Cidades

inquérito do mpe

Fezendeira questiona 'multa midiática' após incêndio devastador no Pantanal

Incêndio, punido com multa de R$ 19,7 milhões, destruiu 65 mil hectares e atingiu 69 propriedades na região da Nhecolândia no começo de novembro do ano passado

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Em meio à volta dos incêndios florestais ao Pantanal, uma multa de R$ 19.707.300,00 aplicada em dezembro do ano passado por conta da destruição de uma área de 65.690 hectares segue gerando polêmica, dando origem, nesta semana, a um inquérito civil instaurado pelo Ministério Público Estadual (MPE). 

Em sua defesa, a fazendeira alega que a punição foi midiática e que não existe nenhuma comprovação aceitável de que o fogo tenha começado em sua propriedade ou que tivesse tido a participação humana no começo da devastação. 

A queimada ocorreu entre os dias 5 e 14 de novembro do ano passado, na região da Nhecolândia, na fazenda Santa Edwirges e a multa milionária foi emitida em primeiro de dezembro. 

A punição ocorreu com com base em imagens de satélite analisadas por técnicos do Imasul. Eles chegaram à conclusão de que o fogo devastador, que atingiu 69 fazendas da região, teria começado em uma área de 6,12 hectares da reserva legal da fazenda e depois disso se alastrado.

NO MEIO DO CAMINHO

Mas, antes da emissão da multa, atendendo a um pedido do Ministério Público Estadual, policiais ambientais foram à sede da fazenda e constataram que se trata de um imóvel abandonado. E, por conta das más condições das vias de acesso, não conseguiram chegar ao ponto onde os satélites apontaram que o fogo teria começado. 

Mesmo assim, a multa foi emitida, pois, segundo as autoridades, a omissão também é passível de punição. Em sua defesa, porém, a fazendeira Alessanda Gahiva Martins, do Rio de Janeiro, alega que, se o fogo realmente teve origem em seu imóvel, que teve 800 dos 7 mil hectares destruídos, ele teve origem natural, pois nem rede de energia elétrica existe no imóvel. 

Se nem mesmo os policiais conseguiram chegar ao local de origem do fogo devastador, alega a defesa da fazendeira, é lógico que não existe atividade humana no local que poderia ter realizado alguma queimada controlada e que saiu do controle, conforme sustentou o Imasul ao emitir a multa.

ESTIAGEM ATÍPICA

A queimada ocorreu em um período em que normalmente as chuvas são abundantes no Pantanal. Porém, desde o ano passado o Estado enfrenta série estiagem e sucessivas ondas de calor. E com base nestes dados meteorológicos a defesa alega que o incêndio teve origem natural, o que estaria acontecendo no Pantanal há séculos. 

Novembro do ao passado foi o mês mais devastador da série histórica de incêndios, conforme  do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Mais de um milhão de hectares foram devastados em todo o Pantanal, o triplo do registrado em todo o ano anterior.

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Somente nos primeiros 15 dias foram 3.860 focos. Mato Grosso contabilizou 2.663 deles, enquanto que  por aqui  foram 1.197 focos, entre os quais aquele que supostamente começou na Santa Edwirges e atingiu outras 69 fazendas.

Em sua defesa, apresentada tanto ao MPE quanto ao Imasul, a fazendeira carioca alega que a emissão de multa com base exclusivamente em imagens de satélite é ilegal, conforme já teriam decidido tribunais de instâncias superiores de outros estados. E, exatamente por saber disso, é que a PMA teria sido enviada ao local, mas ficou no meio do caminho. 

Outro argumento utilizado em sua defesa é que toda multa, para ter validade, precisa ser emitida com a assinatura de duas testemunhas e nem mesmo esse cuidado as autoridades ambientais tiveram, pois só aparece o nome de uma. 

Diante disso, a defesa diz que o “auto de infração é absolutamente precário e parte de técnica rudimentar”. Ela teria sido emitida para justificar a omissão dos diferentes órgãos do poder público e para “dar uma satisfação ao público e apontar um culpado ao 4º poder (mídia)”. 

PARQUE

A fazenda Santa Edwirges é lindeira do Parque Estadual Rio Negro, uma área de 78 mil hectares, que foi atingido pelo fogo, o que contribuiu para aumentar o valor da multa. O MPE e o Imasul entenderam que a fazendeira carioca foi omissa e não fez os devidos aceiros para impedir a propagação do fogo. 

