Com a Polícia Federal nas ruas hoje (07) para a 2ª fase da chamada Operação Prometeu, na Cidade Branca de Mato Grosso do Sul, distante aproximadamente 427 quilômetros da Capital, a ação de combate a grilagens no Pantanal apontou para ação de servidores nesse esquema de exploração ilegal de terras da União e agora pede mais de 720 milhões de reais pelos danos causados.
Conforme a PF, na manhã de hoje foi deflagrado o desdobramento da Operação Prometeu quando - em 20 de setembro de 2024, como acompanhou o Correio do Estado - houve o cumprimento sete mandados de busca e apreensão, apurando à época crimes de incêndio e desmatamento.
Toda essa movimentação para desarticular o grupo criminoso, que ocupa e explora ilegalmente terras da União, apontou a presença de servidores públicos envolvidos no esquema.
Ainda conforme a PF, esses servidores seriam o braço para a regularização fraudulenta das áreas, com as queimadas sendo o primeiro passo no esquema de grilagem, já que "Prometeu" faz a alusão à divindade da mitologia grega que roubou o fogo dos deuses e entregou à humanidade fazendo mau uso deste, e por isso foi castigado por Zeus.
Como a investigação apontou a participação de servidores de um órgão público de Corumbá, a 2ª fase da Operação Prometeu teria imposto ainda a suspensão de três indivíduos ligados à Agência Municipal de Habitação e Regularização Fundiária (Amharc) e um do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Além disso, o pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) solicita o "bloqueio de R$ 212 milhões do patrimônio dos investigados e uma condenação de R$ 725 milhões por danos", evidencia a superintendência regional da PF em MS.
Grilagem no Pantanal
Durante a investigação, os elementos colhidos pela Polícia Federal sobre o papel dos servidores apontam que, mediante pagamento, esses indivíduos seriam encarregados de emitir documentos que levassem à legalização de áreas invadidas.
Desde 1º de junho de 2024, incêndios de grandes proporções atingem o Pantanal sul-mato-grossense, queimadas essas que transformaram os cenários verdes em paisagens mortas e cinzas.
Entre agosto e outubro de 2024, três operações da PF identificaram um esquema envolvendo falsificação de documentos, uso de terras que pertencem ao governo federal e até tentativa de utilização dessas áreas para a criação de gado ou para a exploração ilegal de minérios.
Na Operação Prometeu de 2024, agentes da PF identificaram que um imóvel que apresentava irregularidades envolvendo grilagem tinha 6.419,72 hectares, servindo para abrigar em torno de 2,1 mil cabeças de gado na época da fiscalização.
Envolvidos investigados poderão responder pelos crimes de:
- Associação criminosa;
- Corrupção ativa e Passiva;
- Desmatamento;
- Falsidade Ideológica;
- Grilagem de terra e
- Incêndio.
Pela investigação, a estimativa foi de que um total de 7,2 mil cabeças de gado chegaram a ser movimentadas pelos grileiros, produção que pode ter valores que giravam entre R$ 23 milhões e R$ 28 milhões, dependendo da cotação do boi magro.


