Cidades

LUTO

Figuras de MS repercutem a morte de Antônio João

Deixando marcas do parlamento à comunicação e empresariado, políticos e empresários lamentam falecimento de ícone sul-mato-grossense

Continue lendo...

Inegáveis, as marcas do campo-grandense nato, Antônio João Hugo Rodrigues, passam as barreiras da lei, da comunicação e chegam ao íntimo de cada Senador, jornalista ou pessoa qualquer que, nestes 75 anos, puderam cruzar seu caminho e hoje lamentam a ida dessa figura histórica de Mato Grosso do Sul. 

Atual presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Gerson Claro (PP) usou as redes sociais para deixar sua memória e homenagem a Antônio João.  

"Mato Grosso do Sul Perdeu hoje Antônio João Hugo Rodrigues, jornalista, ex-senador e empresário que ao longo dos anos contribuiu de forma significativa para o crescimento da comunicação em nosso Estado. Descanse em paz", comentou. 

Além dele, o advogado André Borges cita conversas animadas nos últimos tempos em que pôde se aproximar de Antônio João, citando qualidades desse ícone regional.

"Jornalista à moda antiga: fiel amigo das fontes; culto e inteligente.  Longa história à frente do mais tradicional jornal diário pantaneiro, o Correio do Estado. Estava sempre por dentro de tudo o que ocorria na política e cultura locais", diss.

Em complemento, ele frisa o legado de Antônio João que, na figura do Correio do Estado, impulsiona o caminho de jovens que optam por seguir essa mesma carreira. "Que Deus o receba de braços abertos, dando-lhe a paz merecida.  André Borges", disse. 

Também através das redes, o empresário e ex-prefeito de Costa Rica, Waldeli dos Santos Rosa, registrou seu pesar e lembrou sua trajetória, classificando essa como "uma grande perda para a imprensa e comunicação sul-mato-grossense". 

"AJ sempre esteve determinado em transmitir o amor pelo que fazia, tornando o jornal Correio do Estado referência na comunicação com credibilidade. Sua história sempre será lembrada com muito carinho por familiares, amigos, colaboradores e admiradores".

Marcas pessoais

Mais recente neste ano, quando o Jornal completou 69 anos, o senador de Mato Grosso do Sul, Nelson Trad Filho, gravou um vídeo em que relembra que a última entrevista concedida pelo seu pai ao Correio do Estado, emoldurada em gabinete. 

Hoje, ele estende o carinho e sentimento de quem considera uma pessoa marcantes, dizendo que quem conheceu Antônio João jamais o esquecerá. 

"Muito autêntico em tudo, deixou o seu talento eternizado no jornalismo. Sua vida fez parte da história de criação e desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. Apaixonado pelas orquídeas, me convenceu a colocá-las pelas ruas de Campo Grande. Cultivamos muitas mudas juntos e, agora, fica a minha gratidão pela sua amizade e apoio na vida política. Desfrute da paz e do amor divinos nos braços de Deus", disse. 

Ele ainda, enquanto Senador, compôs um vídeo institucional em que destaca, com fotos, as paixões de Antônio João e momentos que compartilhou com essa figura seguida da frase: "Obrigado por me acolher como um filho".

Já na comunicação, quem obteve as graças de Antônio João no meio é a jornalista Neiba Ota. Ainda que sua carreira tenha começado em assessoria em São Paulo, passando até pelo Executivo Municipal, ela relata que seu sonho era trabalhar em impresso, até o dia que os dois caminhos se cruzaram, primeiro indiretamente. 

Repórter na recém-criada Folha do Povo, a jornalista contava também com a sorte de cobrir greves de ônibus; incêndios em carros, garantindo sempre manchete, o que fez com que Antônio João tirasse a profissional desse veículo "a qualquer custo". 

"Um belo dia, ele pegou, chamou o diretor da TV e falou 'chama essa garota aí, que eu quero ela trabalhando comigo'. Mas não tinha vaga no jornal, eu não sabia nem pegar no microfone, mas ele falou que eu ia trabalhar na TV, e não foi ele que me contratou, foi o Bosco Martins". 

Vida que segue, seus caminhos finalmente se cruzaram após a jornalista voltar de uma pauta coberta em um lixão, enquanto entrava descalça para não sujar o ambiente, apesar de, com isso, estar descumprindo uma regra. 