Porém, questiona a defesa, se o fogo se alastrou para o parque e para outras dezenas de fazendas, nenhuma delas fez os aceiros corretos ou eles são ineficazes para conter o alastramento das chamas em meio a ao cenário de estiagem, calor e vento. E, sendo assim, não faz sentido somente um destes proprietários ter sido punido, alega o advogado da fazendeira, Gustavo Feitosa Beltrão. 

No inquérito aberto nesta semana, a promotoria abre a possibilidade para que seja firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) no qual a proprietária teria de assumir o compromisso de adotar cuidados evitar novas queimadas nos próximos anos. 

CONTRAPARTIDA

Estado repassa R$ 38 milhões para destravar obras do PAC em Campo Grande

Cerca de 27 milhões são para pavimentação da região do Nova Lima e outros R$ 10 mi serão voltados para manejo de águas do complexo Ahanduí

15/04/2025 12h38

Trabalhos às margens do Córrego Ahanduí seguem com o trecho da Avenida Ernesto Geisel, por exemplo, em obras. 

Trabalhos às margens do Córrego Ahanduí seguem com o trecho da Avenida Ernesto Geisel, por exemplo, em obras.  Marcelo Victor/Correio do Estado

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Extratos de convênio, entre o Executivo de Campo Grande e a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), mostram a liberação de cerca de R$ 38 milhões por parte do Governo do Estado para "destravar" obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 na Capital. 

Assinados pela prefeita Adriane Lopes e o diretor-presidente da AGESUL, Mauro Azambuja Rondon Flores, os convênios beiram trinta e oito milhões de reais (somando exatos R$ 37.940.210,41 em aporte parcial), sendo divididos da seguinte forma: 

  • R$ 27.485.415,84 - Pavimentação: bairros Nova Lima III e IV, etapas C1 e D; e Vila Nasser, etapa A. 
  • R$ 10.454.794,57 - manejo de águas pluviais do complexo Anhanduí, Cabaças e Areias.

Conforme os respectivos planos de trabalho e cronogramas de desembolsos físico-financeiros, com ambos os convênios tendo 21 meses de vigência, os 27 milhões de reais da pavimentação serão pagos em 12 parcelas, enquanto os R$ 10 mi do manejo serão desembolsados em sete vezes.

"Destravando" obras

O Executivo de Campo Grande foi consultado, para que detalhasse, através da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), sobre quais são exatamente as obras mencionadas, porém, algumas saltam aos olhos como "velhas conhecidas" da população campo-grandense. 

Principalmente se tratando de Nova Lima, já que até o Ministério Público colocou as obras do bairro em sua mira após rescisão de contrato por parte da empresa contratada na época (GTA- Projetos e Construções LTDA.), que alegou "não haver mais interesse na execução dos serviços". 

Mesmo que os serviços tenham sido paralisados, oficialmente, em 2023, vale ressaltar que os projetos de infraestrutura urbana; pavimentação asfáltica e drenagem de águas pluviais para o Nova Lima estão prontos desde junho de 2013. 

A rescisão aconteceu em 2023, sendo que as frentes já tinham valores executados no início dos trabalhos, sendo: 

  • Etapa C| R$ 20,5 milhões empenhados e R$ 6,1 milhões executados: 30% da obra concluída
  • Etapa D| R$ 11.455.706,87 empenhados e R$ 700 mil executados: 6% da obra concluída

Ou seja, dos quase R$ 32 milhões empenhados para colocar a pavimentação do Nova Lima em dia, pelo menos R$ 6,8 mi em recursos foram gastos nas duas frentes de trabalho, com um resultado bem aquém do esperado. 

Segundo a Sisep, as etapas C e D compreendiam o recapeamento de seis vias (2,5 km totais) sendo: 

  • Rua Lino Vilacha
  • Narciso Dias
  • Uriocara
  • Abdar Nassar 
  • Agenor Pinto
  • Celina Bais Martins

Além destas, estava previsto o asfaltamento de 31 vias, em 28,4 km totais, pelas ruas: dos Poetas; Capitólio; Travessa Pires; Amambai; Alexandrino Alencar; Helena Beruk; Henrique Barbosa Martins; Celina Bais Martins; Firmo Cristaldo; Padre Antônio Franco; Alberto da Veiga; Claudio Manoel da Costa; Rua Lateral e mais, sendo: 

  • Lourenço Veiga
  • Claudio Manoel da Costa
  • Av. Cândido Garcia de Lima
  • Alberto da Veiga
  • dos Pracinhas
  • John Kennedy 
  • Profª Antônia Capilé 
  • Alcebíades Barbosa
  • Abdar Nassar
  • Agenor Pinto
  • Jaime Cerveira
  • Albertina Pimentel
  • Júlio Baís
  • Bertolino Cândido
  • Monte Alegre
  • Haroldo Pereira.

