A midia nacional - programa Fantástico, da Rede Globo e revista Piauí - noticiou no fim de semana em espaçosas reportagens o episódio policial ocorrido na semana passada em que o apontado pelo MPF (Ministério Público Federal) brasileiro, Antônio Joaquim Mota, controla parte do tráfico na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, fugiu ao cerco policial a bordo de um helicóptero.
Antônio Mota, de 30 anos de idade, é conhecido em Ponta Porã, cidade sul-mato-grossense, como Motinha, mas gosta mesmo é de ser chamado de Dom Corleone, mafioso, personagem do filme "Poderoso Chefão", segundo informação da Polícia Federal.
Em trecho do material publicado pela Piauí, narra-se, logo de cara, a cerimônia de casamento da irmã de Corleone, a Cecyzinha, festejada em maio de 2016, em Pedro Juan Caballero, que fica ao lado de Ponta Porã, cidades separadas por uma rua, apenas. E, logo aparece o nome de Fahad Jamil Georges, que viveu décadas na fronteira.
Fahad foi preso em Campo Grande em abril de 2021, aos 80 anos de idade. Sob a acusação de homicídio e por supostamente participar de organização criminosa que agiria na fronteira com o Paraguai, o réu pagou uma fiança de quase R$ 1 milhão e ficou detido em regime domiciliar.
Hoje, por determinação judicial, ele não pode sair de casa aos sábados, domingos e feriados e, em dias da semana, deve ficar em casa à noite.
"... entre os trezentos convidados [casamento] estavam alguns nomes da nata da política e do crime organizado da fronteira. Entre os mais notórios, Fahd Jamil Georges, lendário contrabandista da região apelidado de “El Padrino”, além do então deputado federal pelo Paraguai Robert Acevedo, e seu irmão José Carlos, prefeito de Pedro Juan. O narcotraficante Jarvis Chimenes Pavão não pôde comparecer por estar atrás das grades, mas mandou dois representantes, um irmão e um sobrinho", publicou a Piauí.
Por meio do advogado André Borges, seu defensor, em comunicado emitido ao Correio do Estado, Jamil Georges assim se expressou:
"Fahd Jamil não tem nenhum envolvimento com o assunto divulgado; no momento está concentrado em cuidar da própria saúde e de processos que correm na cidade de Campo Grande; nada mais tem a declarar".
De acordo com o Fantástico, Motinha, o Dom Corleone, era protegido por um grupo paramilitar de mercenários estrangeiros e tinha uma vida de luxo.
Diz ainda a reportagem, que Motinha seria da terceira geração de uma família que enriqueceu com o tráfico de drogas e o contrabando na fronteira com o Paraguai.
O Fantástico entrevistou o representante do MPF, que atua em Ponta Porã e investiga a organização de Motinha:
“A região Ponta Porã e Pedro Juan tem uma relevância histórica. Se você olhar a história do tráfico, se os grandes traficantes, os grandes nomes, se não eram da região, eles passaram por ali. [...] Você consegue observar, olhando em documentos históricos ou de operações que existem sucessões familiares ali”, disse Alexandre Aparizi, procurador da República em Ponta Porã (MS).
CONTRABANDISTA ANTIGO
A família de Motinha estaria envolvida no tráfico desde os anos 1970.
A Piauí cita, de novo, o nome Fahad:
"A história do clã Mota se confunde com a evolução do crime no eixo Ponta Porã-Pedro Juan Caballero. O baiano Joaquim Francisco da Mota, pai de Antonio, o Motinha, que escapou da PF num helicópero, chegou a Ponta Porã nos anos 1960, e já na década seguinte era considerado o maior contrabandista de café na região, ao lado de Fahd Jamil e de Adilson Rossati Sanches. O trio levava ilegalmente grandes carregamentos do grão produzido no Paraná, Minas Gerais e interior de São Paulo até o Paraguai e exportava o produto pelo país vizinho, pagando tributos muito mais baixos do que no Brasil".
O tido megatraficante Motinha, era o principal alvo da Magnus Dominus, operação da PF, e fugiu de helicópero que ficava numa fazenda em Pedro Juan Caballero. Ele escapou um dia antes da investida policial, deflagrada dia 30, semana passada. Foram cumpridos, segundo a PF, 11 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão, entre as quais a de guarda-costas de Motinha.
Até esta segunda-feira (10), Motinha não tinha sido capturado.
DEFESA
Em entrevista a Piauí, o advogado Luiz Renê Gonçalves do Amaral, que atua na defesa dos Mota, disse por meio de nota que a família “preserva raízes” em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero há mais de cinco décadas, “gozando de elevado prestígio e com incontáveis serviços prestados à sociedade fronteiriça, notadamente para o desenvolvimento da agropecuária na região, e sem qualquer envolvimento com atividades criminosas”.
A nota afirma ainda que os Mota estão “à disposição das autoridades públicas tanto do Brasil quanto do Paraguai para prestar todo e qualquer esclarecimento que se fizer necessário para o restabelecimento de sua honra”.



