O Governo Federal está disposto a autorizar a ida do Exército para a região de Antonio João (MS) – distante 402 km da Capital – garantir que não haja conflito entre produtores rurais e indígenas. A liberação depende de solicitação do governador Reinaldo Azambuja.
A informação é do senador Waldemir Moka (PMDB), que intermediou contato do ministro da Justiça, Eduardo Cardozo com Azambuja.
A situação ficou tensa depois de uma série de invasões promovidas pelos índios esta semana – 9 propriedades foram invadidas. “Se não houver ação imediata, o risco de ocorrer enfrentamento é grande”, afirmou Moka.
O senador teme o enfrentamento porque produtores rurais e índios estão irredutíveis. No Senado, Moka afirmou que os índios ocuparam um distrito de Antônio João, expulsando os moradores, com o argumento de aquelas seriam terras indígenas. A área, entretanto, seria produtiva e estaria nas mãos de famílias de agricultores há mais de 50 anos.
No início da noite, Moka recebeu a informação de que, caso o governador Reinaldo solicite, o Governo federal vai autorizar a ida do Exército à região para garantir a segurança de ambos os lados. “Temos que fazer algo”, avisou ao ministro da Justiça e ao vice-presidente.
O senador disse que, caso ocorra confronto, haverá perda de vidas. “São brancos e não brancos. É a nossa gente, é a minha gente. Eu fico realmente sensibilizado”, declarou.
Moka pediu ainda a aprovação no Senado da PEC 71/2011, que assegura indenizações por benfeitorias e pela terra nua aos donos de terra que sejam consideradas reservas indígenas. Ele acredita que a proposta poderia ajudar a resolver os conflitos em seu estado.
CLIMA TENSO
Com as invasões indígenas a nove propriedades rurais de Antônio João, distante 402 quilômetros de Campo Grande, o prefeito do município, Selso Lozada (PT) informou ao Portal Correio do Estado que elaborou um decreto de situação de instabilidade.
Os indígenas promoveram uma onda de invasões na terça-feira (25) e quarta-feira (26). De acordo com Lozada, nove propriedades rurais estão ocupadas pelos indígenas, além do distrito de Campestre, de onde famílias foram expulsas de suas casas. Nesta quarta-feira, proprietários rurais bloquearam a rodovia que dá acesso as fazendas como forma de protesto. O trecho foi desbloqueado durante a noite.
“Continua uma situação delicada, mas ontem a situação estava pior. As famílias estão sendo obrigadas a sair das residências e abandonar seus pertences. O clima está tenso e estamos acompanhando tudo para tentar evitar mais conflitos”, disse o prefeito.
TERROR
Conforme a advogada Luana Ruiz, os indígenas atearam fogo nas propriedades. “É possível avistar fumaça, sabe-se que colocaram fogo, mas não dá para saber se é na sede ou no pasto”, informou, acrescentando que além da Funai, foram acionados o Ministério Público, Exército, Polícia Federal, Polícia do estado e Ministério da Justiça.
Lozada disse ao Portal Correio do Estado que equipes do Departamento de Operações da Fronteira (DOF) e a Polícia Militar (PM) estão de prontidão acompanhando a situação para evitar possíveis conflitos, mas não há diálogo entre indígenas e produtores.
Nesta sexta-feira (28), uma reunião será realizada na Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul com lideranças rurais e políticas para discutir os impactos da insegurança jurídica no campo.