Cidades

Repasse de verba

IA pode ser usada para evitar desperdício em hospitais de MS

Projeto que visa implementar inteligência artificial usada em outros estados do País para remunerar unidades hospitalares está em tramitação na Casa de Leis

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Iniciativa que utiliza inteligência artificial (IA) para embasar contratos e valores de repasse para hospitais em todo o País pode ser utilizada em MS. A implementação do chamado Grupo de Diagnósticos Relacionados ou DRG (do inglês Diagnosis Related Group) em unidades hospitalares do Estado está em tramitação na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, por intermédio de um projeto de lei apresentado pelo deputado estadual Pedrossian Neto (PSD).

O DRG, conforme esclarece a proposta, é “[um] sistema de classificação de pacientes internados em hospitais que reflete a complexidade média dos pacientes tratados, relacionando-os a uma expectativa de consumo de recursos (custo da assistência) e de desfecho na assistência prestada pelo hospital”.

De acordo com o texto, a iniciativa dispõe sobre o Regime Especial de Contratação para instituições hospitalares públicas e privadas que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, é uma autorização formal para os hospitais que quiserem implementar esse modelo de contratualização no Estado.

Para o autor do projeto, a iniciativa vai trazer mais clareza a respeito da remuneração dos hospitais, uma vez que nesse sistema o repasse seria de acordo com as reais necessidades e a atuação da entidade em si.

“É para fazer uma verdadeira revolução na forma como o poder público contrata e remunera os hospitais. Qual é o grande problema hoje? A tabela SUS é defasada, aí vem o governo do Estado, os municípios, colocando recursos pré-fixados. Esse recurso a gente nunca sabe se é muito ou se é pouco. Em alguns casos, ele é suficiente, em outros casos é insuficiente”, comenta Pedrossinan Neto.

O deputado acrescenta ainda que o maior problema da contratação de serviços nessa maneira, com um valor pré-fixado, é que esse recurso não está atrelado ao que é produzido realmente pelo hospital.

Sendo assim, não cria critérios de remuneração por eficiência, produtividade, entrega de serviço de saúde, entre outros.

O DRG utiliza novas tecnologia e IA para classificar os pacientes em grupos, os quais consideram algumas características clínicas em comum – como sexo, idade, condição clínica, comorbidades, procedimentos, etc. – que estão disponíveis no prontuário médico de cada pessoa.

O cruzamento desses dados é o que vai definir em qual grupo de DRG cada paciente ficará, assim como o tempo previsto de internação e o consumo de recursos hospitalares, definindo qual será a conduta terapêutica para cada pessoa, programando a alta dos pacientes.

A IA também avalia se o tempo que essa pessoa ficou no hospital está de acordo com o previsto, além da qualidade da assistência médica.

“É esperado que uma pessoa com 30 anos que vai fazer uma cirurgia de apêndice passe três dias internada. Não tendo nenhuma comorbidade, então vai ter um tratamento simples, o que vai custar R$ 3,5 mil. Agora, se for uma idosa de 80 anos que vai fazer uma cirurgia de apêndice e tem diabetes, hipertensão e outras comorbidades, ela vai passar sete dias internada, gastando o dobro do custo”, exemplifica o deputado.

Nessa situação hipotética, a fim de esclarecer o funcionamento do sistema, Pedrossian Neto revela ainda que, na entrada dessas pacientes ao hospital, a IA classifica cada um pelas suas características. 

Se o tratamento for completamente fora do esperado – a paciente de 30 anos ficando sete dias internada e custando o dobro do que era previsto, por exemplo –, o DRG nota um problema.

“Com essa nova metodologia, você começa a mensurar coisas, verificar custos, comparar coisas que são desiguais, verificar o grau de complexidade dos casos. Porque, por exemplo, algumas pessoas falam que a Santa Casa precisa de três tabelas SUS para sobreviver e a [Maternidade] Cândido Mariano vive com uma tabela SUS e meia? A Santa Casa é mais ineficiente? Não, mas os casos que vão para a Santa Casa são mais complexos”, argumenta o autor do projeto.

IMPLEMENTAÇÃO

Em 2021, o Tribunal de Contas da União (TCU) acompanhou uma série de atividades do Ministério da Saúde de monitoramento e avaliação do desempenho da atenção especializada em unidades hospitalares que atuam no SUS. À época, 

o TCU constatou que não há um monitoramento, por parte do Estado, dos hospitais financiados pelo SUS nos moldes exigidos por meio de portaria.

