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Idosa atropelada por ônibus será indenizada em R$ 120 mil e terá pensão vitalícia

Motorista não viu a mulher e ônibus passou por cima da perna da vítima, que precisou amputar o membro, em Campo Grande

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Uma mulher de 72 anos, que precisou amputar a perna após ser atropelada por um ônibus do transporte coletivo, será indenizada em mais de R$ 120 mil pela Viação Cidade Morena, além de receber pensão vitalícia no valor de um salário mínimo mensal. A decisão é do juiz Wilson Leite Corrêa, da 5ª Vara Cível de Campo Grande.

A vítima pleiteava também a condenação do Consórcio Guaicurus, mas o juiz considerou que o Consórcio não tem personalidade jurídica e que cada um das empresas consorciadas respondem individualmente por suas obrigações.

O acidente aconteceu no dia 4 de setembro de 2019, na Avenida Calógeras.

No processo, a vítima relatou que estava esperando o ônibus em ponto próximo ao cruzamento com a Barão do Rio Branco e que, quando o veículo parou, outras duas jovens que estavam a sua frente subiram primeiro e, no momento que ela foi entrar, o motorista teria fechado a porta. Ela disse ainda que tentou acenar para ele abrir a porta, mas ele arrancou com o veículo, ela foi atingida no braço pela lataria, se desequilibrou, caiu e o ônibus passou por cima da perna esquerda.

A mulher foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foi submetida a diversas cirurgias, sendo uma delas a de amputação da perna acima do joelho.

Vídeos de câmeras de segurança e depoimentos do motorista, passageiros e testemunhas, além de laudo pericial, apontaram que a mulher não estava no ponto quando o ônibus parou e que o motorista fechou as portas assim que duas passageiras que aguardavam no local subiram.

A vítima chegou posteriormente, quando o motorista iniciava manobra para voltar a pista.

"Os peritos destacaram que somente após o fechamento da porta e o acionamento da seta esquerda é que se percebe, no vídeo, o movimento do braço da autora, já em posição recuada e fora do campo de visão direta do motorista", diz o processo. Sem ver a vítima, o motorista deu partida e ela acabou sendo atropelada.

A idosa contestou os laudos periciais, culpando as empresas de transporte, e relatou ainda que trabalhava como diarista e após o acidente passou a viver acamada, dependente, incapacitada de levantar ou se movimentar sozinha e de desenvolver atividades do dia a dia, dependendo de cuidados médicos semanais, acompanhamento por profissionais, atendimento psicológico, transporte especial, entre outros.

Ela entrou com ação pedindo indenização por danos morais, estéticos e materiais, pagamento de pensão mensal vitalícia, custeio de homecare, inclusão em plano de saúde.

No processo, o Consórcio Guaicurus e a Viação Cidade Morena apresentaram contestação alegando culpa exclusiva da vítima, inexistência de danos morais e estéticos, improcedência dos pedidos de danos materiais, lucros cessantes e pensão vitalícia, em razão da ausência de comprovação do exercício de atividade remunerada na data dos fatos e da renda auferida na época do acidente.

Também alegaram ausência de prova que indique a incapacidade física ou invalidez total decorrentes do acidente; ausência de documentos que demonstram que ela necessita ser submetida a qualquer tratamento médico particular, visto que todo o tratamento médico foi realizado pelo SUS, que é gratuito.

Uma audiência de conciliação foi realizada entre as partes, mas sem acordo.

Decisão

Na sentença, o juiz afirma que, mesmo o laudo técnico informando que a vítima não estivesse no campo de visão direta do motorista, ela estava dentro da zona de visibilidade do retrovisor externo direito, equipamento obrigatório em veículos da categoria.

"No caso, ainda que a autora não tenha feito gesto prévio de embarque antes do fechamento da porta, o fato de se aproximar do coletivo para tanto não se mostra suficiente para excluir sua proteção jurídica. Caberia ao motorista certificar-se, pelos equipamentos obrigatórios de segurança, de que não havia pedestre em posição de risco junto à lateral direita do ônibus", disse o magistrado.