A relicitação - pelo custo de R$ 38 milhões aos cofres públicos - só saiu em agosto do ano passado (atrasada em mais de seis meses), com ambas as etapas da obra indo nas mãos de uma empresa que também é considerada "velha conhecida" da administração pública local. 

Licitada, a Empresa Equipe trabalha debaixo do prazo de 540 dias a partir do recebimento da ordem de serviço, o que jogaria a entrega dessas obras no Nova Lima para meados de fevereiro de 2026. 

Vale lembrar que há tempos Equipe Engenharia vence licitações milionárias em Mato Grosso do Sul, como os R$ 43 milhões recebidos em novembro do ano passado para obras no Nova Campo Grande e Córrego Imbirussu. 

Antes disso, é possível listar licitações vencidas pela Equipe que datam, pelo menos, desde 2015, quando recebeu R$ 32,1 milhões para pavimentar a rodovia MS-460, em Maracaju; seguido de reajuste de R$ 3,4 milhões em 2016

Depois, uma das obras mais memoráveis da Equipe- não pelo bom sentido - foi a calçada com acessibilidade "em zigue-zague" instalada de maneira irregular no Parque dos Poderes, em Campo Grande, ainda em meados de 2018. 

Cabe destacar que o PAC 2 firmou convênio em agosto de 2011, com foco no complexo Anhanduí, Cabaça e Areis, que chega ao fim no próximo dia 29, projeto que à época do lançamento compreendia: 

"192.000 metros quadrados de restauração de margens, 10.792 m de galerias pluviais, 3.000 m² de recuperação de áreas úmidas, 120.000 m³ de reservatório de amortecimento de cheias, 242.267 m² de urbanização de caráter complementar e 135.581 m² de pavimentação e manejo de águas pluviais". 

Quase 25 anos depois, entre entradas e saídas do Programa de Aceleração do Crescimento, os trabalhos às margens do Ahanduí seguem com o trecho da Avenida Ernesto Geisel, por exemplo, em obras. 

A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) foi procurada, para que detalhasse quais são, de fato, as obras relacionadas no convênio mais recente, bem como o total de investimentos previsto, porém, até o fechamento da matéria não foi obtido retorno. O espaço segue aberto para posicionamento.

 

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Cidades

Quadrilha com braço em MS despachava cocaína pelo porto de Pernambuco

Investigações apontam que o grupo atuava de forma estruturada, utilizando rotas internacionais para o fornecimento de entorpecentes

15/04/2025 12h15

Quadrilha com braço em MS despachava cocaína pelo porto de Pernambuco

Quadrilha com braço em MS despachava cocaína pelo porto de Pernambuco Polícia Federal

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Uma operação foi deflagrada na manhã desta terça-feira (15) pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado. Batizada de Operação Kéfale, a ação tem como foco desarticular uma organização criminosa envolvida com tráfico interestadual de drogas, lavagem de dinheiro e homicídios incluindo em Mato Grosso do Sul. 

Ao todo, estão sendo cumpridos 60 mandados de prisão preventiva e 49 mandados de busca e apreensão, além de medidas patrimoniais contra os investigados. A ofensiva ocorre simultaneamente em MS e em outros dez estados: Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe, Piauí, São Paulo, Mato Grosso, Paraná, Pernambuco, Tocantins e Rondônia.

As investigações apontam que o grupo atuava de forma estruturada, utilizando rotas internacionais para o fornecimento de entorpecentes. A distribuição era concentrada em Porto de Galinhas, no litoral sul pernambucano, com ramificações no Recife e na Região Metropolitana. A quadrilha também se destacava pelo uso da violência e por manter uma hierarquia definida entre os membros.

Mais de 400 agentes das forças de segurança participam da operação, que é coordenada pela FICCO/PE, responsável pela investigação. As medidas judiciais foram autorizadas pela 1ª Vara Criminal de Ipojuca (PE) e têm como objetivo enfraquecer o grupo, interromper suas atividades criminosas e reunir mais provas para o processo.

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