A Corte de Contas apontou que a Pasta estava implementando estudos para que o modelo de financiamento de ações de saúde no SUS ocorresse com base no DRG.

“Isso porque o modelo de financiamento atual está centrado na produção de serviços, com incentivos econômicos para procedimentos de alto valor em detrimento daqueles cujo valor pago não é tão elevado, e há um consequente desequilíbrio no sistema”, relatou o TCU em texto publicado em outubro de 2021.

No entanto, até o momento, não há uma real implementação do DRG no Estado. Atualmente, o sistema está sendo utilizado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais em toda a rede SUS e pela Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo em outras unidades, abrangendo a saúde pública e privada.

Segundo Renato Couto, especialista em DRG, a tecnologia chegou ao Brasil em 2011 e atualmente atende 36.210.971 brasileiros, sendo 569 hospitais e 160 operadoras de saúde utilizando o sistema.

Para ele, o “sistema aumenta a eficiência hospitalar e, com isso, ajuda na sustentabilidade econômica dos hospitais, aumentando o acesso à internação sem custos novos”.

O especialista também informa que, no SUS de Belo Horizonte (MG), a implementação do DRG resultou em uma redução do número de leitos de 2016 até 2019 (de 5.665 para 5.093 leitos), mas com um aumento do número de internações no mesmo período (de 246.704 para 274.509).

Saiba

A Portaria GM/MS nº 3.410/2013 estabelece que cabe ao Ministério da Saúde “acompanhar, monitorar e avaliar as metas e os compromissos da contratualização”, aponta o TCU.

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DISPUTA POR TERRAS

Estado e União querem indenizar produtores para encerrar conflitos

Governador Eduardo Riedel esteve ontem em Brasília e conversou com ministro do STF Gilmar Mendes, que lidera a mesa de conciliação sobre o marco temporal

20/09/2024 09h30

Na quarta um indígena foi morto em retomadaem Antônio João

Na quarta um indígena foi morto em retomadaem Antônio João Foto: Reprodução

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Para reduzir os conflitos agrários envolvendo produtores agropecuários e indígenas em Mato Grosso do Sul e buscar reduzir a atuação de traficantes paraguaios nessas áreas, principalmente na fronteira, o governo do Estado e a União vão viabilizar a indenização dos proprietários das áreas em disputa. 

Esse é o encaminhamento definido pelo governador Eduardo Riedel (PSDB) em reunião com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que também contou com integrantes do Ministério da Justiça e do Palácio do Planalto.

Esta solução deve  contribuir para acabar com o impasse no município de Antônio João, que resultou na morte de Neri Ramos da Silva, indígena guarani kaiowá morto pela Polícia Militar em operação que cumpre determinação judicial em virtude da inércia do processo demarcatório de terras,  avaliou Riedel, em Brasília, após reunião com Gilmar Mendes e uma vídeo conferência na quarta-feira com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

“Foi uma reunião muito positiva é com o ministro Gilmar Mendes, que lidera a mesa de Conciliação do STF, com todos os atores envolvidos. Nós trouxemos documentações relativas  aos conflitos em Mato Grosso do Sul, especificamente todas as áreas que estão em estudos, estudadas, declaradas, homologadas, demarcadas, o grau de litígio de cada uma delas para que a gente possa avançar em soluções concretas”, declarou o governador.

“Ontem ainda conversei com o presidente Lula por telefone, discutindo um pouquinho especificamente o conflito. Ele reiterou o desejo de buscar soluções nessas áreas que têm dois princípios constitucionais em conflito: direito de propriedade, títulos legais, a cadeia dominial. E a demarcação por parte de antropólogos de áreas  indígenas. Então a gente vai buscar a solução através da indenização dos proprietários nas áreas que onde isso couber”, completou Riedel.

Para o governador sul-mato-grossense, o que se busca nesse momento para a questão fundiária envolvendo indígenas “é a tentativa e a busca de apaziguar os ânimos, de colocar uma solução”.

“Até porque nós estamos buscando a solução para a área. Esse momento é de apaziguar, que os indígenas também tenham paciência no sentido de entender que todos estão envolvidos na busca de uma solução, para eles e para os proprietários, esse é o nosso objetivo”, declarou o governador ao Correio do Estado.

RELATÓRIO

Além da questão  fundiária, existe a atuação do crime organizado. A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul elaborou um relatório que aponta interferências de traficantes paraguaios em áreas indígenas do Estado, citando o município de Antônio João. 

