Cidades

Falta comida na mesa

Fome Zero completa 20 anos com retrocesso em indicadores

No início do primeiro governo Lula, 9,5% da população vivia em condição de insegurança alimentar grave; números referentes a 2021 e 2022 apontam aumento para 15,5%

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Já se passaram 20 anos desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou o Fome Zero, marco inicial das políticas sociais da era petista e que prometia acabar com a insegurança alimentar no país. A melhora contínua observada desde então entrou em trajetória de reversão nos últimos anos, o que agora desafia o legado do programa e reforça a necessidade de mudanças nas políticas vigentes.

O Fome Zero foi lançado em Belém (PA), em cerimônia com Lula, e sua primeira beneficiária foi Veida Maria Monteiro, 54. "O que consigo comprar hoje é bem menos que o que conseguia nos últimos anos", diz ela à Folha.

Quando passou a receber o dinheiro, Veida disse que conseguiu comprar para a família mais alimentos, e de melhor qualidade. A casa, segundo ela, é a mesma de 20 anos atrás, mas está em melhores condições.

 "No começo, as coisas eram mais baratas. A cesta básica, por exemplo. Hoje em dia, está tudo caro. Minha filha nasceu prematura e teve falta de oxigênio. E hoje o benefício dela [o BPC, pago para pessoas com deficiência de famílias carentes] vai para gastos dela", afirma.

"Por isso [pelo BPC], não recebo mais o Bolsa Família, mas meu marido é autônomo. A gente tem comida, mas antes a gente podia comprar mais. Hoje em dia, com R$ 500, a gente não consegue passar o mês", contou Veida.

O foco inicial do Fome Zero era a transferência de renda para que as famílias comprassem alimentos, mas essa estrutura é hoje questionada pelos especialistas --que demandam um conjunto integrado de políticas.

"O que acaba com a fome é fazer programas estruturados", diz Adriana Aranha, pesquisadora da USP (Universidade de São Paulo) que trabalhou na transformação do Fome Zero em Bolsa Família.

"A fome não vem sozinha. Ela vem acompanhada de outros fatores, como evasão escolar, violência doméstica, uso de drogas, moradias precárias, falta de saneamento. É preciso combater todo esse ciclo."

Com menos de um ano de programa, a equipe de Lula já havia decidido justamente que o programa precisava ser ampliado e integrado a outras medidas para que a luta contra a pobreza no Brasil gerasse mais resultados.

O modelo foi enfraquecido nos últimos anos. Uma das principais críticas de especialistas na área social é que o então presidente Jair Bolsonaro (PL), ao criar o Auxílio Brasil, transformou o Bolsa Família num programa essencialmente voltado para a transferência de renda.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, recriado por Lula, quer rever esse modelo e recriar o Bolsa Família - inspirado no modelo anterior.

O objetivo do governo é fortalecer políticas criadas no passado, como as chamadas condicionalidades --exigências feitas às famílias para que elas continuem recebendo a ajuda. Elas envolvem frequência escolar de crianças e adolescentes, além de vacinação em dia.

"Essa é uma das principais mudanças necessárias para ter um programa mais eficaz. No lado de programas de transferência de renda, a gente andou para trás em termos de desenho em relação ao Bolsa Família", afirmou o economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social.

"Houve avanços no Brasil nesses 20 anos, mas em segurança alimentar houve retrocesso. Desde 2014, o Brasil vem diminuindo programas sociais. De um lado, tem a conjuntura econômica, o Brasil cresceu pouco, temos a inflação e a pandemia mais recentemente. De outro lado, também houve descuido nessa área de iniciativas de combate à segurança alimentar."

O retrocesso é visto em números. Em 2001 (mais antigo dado na série da FAO), 10,7% da população vivia em condição de desnutrição - conceito usado pela FAO (braço das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) para montar seu Mapa da Fome e que representa quando a pessoa habitualmente consome menos alimentos do que o suficiente para manter uma vida normal, ativa e saudável.

O número diminuiu sucessivamente ao longo dos anos na série da FAO até chegar a 2,5% em 2014. Depois, ficou em patamar inferior entre 2015 e 2018 (abaixo disso, os percentuais exatos nem chegam a ser considerados devido à margem de erro).