Assim, ele afirmou que restou configurada a responsabilidade da Viação Cidade Morena pelos danos suportados pela idosa, não havendo culpa exclusiva ou concorrente da vítima, mas falha na prestação de serviços.

Em relação ao dano moral, foi caracterizado, uma vez que o acidente de trânsito resultou na incapacidade total e permanente da mulher, com sequelas permanentes. A indenização foi fixada em R$ 60 mil.

Também foi caracterizado o dano estético, pois, além da amputação da perna, ela sofreu diversos ferimentos e intervenções cirúrgicas que deixaram marcas e cicatrizes. O valor também foi fixado em R$ 60 mil.

A pensão vitalícia foi fixada em um salário mínimo mensal, a contar do dia 5 de março de 2020, pois laudo apontou invalidez permanente parcial por acidente, que impede a vítima de continuar exercendo a atividade de diarista. As prestações vencidas devem ser pagas em parcela única.

Os danos materiais foram caracterizados pelas despesas médicas, hospitalares, despesas com deslocamento, estacionamento, combustível e valor de uma prótese ortopédica, que deverão ser ressarcidas, no valor de R$ 12,6 mil, além do fornecimento de uma prótese adaptável e pagamento de fisioterapia. A vítima também pleiteava custeio de tratamentos médicos futuros, que foi indeferido.

A decisão é de primeiro grau e cabe recurso.

 

baixa adesão

Fundo Pantanal indeniza desde banqueiro a gigante do Agro

Mas, o Programa que disponibilizou R$ 40 milhões está repassando aos proprietários pantaneiros menos de 10% do previsto para 2025

13/12/2025 12h30

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma Bruno Rezende/Secom

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Na lista dos 45 proprietários de terras do Pantanal que receberão recursos do Fundo Clima Pantanal, um programa que indeniza fazendeiros que preservam áreas mais amplas do que aquilo que determina a legislação, aparecem desde fazendeiros tradicionais a banqueiros e gigantes do agronegócio.

Mas, conforme publicação do diário oficial do Governo do Estado desta sexta-feira (12) a adesão ficou abaixo do esperado e menos de 10% das verbas disponíveis serão distribuídas no primeiro ano do programa, criado principalmente para combater o desmatamento.

Entre os contemplados, com R$ 100 mil, está Tereza Bracher, esposa do ex-presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher. A família vair receber a indenização por estar preservando em uma de suas fazendas pantaneiras quase seis mil hectares acima do estipulado pela legislação. 

Com patrimônio estimado na casa dos R$ 15 bilhões, Cândido Bracher foi CEO do Itaú Unibanco entre abril de 2017 e janeiro de 2021. Atualmente,  hoje é integrante do Conselho de Administração da instituição financeira, que fechou 2024 com lucro de R$ 40 bilhões. 

E a banqueira ainda buscou indenização em uma segunda fazenda no Pantanal,  mas foi desclassificada por ter sido enquadrada no item 8.6 das normas que regulamentam a distribuição dos R$ 40 milhões do Fundo.

Este item diz que não pode ser contemplado que  estiver com irregularidades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou por estar com passivos ambientais não declarados ou que não estejam cumprindo termos de compromisso de recuperação de áreas degradadas.

Em maio deste ano o Ministério Público abriu investigação para apurar suposta omissão do banqueiro em um megaincêndio que destruiu mais de 52 mil hectares em julho de 2024 no Pantanal da Nhecolândia. O fogo teria começado na Fazenda Tupanceretã, de 25 mil hectares, pertecence à família. 

Tereza Bracher também aparece como contemplada indireta em uma outra propriedade. Ela é uma das integrantes da Associação Onçafari, entidade que vai receber pouco mais de R$ 45 mil de indenização pela preservação de 824 hectares de vegetação nativa.

Esta associação, que adquiriu milhares de hectares no Pantanal para criar uma espécie de corredor ecológico que possibilite procriação de onças-pintadas, conseguiu cerca de R$ 180 milhões com filantropos para a criação de reservas privadas no Pantanal. Teresa Bracher é uma destas doadoras. 

