Cidades

Dourados

Indígenas liberam MS-156 após acordo com o Governo de MS

O acordo para a construção de poços artesianos foi assinado pelo Governo do Estado e pela Sesai, com compromisso de entrega até março de 2025

Continue lendo...

Após quatro dias de intensas negociações, bloqueios de estradas e confrontos com o Batalhão de Choque, o protesto dos indígenas na MS-156, entre Dourados e Itaporã, foi encerrado na tarde desta quinta-feira (28). O fim da mobilização ocorreu após a assinatura de um termo de compromisso entre lideranças indígenas, o Governo Federal, o Governo Estadual e representantes da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena). 

O acordo entre as partes foi assinado em uma reunião na sede do MPF (Ministério Público Federal) de Dourados, com a presença de representantes da Funai, Aty Guasu, APIB, Força Nacional, Polícia Militar, da secretária estadual de Cidadania, Viviane Luiza da Silva, do coordenador do Dsei-MS, Lindomar Terena Ferreira, e de outras entidades.

A reunião, que durou aproximadamente quatro horas, foi mediada pelo MPF (Ministério Público Federal) e resultou em um consenso entre as partes sobre o restabelecimento do fornecimento de água potável nas aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados.

Para garantir o cumprimento do acordo, o Governo do Estado, representado pela secretária estadual de Cidadania, Viviane Luiza da Silva, se comprometeu a construir dois poços artesianos de água potável, um em cada aldeia. Durante as negociações, os indígenas solicitaram a construção de quatro poços, dois em cada aldeia.

Conforme informações obtidas pela reportagem, cada poço artesiano deverá custar R$ 490 mil e será construído com recursos do Governo do Estado. A previsão é de que os poços sejam entregues até março de 2025.

Além da construção dos poços artesianos, foi acordado entre as partes um conjunto de medidas emergenciais e estruturais, incluindo um investimento de R$ 53 milhões. Os compromissos reforçados são:

  • Perfuração de poços artesianos: R$ 2 milhões serão destinados pela Sesai para estudos, licitação e início das obras de quatro poços, previstos para janeiro de 2025. O Governo do Estado contribuirá com R$ 490 mil para perfurar dois poços nas aldeias Bororo e Jaguapiru, com conclusão até março de 2025;
  • Distribuição de caixas d’água: Cem caixas serão entregues às comunidades a partir de 2 de dezembro;
  • Abastecimento emergencial: Caminhões-pipa garantirão o fornecimento diário de água até a conclusão das obras;
  • Investimento em infraestrutura: R$ 53 milhões, oriundos de emendas parlamentares, serão deliberados pela bancada federal do Mato Grosso do Sul no início de dezembro para soluções estruturais no abastecimento;

Além disso, foram acordadas ações emergenciais de saúde mental para atender as famílias afetadas pela ação policial ocorrida na manhã de ontem (27), que deixou pelo menos 15 indígenas feridos.

O Governo do Estado propôs o envio de caminhões-pipa para a comunidade, e, em troca, as lideranças indígenas se comprometeram a liberar a MS-156 imediatamente. Uma comissão, que será formada até a próxima semana, terá a responsabilidade de acompanhar de perto e monitorar o cumprimento do acordo.

Conforme apuração da reportagem, em conjunto com o site Ligados da Notícia, o desfecho é visto como um avanço para garantir melhorias nas condições sanitárias das comunidades indígenas do estado. As obras acordadas entre os indígenas e o Governo do Estado serão monitoradas semanalmente pelas lideranças e órgãos governamentais.


Protestos e confronto com a polícia 

Lideranças da reserva indígena mais populosa do estado iniciaram, na última segunda-feira (25), bloqueios em diversos pontos da MS-156, exigindo mais atenção do Governo Estadual e Federal. Eles pedem a construção de poços artesianos para os 20 mil habitantes da reserva indígena, com o objetivo de resolver de vez a falta de água na comunidade.

