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SAÚDE

Falta de sono por uso de telas afeta aprendizado de crianças e adolescentes

Estudo identificou que o tempo de tela de jovens até 18 anos aumentou em média 52% durante a pandemia

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Manter a concentração dos alunos nas aulas de Português tem sido um desafio para Vanessa Soares, professora da rede estadual de São Paulo há 12 anos. O problema não é, necessariamente, o desinteresse pela matéria. Ela não consegue competir com a sonolência e o uso de celulares.

"Vemos muitos alunos com muito sono, e, quando a gente pergunta, eles foram dormir duas horas da manhã jogando na internet, usando o celular. Os pais têm dificuldade de controlar", relata.

Soares ensina crianças e adolescentes de 11 a 14 anos na cidade de Quatá, interior paulista. Ela notou, nos últimos anos, uma piora expressiva na capacidade de concentração dos alunos, que estão cada vez mais sonolentos em sala de aula.

A dificuldade já existia antes da pandemia, mas piorou após o período de isolamento. Um estudo canadense, publicado na Jama Pediatrics em novembro de 2022, identificou que o tempo de tela de jovens até 18 anos aumentou em média 52% durante a pandemia.

"No período do isolamento, alguns jovens passavam de 14 a 16 horas por dia usando telas", aponta o pediatra Gustavo Moreira, especialista do Instituto do Sono. "Estudos mostram que três horas por dia já têm um efeito negativo."

As consequências do uso excessivo de celulares, tablets e computadores ainda estão sendo estudadas. Oftalmologistas acreditam, por exemplo, que o hábito esteja ligado ao aumento do número de casos de miopia em jovens.

A relação da luminosidade das telas com a dificuldade de dormir, porém, é facilmente explicada pela ciência.
Letícia Soster, responsável pelo laboratório de Sono Infantil do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da USP e membro da ABS (Associação Brasileira do Sono), aponta que o organismo humano tem uma série de mecanismos para determinar o ciclo de sono, incluindo fatores comportamentais e o gasto de energia.

Contudo, um fator importante para que o corpo entenda que está na hora de dormir é a ausência de luminosidade, difícil de conseguir quando se tem contato constante com celulares, tablets e computadores.

"O nosso olho não entende a diferença entre a luz do sol e a luz de telas", pontua Soster. "A criança que usa telas no fim do dia tende a empurrar o horário do início do sono."

É por isso que no período letivo muitos têm dificuldade de se adaptar aos horários e os efeitos são percebidos em sala de aula.

"A privação de sono tem vários efeitos neurológicos", afirma o pediatra Gustavo Moreira, especialista em medicina do sono. Para crianças e adolescentes, dormir menos de nove horas por dia pode causar alterações de humor, dificuldade de memorização e de concentração.

Especialmente na adolescência, fatores fisiológicos e sociais dificultam que essa meta seja alcançada. Moreira ressalta que, enquanto crianças tendem a ser mais matutinas, adolescentes são vespertinos: sentem sono mais tarde à noite e têm mais dificuldade para acordar cedo.

"O horário da escola, que começa às 7h, é muito cedo para o adolescente", reforça Soster. Segundo a neurologista infantil, experiências em outros países mostram que atrasar o começo das aulas pela manhã pode ajudar os alunos a melhorar o rendimento.

A privação de sono associada ao uso de telas em excesso causa dificuldades no aprendizado e diminui o foco dos estudantes em sala de aula. Além disso, professores e especialistas têm observado um comportamento imediatista e ansioso.

Ana Paula Aoletta, professora de Língua Portuguesa em São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo, diz que em resposta ao comportamento dos alunos, os professores precisam dinamizar "muito" as aula, pois "qualquer atividade ou explicação que se prolongue um pouco, percebo que eles começam a dispersar".

Aoletta é professora há 19 anos e já ensinou crianças e adolescentes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental em escolas municipais da região do ABC Paulista. A profissional relata que, ao mesmo tempo que os alunos têm o raciocínio mais lento e a atenção prejudicada, também demonstram certa impaciência e dificuldade de aguardar respostas.

A professora Vanessa Soares concorda. "Eles querem tudo muito rápido."

COMO CONTROLAR O TEMPO DE SONO

Os especialistas ressaltam que os pais precisam estabelecer limites em casa para garantir que os filhos tenham uma boa rotina de sono. "Para adolescentes, dez da noite é um bom horário para dormir. Já para crianças menores, nove horas", diz Moreira.

Soster reforça que é importante manter também horários semelhantes no final de semana. "Atrasar de uma a duas horas o horário de dormir, no máximo."