"Ele chegou na redação, por acaso ele me viu e perguntou por que eu estava assim e falei que fui no lixão fazer uma matéria e eu não podia entrar com os pés sujos aqui dentro. Ele deu uma ordem para Denise: 'a partir de hoje ninguém vai mais para a rua sem uma bota'. E daquele dia em diante nós começamos a ganhar bota e guarda-chuva, nunca mais me esqueci disso", revela 

Sem nem saber quem era a figura, a colega de profissão Maristella Brunetto foi quem a avisou de que estava falando com o dono do jornal que, por um acaso, era quem mandou contratar a jornalista. 

"Eu falei não, fui contratada pelo Bosco Martins. Daí ela me contou toda a história, que todo mundo sabia, menos eu, que tinha sido chamada pelo Antônio João, que queria eu no time dele, mas não porque fosse boa, porque ele queria me tirar da Folha do Povo. E ali começou a minha relação com o Antônio João", completa. 

Desde então, ela tornou-se inclusive correspondente internacional quando foi morar no Japão, até o ano de 2006, quando Antônio torna-se padrinho do casal, por considerá-la uma filha. 

"Tenho o Antônio João como uma pessoa especial na minha vida. Uma referência profissional, me abriu portas. Ouvia inclusive que o primeiro bebê que ele carregou na vida foi meu menino, José Vinícius, que agora tem 14. E a Maria Júlia tem um amor incondicional por ele, inclusive quando perdeu em 2018 quem mais chorou foi ela. Na vida pessoal me deu muitos conselhos, sempre me falava que eu tenho o bem mais precioso que é minha filha", conclui. 

 

Assine o Correio do Estado

CAMPO GRANDE

Sem salário, motoristas de ônibus resistem a retornar ao trabalho

Sindicato decidiu descumprir decisão judicial que determina 70% da frota em circulação e vai arcar com multa de R$ 20 mil

16/12/2025 08h00

Todos os ônibus estão parados desde a meia noite de segunda-feira (15)

Todos os ônibus estão parados desde a meia noite de segunda-feira (15) Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado

Continue Lendo...

Os motoristas de ônibus de Campo Grande seguirão firmes na posição de greve e a frota continuará parada hoje, como ficou decidido em reunião do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTU-CG), mesmo diante de decisão judicial que impõe a retomada de 70% das atividades.

Ontem, horas depois do começo da greve por parte dos motoristas, o desembargador César Palumbo Fernandes, do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT24), emitiu uma decisão judicial favorável ao Consórcio Guaicurus que determinou que, no mínimo, 70% da frota de ônibus deveria estar circulando, mesmo sob efeito de greve dos funcionários, o que não foi seguido pelo sindicato.

“Em serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”, consta no documento da decisão judicial.

Diante disso, o desembargador determinou a retomada das atividades do mínimo exigido em contrato, sob multa diária de R$ 20 mil pelo descumprimento da ordem. Mesmo com divulgação às 22h de domingo, a decisão chegou nas mãos do STTU-CG às 13h de ontem, quase nove horas depois do início da greve.

À reportagem, Demétrio Freitas, presidente do sindicato, disse que uma reunião de urgência foi convocada para decidir o que a classe faria diante da ordem judicial, motivada também pela multa. Sem tempo para realizá-la de forma presencial, o debate foi feito por WhatsApp e chegaram a uma decisão no fim da tarde.

Em suma, a categoria disse que a greve vai continuar como está, ou seja, com 100% da frota fora de circulação. Sobre a multa, Demétrio disse que os motoristas estão dispostos a arcar com o valor.

“O trabalhador está disposto a pagar esses R$ 20 mil, porque o que não pode é ficar sem receber, sem nenhuma perspectiva de quando vai receber”, reforça.

Em nota enviada à reportagem, o desembargador do caso disse que “a Justiça do Trabalho reconhece a importância do direito de greve, constitucionalmente assegurado aos trabalhadores e também a gravidade da situação, ante ao não recebimento dos seus vencimentos. Entretanto, a população também tem constitucionalmente garantido o acesso a serviço público de transporte urbano, caracterizado como essencial e por esse motivo não se pode aceitar a paralisação de 100% dos serviços”.

Todos os ônibus estão parados desde a meia noite de segunda-feira (15)Veículos do Consórcio Guaicurus permaneceram na garagem durante toda a segunda-feira na Capital - Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado

Por causa da greve, acontecerá hoje, às 15h45min, na sede do TRT da 24ª Região, uma audiência de conciliação entre as partes – Consórcio Guaicurus, sindicato e Prefeitura Municipal de Campo Grande. O objetivo deste encontro é que todos os lados entrem em um acordo para que o transporte coletivo da Capital seja restabelecido o quanto antes.