Mas, os banqueiros não são os únicos bilionários que aparecem na lista. Outra contemplada é a SLC Agronegócios, uma fazenda dedicada à criação de bovinos no município de Corumbá.  Os bilionários donos desta fazenda receberão R$ 100 mil do Fundo Pantanal por preservarem pouco mais de 3,7 mil hectares. 

A fazenda pertence ao grupo que se apresenta como um dos maiores produtores de commodities agrícolas do país. Possui cerca de 733 mil hectares de área plantada em sete estados. Além de Corumbá, o grupo também produz em fazendas em Cassilância, Chapadão do Sul e Sonora. 

A SLC produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado, além de ser uma das grandes produtoras de sementes destas cultura.Ela foi uma das primeiras empresas do agronegócio a ter ações negociadas em Bolsa de Valores de São Paulo, a BR.

A famosa Fazenda Bodoquena, de cerca de 77 mil hectares e conhecida por concentrar até 40 mil bonivos, também aparece na relação daqueles que receberão indenização. Neste caso, serão apenas R$ 39 mil, uma vez que atestou estar fazendo preservação extra de 705 hectares de vegetação. 

A fazenda pertence ao Grupo Votorantim, que há mais de sete décadas também atua na produção de cimento em Corumbá, no coração do Pantanal. O grupo é controlado pelos familiareas de Antônio Ermírio de Moraes, um dos rostos mais conhecidos do bilionário clã. Ele morreu em 2014. A família é considerada a terceira mais rica do país, com patrimônio estimado em 15,4 bilhões de dólares, ficando atrás somente das famílias Marinho e Safra.

Mas, nesta lista dos contemplados também aparecem fazendeiros "comuns",  para os quais a indenização de até R$ 100 mil fará alguma diferença. Esté é o caso de Timotheo Reis Proença, que já presidiu o sindicato rural de Aquidauana. Ele cadastrou 1,28 mil hectares como preservação extra e por conta disso receberá R$ 71 mil. 

BAIXA ADESÃO

Ao todo, segundo o Governo do Estado, estão sendo  indenizados 126 mil hectares, o que está garantindo repasse da ordem de R$ 3,25 milhões aos proprietários. 

O valor é praticamente o mesmo ao que está sendo repassado a três ONGs que dizem atuar no combate a incêndios e no tratamento de animais silvestres atingidos pelas queimadas no Pantanal. 

Dos R$ 40 milhões, R$ 1,438 milhão foi destinado ao Instituto Homem Pantaneiro (IHP), R$ 996 mil para o instituto SOS Pantanal e R$ 497,5 mil para o IPCTB - Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 

Somados, os repasses às ONGs chegam R$ 2,931 milhões, o que equivale a 7,3% dos R$ 40 milhões anunciados pelo Governo do Estado ao Fundo Pantanal para o primeiro ano de vigência do programa. 

O valor repassado aos proprietários rurais ficou longe daquilo que estava previsto por conta da baixa adesão. Na primeira chamada foram recebidas apenas 71 inscrições de imóveis rurais localizados no Bioma Pantanal. E, após análise dos documentos,  45 propriedades conseguiram cumprir as exigências. 

Mesmo assim, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc, comemora os resultados. “O PSA Pantanal demonstra que é possível alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Estamos criando um modelo em que o produtor rural passa a ser reconhecido como parceiro estratégico na proteção do bioma, recebendo por um serviço ambiental que beneficia toda a sociedade”, afirmou. Segundo ele, o programa também fortalece a imagem de Mato Grosso do Sul como referência nacional em sustentabilidade e políticas climáticas inovadoras.

Agora, os proprietários classificados serão convocados pela Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar), agente executor do PSA Conservação, para assinatura do Termo de Adesão. A partir desse instrumento, os provedores de serviços ambientais passam a integrar formalmente o programa e a receber os valores correspondentes às áreas preservadas. 

De acordo com o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, a robustez técnica do edital foi um dos diferenciais do programa. “Todo o processo foi construído com base em critérios objetivos, análises técnicas aprofundadas e uso de ferramentas geoespaciais. Isso garante credibilidade ao PSA e cria um ambiente favorável para sua continuidade e ampliação”, destacou. Ele ressalta que a experiência da primeira chamada servirá como base para o aperfeiçoamento das próximas etapas.