Para garantir que as crianças respeitem esses horários, um elemento importante é reduzir o uso de aparelhos eletrônicos, atividades e alimentos estimulantes no período da noite. A partir das sete horas, é recomendado reduzir o tempo de tela, além de buscar desligar os celulares cerca de uma hora antes de ir para a cama.

"A família deve buscar incluir as crianças em atividades sem telas," sugere Moreira. "Os mais velhos podem ajudar a preparar o jantar ou colocar a mesa, por exemplo."

CAMPO GRANDE

Bioparque Pantanal terá Papai Noel mergulhador em programação especial de Natal

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

14/12/2025 18h00

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

Atração promete encantar visitantes de todas as idades Divulgação/ Gov MS

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O Bioparque Pantanal preparou uma programação especial de Natal para receber o público em dezembro, com uma das atrações mais aguardadas do período: o Papai Noel Mergulhador.

A apresentação está marcada para as 10h dos dias 23 e 24 e promete surpreender famílias e visitantes ao unir magia, educação ambiental e o contato direto com a biodiversidade.

A ação, que já se tornou tradicional no calendário do atrativo, leva o personagem natalino para dentro dos tanques, reforçando de forma lúdica a importância da conservação ambiental e da relação harmoniosa entre o ser humano e a natureza.

Atenção nos horários!

No dia 24 de dezembro, o Bioparque Pantanal funcionará em horário especial, das 8h30 às 14h30, permitindo que o público aproveite a véspera de Natal com uma experiência diferente em um dos maiores complexos de água doce do mundo. O último horário de entrada será até 13h30.

Já nos dias 25 e 31 de dezembro, não haverá visitação. O empreendimento também permanecerá fechado entre 1º e 7 de janeiro de 2026, período destinado à realização de manutenções internas, voltadas à segurança dos visitantes e ao bem-estar dos animais. As atividades serão retomadas normalmente no dia 8 de janeiro.

Bioparque Pantanal

Inaugurado em março de 2022, o Bioparque Pantanal já recebeu mais de 1 milhão de visitantes e se consolidou como referência nacional em turismo científico, inclusivo, sustentável e contemplativo. O espaço é reconhecido pela estrutura moderna e pelo compromisso com a educação ambiental, acessibilidade e conservação da fauna.

A visita ao Bioparque Pantanal é gratuita, mas o agendamento é obrigatório e deve ser feito exclusivamente pelo site bioparquepantanal.ms.gov.br.

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MANIFESTAÇÃO

"Sem anistia", manifestantes protestam contra PL da Dosimetria em todo o Brasil

Atos ocorreram em diversas cidades e classificam projeto como anistia disfarçada aos envolvidos no 8 de Janeiro

14/12/2025 17h00

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo Divulgação/ Agência Brasil

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Manifestantes de diversas cidades brasileiras foram às ruas neste domingo (14) em protesto contra a aprovação do chamado Projeto de Lei da Dosimetria, que altera o cálculo das penas aplicadas aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Para os organizadores, o texto representa uma “anistia disfarçada” e abre caminho para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e integrantes de seu governo.

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reuniram movimentos sociais, centrais sindicais, estudantes e partidos de esquerda. Pela manhã, manifestações ocorreram em capitais como Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Maceió, Fortaleza, Salvador e Brasília.

Na capital federal, o protesto teve início em frente ao Museu da República e seguiu em direção ao Congresso Nacional. Durante o trajeto, manifestantes entoaram palavras de ordem e exibiram cartazes com frases como “Sem anistia para golpista” e críticas diretas ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Campo Grande

Em resposta a aprovação por 291 a 148 votos na última quarta-feira (10), centenas de campo-grandenses liberais se encontraram na esquina da Rua 14 de Julho com a Avenida Afonso Pena para protestar contra a tentativa de Anistia das pessoas que foram condenadas pelo 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Além de apoiadores, a manifestação contou com a presença de algumas autoridades da esquerda de MS, como o deputado estadual Pedro Kemp (PT), que foi o primeiro político a chegar no local.

Em conversa com a reportagem, o parlamentar falou sobre o movimento desta manhã e a importância de dar uma rápida resposta ao PL da Dosimetria.

"Mais uma vez, a população dá um recado para a Câmara dos Deputados, que está votando na contramão de tudo aquilo que a população deseja, porque quem atentou contra a democracia, quem quebrou a série dos poderes em Brasília, quem tentou dar um golpe de estado no Brasil tem que ser condenado e pagar por esses crimes. Dar uma lição na história de que nós não aceitamos mais golpes no Brasil", disse o petista.