Com tratores, pedras; árvores e veículos de moradores das comunidades, o bloqueio que deve seguir por tempo indeterminado começou ainda nas primeiras horas da manhã de segunda-feira (25), movido pelo medo de que esses indígenas fiquem desabastecidos faltando um mês para as festividades do final de ano.

O clima ficou ainda mais hostil, quando equipes do Batalhão de Choque compareceram na região na tarde de ontem (28), na tentativa de abrir os bloqueios com tiros de borracha nos manifestantes. 

As imagens deixaram a população de Mato Grosso do Sul estarrecida e fizeram com que Governo do Estado se movimentasse e agendasse uma reunião de imediato para encerrar de vez os bloqueios. 

Os problemas dos indigenas foram mais esclarecidos quando uma  fonte que acompanha as negociações informou ao Correio do Estado que autoridades estaduais ofereceram dois caminhões-pipa, que transportam no máximo 30 mil litros d’água, para atender as aldeias Juaguapiru e Bororo que, juntas, têm 25 mil residentes. 

Os dois caminhões cheios dariam pouco mais de 60 mil litros para os indígenas, pouco mais de 2 litros de água para cada um. Conforme apurado, uma reunião entre o Capitão Romão Fernandes, líder da Aldeia Jaguapiru e autoridades está marcada para às 16h desta quarta-feira (27).

“A situação está bem feia, a tropa de choque feriu alguns indígenas, já encaminhados ao hospital, neste momento não tem acordo. Caso a medida seja utilizar caminhões-pipa, ao menos cinco para cada aldeia, além de distribuírem outros galões de água”, falou Ade Vera, indígena Kaiowá, professor e morador da Aldeia Jaguapiru.

O pivô do problema foi um convênio do governo de Mato Grosso do Sul e a Itaipu Binacional anunciado na semana passada pelo governador Eduardo Riedel. O investimento de R$ 60 milhões na implantação de rede de água potável e saneamento atenderia aldeias indígenas guarani-kaiowa de oito municípios. Jaguapiru e Bororó, em Dourados, não foram contempladas.

 

Assine o Correio do Estado

 

Cidades

Primeiro livro sobre regulação de MS tem procuradoras como autoras

O lançamento integrou a programação do seminário "Inovação, Liberdade Econômica e Eficiência Regulatória" e contou com a presença do ex-ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida

28/11/2024 17h30

Primeiro livro sobre regulação de MS tem procuradoras como autoras

Primeiro livro sobre regulação de MS tem procuradoras como autoras PGE/MS

Continue Lendo...

O Bioparque Pantanal, em Campo Grande, foi palco, nesta terça-feira (28), do lançamento do primeiro livro científico dedicado à regulação em Mato Grosso do Sul. A obra é fruto da colaboração entre a Agência Estadual de Regulação (AGEMS) e o Instituto de Direito Administrativo de Mato Grosso do Sul (IDAMS) e reúne artigos de 38 autores, entre especialistas acadêmicos e profissionais da área.  

Dentre as articulistas estão a procuradora-geral do Estado, Ana Carolina Ali Garcia; a corregedora-geral da PGE, Fabíola Marquetti; e a chefe da Coordenadoria Jurídica na AGEMS, Priscila de Siqueira Gomes.  

O lançamento integrou a programação do seminário "Inovação, Liberdade Econômica e Eficiência Regulatória" e contou com a presença do ex-ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida.  

A coletânea traz análises críticas, estudos de caso e propostas inovadoras sobre regulação da atividade econômica e dos serviços públicos concedidos no estado. Para Priscila de Siqueira, a publicação destaca a importância de Mato Grosso do Sul no debate sobre políticas públicas e regulação.  

“A publicação de uma obra científica e prática sobre este tema demonstra que o Estado está atento à evolução das políticas públicas e à necessidade de discutir questões pertinentes à regulação”, afirmou.  

A procuradora-geral Ana Carolina Ali Garcia destacou a relevância da obra para o avanço acadêmico e profissional. “Em nosso artigo, abordamos os contratos administrativos de longo prazo no contexto da reforma tributária. É uma coletânea que contribui para o aprendizado e o compartilhamento de boas práticas.”  