Segunda chamada 

Com a conclusão da primeira etapa, a Semadesc confirmou o cronograma da segunda chamada do PSA Conservação, prevista para 2026. A publicação do edital e a abertura das inscrições ocorrerão em 23 de fevereiro, com encerramento em 6 de abril.

As inscrições deferidas serão divulgadas em 16 de abril, com prazo para recursos até 20 de abril. A avaliação das propriedades ocorrerá até 1º de junho, com publicação do resultado final até 15 de junho. A assinatura dos Termos de Adesão está prevista a partir de 16 de junho de 2026.

Nesta segunda chamada, poderão participar proprietários que não conseguiram se inscrever na primeira etapa. As regras permanecem as mesmas, incluindo a possibilidade de cancelamento de autorizações de supressão de vegetação nativa vigentes na data de abertura do edital, quando houver, sendo que o pagamento será referente ao exercício de 2026. 

“O PSA é uma política de Estado, construída para ter continuidade e escala. A segunda chamada amplia o alcance do programa e reforça nosso compromisso com a conservação do Pantanal”, concluiu Jaime Verruck.

 

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Consórcio paga parte dos atrasados, mas motoristas confirmam greve a partir de segunda

Sem acordo com o Consórcio Guaicurus, a greve está prevista para segunda-feira (15), segundo informou o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande

13/12/2025 11h23

Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Com o Consórcio Guaicurus tendo atendido “em partes” à reivindicação definida em assembleia, a greve dos motoristas de ônibus deve iniciar nesta segunda-feira (15), em Campo Grande.

Em conversa com o Correio do Estado, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano da Capital (STTCU-CG), Demétrios Feiras, informou que os trabalhadores receberam, na sexta-feira (15), somente 50% do salário referente ao mês de novembro.

“O Consórcio Guaicurus, no final da tarde, depositou 50% do valor dos salários, referente ao mês de novembro, que era para ser pago no quinto dia útil do mês de dezembro. Foi a única coisa que o Consórcio pagou”, informou Demétrios.

Durante assembleia, a categoria reivindicou o pagamento do salário integral, do adiantamento, da segunda parcela do décimo terceiro e do vale (adiantamento salarial). No entanto, houve apenas o depósito de 50%, e a paralisação segue confirmada.

Segundo o presidente do STTCU-CG, não está prevista, para este fim de semana, qualquer tentativa de negociação com a empresa responsável pelo transporte coletivo na Cidade Morena.

Com isso, Demétrios reforçou que os ônibus só retornarão às ruas quando o Consórcio efetuar o pagamento do que ficou definido pela classe.

“E a gente só volta a trabalhar com o pagamento desses três vencimentos. Caso contrário, continua parado na terça, na quarta, até que o Consórcio efetue esses pagamentos”, pontuou Demétrios.

A justificativa para não realizar o pagamento, conforme explicou Demétrios, é a falta de dinheiro em caixa. Como adiantou o Correio do Estado, o Consórcio Guaicurus alega um “rombo” em dívidas de R$ 15,2 milhões, sendo que desse valor R$ 8,2 milhões são referentes aos salários dos funcionários.

Por conta disso, a concessionária pediu que o valor do subsídio pago pelo poder público seja ainda maior.

Entenda

No dia 5, o Consórcio Guaicurus, responsável pela administração do transporte coletivo de Campo Grande, anunciou que a situação financeira estaria insustentável para a continuidade da operação, motivada por supostos atrasos nos repasses por parte do poder público.

Além das dificuldades relacionadas a questões operacionais, como combustíveis, manutenção da frota e encargos, o consórcio também enfrenta negociações com a classe de funcionários, principalmente os motoristas.

Motoristas do Consórcio Guaicurus realizaram assembleia geral, na madrugada desta quinta-feira (11) e optaram pela paralisação. Eles reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – efetuaram o depósito de 50%
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

** Colaborou Felipe Machado e Naiara Camargo

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