A situação se reverteu em 2019, e a série registrou um crescimento pela primeira vez em 18 anos --para 2,6% da população em situação de desnutrição. Em 2020 (mais recente dado disponível), houve nova piora, e o percentual pulou para 4%.

Dados da Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) sobre os anos mais recentes, com base em outra metodologia, também apontam para a gravidade da situação.

No início do primeiro governo Lula, 9,5% da população vivia em condição de insegurança alimentar grave --que a Rede Penssan classifica como fome, pois a família declara fazer apenas uma refeição por dia ou informa ficar sem comer um dia inteiro. Essa taxa havia caído para 4,2% em 2013, segundo a entidade.

Já os números mais recentes, referentes a 2021 e 2022, apontam para 15,5% da população em insegurança alimentar grave. Isso representa cerca de 33 milhões de pessoas com fome que declaram não comer o suficiente no país.

Os dados da Rede Penssan têm como base um questionário com oito perguntas, que buscam verificar se os alimentos na casa terminaram antes que houvesse dinheiro para comprar mais ou se foi preciso pular alguma refeição por falta de alimentos.

Com base nas respostas, as famílias podem estar em insegurança alimentar leve, moderada ou grave - esta última indica que faltou comida na mesa.

Considerando os três graus de insegurança alimentar, a pesquisa indicou que mais da metade (58,7%) convive com o risco de não ter comida suficiente.

As estatísticas foram coletadas entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir de entrevistas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, distribuídos nos 26 estados e no Distrito Federal.

A FGV também fez um estudo sobre a situação da fome no Brasil com base em informações do Gallup World Poll. De acordo com os dados, a parcela da população que declara não ter dinheiro para comprar comida passou de 20% em 2006 para 36% em 2021.

O levantamento diz que essa é a faixa da população que afirmou não ter dinheiro para alimentar a si ou a sua família em algum momento nos últimos 12 meses (de cada ano em que foi realizado o estudo).

A Segurança Alimentar e a Insegurança Alimentar foram medidas pela Ebia (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar), que também é utilizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Na época, o então ministro Paulo Guedes (Economia) contestou os dados. Mas pesquisas de diferentes metodologias mostram o aumento da insegurança alimentar no país.

Além das pesquisas que buscam verificar o nível de consumo de alimentos por parte da população, pesquisadores também costumam usar fatores ligados à renda para checar o tamanho do problema. Um dos métodos usados, por exemplo, é saber quanto é necessário para comprar o equivalente às calorias necessárias e, a partir daí, verificar o percentual da população abaixo dessa linha.

Lula destacou a volta do problema em seu discurso de posse, quando ressaltou a necessidade de todos os brasileiros tomarem café da manhã, almoçar e jantar.

"Ter de repetir este compromisso no dia de hoje --diante do avanço da miséria e do regresso da fome, que havíamos superado-- é o mais grave sintoma da devastação que se impôs ao país nos anos recentes", disse em 1º de janeiro de 2023.

O que é? 

Fome: sensação desconfortável ou dolorosa causada pelo consumo insuficiente de calorias. Privação alimentar. No relatório da ONU sobre segurança alimentar, o termo fome é sinônimo de subalimentação crônica.

Má nutrição: condição fisiológica anormal causada pela ingestão inadequada, desequilibrada ou excessiva de macronutrientes e/ou micronutrientes. A má nutrição inclui desnutrição (desnutrição crônica e desnutrição aguda infantil e deficiências de vitaminas e minerais), bem como sobrepeso e obesidade.

Insegurança alimentar: quando as pessoas não têm acesso regular e permanente a alimentos em quantidade e qualidade suficiente.

Insegurança alimentar grave: um nível de gravidade da insegurança alimentar em que, em algum momento do ano, as pessoas ficaram sem comida, passaram fome e, no mais extremo, ficaram sem comida por um dia ou mais. Medido com base na Escala Internacional de Insegurança Alimentar (Fies).