A intenção e exigência dos motoristas é que sejam efetuados os pagamentos de três valores: o salário vencido no quinto dia útil, o qual apenas metade foi pago; a segunda parcela do 13º salário, que ainda vai vencer no dia 20; e pagamento do “vale” (adiantamento), que também vai vencer no dia 20. Sem isso, a classe reforça que não voltará a trabalhar.

NARRATIVAS

Após o começo da greve, representantes da Administração Municipal convocaram uma coletiva de imprensa para esclarecer pontos sobre a crise financeira no setor do transporte coletivo da cidade.

Sem a presença da prefeita Adriane Lopes (PP), representaram o Executivo Municipal: Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg); Ulysses Rocha, chefe de gabinete da Prefeitura; e Cecília Saad Cruz Rizkallah, procuradora-geral do Município. 

A prefeitura reforçou que não está em débito com o Consórcio Guaicurus e que foram repassados cerca de R$ 35 milhões somente este ano à concessionária, somando subsídios, vale-transporte e pagamentos de gratuidades. Segundo estimativa apresentada na coletiva, cerca de 110 mil campo-grandenses foram prejudicados pela paralisação.

Em contrapartida, o diretor-presidente do Consórcio, Themis Oliveira, afirmou em entrevista que o Executivo Municipal deve R$ 39 milhões à empresa, valor do acumulado de três anos, e reforçou que os vencimentos pedidos pelos funcionários só serão quitados após o pagamento desta quantia milionária.

“Nós estamos desde 2022 com uma tarifa pública e uma técnica e sem receber essa diferença. Só nos últimos 12 meses, essa diferença já dá R$ 8,5 milhões. Se eu levar desde o começo de 2022, esse valor chega a R$ 39 milhões. Agora, chegou no ponto em que nós não conseguimos recursos para pagar, nós estamos devendo fornecedor, estamos devendo ao banco, e não conseguimos os recursos para pagar 100% da folha”, explica Themis.

Entre a dívida alegada pelo consórcio está a diferença entre as tarifas e também uma parte do subsídio às gratuidades, valor que é pego tanto pela Prefeitura como pelo governo do Estado.
Responsável por uma parcela do repasse, o Governo afirmou apenas que “não mantém relação contratual com o Consórcio Guaicurus”.

INTERVENÇÃO MUNICIPAL

No relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou a crise no transporte público de Campo Grande, apresentado em setembro deste ano, os vereadores chegaram a sugerir uma intervenção municipal na concessão, caso as medidas recomendadas pela comissão não fossem adotadas pelo Consórcio Guaicurus. Com a crise instaurada no setor, a questão voltou ao debate.

Em conversa com a reportagem, o vereador Doutor Lívio (União Brasil), que foi presidente da comissão, afirmou que os parlamentares envolvidos na CPI se reuniram com a Prefeitura há cerca de duas semanas, para debater sobre uma possível intervenção municipal na concessão, mas que foi descartada pela prefeita Adriane Lopes (PP).

“Nós conversamos com a prefeita e ela foi questionada diretamente se teria condição de intervir, e ela disse que não tem condição de intervir porque não tem pernas para isso. Então, esse é um posicionamento que parece que ficou muito claro, a questão da prefeitura é financeira”, diz o vereador.

*SAIBA

Esta foi a segunda greve dos motoristas de ônibus que impactou diretamente a circulação do transporte coletivo campo-grandense. A última vez havia sido no fim de 2021, quando os funcionários pararam alegando falta de reajuste salarial e de outros benefícios.

Assine o Correio do Estado

CAOS

Ônibus param pelo 2º dia e greve já é a maior em 31 anos

Campo Grande amanheceu chuvosa e sem ônibus nesta terça-feira (16)

16/12/2025 07h25

Caos dobrado: a terça-feira amanheceu chuvosa e sem ônibus em Campo Grande.

Caos dobrado: a terça-feira amanheceu chuvosa e sem ônibus em Campo Grande. ARQUIVO PESSOAL

Continue Lendo...

Terça-feira (16) amanheceu chuvosa e sem ônibus em Campo Grande.

O transporte coletivo está parado pelo segundo dia consecutivo e paralisado por tempo indeterminado. Com isso, a greve se torna a maior dos últimos 31 anos.

