Com o Brasil apresentando preocupantes índices de mortalidade por suicídio, a atividade física - além das medidas não médicas e farmacológicas -, pode ser uma grande aliada na prevenção da autodestruição e na luta contra a depressão.
Atual coordenador técnico do Curso de Prevenção de Suicídio do HU UFMS, o Major Capelão RR do corpo de Bombeiros, Edilson dos Reis, há tempos atua na conscientização de necessidade de se alertar a sociedade sobre suicídio.
Ele comenta que, na literatura e alguns artigos, baseiam a ideia - defendida por profissionais psicólogos e psiquiatras- de que o exercício frequente pode ter seus reflexos positivos no corpo humano, e ajudar quem sofre de depressão.
"Primeiro para condicionar o físicom, sair daquele processo de sofrimento. E também para ter um sentido de pertencimento, a um grupo e também a uma disciplina de horário, porque ele vai ter que sair da casa dele, se deslocar, fazer alguns exercícios que vão a ativá-lo positivamente", comenta ele.
Dados do último boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde (do Ministério da Saúde), aponta que, na última década ocorreram no Brasil 112.230 mortes por suicídio, entre 2010 e 2019.
Esse número representa um aumento de 43% no número anual de mortes, com 9.454 sendo registradas em 2010, e 2019 já apontando para 13.523.
Efeitos no corpo
Marcos Estevão dos Santos Moura é dr. psiquiatra pela Unimed Campo Grande, e defende os benefícios da atividade física classificando ele como boa tanto para tratar, quanto na prevenção do desenvolvimento de depressão e ansiedade.
Entre os bons reflexos, conforme o médico, praticar uma atividade física tira o foco de pensamentos negativos, já que libera substâncias que desencadeiam hormônios ligados ao humor.
“A atividade física é um tratamento, feita isoladamente já ajuda muito, em família os benefícios são maiores, pois melhoram os laços, tiram às pessoas de dentro de casa, local que existem os problemas do cotidiano, e alivia a mente para suavizar esses problemas”, reforça o neurologista.
Entre as atividades, pode-se listar:
- Caminhada: permitem o diálogo
- Pedaladas em ambiente seguro: diminui o estresse, dá senso de segurança e tem a preocupação uns com os outros
- Dança: é excelente, pois melhora a vida dos casais e, consequentemente, dos filhos
- Exercícios com bola: melhoram a qualidade de vida entre pais e filhos
Segundo dados do Boletim da SVS, o Centro-Oeste é a região que aparece em 2.º lugar no ranking das maiores taxas de suicídio, atrás apenas da região Sul.
Esses números mostram ainda que, homens tem um risco que é quase quatro vezes maior de morte por suicídio que as mulheres.
No último ano da amostra (2019), eles registraram uma taxa de 10,7 por 100 mil habitantes, enquanto entre as mulheres o número fica na casa de 2,9.
Entretanto vale ressaltar que, ambas as taxas tiveram altos índices de manutenção no perído 2010 a 2019, com o índice delas crescendo 29% nas taxas de suicídios, e 26% das taxas entre homens.
Preocupação com os mais novos
Em análise do relatório, é importante frisar que no período verificado, o aumento mais significativo de taxas de morte por suicídio foi entre os adolescentes de 15 a 19 anos.
Nessa faixa etária, as regiões Sul, Norte e Centro-Oeste apresentam os números mais preocupantes, sendo respectivamente 9; 9,7 e 9,8.
Essas foram também as regiões que apresentaram o maior incremento percentual das taxas de suicídio entre 2010 e 2019, respectivamente 99%, 90% e 99%.