025, desconsiderando os impactos inflacionários e os reajustes obrigatórios de contratos, especialmente aqueles relacionados à mão de obra", diz o comunicado.

A instituição diz ainda que cortes na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e no Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CNPq) fragilizam o desenvolvimento científico do País.

"Estamos, portanto, em um cenário de comprometimento do pleno desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão nas Universidades Federais, de ameaça à sustentabilidade administrativa dessas instituições e à permanência dos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica", afirma a Andifes.

A instituição diz ainda que está articulando com o Congresso e o Governo Federal para recompor o orçamento.

A luta das universidades federais por mais orçamento é antiga. Após enfrentarem um relação turbulenta com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, as instituições retomaram o diálogo com o governo federal após o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Apesar disso, também tiveram de enfrentar restrições orçamentárias. Em maio, as universidades anunciaram uma série de medidas de economia, como cortes nos gastos de combustível até a interrupção da compra de equipamentos de informática e passagens aéreas. A medida ocorreu devido a diminuições orçamentárias aprovadas pelo Congresso e sancionadas por Lula. Na época, uma mudança na forma como eram feitos os repasses também estrangulou a verba para universidades. Após reclamações, o governo federal anunciou a recomposição do orçamento.

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