Subalimentação: condição na qual o consumo alimentar habitual de um indivíduo é insuficiente para fornecer a quantidade de calorias necessárias para manter uma vida normal, ativa e saudável. A prevalência de subalimentação é usada para medir a fome (indicador ODS 2.1.1).

Insegurança alimentar aguda: insegurança alimentar encontrada em uma área específica em um momento específico e de gravidade que ameaça vidas ou meios de subsistência, ou ambos, independentemente das causas, contexto ou duração.

Insegurança alimentar moderada: um nível de gravidade da insegurança alimentar em que as pessoas enfrentam incertezas sobre sua capacidade de obter alimentos e foram forçadas a reduzir, em alguns momentos do ano, a qualidade e/ou quantidade de alimentos que consomem devido à falta de dinheiro ou outros recursos. Refere-se à falta de acesso consistente aos alimentos, o que diminui a qualidade da dieta e interrompe os padrões normais de alimentação. Medido com base na Fies (Escala Internacional de Insegurança Alimentar).

Desnutrição: na definição da FAO (agência de agricultura e alimentos da ONU), quando o consumo alimentar habitual é insuficiente para fornecer os níveis de energia necessários para manter uma vida ativa, saudável e normal.

Mapa da Fome: ferramenta usada por agências da ONU, como a FAO e o PMA (programa mundial de alimentos), para monitoramento do acesso adequado a alimentos.

Fome Zero: programa criado no primeiro mandato de Lula e que se transformou no Bolsa Família

Fontes: Unicef; FAO, governo federal

baixa adesão

Fundo Pantanal indeniza desde banqueiro a gigante do Agro

Mas, o Programa que disponibilizou R$ 40 milhões está repassando aos proprietários pantaneiros menos de 10% do previsto para 2025

13/12/2025 12h30

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma Bruno Rezende/Secom

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Na lista dos 45 proprietários de terras do Pantanal que receberão recursos do Fundo Clima Pantanal, um programa que indeniza fazendeiros que preservam áreas mais amplas do que aquilo que determina a legislação, aparecem desde fazendeiros tradicionais a banqueiros e gigantes do agronegócio.

Mas, conforme publicação do diário oficial do Governo do Estado desta sexta-feira (12) a adesão ficou abaixo do esperado e menos de 10% das verbas disponíveis serão distribuídas no primeiro ano do programa, criado principalmente para combater o desmatamento.

Entre os contemplados, com R$ 100 mil, está Tereza Bracher, esposa do ex-presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher. A família vair receber a indenização por estar preservando em uma de suas fazendas pantaneiras quase seis mil hectares acima do estipulado pela legislação. 

Com patrimônio estimado na casa dos R$ 15 bilhões, Cândido Bracher foi CEO do Itaú Unibanco entre abril de 2017 e janeiro de 2021. Atualmente,  hoje é integrante do Conselho de Administração da instituição financeira, que fechou 2024 com lucro de R$ 40 bilhões. 

E a banqueira ainda buscou indenização em uma segunda fazenda no Pantanal,  mas foi desclassificada por ter sido enquadrada no item 8.6 das normas que regulamentam a distribuição dos R$ 40 milhões do Fundo.

Este item diz que não pode ser contemplado que  estiver com irregularidades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou por estar com passivos ambientais não declarados ou que não estejam cumprindo termos de compromisso de recuperação de áreas degradadas.

Em maio deste ano o Ministério Público abriu investigação para apurar suposta omissão do banqueiro em um megaincêndio que destruiu mais de 52 mil hectares em julho de 2024 no Pantanal da Nhecolândia. O fogo teria começado na Fazenda Tupanceretã, de 25 mil hectares, pertecence à família. 

Tereza Bracher também aparece como contemplada indireta em uma outra propriedade. Ela é uma das integrantes da Associação Onçafari, entidade que vai receber pouco mais de R$ 45 mil de indenização pela preservação de 824 hectares de vegetação nativa.

Esta associação, que adquiriu milhares de hectares no Pantanal para criar uma espécie de corredor ecológico que possibilite procriação de onças-pintadas, conseguiu cerca de R$ 180 milhões com filantropos para a criação de reservas privadas no Pantanal. Teresa Bracher é uma destas doadoras. 

