O governo federal, por intermédio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, realiza estudos para criar um programa de reforço ao uso de aeronaves, especialmente os drones de grande porte, no combate ao tráfico de drogas nas regiões de fronteira.
O projeto também deve beneficiar Mato Grosso do Sul, principal porta de entrada de drogas como cocaína e maconha, procedentes da Bolívia e do Paraguai.
Grande parte da cocaína enviada para o exterior passa por Mato Grosso do Sul, na maioria das vezes por meio de um esquema que emprega aeronaves em voos clandestinos.
No mês passado, por exemplo, um avião que saiu da Bolívia transportando quase 300 quilos do entorpecente caiu em Brasnorte, na região norte de Mato Grosso. O piloto tentou fugir, mas foi localizado e preso.
O aparelho não tinha plano de voo e entrou no espaço aéreo brasileiro pela fronteira com a Bolívia, mas foi interceptado por aviões de caça Super Tucano da Força Aérea Brasileira (FAB), a partir do Esquadrão Flecha, da Ala 5 (antiga Base Aérea de Campo Grande).
De acordo com Gustavo Camilo Baptista, diretor de Políticas Públicas e Articulação Institucional da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), o Brasil tem uma complexidade operacional muito grande, com muitas forças policiais (federais e estaduais) que têm aviões e drones de grande porte para suas operações.
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Isso está levando o governo a pensar em uma política específica para o setor para os próximos anos, com investimentos, regulamentação e outros itens de abordagem.
Conforme explicou, a proposta inicial é levantar as condições dos estados e quais as unidades policiais que já empregam esses mecanismos em suas operações, seguindo-se a criação de um programa de treinamento, capacitação e investimentos.
Já como parte desse trabalho, na última semana, durante três dias, o Ministério da Justiça realizou em Brasília o 1º Seminário Nacional sobre Aeronaves na Promoção da Redução de Oferta de Drogas e Segurança Pública.
O evento reuniu um grande número de especialistas e profissionais de segurança pública de todo o País, principalmente os que atuam nos núcleos aéreos das corporações.
O seminário abordou temas como o uso de aeronaves na segurança pública, planejamento de missões com aeronaves e o emprego de drones e veículos aéreos não tripulados (Vants) em operações e utilização dos mesmos aparelhos no monitoramento ao tráfico nas estradas federais.
Além de emprego de aeronaves para o transporte de presos, monitoramento e erradicação de plantações de maconha, uso de helicópteros para vigilância de áreas de risco, formação e treinamento de pilotos, mecânicos e auxiliares.
O secretário nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos, Luiz Beggiora, destacou a importância da integração do Ministério para o fortalecimento dos profissionais de segurança pública e da utilização desse tipo de ferramenta no combate ao tráfico de drogas.
“O propósito é promover o intercâmbio de boas práticas e debates sobre importantes temas relacionados ao combate do tráfico no Brasil por meio do uso de aeronaves”, disse.
“A secretaria trabalha para que os bens apreendidos do crime, em que há perdimento para a União, sejam transformados em políticas públicas na área da segurança”, enfatizou.
FRACASSO
Em 2009, o governo federal tentou criar uma unidade de Vants na Polícia Federal para, entre outras ações, combater o tráfico.
O projeto acabou enterrado por falta de legislação própria e regulamentação, além de uma discussão sobre invasão de atribuições da FAB.
Dois desses veículos aéreos, comprados pela Federal por R$ 27,9 milhões, foram cedidos no ano passado para a Força Aérea. O ato que repassa o uso dos equipamentos para a Aeronáutica ocorreu após a PF gastar R$ 150 milhões com o projeto.
Esse custo envolveu, além da manutenção dos aparelhos, o treinamento de equipes especializadas, que inclusive viajaram para o exterior a fim de aprender a manusear o equipamento.
A entrega marcou o fim da proposta inicial, que visava elevar a capacidade de investigação contra o tráfico.


Carro ficou completamente destruído. Foto: divulgação