O levantamento entregue ao STF e ao governo federal aponta os problemas do crime organizado na região. O governador destacou que existe preocupação com essas ações ilícitas, mas reforçou que são coisas distintas, a ação criminosa e a demarcação de terras indígenas e que precisam ser cuidadas com ações distintas. 

“Temos que separar as duas coisas, uma coisa são os conflitos agrários, da demarcação de terra. Essa é uma situação. A outra situação é o crime organizado em algumas situações. Essas situações elas estão postas como em Antônio João, por interesse e fragilidade institucional. A partir do conflito agrário, o crime organizado se aproveita e pode se utilizar esse território pra ilícitos do crime organizado”, explicou Riedel.

“Ali, em Antônio João, especificamente, a gente tem um relatório de inteligência mostrando um pouquinho da atuação do crime organizado, tanto do lado do Paraguai quanto do lado brasileiro e é uma coisa que preocupa a todos, mas isso não tem correlação direta com a demarcação das áreas indígenas. E importante deixar isso bem separado”, completou o governador.

FICHA CRIMINAL

Morto durante um confronto na Terra Indígena Ñand Ru Marangatu na madrugada de quarta-feira, em Antônio João, o indígena Guarani Kaiowá Neri Ramos da Silva, de 23 anos, tinha diversas passagens pela polícia por roubo e latrocínio, segundo o Batalhão de Choque da Polícia Militar.

Uma dessas ocorrências teria sido em 2015, em Antônio João, quando a vítima de latrocínio foi morta com um tiro na cabeça, segundo a PM.

Sobre o conflito que terminou com a morte do indígena na quarta-feira, o Choque informou que equipes foram acionadas na Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, localizada na Fazenda Barra, na região de fronteira com o Paraguai, com denúncia de que havia um confronto na região.

Em nota divulgada nas redes sociais, o Choque afirma que, na tentativa de dispersar o tumulto, um dos indígenas que estava escondido na vegetação atirou em direção às forças de segurança e atingiu o escudo protetor da tropa de um dos policiais.
Os agentes de segurança afirmam ter reagidi e atirado em direção a mata, atingindo o indígena na cabeça.

O corpo do indígena Guarani Kaiowá foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), onde será periciado por peritos federais que vieram de Brasília (DF) para investigar o caso. (Colaborou João Gabriel Vilalva)

Saiba

Após a morte de Neri Ramos da Silva, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) soltou uma nota em que diz que recebeu com preocupação a afirmação do secretário de Segurança de MS, Antonio Carlos Videira, sobre o possível envolvimento de indígenas com o tráfico de drogas.



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Trânsito

Motociclista morre em colisão frontal com carro em Campo Grande

Condutora do veículo fazia conversão em um cruzamento quando aconteceu o acidente

20/09/2024 09h15

Google Maps

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Uma motociclista morreu na noite da última quinta-feira (19) em um acidente envolvendo a moto e um carro no bairro Jardim Tarumã, em Campo Grande.

Ela foi identificada como Michele Bernardo de Oliveira, de 39 anos.

Segundo o Boletim de Ocorrência, quem acionou a polícia foi a condutora do veículo, um Fiat Mobi, que trafegava na avenida Nasri Siufi, no sentido sul-norte. Na mesma via, mas no sentido contrário, trafegava a moto Honda Fan.

A autora disse à polícia que no cruzamento da Av Nasri Siufi com a Rua Polônia/Rua Cachoeira do Campo - logradouro muda de nome naquele ponto - foi fazer a conversão à esquerda para entrar na Rua Cachoeira do Campo, momento em que houve a colisão.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado pela motorista do veículo, e o médico plantonista constatou o óbito de Michele. A mulher foi identificada por um ex-cunhado que estava próximo do local onde o acidente aconteceu.

A condutora do veículo aceitou fazer o teste do bafômetro, que teve como resultado 0,0 mg/L, o que indicou que ela não havia consumido bebida alcoólica.

As causas do acidente ainda são investigadas pela Polícia Civil. A Polícia Militar, com o Batalhão de Trânsito (BPMTran), também atendeu a ocorrência.

23 motociclistas morreram
no primeiro semestre

Dados da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) mostram que 23 motociclistas morreram em acidentes de trânsito no primeiro semestre deste ano na capital.

O levantamento mostra ainda que os condutores de motocicletas são os mais vitimados no trânsito, representando 69,6% das vítimas fatais do período.

O número de 2024 é pouco maior do que o registrado no primeiro semestre do ano passado, quando 21 motoclistas haviam morrido no trânsito de Campo Grande.

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