O ex-deputado estadual e agora candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo Partido dos Trabalhadores, como oficializado neste sábado (13) pelo presidente do partido, Fábio Trad também compareceu ao protesto.

"É um momento muito importante, mas não só para a esquerda, para todos os democratas. Eu convido também a direita liberal que respeita a democracia, aquela direita dos anos 90 que respeitava a vontade das urnas, que não apoiava os Estados Unidos contra o próprio Brasil. Ela deveria estar aqui conosco, porque o que está em jogo aqui hoje não é só uma disputa partidária, é uma questão de civilização e barbárie", destaca.

Paulista ocupada

Em São Paulo, a Avenida Paulista foi ocupada por manifestantes concentrados nos quarteirões próximos ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). O ato reuniu representantes de sindicatos, movimentos sociais, estudantis e partidos políticos contrários ao projeto.

Durante o protesto, o coro de “sem anistia” foi repetido diversas vezes. Cartazes com dizeres como “Congresso inimigo do povo” ganharam destaque, assim como críticas ao comando da Câmara. Parte dos participantes vestiu roupas verde e amarelas para reforçar a rejeição à anistia dos envolvidos nos atos golpistas.

A votação do PL na Câmara ocorreu em meio a um episódio de tensão, após a retirada forçada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da Mesa Diretora pela Polícia Legislativa. Jornalistas foram impedidos de acompanhar a ação, e profissionais da imprensa relataram agressões.

Parlamentares da oposição avaliam que, com as mudanças previstas no texto, Bolsonaro poderia ter a pena reduzida de 7 anos e 8 meses para cerca de 2 anos e 4 meses em regime fechado, conforme o cálculo atual da Vara de Execuções Penais.

Segundo Juliana Donato, da Frente Povo Sem Medo, a mobilização foi motivada pela gravidade da proposta. “Nós entendemos que isso é uma anistia. Os crimes cometidos contra a democracia são muito graves e não podem ser perdoados. A impunidade abre espaço para novas tentativas de golpe”, afirmou. Ela acredita que a pressão popular pode influenciar a tramitação do projeto no Senado.

Protestos no Rio

No Rio de Janeiro, milhares de pessoas ocuparam as ruas próximas ao Posto 5, em Copacabana. O ato contou com a participação de movimentos sociais, sindicatos, estudantes, parlamentares, artistas e militantes de esquerda.

A manifestação ganhou caráter cultural com a participação de artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil, que se apresentaram durante a tarde. O evento foi batizado de “Ato Musical 2: o retorno”, em referência a uma mobilização anterior contra a PEC da Blindagem.

Além do PL da Dosimetria, os participantes protestaram contra a escala de seis dias de trabalho por um de descanso, o marco temporal para demarcação de terras indígenas, o feminicídio e cobraram transparência em investigações envolvendo o Banco Master.

Uma performance realizada por um grupo de mulheres chamou atenção ao comparar parlamentares favoráveis ao projeto a “ratos traiçoeiros”, com a distribuição de animais de borracha e fotos de deputados que votaram pela redução das penas.

A aposentada Angela Tarnapolsky, de 72 anos, afirmou que não poderia se omitir diante do que considera retrocessos democráticos. “Depois de tudo o que vivi desde a ditadura, é impossível aceitar um Congresso com esse nível de retrocesso”, declarou.

O deputado Glauber Braga participou do ato e agradeceu o apoio popular. Com a suspensão de seu mandato por seis meses, ele afirmou que levará o gabinete “para as ruas” e seguirá mobilizado contra o PL da Dosimetria e contra as chamadas emendas Pix, que permitem repasses de recursos públicos sem detalhamento do uso.

O que prevê o projeto

O PL da Dosimetria estabelece que os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito, quando cometidos no mesmo contexto, sejam punidos apenas com a pena mais grave, e não pela soma das penas. O texto também reduz o tempo necessário para a progressão de regime, do fechado para o semiaberto ou aberto.

A proposta pode beneficiar, além de Bolsonaro, militares e ex-integrantes do alto escalão do governo anterior, como Almir Garnier, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e Augusto Heleno.

Parlamentares da oposição preveem, para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o total da redução pode levar ao cumprimento de 2 anos e 4 meses em regime fechado em vez dos 7 anos e 8 meses pelo cálculo atual da vara de execução penal, segundo a Agência Câmara de Notícias. Mas a definição dos novos prazos será do STF e pode ser influenciada pelo trabalho e estudo em regime domiciliar, que diminuem o período de prisão.

O texto original previa anistia a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e dos acusados dos quatro grupos relacionados à tentativa de golpe de Estado julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas esse artigo foi retirado do projeto.

**Colaborou Felipe Machado**

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