Para Fabíola Marquetti, a obra representa um marco histórico para a regulação em Mato Grosso do Sul. “É um exemplo de integração entre instituições, trazendo olhares diversos sobre a regulação dos serviços públicos”, concluiu.

Mato Grosso do Sul

Famosa pela pistolagem, fronteira tem alta incidência de feminicídio

Na última quarta-feira, Vanderli Gonçalves dos Santos tornou-se a 31ª vítima deste tipo de crime em 2024

28/11/2024 17h00

Foto: Arquivo / Correio do Estado

Continue Lendo...

Conhecida pela “pistolagem” e por ser rota comum ao tráfico de drogas, a faixa de fronteira sul-mato-grossense também é marcada pelo alto índice de violência doméstica. Em 2024, quatro em cada 10 feminicídios ocorreram nesta área do Estado.

Nesta quarta-feira (27), Vanderli Gonçalves dos Santos, de 48 anos, foi morta com um tiro na cabeça, na Aldeia Jaguapiru, território indígena de Dourados, tornando-se a 31ª vítima deste tipo de crime desde janeiro último, 5ª morte apenas neste mês. A principal suspeita é seu próprio marido, Jonemar de Ramos Machado, de 47 anos, preso.

De acordo com um levantamento realizado pelo Correio do Estado com base nos dados disponibilizados pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), este é o segundo feminicídio do ano na cidade douradense, 13º em municípios situados na fronteira. Outros dois feminicídios foram registrados em Ponta Porã, além de mortes confirmadas em Amambai, Antônio João, Fátima do Sul, Iguatemi, Itaporã, Naviraí, Nioaque, Sidrolândia e Tacuru.


Ao longo do ano, também foram registrados crimes de feminicídio em Batayporã, Coxim, Ivinhema, São Gabriel do Oeste (2), Três Lagoas (4) e Campo Grande (9), município que lidera as estatísticas.

A morte de Vanderli Gonçalves dos Santos eleva o índice deste tipo de crime em comparação a 2023, ano com 30 mortes. Entre as características que cercaram as 31 mortes deste ano, (11) foram marcadas por golpes de faca, (10) que envolveram ataque pessoal direto (4 por asfixia, 3 por agressões, 2 por espancamentos, e 1 por estrangulamento), (9) provocadas por arma de fogo, além de uma morte por atropelamento.

Segundo a Sejusp, 19 vítimas foram mulheres adultas, com idade entre 30 e 59 anos; oito mortes foram de mulheres jovens, com idade entre 18 e 29 anos; três vítimas com idade acima de 60 anos, além de uma adolescente.

Psicóloga com atuação em área de análise comportamental, Pietra Garcia Oliveira (28), disse ao Correio do Estado que a ocorrência deste tipo de violência contra a mulher é muito sintomática também em Mato Grosso do Sul, visto que o Estado foi o primeiro do país a instituir a Casa da Mulher Brasileira.

“Fomos o primeiro estado do país a instituir a Casa da Mulher Brasileira, e temos de nos atentar a alguns pontos. Existem casos onde o homem não agride fisicamente, entretanto, há agressões psicológicas, e com isso, temos de lidar com os fatos antes que escalem até o feminicídio em si”, argumentou a psicopedagoga.
De acordo com Pietra Garcia, é importante que o Estado pense políticas públicas que protejam as mulheres e também articulem modos de lidar com os homens envolvidos em casos como esses.

“De algum modo, o homem que realiza esse tipo de crime se sente invalidado pela mulher, e nesse sentido, se sente confortável para praticar o feminicídio. Precisamos pensar nesse fenômeno social, assim como precisamos pensar no modo como eles repercutem, inclusive na própria mídia”, complementou. 
Desde 2015, a Lei 13.104/2015 categoriza o crime de feminicídio. De lá para cá, 336 mulheres foram vitimadas em todo o Estado. 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).