Em outubro 1994, na gestão do ex-prefeito Juvêncio César, o transporte coletivo paralisou por quase três dias. Os ônibus tomaram as ruas do centro e interditaram o trânsito. Na ocasião, motoristas murcharam os pneus dos ônibus em forma de protesto.

Hoje, mais uma vez, os terminais Morenão, Julio de Castilho, Bandeirantes, Nova Bahia, Moreninhas, Aero Rancho, Guaicurus, General Osório e Hércules Maymone amanheceram fechados sem nenhuma "alma viva".

Em contrapartida, as garagens amanheceram lotadas de ônibus estacionados. A greve foi alertada antecipadamente, estava prevista e não pegou passageiros de surpresa.

Por conta da chuva, ficou mais difícil recorrer a alternativas nesta terça-feira (16), sendo impossível chegar de bicicleta ao trabalho e complicado pagar o preço sugerido pelos transportes por aplicativo.

A greve ocorre por falta de pagamento. Com isso, os motoristas reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – foi depositado apenas 50% - está atrasado
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

DECISÃO JUDICIAL

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou, em decisão judicial, que 70% dos motoristas trabalhem durante a paralisação, por se tratar de um serviço essencial de transporte coletivo urbano.

O valor da multa diária era de R$ 20 mil, mas, após nova decisão do Desembargador Federal do Trabalho, César Palumbo, subiu para R$ 100 mil.

Ele exige que os motoristas cumpram com urgência a decisão, que tem caráter de mandado judicial. Veja a decisão judicial na íntegra:

"Arbitramento. A multa pelo descumprimento de determinação judicial (astreinte) possui natureza jurídica coercitiva, e não indenizatória, destinando-se a assegurar a efetividade da ordem judicial e a compelir o obrigado ao cumprimento da obrigação de fazer imposta pelo Juízo. Não se presta, portanto, à simples incidência pecuniária, mas à preservação da autoridade da decisão judicial e do próprio Poder Judiciário.

No caso concreto, verifica-se descumprimento deliberado e injustificado da ordem judicial proferida nestes autos, que determinou a manutenção mínima de 70% da atividade essencial de transporte coletivo urbano, serviço público cuja paralisação afeta diretamente direitos fundamentais da coletividade.

A certidão lavrada pela Oficiala de Justiça, acompanhada de documentação e registros de áudio, colhidos em estrito cumprimento ao mandado de constatação, atestou de forma inequívoca o descumprimento da decisão judicial, apesar da ciência regular e pessoal do sindicato profissional.

Além disso, trata-se de fato notório, amplamente divulgado pelos meios de comunicação de grande circulação, que não houve circulação regular de transporte público na data de hoje, circunstância que evidencia a completa inobservância da ordem judicial e o esvaziamento prático da tutela jurisdicional deferida.

Tal conduta configura grave afronta à autoridade do Poder Judiciário, revela menosprezo consciente à ordem judicial e compromete a prestação de serviço público essencial, tornando manifesta a ineficácia da multa anteriormente fixada para compelir o cumprimento da obrigação.

Diante desse cenário, reputo necessária, adequada e proporcional a majoração das astreintes para o valor de R$ 100.000,00 por dia de descumprimento, como meio apto a restaurar a autoridade da decisão judicial e assegurar sua efetividade.

Consigno, ainda, que o Presidente do Sindicato profissional, na qualidade de dirigente máximo da entidade e responsável direto pela observância das determinações judiciais, passa a figurar como sujeito passivo, em tese, do crime de desobediência ao cumprimento de ordem judicial, previsto no art. 330 do Código Penal, sem prejuízo das demais consequências legais cabíveis.

Intime-se com urgência.

Dê-se ciência ao Oficial de Justiça de Plantão para as providências necessárias à imediata intimação do sindicato réu e de seu Presidente, inclusive devendo se valer de força policial caso encontre resistência à intimação.

A presente decisão tem força de mandado judicial. 

Cumpra-se"

Audiência de conciliação, entre Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano, Consórcio Guaicurus e Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG), ocorrerá às 15h45min de terça-feira (16), na sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-24ª Região), localizado na rua Delegado Carlos Roberto Bastos de Oliveira, 208, Jardim Veraneio, em Campo Grande.

A expectativa é que haja conciliação entre as partes e que o serviço de locomoção pública seja restabelecido o quanto antes.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).