Mas, os banqueiros não são os únicos bilionários que aparecem na lista. Outra contemplada é a SLC Agronegócios, uma fazenda dedicada à criação de bovinos no município de Corumbá.  Os bilionários donos desta fazenda receberão R$ 100 mil do Fundo Pantanal por preservarem pouco mais de 3,7 mil hectares. 

A fazenda pertence ao grupo que se apresenta como um dos maiores produtores de commodities agrícolas do país. Possui cerca de 733 mil hectares de área plantada em sete estados. Além de Corumbá, o grupo também produz em fazendas em Cassilância, Chapadão do Sul e Sonora. 

A SLC produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado, além de ser uma das grandes produtoras de sementes destas cultura.Ela foi uma das primeiras empresas do agronegócio a ter ações negociadas em Bolsa de Valores de São Paulo, a BR.

A famosa Fazenda Bodoquena, de cerca de 77 mil hectares e conhecida por concentrar até 40 mil bonivos, também aparece na relação daqueles que receberão indenização. Neste caso, serão apenas R$ 39 mil, uma vez que atestou estar fazendo preservação extra de 705 hectares de vegetação. 

A fazenda pertence ao Grupo Votorantim, que há mais de sete décadas também atua na produção de cimento em Corumbá, no coração do Pantanal. O grupo é controlado pelos familiareas de Antônio Ermírio de Moraes, um dos rostos mais conhecidos do bilionário clã. Ele morreu em 2014. A família é considerada a terceira mais rica do país, com patrimônio estimado em 15,4 bilhões de dólares, ficando atrás somente das famílias Marinho e Safra.

Mas, nesta lista dos contemplados também aparecem fazendeiros "comuns",  para os quais a indenização de até R$ 100 mil fará alguma diferença. Esté é o caso de Timotheo Reis Proença, que já presidiu o sindicato rural de Aquidauana. Ele cadastrou 1,28 mil hectares como preservação extra e por conta disso receberá R$ 71 mil. 

BAIXA ADESÃO

Ao todo, segundo o Governo do Estado, estão sendo  indenizados 126 mil hectares, o que está garantindo repasse da ordem de R$ 3,25 milhões aos proprietários. 

O valor é praticamente o mesmo ao que está sendo repassado a três ONGs que dizem atuar no combate a incêndios e no tratamento de animais silvestres atingidos pelas queimadas no Pantanal. 

Dos R$ 40 milhões, R$ 1,438 milhão foi destinado ao Instituto Homem Pantaneiro (IHP), R$ 996 mil para o instituto SOS Pantanal e R$ 497,5 mil para o IPCTB - Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 

Somados, os repasses às ONGs chegam R$ 2,931 milhões, o que equivale a 7,3% dos R$ 40 milhões anunciados pelo Governo do Estado ao Fundo Pantanal para o primeiro ano de vigência do programa. 

O valor repassado aos proprietários rurais ficou longe daquilo que estava previsto por conta da baixa adesão. Na primeira chamada foram recebidas apenas 71 inscrições de imóveis rurais localizados no Bioma Pantanal. E, após análise dos documentos,  45 propriedades conseguiram cumprir as exigências. 

Mesmo assim, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc, comemora os resultados. “O PSA Pantanal demonstra que é possível alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Estamos criando um modelo em que o produtor rural passa a ser reconhecido como parceiro estratégico na proteção do bioma, recebendo por um serviço ambiental que beneficia toda a sociedade”, afirmou. Segundo ele, o programa também fortalece a imagem de Mato Grosso do Sul como referência nacional em sustentabilidade e políticas climáticas inovadoras.

Agora, os proprietários classificados serão convocados pela Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar), agente executor do PSA Conservação, para assinatura do Termo de Adesão. A partir desse instrumento, os provedores de serviços ambientais passam a integrar formalmente o programa e a receber os valores correspondentes às áreas preservadas. 

De acordo com o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, a robustez técnica do edital foi um dos diferenciais do programa. “Todo o processo foi construído com base em critérios objetivos, análises técnicas aprofundadas e uso de ferramentas geoespaciais. Isso garante credibilidade ao PSA e cria um ambiente favorável para sua continuidade e ampliação”, destacou. Ele ressalta que a experiência da primeira chamada servirá como base para o aperfeiçoamento das próximas etapas.

