Com a promessa de atrair investimentos da ordem de R$ 9 bilhões ao longo de 30 anos, o projeto para privatizar 870 quilômetros de rodovias do chamado vale da celulose em Mato Grosso do Sul deu mais um passo nesta semana. O Conselho Gestor de Parcerias aprovou nesta quinta-feira (4), durante a 30ª reunião do grupo, o projeto de concessão coordenado pelo EPE (Escritório de Parcerias Estratégicas).
Porém, antes da entrega das rodovias à iniciativa privada, elas devem receber investimentos públicos bilionários. O Estado já tem garantidos R$ 2,3 bilhões do BNDES e promete investir outros R$ 7,5 bilhões em infraestrutura rodoviária até o fim de 2026.
Entre as rodovias que fazem parte do pacote estão as BRs 262 (330 km), entre Campo Grande e Três Lagoas, e a 267, de Nova Alvorada do Sul até a divisa com São Paulo, em Bataguassu. Juntas, somam em torno de 550 quilômetros e antes de serem privatizadas terão de ser “estadualizadas”.
Além disso, a pretensão é privatizar os 320 quilômetros da MS-040, de Campo Grande a Bataguassu, passando por Santa Rita do Pardo. Depois desta cidade a rodovia passa a ser denominada de MS-338 e MS-395. Somente na recuperação e melhorias deste percurso estão previstos investimentos públicos da ordem de R$ 500 milhões antes da concessão.
LONGE DA CELULOSE
Estas concessões estão sendo preparadas para dar conta do aumento do tráfego no chamado vale da celulose, embora o volume de áreas com eucaliptos ao longo da 267 e da 040 seja insignificante atualmente.
O estudo aprovado nesta quinta-feira, segundo a assessoria do governo estadual, “considerou a instalação de indústrias de celulose e o aumento de fluxo de veículos projetado para os próximos anos pela expansão da região leste, formando a Rota da Celulose. O sistema rodoviário a ser concedido inclui os principais corredores que ligam a capital ao Sudeste do país, passando por nove municípios sul-mato-grossenses”.
Atualmente existem em torno de 1,5 milhão de hectares de eucaliptos no Estado, mas em torno de 80% disso está ao norte da BR-262 e praticmente toda a celulose está sendo despachada pela ferronorte, que passa em municípios como Chapadão do Sul, Cassilândi, Inocência e Aparecida do Taboado, na região nordeste de Mato Grosso do Sul.
O Escritório de Parcerias Estratégicas, responsável pela estruturação dos projetos de concessões do Estado, manteve o modelo de delegação de trechos das rodovias federais, adotado no projeto anterior, para compor o lote das rodovias estaduais.
Nas melhorias da malha viária estão previstas duplicações de alguns trechos, construção de acostamentos, terceiras faixas, passagens subterrâneas para animais silvestres, entre outras.
O projeto atende às diretrizes do programa Estrada Viva, do Governo do Estado, para preservação da fauna silvestre. Entre eles, a implantação de dispositivos de prevenção de acidentes como passagens de fauna, tela condutora, placas de alerta e lúdicas, controladores de velocidade e manejo de animais silvestres atropelados, bem como do serviço de Resgate e Reabilitação de Fauna e ações de educação ambiental de usuários e comunidade em geral.
SEGUNDO PACOTE
Em março do ano passado o Governo do Estado assinou contrato de concessão de 412 quiômetros de três trechos de rodovias estaduais. A principal delas foi a MS-112, além de trechos da BR-158 e BR-436. O vencedor do certame foi o Grupo Way, que já explorava o serviço na MS-306, entre Cassilândia e Chapadão do Sul.
Sem previsão de duplicação de nenhum dos trechos, as rodovias receberam seis praças de pedágio, cinco com cobrança de R$ 12,32 e mais um de R$ 4.
Todas estão na região nordeste do Estado, onde as plantações de eucaliptos estão em franca expansão. A chilena Arauco, que promete investir até R$ 28 bilhões em uma fábrica de celulose em Inocência, deve ampliar sua área de plantações de eucaliptos em cerca de 400 mil hectares nesta regiãoç.