Segunda chamada 

Com a conclusão da primeira etapa, a Semadesc confirmou o cronograma da segunda chamada do PSA Conservação, prevista para 2026. A publicação do edital e a abertura das inscrições ocorrerão em 23 de fevereiro, com encerramento em 6 de abril.

As inscrições deferidas serão divulgadas em 16 de abril, com prazo para recursos até 20 de abril. A avaliação das propriedades ocorrerá até 1º de junho, com publicação do resultado final até 15 de junho. A assinatura dos Termos de Adesão está prevista a partir de 16 de junho de 2026.

Nesta segunda chamada, poderão participar proprietários que não conseguiram se inscrever na primeira etapa. As regras permanecem as mesmas, incluindo a possibilidade de cancelamento de autorizações de supressão de vegetação nativa vigentes na data de abertura do edital, quando houver, sendo que o pagamento será referente ao exercício de 2026. 

“O PSA é uma política de Estado, construída para ter continuidade e escala. A segunda chamada amplia o alcance do programa e reforça nosso compromisso com a conservação do Pantanal”, concluiu Jaime Verruck.

 

Cidades

Consórcio paga parte dos atrasados, mas motoristas confirmam greve a partir de segunda

Sem acordo com o Consórcio Guaicurus, a greve está prevista para segunda-feira (15), segundo informou o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande

13/12/2025 11h23

Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Com o Consórcio Guaicurus tendo atendido “em partes” à reivindicação definida em assembleia, a greve dos motoristas de ônibus deve iniciar nesta segunda-feira (15), em Campo Grande.

Em conversa com o Correio do Estado, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano da Capital (STTCU-CG), Demétrios Feiras, informou que os trabalhadores receberam, na sexta-feira (15), somente 50% do salário referente ao mês de novembro.

“O Consórcio Guaicurus, no final da tarde, depositou 50% do valor dos salários, referente ao mês de novembro, que era para ser pago no quinto dia útil do mês de dezembro. Foi a única coisa que o Consórcio pagou”, informou Demétrios.

Durante assembleia, a categoria reivindicou o pagamento do salário integral, do adiantamento, da segunda parcela do décimo terceiro e do vale (adiantamento salarial). No entanto, houve apenas o depósito de 50%, e a paralisação segue confirmada.

Segundo o presidente do STTCU-CG, não está prevista, para este fim de semana, qualquer tentativa de negociação com a empresa responsável pelo transporte coletivo na Cidade Morena.

Com isso, Demétrios reforçou que os ônibus só retornarão às ruas quando o Consórcio efetuar o pagamento do que ficou definido pela classe.

“E a gente só volta a trabalhar com o pagamento desses três vencimentos. Caso contrário, continua parado na terça, na quarta, até que o Consórcio efetue esses pagamentos”, pontuou Demétrios.

A justificativa para não realizar o pagamento, conforme explicou Demétrios, é a falta de dinheiro em caixa. Como adiantou o Correio do Estado, o Consórcio Guaicurus alega um “rombo” em dívidas de R$ 15,2 milhões, sendo que desse valor R$ 8,2 milhões são referentes aos salários dos funcionários.

Por conta disso, a concessionária pediu que o valor do subsídio pago pelo poder público seja ainda maior.

Entenda

No dia 5, o Consórcio Guaicurus, responsável pela administração do transporte coletivo de Campo Grande, anunciou que a situação financeira estaria insustentável para a continuidade da operação, motivada por supostos atrasos nos repasses por parte do poder público.

Além das dificuldades relacionadas a questões operacionais, como combustíveis, manutenção da frota e encargos, o consórcio também enfrenta negociações com a classe de funcionários, principalmente os motoristas.

Motoristas do Consórcio Guaicurus realizaram assembleia geral, na madrugada desta quinta-feira (11) e optaram pela paralisação. Eles reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – efetuaram o depósito de 50%
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

** Colaborou Felipe Machado e Naiara Camargo

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